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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

31 março 2006

BELEZA ACREANA (OCULTA)

ESPÉCIE ORNAMENTAL QUE SE ACREDITAVA NATIVA APENAS DO PERU É ENCONTRADA NO ACRE!









Quem caminha em algumas florestas acreanas já viu as imagens acima. Esta erva rasteira que cobre o chão da floresta pertencente à família botânica Acanthaceae e é cientificamente classificada como Fittonia verschaffeltii. Ela foi encontrada nas florestas nativas acreanas ao longo do rio Macauã, um afluente do rio Iaco que fica localizado na região central do Estado.

Quando a econtramos, estávamos realizando excursão botânica em conjunto com Harri Lorenzi, do Instituto Plantarum, autor do mais completo livro sobre plantas ornamentais brasileiras. Encontrar esta planta no Acre foi algo inesperado para Lorenzi porque, segundo a literatura, a mesma era citada como nativa do Peru. Ele ficou tão empolgado com o achado que resolveu registra o mesmo em fotos para publicação em uma futura nova edição de seu livro sobre plantas ornamentais (visite o site da Editora Plantarum).

Perfeccionista como ele, a foto demandou muito trabalho. Limpar as folhas secas, destacar as inflorescências, usar os companheiros de viagem para fazer sombra...

Lorenzi me comentou que esta espécie já é cultivada no Brasil e em outros lugares do mundo. Segundo ele, a maioria do material usado na propagação da espécie foi importado do Peru. Em São Paulo uma bandeja pequena com 12 mudas é vendida a R$ 4,00. Aqui no Acre seria possível colher o material (ramos rasteiros) diretamente da floresta e cultivá-los para a produção de mudas em larga escala.

É mais um exemplo de uma planta nativa inexplorada. Aliás, creio que muita gente já a cultiva em seus jardins no Acre. Mas nem tem idéia de que a planta é nativa do nosso Estado. Aos interessados na pesquisa botânica e no cultivo de plantas ornamentais, fica o convite para se juntar à equipe do Herbário da Universidade Federal do Acre para, quem sabe, iniciar a identificação, coleta e propagação das dezenas de ervas e arbustos com potencial ornamental que podem ser encontrados em nossas florestas.

Os interessados podem entrar em contato pelo email: evandroferreira@yahoo.com

30 março 2006

UNIVERSIDADE DA FLORESTA

UFAC INAUGURA O NOVO CAMPUS "CANELA FINA"

UNIVERSIDADE DA FLORESTA ENFIM SE MATERIALIZA

As imagens que apresento neste post foram tomadas em fevereiro passado. O novo Campus da UFAC na cidade de Cruzeiro do Sul fica na região conhecida como "Canela Fina". Esta é a razão do "apelido" do novo campus.

A Administração Superior da UFAC está hoje em Cruzeiro do Sul para dar início ao ano letivo. Os cursos de Biologia, Engenharia Florestal e Enfermagem são as grandes novidades para a população do vale do Juruá. Eles foram resultado da demanda da população local, que foi atendida dentro da expectativa de transformar o Campus da UFAC em uma forma inovadora de ensino pesquisa e extensão. É a Universidade da Floresta, que vai contar com a graduação, o Instituto da Biodiversidade e o CEFLORA.

As imagens - históricas - mostram o campus sendo transformado de um canteiro de obras em um conjunto arquitetônico moderno, funcional e com grande potencial de expansão no futuro. Quando visitei as obras, os operários estavam trabalhando dia e noite. Parabéns à UFAC, ao Governo do Estado e a toda a população do vale do Juruá por esta grande conquista!









Fotos acima: Acesso via BR-307 foi asfaltado pelo Governo do Estado (E), máquina do Deracre preparando a pista para ser asfaltada.









Fotos acima: Apartir da BR-307 existe um acesso (ramal) com cerca de 2km (E), de onde se pode avistar - à distância - o complexo arquitetônico do Campus.









Fotos acima: vista da chegada ao campus, mostrando a futura área do estacionamento (E), e visão geral dos principais prédios que existem no local. Eles foram construídos há alguns anos mas ficaram sem uso em função da falta de recursos para viabilizar o funcionamento do Campus (D)















Fotos acima: Vista do estilo das futuras instalações do campus. São simples, funcionais, mas dá para se observar que a UFAC optou por um estilo convencional, com edificações rebocadas e pintadas. Isso significa que a mesma vai demandar constantes reformas tendo em vista a alta umidade do local. Tijolo aparente teria sido mais racional.

29 março 2006

PAUSA AMBIENTAL!

Palocci caiu, mas o Brasil aprendeu?

By Newton Campos
Blog Eleições.org

O desligamento do Ministro Antônio Palocci do governo nos leva a pensar na tremenda força política e mediática necessária para derrubar um dos poucos políticos tidos como estáveis do governo do PT. É uma força descomunal realmente a que impetrou este pessoal do poder de sempre. Não sou a favor do PT mas sou contra o "poder de sempre". Também não sou a favor do PSDB, sou contra o "poder de sempre". Pra ficar bem claro sou PV e pronto.

A forma coordenada como a mídia oligárquica da Globo e Cia (Estadão, Folha, O Globo, Veja, etc..) tratou do caso do caseiro nas últimas semanas foi como um terrorismo orquestrado, tanto que até me assustou. Fico imaginando o ACM, seu neto pintor de rodapé e aquele pessoal das antigas (Michel Temer, Artur Virgílio, Bornhausen, etc) tomando um drink para comemorar o Palocci com cara de coitado, me dá quase vontade de vomitar. Que nem o sambinha daquela gorda chata do PT no plenário (esqueci o nome) na comemoração das pizzas que temos que engolir deste Congresso.

O caseiro parece ter dito a verdade, mas o depósito de alguém do PFL ou PSDB na conta dele para uma ajudinha passou "de leve" pelos noticiários. O que chamou mais atenção, por incrível que pareça (!!!), foi o fato de alguém ter tirado um extrato da conta do infeliz sem autorização. Li em algum blog de alguém que trabalhou na Caixa Econômica que qualquer funcionário pode tirar o saldo da conta de qualquer correntista a qualquer momento. Ora, claro! até a minha gerente do Unibanco me liga de vez em quando dizendo que minha conta tem X ou Y. (*)! não consigo entender como a mídia conseguiu focar nesta imbecilidade para desqualificar ou ofuscar o suborno pago por alguém ao caseiro (testemunha tão importante) na semana anterior ao depoimento da mesma testemunha comprada/motivada por alguém financeiramente.

Parece estar óbvio que o Palocci errou em diversos momentos de sua carreira política, mas errou mais do que o Garotinho? do que o ACM? do que o Maluf?Acho que não. Mas em todo caso se isto servir de lição para estes políticos de merda roubarem menos já serviu para algo. O secretário do Alckmin também caiu esta semana por desviar dinheiro da Nossa Caixa (que coincidência!) mas ninguém comentou, só a Folha de São Paulo que está tendo surtos de seriedade e imparcialidade de vez em quando.

Enfim, aprendamos com isto. Ouvi alguém dizer há pouco que devemos votar, nas próximas eleições em deputados e senadores completamente desconhecidos. Claro! Pois estes que aí estão já tiveram várias chances de fazer algo e não estão fazendo (*) nenhuma. Ficam discutindo quem roubou mais e esquecem de modernizar esta colônia estacionada no Atlântico...

(*palavras fortes...)

EDUCAÇÃO DE INDÍGENAS NO BRASIL

Educação indígena no país cresce 17,5% em apenas dois anos

Estamos aculturando os índios em massa?

Dados do Censo Escolar INEP/MEC/2005 indicam que a oferta de educação indígena cresceu 17,5% nos últimos dois anos. O ritmo é crescente: em 2003 foram matriculados 139.556 estudantes. Em 2004, as escolas abrigaram 147.571 alunos e em 2005 esse número chegou a 164.018. São estudantes indígenas matriculados em cursos da educação infantil e ensino médio.


Alguns fatores explicam a expansão, como a taxa de crescimento populacional dos povos indígenas, em torno de 3,6%, a formação de 8.000 professores indígenas e incentivos como o Programa da Merenda Escolar, que favorece a permanência dos alunos nas escolas. Atualmente existem 2.324 escolas indígenas, sendo que 618 novas escolas foram declaradas no Censo Escolar a partir do início do ano letivo de 2003. A expansão favorece ainda a melhoria das condições sociais das comunidades. Cada escola abriga em média 70 alunos, quatro professores e pelo menos um funcionário da comunidade.

O aumento no número de escolas significa 43.000 novos alunos, 2.400 novos professores e pelo menos 3 mil novos assalariados em terras indígenas. Do total de escolas, a grande maioria é mantida pelos governos municipais (1.219) e estaduais(1.083). Apenas 22 são particulares. As escolas públicas dos sistemas estaduais e municipais de ensino são mantidas com recursos do FUNDEF.

Para este ano estão previstos R$ 149 milhões, recursos que devem ser aumentados com a implantação do FUNDEB. Também por pertencerem aos sistemas estaduais e municipais de ensino as escolas indígenas recebem recursos de programas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar Indígena, PNAEI, com previsão de investimentos da ordem de R$12,5 milhões este ano. O Programa Nacional do Livro Didático deve enviar para as escolas indígenas cerca de 600 mil livros em 2006.

Considerando que existe uma grande diversidade de culturas e línguas indígenas no país, me pergunto se a "massificação" da educação "branca" entre os mesmos não estará contribuindo para a extinção destes povos. Digo isso porque tenho conhecimento do trabalho de "formiguinha" e de paciência de ONGs acreanas que têm lutado para a que a educação indígena seja feita na língua de cada etnia, com professores e livros didáticos capacitados especialmente para isso. Não é uma coisa fácil, que pode ser massificada de forma tão simples. Cada etnia tem que ser trabalhada por anos.

Fonte: Portal MEC

27 março 2006

OPORTUNIDADE DE TRABALHO NO ACRE

Profissional na área de Ciências Agrárias com experiência em Educação Popular

O Centro dos trabalhadores da Amazonia - CTA, uma ONG Acreana que vem atuando há 23 anos junto ao movimento social e comunidades extrativistas no estado do Acre em ações relacionadas a saúde, educação e manejo florestal de uso múltiplo está contratando um profissional para compor a equipe de trabalho que aborda o tema “Florestas e Comunidades”,

a) Formação Profissional
Profissional de nível superior da área de Ciências Agrárias

b) Função e atribuições

- Desenvolver estratégias de intervenção que potencialize a organização da produção em bases participativas e para a geração de autonomia local.

- Contribuir com a construção de propostas de gestão da cadeia produtiva do manejo florestal comunitário considerando-se os diversos produtos trabalhados (sementes, óleos, cascas, madeira e etc).

- Acompanhar as atividades de manejo florestal comunitário de uso múltiplo nas áreas focais: licenciamento ambiental, elaboração de inventários, colheita, transporte e comercialização de produtos florestais.

- Facilitar e acompanhar cursos e assessorias continuadas nas comunidades relacionados as questões produtivas, de beneficiamento e comercialização.

- Sistematizar e registrar as informações técnicas geradas nas atividades produtivas.

- Sistematizar informações técnicas para aplicação em atividades educativas voltadas ao manejo florestal comunitário de uso múltiplo e para disseminação dos sistemas produtivos.

- Sistematizar informações que potencializem a formação de propostas pedagógicas de formação e capacitação de lideranças, produtores e técnicos.

- Acompanhar e fortalecer os Sistemas de Comercialização que vem sendo desenvolvidos nas comunidades.

- Contribuir na execução do Programa de Formação de Lideranças e Agentes Comunitários nas áreas piloto que o CTA atua, visando a autonomia das comunidades e o fortalecimento técnico do manejo florestal de uso múltiplo.

- Atuar no fortalecimento social, político e econômico de associações locais através de processos educativos e de mobilização social;

- Monitorar ações técnicas e de formação nas comunidades a partir de plano estratégico de ação do CTA

c) Condições desejáveis:

- Experiência mínima de 03 anos na condução de processos produtivos de geração de emprego e renda em pequenas comunidades visando o desenvolvimento local sustentável;

- Disposição para trabalhar finais de semana e de permanecer no campo por períodos de tempo que podem variar de 15 a 30 dias;

- Experiência com elaboração de projetos e sistematização de informações.

d) Habilidades necessárias

- Capacidade de diálogo e na facilitação de processos comunitários para a estruturação de projetos produtivos: mediação de conflitos, condução de oficinas de organização da produção (discussão de regras, construção de calendários produtivos, planejamento participativo e mobilizador);

- Capacidade de conduzir processos coletivos: reuniões, mutirões, oficinas e etc;

- Ter condições de criar e gerir processos de troca de saberes com base em métodos construtivistas e processos de aprendizagem;

- Ter visão estratégica para a estruturação de atividades produtivas e de formação;

- Capacidade de sistematização e elaboração com enfoque analítico;

- Capacidade de articulação política, e de construção de parcerias;

- Ser propositivo, colaborador e pró-ativo;

- Saber trabalhar em equipe: ouvir, refletir e contribuir positivamente no grupo;

- Ter iniciativa e ser propositivo;

- Capacidade de receber críticas assim como fazê-las de forma construtiva e madura;

- Tranqüilidade para seguir orientações e diretrizes institucionais;

- Habilidade, disposição e equilíbrio emocional para trabalhar em ambiente de ONG e sob pressão;

e) Remuneração/ Contrato:

- R$ 2 .000,00 bruto no período probatório (3 primeiros meses)
- R$ 2.456,00 (carteira assinada, plano de saúde e contrato inicial de 18 meses prorrogáveis por tempo inderteminado)

f) Processo de Seleção

O interessado a vaga deverá:

- Elaborar um carta de apresentação onde deverá estar descrita sua experiência profissional e como na sua avaliação ele pode contribuir dentro da sua profissionalidade e “expertises” com o trabalho proposto

- Enviar currículo completo com pelo menos duas referências profissionais para o seguinte e-mail: cta@cta-acre.org/jefferson@cta-acre.org
prazo : 26/04/2006

g) Informações:
(68) 3223-2727 ou 8401-4448
www.cta-acre.org

26 março 2006

RIO IACO: ROTA DA MADEIRA











Fotos: Rebocador empurrando uma balsa no rio Iaco com cerca de 70 toras de madeira extraídas no rio Macauã e seguindo em direção à cidade de Sena Madureira (Foto: Evandro Ferreira, 25.03.2006)

O que a imagem representa para você leitor?

Para alguns ela representa o que mostra: madeira sendo transportada em uma balsa em um dos muitos rios amazônicos. Para os ambientalistas que se preocupam com um possível descontrole da exploração madeireira no Acre, é um péssimo sinal. A imagem é emblemática: a extração da madeira já está "subindo os rios", inclusive aqueles pouco habitados e de pequeno porte como é o caso do rio Macauã.

É inverno no Acre (época das chuvas), as estradas estão intrafegáveis. Antigamente isso significava a paralização da exploração e do transporte de toras de madeira. Hoje isso não parece mais ser o caso. A madeira deve estar dando muito lucro para justificar o uso de rebocador e balsa em um rio extremamente difícil de navegar com tal embarcação, como é o rio Macauã.

Não pude determinar a orígem da madeira, mas imagino que a mesma foi retirada e estava sendo transportada legalmente. Só sei que veio do rio Macauã. Este pequeno rio é um afluente do rio Iaco, que banha a cidade de Sena Madureira, e sua desembocadura fica localizada a cerca de 4 horas da cidade de Sena, subindo o rio Iaco em "batelão".

Estávamos na região realizando algumas coletas botânicas e verificamos, com tristeza, que a parte baixa deste rio está "cortada" por lotes de um projeto de assentamento do INCRA. O ramal (pequena estrada secundária) Mário Lobão passa a cerca de 6km da margem do rio Iaco, na altura da desembocadura do rio Macauã. Alguns "galhos" desse ramal chegam até a margem do rio Iaco, "abrindo" definitivamente o rio Macauã para a exploração de seus recursos naturais.

Tive a oportunidade de caminhar em um "carreador" que liga o Macauã ao Iaco e deu para observar que a madeira dos lotes nos projetos de assentamentos está sendo explorada e vendida para madeireiros que possuem "planos de manejo". É uma pena que a exploração esteja ocorrendo mediante a venda de toras. Os pequenos agricultores recebem entre R$ 30,00-50,00 por cada tora.

Se é para explorar, que se faça pelo menos um pré-beneficiamento local (fazendo pranchas, por exemplo), agregando valor a um produto que muitos agricultores só irão extrair uma única vez em sua vida. Uma nova exploração em sua propriedade só vai ocorrer em 40-60 anos. Se a floresta - sem seu bem econômico mais precioso: a madeira - conseguir permanecer de pé, talvez seus netos ou bisnetos venham a se beneficiar de uma futura venda de madeira nobre.

O futuro dirá se isso vai mesmo acontecer. Eu duvido. E você?

23 março 2006

INPA: ESTUDO PARA PREVER FUTURAS SECAS E CHEIAS

2006-03-21 - 17:10:19 Grace Soares/Ascom

Pesquisador desenvolve modelo de cálculo utilizando dados meteorológicos e oceanográficos para prever picos de cheia e seca dos rios do baixo-médio Solimões.

Um dos grandes desafios enfrentados, atualmente, pela sociedade e pelo Estado brasileiro é prever e, conseqüentemente, articular alternativas de monitoramento dos impactos gerados pela ação inevitável e implacável de alguns fenômenos naturais. Na região amazônica, preparar a população para enfrentar grandes secas e enchentes é um dos objetivos do estudo encabeçado por Jochen Schöngart, doutor em Ciências Florestais e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Schöngart conta que pesquisas em torno da influência de fatores como a chuva e a inundação no crescimento das árvores, despertaram nele a necessidade de elaborar modelos simples que mostrem a relação entre os picos de cheia e seca dos rios da região, a partir da análise de dados oceanográficos e meteorológicos. Na prática, as informações geradas por esses cálculos deverão ser repassadas à população de modo que seja possível articular planos de emergência, frente à ameaça iminente de grandes cheias e secas.

A pesquisa recebe financiamento do Instituto Max- Planck de Limnologia, cuja sede é na Alemanha, mas que há mais de 35 anos conta com uma base de pesquisas no Inpa. Em quase dois anos de estudos destinados a esse projeto, Schöngart afirma que os resultados parciais do trabalho já permitem que ele faça uma previsão do pulso de inundação (força que acarreta na cheia e na seca dos rios) para esse ano. “Os dados referentes ao nível da água, diariamente coletados e armazenados no Porto de Manaus desde 1903, refletem quanto de chuva cai nas cabeceiras dos rios. Esses dados são usados na composição do modelo múltiplo que desenvolvi, o qual analisa quais fatores externos explicam a variação dos picos de cheia e seca ao longo dos anos para prever os próximos picos de cheia e seca dos rios”, explica o pesquisador.

O ponto central do estudo está no fato de as cheias e secas refletirem a variação de chuvas nas cabeceiras dos rios numa área de aproximadamente 3 milhões de km². De acordo com Schöngart e outros pesquisadores, os oceanos são a fonte controladora dessas chuvas. Se as águas dos oceanos tropicais esquentam ou esfriam, as conseqüências dessas mudanças atingem muitas regiões no mundo de forma diferenciada. “O El Niño, que é o fenômeno de aquecimento das águas do Pacífico Tropical, gera grandes secas na Amazônia e fortes chuvas no sudeste do País. Ao contrário, a La Niña, que é o resfriamento do Pacífico equatorial, traz consigo uma maior incidência de chuva na região amazônica”, diz Schöngart. Atualmente, a Amazônia vem sofrendo a influência da La Niña, que deverá durar de três a seis meses, e, por isso, há previsão de um pico pronunciado de cheia para esse ano, devido ao fenômeno.

“De acordo com meus cálculos, esse ano estamos esperando uma cheia de 28,9 metros acima do nível do mar. Não será grande, se comparada a de 1999, considerada uma das maiores, atingindo 29,3 metros”, destaca.

Metodologia – Para o cálculo dos picos do pulso de inundação, são coletados dados no Porto de Manaus, que correspondem às variações sazonais de chuvas nas cabeceiras. “A pesquisa faz uma previsão das secas e cheias para as áreas alagáveis do médio-baixo Solimões. As medições são feitas em Manaus, mas representam um padrão de toda a área que abrange cerca de 3 milhões de km²”, salienta Schöngart.

A margem de erro nos cálculos é baixa. Testes revelaram uma harmonia entre os dados previstos e os registrados posteriormente. De acordo com o pesquisador, em 61% dos casos estudados, a margem de erro é de menos de 50 centímetros, na previsão do nível de vazante. A previsão para a seca severa do ano passado pecou por uma diferença somente de 4 centímetros.

“Aplicando o modelo proposto, é possível prever a cheia do ano com até quatro meses de antecedência; final de fevereiro já é possível fazer os cálculos. Os índices da vazante são obtidos há dois meses do início do fenômeno, ou no final de agosto”, destaca Schöngart afirmando que os últimos dados do ano passado revelaram uma seca severa, como foi comprovado, e há previsão para esse ano de uma grande cheia.

Ciência com aplicação social – A pesquisa já se encontra em sua fase final. Os dados serão encaminhados para publicação em revista científica especializada. Schöngart espera melhorar as condições de vida da população local, a partir da aplicabilidade dos resultados obtidos com o estudo. “Com base nos cálculos dos picos do pulso de inundação, as comunidades, principalmente do interior, poderão planejar suas atividades em tempo suficiente, de modo que não fiquem carentes de alimentação, água, transporte e serviços de saúde e ensino”, ratifica o pesquisador.

Além de sua aplicação social, os cálculos também terão importância nas práticas de manejo de recursos naturais em áreas alagáveis, maximizando a economia da região. “De posse dos dados relativos às altitudes das águas, os ribeirinhos e comunitários poderão projetar medidas de manejo levando-se em consideração esses índices. Como por exemplo: eles podem prever quais áreas florestais vão alagar e conforme às previsões executar o corte e arrasto das árvores de uma forma eficaz”, ressalta Schöngart. O pesquisador conta como parceiro na socialização desses dados o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, com o qual já existe um convênio de cooperação científica.

“Esses modelos são instrumentos poderosos e vêm ganhando importância ainda maior. Estamos vivendo no século de grandes mudanças climáticas. Como essas mudanças vão afetar a Amazônia? Será que secas e cheias serão mais severas no futuro?”, questiona Schöngart. Essas preocupações são motivadas pela tendência do aquecimento dos oceanos que poderão causar menor incidência de chuvas na região amazônica. “Temperaturas superficiais do Atlântico e Pacífico explicam 82% da variabilidade das secas na Amazônia”, finaliza Schöngart.

22 março 2006

SEMENTES NATIVAS PARA USO EM ARTESANATOS

É VIÁVEL BENEFICIÁ-LAS DIRETAMENTE NAS COMUNIDADES EXTRATIVISTAS?

Andréa Alechandre da Rocha & Frederico Thé Pontes
Parque Zoobotânico e Departamento de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Acre-UFAC

Parte 7 (Final)

RESULTADOS

Com base nos resultados apresentados nas planilhas de cálculos, apresentam-se as seguintes conclusões:

- Em análise ao Valor Presente Liquido (VPL) - Quantia final que se obtém depois de todos os descontos. Se o VPL é positivo, o projeto é viável. Ele mostra que o retorno no investimento e maior do que se está gastando com custos de capital. Se o VPL for negativo, o projeto se torna inviável. No caso do beneficiamento de sementes para artesanato, foi definida uma taxa de 1% de desconto mensal, com resultado do VPL em R$ 129.633,06, sendo um dos indicativos de viabilidade do projeto. (Planilha 8).

- Apresenta-se também a Taxa Interna de Retorno (TIR), que é caracterizada pela porcentagem do lucro que se obterá ao investir num determinado projeto. No caso das sementes, o lucro estimado, descontando-se as taxas, foi de 41% a.a sobre o investimento inicial. (Planilha 8).

- O modelo Play Back mostra o período de tempo onde se recuperará os recursos investidos na implantação do projeto. Quanto menor o tempo de retorno do capital investido, mais viável se torna o projeto. Obteve-se como resultado, o tempo de equilíbrio de 6 a 8,5 meses, para que o beneficiamento das sementes começasse a dar lucro, se comparando que a análise foi feita para 1ano, seria necessário 6 meses para pagar o que foi investido.

- Pelo método Relação Custo/Benefício, os quocientes atualizados obtidos apresentaram-se maiores que 1 (2,19), reafirmando a positivação do projeto analisado. (Planilha 9).

CONCLUSÃO

Em conclusão, a proposta de beneficiamento de sementes para artesanato, apresentada para os dois pólos requerentes é economicamente viável, com expectativa de um lucro médio de 41% no 1º ano de implantação, com possibilidade de crescimento nos demais anos, influenciando no aumento da renda mensal e melhoria de vida das famílias envolvidas.

Os cálculos da estimativa de produção foram baseados em fontes bibliográficas sobre as espécies analisadas, necessitando de avaliação e estudo quantitativo, realizado no local a ser explorado para definição de um diagnóstico mais preciso sobre cada espécie a ser trabalhada.

Os impactos ambientais são considerados insignificantes com a retirada das sementes para produção de artesanato, uma vez que os produtores não precisarão derrubar nenhum indivíduo, e os equipamentos necessários para o beneficiamento não causam nenhum tipo de poluição ambiental, fora o uso de óleo diesel para o moto-gerador.

Recomenda-se que seja elaborado um plano de manejo das espécies a serem exploradas, o que permitira uma maior precisão da produção por safra de sementes, época ideal de exploração, definidas de forma que o abastecimento da fauna e a regeneração natural, dependente dessas sementes sejam mantidos; identificação do local a ser explorado, quantidade e distribuição dos indivíduos, o que auxiliara nos cálculos e estudos futuros, e conseqüentemente a introdução de outras espécies nativas, uma vez que a diversificação de sementes nativas é grande, contribuindo para a geração de novas fontes de renda para os moradores da reserva.

A metodologia do manejo deve atender as exigências de todas as normas exigidas pelos órgãos competentes, adaptadas à realidade local e práticas de extrativismo de Produtos Florestais não Madeireiros (PFNMs), facilitando assim, a sua aprovação pelas instituições competentes, e ainda, servindo de modelo para outras espécies e comunidades.

BIBLIOGRAFIA

AMOPREX- Plano de manejo sustentável comunitário para a produção de óleo de copaíba (Copaifera spp.) da Associação de Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes, Brasiléia e Xapuri-Acre. Rio Branco-Ac, 2004. 49p. il.

CLAY. J. W., SAMPAIO, P. DE T. B. E CLEMENT, C. R. Biodiversidade amazônica: exemplos e estratégias de utilização 1ed. Manaus: Programa de desenvolvimento empresarial e tecnológico 2000. 409p.

CETAF-Centro Tecnológico e Ambiental da FUCAPI. JARINA (MARFIM VEGETAL). Manaus, 2002.

Estudo Etnobotânicos e ecológicos de plantas úteis na Reserva Extrativista Chico Mendes. Junho 1998-Dezembro 1999. Herbário/Parque Zoobotânico- Universidade Federal do Acre.

FERREIRA, E. L. Manual das Palmeiras do Acre, BrasilInstituto Nacional de Pesquisas/Universidade Federal do Acre. Rio Branco-AC, 2003.

GOMES-SILVA, D. A. G.; WADT, L. H. O. Considerações ecológicas para Manejo de patauá (Oneocarpus bataua Mart.) na Amazônia Sul-Ocidental, Acre, Brasil. Dissertação de Mestrado. UFAC, 2003.

MIRANDA. I. P. DE A. Frutos de palmeiras da Amazônia. Manaus: MCT INPA, 2001.

KIKUCHI, T. Y. P; MACEDO, E. G; ÁLVARES, A. DA S. Anatomia das pinas de Socratea exorrhiza mart. Manaus, 2003.

http://www.amazonlink.com.br/apurinãs. Jóias apurinãs. Acesso em 05/06/2004.

http://www.fieam-jarina.com.br/. Federação das indústrias do estado do Amazonas. Jarina- Marfim Vegetal. Acesso em 05/06/2004.

www. iapa.ufscar.br. Reserva Extrativista Chico Mendes (Acre). Acesso em 12/05/2004.

http://www.inpa.gov.br/. Instituto Nacional de Pesquisas Amazônica. Açaí: Euterpe precatoria Mart. Acesso em 20/06/2004.

http://www.inpi.gov.br/. Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Euterpe precatória Mart. Acesso em 15/06/2004

http://www.ac.sebrae.com.br/s_62.html. Artesanato com Sementes. Acesso em 20/06/2004.

www.virtual2000.com.br/jarina. Jarina-Marfim vegetal. Acesso em 15/06/2004.

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21 março 2006

ISTO É BRASIL!

Maior devastador do Pará é preso!

É isso mesmo! O empresário José Donizetti Pires, conhecido por ter sido o responsável pelo maior desmatamento já realizado na região Oeste do Pará, foi preso sábado em Santarém. A prisão de Donizetti acontece depois do mesmo ter sido autuado (multado) duas vezes pelo Ibama por realizar desmatamento sem autorização em 2005 e 2006. Este empresário é responsável pelo maior desmatamento já realizado na região, conhecida como Gleba Pacoval, pertencente à união (governo federal): uma área de floresta do tamanho de mil campos de futebol para o plantio de soja!

A nota triste da prisão do empresário é que ele não foi preso por desmatar a floresta em área da união: foi preso porque ameaçou ambientalistas que haviam protestado contra os desmatamentos ilegais.

Segundo a descrição do incidente no site do Greenpeace Brasil:

"No dia 06 de março, representantes do Sindicato de Trabalhadores Rurais (STR) de Santarém e da Frente de Defesa da Amazônia, e ativistas do Greenpeace protestaram contra o maior desmatamento da região de Santarém nos últimos sete anos. O grupo de 50 pessoas viajou cerca de 5 horas por estradas de terra em precárias condições para chegar à área completamente devastada por Oliveira. Ali, o grupo abriu uma faixa de 2.500 metros quadrados com a mensagem “100% Crime” e plantou mudas de castanheiras.

Oliveira reagiu com violência ao protesto pacífico. Imagens do Greenpeace confirmam que a mesma violência que o grileiro utiliza contra a floresta foi usada contra as pessoas que protestavam pacificamente contra o desmatamento ilegal da Amazônia. Ele passou com o carro por cima da faixa várias vezes até destruí-la, quebrou o vidro de uma das caminhonetes e agrediu os manifestantes. Felizmente, ninguém ficou ferido.

De acordo com o Ministério Público, “o Estado não pode permitir que um indivíduo, além de ocupar áreas públicas ilegalmente, ainda agrida cidadãos brasileiros que estão gozando do seu direito constitucional de manifestação pacífica, com o nobre propósito de proteger o patrimônio atual e futuro da Nação brasileira.”

Conheço o sul do Pará e as coisas por lá não são diferentes. Nas cidades de Santana do Araguaia e Redenção motoqueiros não podem andar de capacete, como manda a lei, porque estas cidades são frequentemente vítimas de assaltos de bandidos que andam em grandes grupos. Lembra coisa dos filmes de faroeste americanos. Como a força da lei e o Estado costumam fraquejar ou mesmo se aliar com estas "forças do mal" nestas regiões, o resultado não seria diferente.

O caso deste megadesmatador é um bom exemplo. Em maio de 2005 fiscais do Ibama constataram desmatamento de 650 hectares realizados ilegalmente (sem autorização) pelo empresário na gleba pacoval. Em 31 de janeiro de 2006, sem dar bola para ninguem (ele sequer assinou as autuações do IBAMA), ele desmatou outros 995 hectares na mesma área. Foi multado em R$ 1.49 milhão. Os desmatamentos ilegais realizados em 2005 resultaram em multa, embargo da área, ou seja, a interdição, na qual ninguem poderia intervir na mesma até o final do processo. Além disso, quatro tratores e correntes utilizados para a derrubada das árvores foram apreendidos e lacrados, devendo aguardar o pronunciamento da justiça.

Em janeiro de 2006 o empresário simplesmente rompeu o lacre das máquinas e das correntes, desrespeitou o embargo e continuou a desmatar a mesma área. Como se vivesse em uma terra sem lei. Para demonstrar isso, ele ainda "incinerou e desvitalizou 120 metros cúbicos de castanheiras para fins de implantação de projeto agrícola não-licenciado, em desacordo com determinações legais”. A castanheira (Bertholetia excelsa) é a árvore símbolo da Amazônia e espécie protegida por lei. O corte da castanheira está proibido desde 1994, pelo Decreto Federal nº 1282."

20 março 2006

CHOVE CHUVA!!!

Leitores, vamos fazer corrente: vem chuva, vem chuva!!!

Até o meio dia de hoje (20.03) só choveu 58 mm na região de Rio Branco. No mesmo período do ano passado - o ano da grande seca amazônica - já tinha chovido 109,5 mm. É uma diminuição de quase 50% nas chuvas em 2006!!!

Angelim (de camisa rosa na foto acima), nosso prefeito, tá na hora de convocar apoio divino!


Crédito da imagem: Notícias da Hora, 2005

Dados de precipitação obtidos na pagina CPTEC-INPE

OPORTUNIDADE DE TRABALHO NA ÁREA AMBIENTAL - ACRE

CONSULTORIA PARA A SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DO GOVERNO DO ACRE

ATIVIDADES PREVISTAS SÃO: PREPARO, EXECUÇÃO, MONITORAMENTO E ACOMPANHAMENTO DO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DE GESTORES AMBIENTAIS E CONSELHEIROS DO SISNAMA DO ACRE

A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Estado do Acre (SEMA) está contratando um consultor para a preparação, execução, monitoramento e acompanhamento do Programa de Capacitação de Gestores Ambientais e Conselheiros do SISNAMA do Estado do Acre.

Os interessados deverão encaminhar seus respectivos currículos, conforme consta o EDITAL (abaixo), até 3 dias úteis a partir do dia 20 de março de 2006, para a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Naturais-SEMA, situada na Rua Rui Barbosa, 135 Centro, Rio Branco-Acre CEP: 69.900-12. FONE/FAX (68)32245497, Ramal: 207/Gerência de Pessoal ou Gerência de Educação Ambiental, E-mail: imac@ac.gov.brVeja edital completo abaixo.

EDITAL DE CONTRATAÇÃOSECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS - SEMA

CONTRATA:
Cód. (1) Outros serviços de Terceiros: Pessoa Física1).

OBJETIVO: Contratar serviços de consultoria para auxiliar tecnicamente a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Estado do Acre (SEMA) na preparação, execução, monitoramento e acompanhamento do Programa de Capacitação de Gestores Ambientais e Conselheiros do SISNAMA do Estado do Acre.

2) DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES:
2.1. Promover a mobilização e envolvimento das organizações, atores sociais e prefeituras de todos os 22 municípios do Estado, para participação do Programa de Capacitação, de acordo com as orientações da Coordenação e Equipe do Projeto;
2.2. Viabilizar a aquisição de materiais de expediente/consumo, passagens e etc. necessários à realização do Programa;
2.3. Assessorar e acompanhar a edição e produção do material de divulgação;
2.4. Acompanhar a elaboração dos materiais didáticos, organizar e controlar a distribuição;
2.5. Preparar Termos de Referência para contratação de instrutores/instrutoras que irão ministrar os Cursos;
2.6. Expedir e controlar documentos (Comunicações Internas, ofícios e outros);
2.7. Acompanhar junto ao setor financeiro as solicitações de pagamentos previstos para diárias, ajuda de custo e outros;
2.8. Organizar o seminário no município de Rio Branco para apresentação do Programa de Capacitação e Assinatura do Termo de Adesão com Prefeitos;
2.9. Organizar e acompanhar todos os procedimentos necessários (logística, material e etc.) a realização da Capacitação do Programa - nos cinco municípios sede das Regionais - de acordo com o cronograma de execução dos quatro módulos, seminário p/ vereadores e seminário de encerramento;
2.10. Controlar juntamente com instrutor, em todos os módulos, lista de presença para emissão de certificado dos participantes do Curso de acordo com critérios estabelecidos.
2.11. Monitoramento do processo de capacitação e avaliação do Programa através de elaboração de relatório mensal;
2.12. Consolidação e apresentação do relatório final de todo o processo do Programa.
2.13. Colaborar com outras atividades da Gerencia de Educação Ambiental.

3) PRODUTOS ESPERADOS:A pessoa contratada deverá apresentar, como produto, relatórios mensais de execução do programa.

4) REQUISITOS EXIGIDOS:
4.1. Nível superior;
4.2. Experiência em organização, acompanhamento e sistematização de reuniões;
4.3. Experiência em elaboração de relatórios;
4.4. Experiência com desenvolvimento e/ou aplicação de metodologias de monitoramento e avaliação de projetos;
4.5. Preferencialmente com experiência em facilitação e moderação de reuniões;
4.6. Facilidade para o trabalho em equipe;
4.7. Disponibilidade para viajar aos municípios do Estado, inclusive aos finais de semana.

5) FONTE DE RECURSO:Os recursos financeiros para pagamento dos serviços prestados decorrerão da linha orçamentária Consultoria, do Contrato 00004/2005, firmado entre a SEMA e o MMA para execução do Programa Estadual de Capacitação de Gestores Ambientais e Conselheiro do SISNAMA. Programa de trabalho 18542017812530000- Apoio às ações do Meio Ambiente. Elemento de Despesa: 339036.00 (OST-PF). Fonte 1.

PRAZO DE EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS:O prazo de realização dos serviços será de 210 dias, a partir da data de assinatura do contrato.

6) PROCESSO DE SELEÇÃO: Baseado na qualificação, experiência, de acordo com o item 04 deste edital.

7) ELEMENTOS DISPONÍVEIS: Para a execução dos trabalhos a pessoa contratada disporá de material de consumo de campo e escritório, bem como espaço físico e condições logísticas.

VAGAS: 01 (UMA). Os interessados deverão encaminhar seus respectivos currículos, conforme consta o EDITAL, até 3 dias úteis a partir do dia 20 de março de 2006, para a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Naturais-SEMA, situada na Rua Rui Barbosa, 135 Centro, Rio Branco-Acre CEP: 69.900-12. FONE/FAX (68)32245497, Ramal: 207/Gerência de Pessoal ou Gerência de Educação Ambiental, E-mail: imac@ac.gov.br.

18 março 2006

SEMENTES NATIVAS PARA USO EM ARTESANATOS

É VIÁVEL BENEFICIA-LAS DIRETAMENTE NAS COMUNIDADES EXTRATIVISTAS?

Andréa Alechandre da Rocha & Frederico Thé Pontes
Parque Zoobotânico e Departamento de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Acre-UFAC

Parte 6

Material necessário para a implantação de duas unidades de beneficiamento de sementes nas Associações Boa esperança e Chico Mendes, em Brasiléia (clique na miniatura da tabela para amplia-la):











TABELA DE DIVISÃO DOS DISCOS DE LIXA
(clique na miniatura das tabela para amplia-la)






Em média:
→ 1 Disco de lixa nº 36 beneficia = 20 kg de açaí, ou 10 kg de jarina, ou 8 kg de paxiubão.

→ 1 Disco de lixa nº 100 beneficia = 30 kg de açaí, ou 10 kg de jarina, ou 8 kg de paxiubão, ou 30 kg de pataua.

→ 1 folha de lixa nº 320 beneficia = 5 kg de açaí,ou 5 kg de jarina, 4 kg de paxiubão, ou 20 kg de paxiubinha, ou 30 kg de pataua.

Fonte: Maria Socorro Acácio, Cesaria Silva, Francisca Oneide, Cezar Farias. Todos artesãos locais e beneficiadores de sementes nativas para artesanato.

ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO E FATURAMENTO (Sementes beneficiadas). (clique na miniatura da tabela para amplia-la)








*No decorrer de o todo o processo de produção e beneficiamento há uma perda de aproximadamente 70 % das sementes.

INFRA-ESTRUTURA MÍNIMA DE PRODUÇÃO

Galpão: de uso comunitário, usado como depósito de insumos e matéria-prima. Custo estimado R$ 5.000,00 cada.

Máquinas, equipamentos e utensílios: 8 moto-esmeril, 16 dz de jogo de brocas, 8 adaptadores para broca, 2 grupo geradores.

INDICADORES DE VIABILIDADE ECONÔMICA

Os indicadores usados como referência, para o beneficiamento de sementes, com estimativa de produção anual de 20 toneladas de sementes beneficiadas; foram custos de produção, volume de vendas, preço do produto, capital de giro, o investimento total, fluxo liquido do investimento, valor presente liquido, taxa interna de retorno, relação custo-benefício, método play back (tempo de retorno do investimento).

ALGUNS CÁLCULOS EFETUADOS PARA OBTENÇÃO DE CUSTOS
(clique na miniatura da tabela para amplia-la)










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16 março 2006

SOMOS TODOS IMPERIALISTAS!

Nem Chico Mendes escapou!

Assim deixa a entender o texto "Os agentes do imperialismo na Amazônia ocidental", publicado no site CEBRASPO-Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos, e assinado pela professora do Departamento de Economia da UFAC Nazira Correia Camely. Lendo o texto - que já tem alguns meses ou ano de publicação - tem-se a impressão que tudo e todos estão a serviço dos imperialistas americanos. Faltou ela dizer quem não está.

No - longo - texto é possível pinçar as instituições que atuam na amazônia que promovem "espionagem" em favor dos imperialistas: Ipam, Naeae, Universidade Federal do Pará, Pesacre, Parque Zoobotânico da UFAC e outras.

Segundo a autora "As universidades vêm cumprindo um importante papel na elaboração e execução dos projetos de intervenção na Amazônia, elas são preferidas pelos gringos por sua aparente estabilidade, miséria atual de recursos, e na região sua indigência. Em troca de computadores e outros equipamentos, somadas algumas publicações em revista de prestígio internacional muitos pesquisadores tem contribuído sistematicamente com organizações do Estado americano, ongs etc., além de criarem ongs que atuam vinculadas às universidades além das fundações já tão conhecidas (um importante caixa 2)".

Até a coleção paleontológica da UFAC, que todos sabem foi fruto de árduo trabalho da equipe liderada pelos professores Jonas Filho (Reitor), Alceu Ranzi e Jean Bocquentin (Francês), é obra dos gringos!!! Imaginem se americanos iriam dar dólares para um francês!!!

Para mim o texto deixa a impressão de que a autora viveu na Albânia ou Coréia do Norte, lugares onde todos são suspeitos até que provem o contrário. Me lembra meus tempos de movimento estudantil, quando eu, provavelmente, teria a capacidade de escrever algo tão radical.

É isso mesmo, naquela época, ser radical era a regra. Eu era um operário e para os "cabeças" do movimento tudo era suspeito. Vivíamos sob a ditadura militar e para "escapar dos milicos" nos reuníamos a noite para fazer faixas, pintar camisas, pichar o campus. Tudo na calada da noite como mandavam os manuais de subversão da época. Tivemos vitórias e derrotas.

O tempo passou, estamos em uma democracia, quase todos os colegas do movimento avançaram social e politicamente. Algumas pessoas que comandavam a nossa tendência política até se submeteram ao processo democrático. Um deles é hoje o vice-governador do Acre, o binho, que além de liderar, emprestava sua brasília para que a turma pudesse se locomover "discretamente" pela cidade. Nosso principal articulador era o Carioca, que ainda hoje faz esse papel. A oposição era comandada, já naquela época, pelo Gerson e o ex-deputado Marcos Afonso. Gerson ainda hoje é um lider estudantil - embora seja professor do curso de História.

Vivemos numa democracia. Mas a pergunta cabe: quem avançou e quem parou no tempo?

Leiam a íntegra do texto abaixo:

Os agentes do imperialismo na Amazônia ocidental

Nazira Correia Camely( *)

Introdução

O imperialismo na Amazônia, não apenas brasileira, combina sua estratégia militar de espionagem e ocupação futura com interesses mediatos dos capitais monopolistas, insumos para a indústria biotecnológica. Combinando intervenção econômica com elementos da guerra de baixa intensidade tendo por base o ecologismo, tenta cimentar ideologicamente interesses diversos como de pequenos produtores e latifundiários através de uma política de planejamento estatal, como o zoneamento econômico e ecológico – zee[1], financiado e dirigido por quadros de agências do imperialismo como o Banco Mundial.

O fracasso desse planejamento, apesar dos esforços de propaganda dos governos estaduais e da própria SAE – Secretaria de Assuntos Estratégicos[2], revela-se na brutal atuação dos órgãos de meio ambiente contra os camponeses, medidas repressivas contra o desmatamento de pequenas áreas para plantar alimentos, pesca e caça entre outros, são aplicadas multas, tomada de ferramentas, prisões e tortura. Outro resultado bastante visível das políticas imperialistas na Amazônia tem sido o esvaziamento do campo, movimento migratório que tem provocado o crescimento exagerado das cidades e também constituindo uma população flutuante na fronteira do Brasil com países vizinhos (Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia) e a constituição de uma população flutuante empurrada ora para um país ora para outro, sem conseguir resolver seu problema, a terra, já que se trata principalmente de camponeses e índios.

A manutenção de relação semifeudais desde o final do século XIX

Ao final do século XIX a produção de borracha controlada pelos EUA engendra um complexo sistema de financiamento da produção que mobilizou um grande contingente de trabalhadores originados do nordeste do Brasil. Um sistema de endividamento impedia que esses trabalhadores obtivessem terra, que estavam disponíveis na região, tratava-se de ter uma força de trabalho exclusiva para a produção de borracha, aprisionada ao sistema extrativista onde os donos de terras- os seringalistas – controlavam os preços da borracha e dos insumos que eram vendidos aos seringueiros. As relações de trabalho eram mantidas pela violência de jagunços, verdadeiro Estado num território em disputa com países vizinhos como Perú e Bolívia.

Tais relações foram modificadas com a crise da produção de borracha no Brasil, porém em várias regiões ainda se mantêm essas mesmas relações. A maioria desses seringueiros durante quase um século, nunca se tornou proprietário fundiário, o que com a ajuda do oportunismo permitiu convertê-los ao final dos anos 80 em defensores dos interesses do imperialismo; passaram a vigiar extensas áreas de terras para uma finalidade que até agora não sabe bem qual seja, a não ser que estão defendendo a natureza e os interesses de toda a humanidade, tal como pregam os ecologistas das ongs e o próprio Estado.

As reservas do imperialismo na Amazônia a partir dos anos 80

Na década de 70 do século XX, a região amazônica recebe grandes quantidades de migrantes, resultado do processo de expulsão de pequenos produtores das regiões sul, sudeste e centro-oeste onde investimentos capitalistas na agricultura desenvolvem a agricultura mantendo as relações atrasadas – o que se chamou de modernização conservadora - ao mesmo tempo em que grandes extensões de terras, antigos seringais, são vendidos a fazendeiros provenientes do centro-sul do país, que com apoio estatal recebem além de terras recursos para a criação de gado. Tratava-se de um projeto dos militares de ocupação da Amazônia visando fins geopolíticos, grande propriedade rodeada de pequenos produtores que serviriam de força de trabalho para o latifúndio.

A expulsão de antigos posseiros que vivam nos seringais agora falidos, dá-se com extrema violência, espancamentos e mortes, as cidades da região expandem-se rapidamente, sem condições de infra-estrutura para os que chegam. Cresce um movimento de resistência no campo para continuar vivendo na terra e um movimento na cidade, pela ocupação de lotes urbanos para moradia.

Nesse mesmo período dos anos 70 a Contag – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, criou em vários locais Sindicato de Trabalhadores Rurais, ao mesmo tempo em que crescia um movimento camponês radicalizado, que enfrenta os novos proprietários de terras, que necessitam derrubar a floresta para criar gado. Esta atividade está em frontal oposição às atividades extrativas que ainda são desenvolvidas por seringueiros ou ex-seringueiros, agora agricultores, pescadores, etc. Esta luta pela posse da terra contra os latifundiários vindos do centro-sul será caracterizada posteriormente como uma luta pela manutenção da floresta, no discurso Chico Mendes acrescentará que tais lutas eram pacíficas, o que não tinha nenhum fundamento.

A ocupação de Rondônia no mesmo período resulta em uma ocupação dirigida pelo Estado, de pequenos produtores, principalmente em torno da principal rodovia que liga o Estado ao resto do país (BR-364). A produção de café, cacau e outros gêneros alimentícios é crescente. O massacre de populações indígenas e a intensidade de tal ocupação convertem-se em preocupação de ongs principalmente norte-americanas que pressionam o Banco Mundial um dos principais fornecedores de recursos para tais atividades.

A conversão de camponeses, que ainda estavam vinculados à produção de borracha, embora que secundariamente, em defensores das florestas (as castanheiras e seringueiras somente sobrevivem onde existem florestas) decorreu de alianças da liderança desses trabalhadores com o movimento ambientalista principalmente norte-americano. A atuação do oportunismo foi fundamental nesse processo, destacando o papel do PT e da igreja.

Muitas ocupações de terra dos anos 80 eram resultado de acordos entre a igreja e o Estado, e a luta dos seringueiros para garantir suas posses contava com a experiência secular da igreja católica, mesmo com sua característica ação vacilante. Os seringais eram propriedades privadas, dos seringalistas, que ali foram durante muito tempo patrão e Estado, com o apoio providencial da igreja católica que percorria estes seringais prestando seus serviços ideológicos para garantir a ordem latifundiária. Além de seu aparato repressivo privado o seringalista contava também com os serviços da polícia na solução de problemas vinculados ao não cumprimento das normas por parte dos seringueiros.

O PT vai ser o principal protagonista de uma “nova ordem” camponesa (de origem clerical) que atende ao interesses do imperialismo, manter a pequena propriedade provocando pequeno impacto ambiental e convivendo com a grande propriedade. De uma forma sintética: com o apoio de universidades brasileiras e norte-americanas e outros organismos de pesquisa e extensão em agricultura elaborou-se como pretensa solução ao problema do desflorestamento provocado pelos pequenos camponeses o sistema agro-florestal. A produção agrícola voltada para a exportação de produtos tropicais com aceitação nos chamados mercados verdes. Tudo isto financiado com dinheiro do G-7 para o meio ambiente. O fracasso de tal panacéia é visível, assemelhando-se aos chamados cultivos alternativos à folha de coca na Bolívia, outro redundante fracasso.

O principal projeto dessa política é a Reserva Extrativista, grandes extensões de terra vigiadas por ex-seringueiros. O PT proclama as reservas como a reforma agrária da Amazônia, tal reforma agrária retirava da mão dos posseiros a propriedade fundiária, firmava-se um contrato dos antigos seringueiros com o governo federal, a terra é propriedade do Estado, os seringueiros poderão usá-la de acordo com as determinações do órgão responsável pelo meio ambiente.

A projeção do líder seringueiro Chico Mendes nos anos 80 contou com a colaboração decisiva de grandes ongs norte-americanas como a Environment Defense Fund dirigida por Steve Schartzmann, que ao final dos anos 80 tinha 500.000 associados preocupados com as florestas tropicais; tal repercussão propagandística contou ainda com oportunistas tecnocratas como a antropóloga Mary Alegretti, brasileira com boa relação com o Banco Mundial e membro do governo de Fernando Henrique Cardoso. Alegretti foi assessora do Ministro de Meio Ambiente – Sarney Filho - e parceira de Steve Schartzmann contou ainda com o apoio decisivo do PT.

Chico Mendes tinha contradições com a igreja católica, ou mais precisamente com parte dela, que disputava a liderança dos seringueiros já que Chico Mendes pertencia à esquerda do PT. Sua estreita vinculação com os seringueiros decorria de sua origem, filho de seringueiro e de sua participação nos sindicatos recém criados, ele define como centro da política dos seringueiros-ambientalistas a aliança com os ambientalistas-imperialistas – norte-americanos -, oposição ao latifúndio – os fazendeiros financiados pelo Estado na década de 70 – . Esta política era definida pelo PT na região com a orientação absoluta dessas ongs. As contradições com os fazendeiros foram relegadas a segundo plano em função do reconhecimento “internacional” do líder seringueiro, o que resultou em seu assassinato por médios fazendeiros com a conivência do governo do Estado do Acre à época.

A intervenção imperialista, enquanto política converte-se cada vez mais em gestão ou administração das reservas extrativistas, gestão essa executada por órgãos do Estado, organizações não governamentais, cooperativas dos seringueiros e sindicatos de trabalhadores rurais. As escolas de alfabetização dos seringueiros vão contar com enorme apoio da intelectualidade e do próprio aparelho Estatal.

Esta administração cada vez mais direta, por organismos imperialistas, semi-colonial na forma, exigiu e continua exigindo a formação de quadros e executores, muitos deles índios e seringueiros e os bem comportados recém formados das universidades, que difundem um credo denominado desenvolvimento sustentável.

No Acre foram criadas várias ongs revelando um verdadeiro Estado administrado pelos petistas antes que chegassem à administração do governo local no Acre. Aí, não tem limites o nível de apodrecimento e corrupção, uma dessas ongs é o CTA – Centro de Trabalhadores da Amazônia, de onde saiu Marina – atual ministra do meio ambiente, Jorge Viana – Governador do Acre em seu segundo mandato, seu irmão Tião Viana – Senador. Outra ong a SOS Amazônia, entregou boa parte das terras do Acre na fronteira com o Peru para a TNC – The Nature Conservancy - , bastante conhecida por tentar comprar terras no Brasil e na Bolívia em troca de dívida externa. A última façanha desses senhores é tentar nessa região do Acre expulsar antigos moradores de uma região conhecida como Serra do Divisor. Outra via do semi-colonialismo é o PESACRE, uma ong vinculada à Universidade da Flórida, com longa experiência na Amazônia: Pará – Acre – Bolívia, que vem formando quadros para o ambientalismo enviando estudantes aos EUA e trazendo para a Amazônia estudantes de universidades norte-americanas além de espiões com experiência em contra insurgência em outros países.

Boa parte desses quadros formada nas ongs filial do império agora ocupa posições chaves no governo do Acre, têm experiência comprovada de “organização comunitária”, projetos, venda de produtos florestais, coleta de informações, uso de tecnologias como SIG – sistema de informação geográfica - , alfabetização de seringueiros, ensino bilíngüe para povos nativos etc.

O PT no Acre e sua importância para o projeto imperialista na Amazônia.

O governo do PT resultou de uma aliança com o PSDB de Fernando Henrique Cardoso, aliança que atende a interesses estratégicos que estão em jogo envolvendo principalmente os ianques. As reservas extrativistas foram um passo importante para a definição de áreas de terras que serão utilizadas posteriormente de acordo com os interesses dos monopólios principalmente norte-americanos . Essas áreas são administradas por uma diminuta população, normalmente de ex-seringueiros que conhecem boa parte dos recursos existentes nessas áreas., insumos importantes para as indústrias farmacêuticas e correlatas.

As reservas extrativistas cumprem vários papéis, elas garantem recursos para uso futuro, dos monopólios; produzem no lugar de alimentos para as populações camponesas produtos exóticos para os mercados dos países imperialistas; cria no campo uma população que não tem identidade com os camponeses de outras regiões e sim com os interesses mediatos dos imperialistas.

O Governo do PT no Acre, dentro da política imperialista sintetiza suas ações e projetos estratégicos em uma palavra: Florestania ou seja, segundo ele, uso racional da floresta com cidadania, o uso de recursos da floresta principalmente madeireiros é a grande investida, onde entre outros objetivos, é fornecer para as grandes corporações tecnologias “sustentáveis” de exploração madeireira. O conjunto de técnicas dita sustentável são soluções tecnológicas para as grandes propriedades ou grandes explorações.

Há mais de 10 anos um consórcio dirigido por uma organização de compradores de madeira, sediado no Japão – ITTO – desenvolve experimentos de “manejo” florestal no Acre. O principal agente de tais projetos é Gilberto Siqueira, ex-secretário de Planejamento do Governo do Acre, representante dos interesses imperialistas na Amazônia. O ex-governador do Amapá, Capiberipe, guerrilheiro arrependido, seguiu o mesmo caminho do governador do Acre, aliás com maior sucesso e visibilidade na mídia, elogiado por todas as agências do imperialismo.

Entre os planos do governo do Acre está a ampliação do território do Estado do Acre, mais áreas de terras onde possa desenvolver seus projetos de interesse dos EUA. Trata-se de algo que não é simples visto os interesses do governo do Estado do Amazonas em manter suas rotas do tráfico de drogas.

Outros projetos estão sendo desenvolvidos na região onde o governo do PT cumpre um papel de gerente, capataz ou mero executor como por exemplo os “estudos científicos” financiados pela NASA com participação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil, que busca estudar em várias dimensões (clima, solos, água etc.) toda a Amazônia, não só a brasileira. Todas essas “cooperações” entreguistas são na verdade segredos de Estado, elementos que servirão para futuras políticas de ocupação do território amazônico.

Ecologismo e maior presença de capitais dos países imperialistas
O imperialismo norte-americano, através de suas agências internacionais dividiu a Amazônia em áreas de produção intensiva de produtos agrícola onde a inversão de capitais norte-americanos e japoneses alcança uma longa faixa que parte do centro-oeste do Brasil até a Amazônia Ocidental e espaços destinados à proteção ambiental, grandes áreas de florestas, geralmente controladas por organizações norte-americanas.

A hipocrisia dos militares brasileiros e da grande burguesia que faz uma gritaria em torno da soberania, disputa de forma subordinada uma participação minoritária nos projetos “científicos” dos países imperialistas na região. O Sistema de Vigilância da Amazônia - SIVAM -[3] iniciativa de instalação de radares e uso de aviões que vigiarão o território amazônico está sob o “guarda-chuva” do já referido projeto dirigido pela NASA, onde o principal problema para a realização de seus planos é a existência de populações camponesas, seringueiros, garimpeiros e outros habitantes que segundo a visão do ecologismo são predadores da natureza dando uma sobrevida ideológica a já derrotada teoria malthusiana.

As organizações não governamentais de espionagem
A presença de organizações não governamentais dos países imperialistas abarca uma imensidade de ações que vão desde a prestação de serviços nas periferias das cidades da Amazônia, preservação do meio ambiente, pesquisas vinculadas às universidades da região, estudo de populações indígenas etc. Tais atividades são financiadas principalmente pelo governo dos EUA através da USAID, Fundação Ford, Fundação Interamericana – IAF – etc. Essas agências desenvolvem durante mais de duas décadas um sistema de informação privilegiado que vem servindo para a gestão colonial e semi-colonial da Amazônia.

A geopolítica dos militares brasileiros adapta-se aos planos imperialistas principalmente através dos planos de uso de recursos (zoneamento) que são coordenados pela Secretaria de Assuntos Estratégicos – SAE – e financiados e dirigidos efetivamente pelos EUA, com recursos minoritários de outros países imperialistas. A viabilização desses planos tem como posição destacada a participação do oportunismo, principalmente do PT.

Algumas entidades governamentais e não governamentais

WHRC Woods Hole Research Center -
É uma organização norte-americana que tem presença na região amazônica através de pesquisadores em várias áreas, parte de sua atuação dá-se através de universidades e outras ongs, algumas das quais essa mesma entidade é fundadora ou participante. Sua importância está no papel que tem cumprido esses pesquisadores no projeto LBA e na formação de quadros da região e fora dela (em outras partes do país) para o imperialismo; um pesquisador desse centro tem desenvolvido um trabalho de formação de quadros que envolve estudantes, principalmente de universidades do Acre, Rondônia, Pará, Rio de Janeiro há mais de uma década, a maior parte desses estudantes tem estudado nos EUA e publicado seus trabalhos em importantes revistas científicas daquele país.

WWF –World Wildlife Fund – Fundo Mundial da Vida Silvestre
Trata-se de uma das maiores ongs atuando na região, tem presença em quase todos os Estados amazônicos financiando projetos na área ambiental;

Fundação Ford
A FF vem atuando há bastante tempo, financia universidades, ongs e pessoas, tem cumprido um importante papel na formação de recursos humanos que atuam na região ou fora dela, muitos de seus quadros fizeram ou fazem parte de universidade e institutos de pesquisa na Amazônia além de trabalharem também no Banco Mundial e outras organizações desse tipo.

Novib
É uma ong holandesa que atua financiando centros de defesa dos direitos humanos, ongs ambientais e outras. Financiou o RECA – Reflorestamento Condensado e Adensado - , um projeto vinculado à igreja católica na fronteira do Acre com Rondônia, que se constituiu numa vitrine de um projeto ambiental “bem sucedido”. É uma organização composta de pequenos produtores que passaram a produzir cupuaçu, pupunha, castanha e outros produtos buscando desmatar o mínimo possível e diminuir a utilização de insumos industriais como adubos.

Oxfam
É uma organização inglesa que financia entidades de direitos humanos e congêneres, tem adotado uma postura de crítica ao Banco Mundial, atua na região há muito tempo.

TNC
Esta entidade está envolvida na compra de áreas na Amazônia em troca da dívida externa, tentou comprar terras no pantanal no Brasil e na Bolívia. Vem atuando no Acre através de uma ongs, SOS Amazônia, financiando um imenso parque (Parque Nacional da Serra do Divisor) na fronteira do Acre com o Perú, aí foram feitos vários estudos de fauna e flora e pretendiam retirar a população que morava naquele parque. Esta região da Amazônia é pouco habitada fazendo parte da rota do tráfico de drogas.

IFPRI – International Food Policy Research Institute
Trata-se de uma organização norte-americana vinculada ao governo dos EUA que vem fazendo estudos sobre as tecnologias utilizadas por camponeses na região amazônica, isto faz parte de um projeto maior de estudo sobre uso da terra em toda a faixa tropical, eles têm vários estudos sobre países da Ásia. Atuaram na Amazônia a partir de uma cooperação com a Embrapa[4], universidades e outras organizações. Um dos responsáveis por este projeto, um quadro experimentado do imperialismo ( Stephen A Vosti) foi professor visitante na Universidade Federal do Minas Gerais

SIL Instituto Linguístico de Verão e o papel das missões religiosas
As missões religiosas protestantes tiveram uma atuação mais presente com as populações indígenas, o caso mais conhecido é do Instituto Linguístico de Verão (SIL – Summer Institut Linguistic ) que atua em vários países da América Latina, convertendo populações nativas em crentes (protestantes), um dos instrumentos principais do SIL é o uso da “ciência” apropriando-se da língua dos povos nativos para publicar bíblia. Os que se opõem à sua política oscilam entre: 1) não saber o que fazer 2) bomba! (afirmação – a última - de um antropólogo na Venezuela). Para exemplificar, os Yawanawa que habitam a região ocidental da Amazônia têm a presença desses missionários há muitos anos, houve uma divisão entre eles, os índios protestantes e os outros, isso levou a luta grande entre eles, possibilidade de confrontos violentos etc., eles são poucos. Um desses nativos trabalhou muito tempo na Comissão Pró-Índio e hoje desenvolve um trabalho de recuperação da cultura nativa, junto a outras populações nativas nos EUA, para se opor aos missionários eles defendem os cultos e tradições antigas e o uso de alucinógenos que atraem simpatizantes que podem defender o meio ambiente, populações nativas, viajarem pelo mundo e “viajar” sem ser perseguido pela polícia, é o paraíso.

NYBG – New York Botanic Garden – Jardim Botânico de Nova Iorque
A colaboração entre os jardins botânicos e organizações congêneres em todo o mundo é feita em nome da ciência, a existência de novas descobertas interessa a todos, sem exceção, a capacidade de utilização dos recursos e sua industrialização somente a alguns. Isto permitiu no caso da Amazônia instalar centros de coleta em toda região, através das universidades. No Acre a relação com o NYBG permitiu constituir um centro (Parque Zoobotânico) de pesquisa que cumpriu um papel fundamental como ponta de lança das ações dos gringos não só naquele Estado. Este centro funciona com uma relativa autonomia dentro da universidade o que permite contratar pessoas, enviar quadros para o exterior, recebê-los etc. Eles recebem recursos da Fundação Ford, PPG-7 (Programa Piloto de Proteção das Florestas Tropicais do Brasil dinheiro do grupo dos 7 para as florestas tropicais), USAID, etc. Boa parte dos quadros que foram formados aí estão dirigindo o zoneamento econômico-ecológico do Estado.

LBA – Large Biosphere Atmosphere
Este é o mais importante e ousado projeto dos gringos na Amazônia, iniciado nos anos 90 ele reúne a experiências de várias atividades aparentemente dispersas principalmente das áreas de clima, hidrologia, geologia. As informações são coletadas em vários níveis (imagens de satélite, aviões, em locais específicos com torres que coletam informações sobre ventos, clima, umidade, gases etc.) novos satélites que estão sendo lançados ou foram lançados recentemente são elementos importantes para a coleta, há componentes do projeto voltados para a formação de recursos humanos em várias áreas, na região e fora dela. A então deputada Socorro Gomes do PC do B[5] do Pará levantou várias denúncias contra o projeto, gritou, esperneou e...calou-se. A abrangência é toda a Amazônia, não só brasileira. Um dos responsáveis no Brasil por tal atividade é o INPE.

INPE – Instituto Nacional de Pesquisa Espacial
Detentor de quadros com excelente formação técnica, este instituto cumpre um papel importante na execução do LBA não só no Brasil. Sua imagem, em virtude dos serviços que presta é defendida a todo o custo, uma investigação mais aprofundada de sua participação no LBA, luta interna, quem participa etc., é importante.

SIVAM – Sistema de Vigilância da Amazônia
É um variante do LBA com objetivos mais definidos, sua importância deve crescer na região. Algumas universidades servem de suporte para o SIVAM, várias atividades tipo ACISO[6] na área de educação têm sido feitas, é importante identificar os responsáveis. A CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito do SIVAM pode reunir informações importantes e mais nada.

SAE – Secretaria de Assuntos Estratégicos - e o zoneamento econômico-ecológico
A retórica dos militares sobre a invasão da Amazônia pelos gringos tem seu contraponto nas posições desses mesmos militares sobre os diversos projetos dos EUA e outras nações imperialistas na região. O zoneamento econômico-ecológico, apenas para exemplificar, é aprovado e legitimado pela SAE, eles são os “responsáveis” pelas avaliações e “decisões” estratégicas mais importantes, nada mais ridículo.

Universidades
As universidades vêm cumprindo um importante papel na elaboração e execução dos projetos de intervenção na Amazônia, elas são preferidas pelos gringos por sua aparente estabilidade, miséria atual de recursos, e na região sua indigência. Em troca de computadores e outros equipamentos, somadas algumas publicações em revista de prestígio internacional muitos pesquisadores tem contribuído sistematicamente com organizações do Estado americano, ongs etc., além de criarem ongs que atuam vinculadas às universidades além das fundações já tão conhecidas (um importante caixa 2).

Universidade da Flórida
Esta Universidade vem atuando há bastante tempo na região amazônica, inicialmente no Pará, Acre e depois na Bolívia, eles têm um departamento latino americano; levaram para os EUA muitos pesquisadores que passaram a ter papel importante em políticas regionais, criaram no Acre uma ong (PESACRE) e transferem muitos estudantes de pós-graduação em áreas técnicas, antropologia etc., para concluírem seus estudos. Mariane Schmink é a pesquisadora responsável por boa parte desse “êxito”, foi recentemente premiada pelo governo por seus relevantes serviços.

Pesacre – Usaid
Esta ong foi criada a partir de um projeto de cooperação da universidade da Flórida com a Universidade Federal do Acre. Eles atuam com índios, seringueiros e colonos (agricultores) buscando formas mais racionais de aumentar a produção e a produtividade, ampliar a comercialização de produtos florestais não-madeireiros (açaí, cupuaçú etc.) muitos dos pesquisadores visitantes, vindo dos EUA atuam em outros países dominados pelo imperialismo. Um dos seus principais financiadores é a USAID – órgão do governo norte-americano conhecido pelas suas tarefas contra-insurgentes (ver Banhos de Sangue – Chomsky). Parte dos quadros do PESACRE ocupam postos chaves no governo e na universidade federal do Acre.

Universidade Federal do Pará
A presença dos norte-americanos é aí acompanhada por imperialistas de outros países, existem outros institutos de pesquisa importantes que não estão diretamente vinculados à universidade, onde também os gringos têm atuação. Uma das bases importantes da Fundação Ford é essa universidade. Em torno dela foram criadas ongs que têm vinculações com a WHRC (Woods Hole), o governador do Acre e outros. A Embrapa em toda a região adotou uma política de captar recursos desses entidades imperialistas convertendo-se em defensora do meio ambiente. Na Embrapa do Pará surgiu um dos principais opositores à política preservacionista dos gringos (Alfredo Homma – formado pela Universidade de Viçosa-MG), um economista burguês, temido pelos ambientalistas.

Naea
O Núcleo de Altos Estudos da Amazônia, vinculado à Universidade Federal do Pará, abrigou durante longos anos os estudiosos e defensores da reforma agrária. Neste período dos grandes conflitos naquela região, este centro era dirigido por um ex-padre belga (Jean Hébette), mais recentemente, nos anos 90 depois de disputadas acirradas o NAEA passou a ser dirigido pelos pesquisadores vinculados à universidade livre de Berlim, o foco dos estudos, a questão ambiental. Durante um período curto, Lúcio Flávio Pinto trabalhou no NAEA, este jornalista ficou conhecido por suas denúncias resultado de um jornalismo investigativo, no entanto muito próximo à igreja católica.

Ipam
Esta ong do Pará é formada principalmente por pesquisadores que tem vínculos importantes com outros centros de estudo dos gringos, eles têm avançado inclusive na legislação sobre áreas de proteção ambiental, reservas extrativistas etc.

Universidade do Amazonas
A universidade do amazonas tem dificuldades semelhante às da universidade do Pará. Há pressões de todo o tipo, Manaus é um grande centro (inclusive de problemas), o Estado do Amazonas é enorme e com situações particulares de sua geografia (que devemos estudar detidamente) a presença estrangeira é antiga. Um dos ardorosos defensores dos recursos naturais da região é Frederico Mendes de Arruda que vem denunciando há muito tempo o roubo de plantas.

INPA – Instituto de Pesquisas da Amazônia
Tem estreita vinculação com institutos de pesquisa da Alemanha (Max Planck) e com os norte-americanos disputa com a universidade a liderança sobre as pesquisas na região; vários estudos sobre o uso de recursos florestais são desenvolvidos nesse instituto.

Universidade Federal do Acre
Recursos do BIRD moveram durante um bom tempo a máquina burocrática e de pesquisas da universidade. Os recursos envolvidos na paleontologia , inclusive na formação de recursos humanos tem um peso grande dos gringos. As pesquisas nas áreas de levantamentos de recursos florestais acabaram cumprindo um importante papel na introdução de ongs e entidades financiadoras norte-americanas na região. O movimento dos seringueiros contra os fazendeiros não tinha na universidade um suporte, em sua fase inicial, seu principal apoio vinha das organizações ambientalistas norte-americanas e da igreja católica.

Universidade Federal de Minas Gerais – CEDEPLAR
Este centro da universidade manteve durante um bom tempo uma relação estreita com toda a região amazônica inclusive através de recursos da SUDAM, que financiou pesquisas sobre a região, que geraram estudos e um conjunto de dissertações. João Antônio de Paula acompanha este processo da fase inicial até a problemática desenvolvida nos anos 90, inclusive preparando quadros da própria universidade do Acre.

Projeto Seringueiro/Centro de Trabalhadores da Amazônia - Acre
Em meados dos 80 com apoio de vários ongs norte-americanas e inglesas, um conjunto de indivíduos da pequena burguesia, alguns vinculados ao PC do B e outros ao PT/igreja católica, organizam um projeto que buscava atuar nas áreas de cooperativa, saúde e educação com seringueiros. As cooperativas visavam enfrentar os atravessadores (marreteiros) que atuavam na comercialização da borracha, num momento em que a maioria dos seringalistas (proprietários dos seringais) estavam falidos e já transferindo suas propriedade para fazendeiros. Como a maioria dos seringueiros não sabia nem ler nem escrever as ações educativas visavam “não ser mais enganado pelo atravessador” um forte apelo, que contou com a elaboração de materiais didáticos através de uma ong de São Paulo (CEDI- Centro Ecumênico de Documentação e Informação ) que utilizava o “método” Paulo Freire. Já se desenvolvia na região, através também da igreja católica programas de saúde baseados em formas “alternativas”, fundados em concepções como aquelas presentes nos livros Onde não há Médico, Onde não há dentista etc.

Os seringueiros, em sua maioria nordestinos que vieram para a Amazônia a partir de 1870, ficaram abandonados à própria sorte após os períodos de auge da borracha (até 1912 e durante a II guerra mundial), a caça, a pesquisa, o uso de plantas, madeira etc., resultou num conhecimento sobre a floresta amazônica que permitiu a partir dos anos 80 falar até em povos da floresta, harmonia com a natureza e outras sandices, aproveitou-se ainda para inventar uma aliança entre índios e seringueiros que historicamente não existia nem existe agora. Há uma revista publicada pela CUT sobre Chico Mendes, onde ele propagandeia a tal aliança dos povos da floresta e outras coisas do gênero, aí ele já está profundamente embevecido com o canto mavioso dos seres das florestas (o canto não menos encantador das ongs dos EUA) exigindo proteção, por um lado. Por outro o mesmo Chico Mendes defendia nos seringais a organização dos seringueiros contra os fazendeiros com suas armas de caça. Neste período surgem várias ameaças de morte contra seringueiros, algumas foram frustradas, outras não.

O crescimento das escolas foi vigoroso, o Projeto Seringueiro além dos materiais didáticos preparava os professores, estes seringueiros, que num primeiro momento recebiam algum recurso (do próprio projeto) e a partir daí passavam a reivindicar a contratação pelo Estado. As escolas eram construídas pelos próprios seringueiros com materiais da região madeira e palha. Os postos de saúde passavam pelo mesmo processo.

O Projeto Seringueiro passa a ser o Centro de Trabalhadores da Amazônia – CTA, uma ong que financiou governo, os deputados e senadores do PT, constituiu-se numa máquina poderosa de captação de recursos, uma boa gráfica, e a responsabilidade de introduzir o manejo de madeira nas áreas de reservas extrativistas (era uma proposta polêmica tanto entre as lideranças como entre os pesquisadores que apoiavam os seringueiros).

Os serviços prestados pelo CTA aos gringos, são extensos, além de servir de ponte para vários outros projetos, fornece informações, prepara quadros em vários níveis, fornece quadros para o governo do Estado e atua como informante dos órgãos repressivos do Estado nacional e do império.

Alguns problemas

Campanha Nacional em Defesa da Amazônia
A existência de um enorme território, tomado normalmente como uma fronteira de recursos, fazendo parte do território nacional, mobilizou uma enorme campanha por sua defesa. Toda esta movimentação resultava também de uma crítica à ditadura militar no que se refere à venda de terras para empresas estrangeiras. A atuação de ongs ainda durante a ditadura militar tinha apoio principalmente da igreja católica e recursos das ongs européias. As campanhas ecológicas do final dos anos 80 converteram-se numa grande investida das ongs norte-americanas e as áreas de preservação ambiental apareceram como solução parcial do problema, a partir daí ganha impulso as discussões sobre manejo de recursos, administração das áreas de reserva e as negociações. Foi possível, assim, com intensa propaganda considerar legítima – embora feita por um país estrangeiro – a intervenção ecológica na Amazônia, conquistando um apoio significativo das populações dos grandes centros, no Brasil, que vivem problemas “ecológicos” como lixo, poluição etc.

As entidades de defesa da Amazônia converteram-se em entidades ambientalistas fundamentalmente, sob a hegemonia da intervenção norte-americana, isto é pouco conhecido do conjunto das massas no país. O centro da “invasão” é o controle ambiental, com a ajuda de satélites e defensores do meio ambiente, não é uma ocupação militar imediata nem tampouco a compra de terras, assim mesmo estes são dois aspectos importantes da estratégia dos EUA para a Amazônia.

Visitas às áreas onde tem populações

A intervenção direta de estrangeiros onde há populações de índios, seringueiros, ribeirinhos etc., como um ato heróico de salvação das florestas tropicais deu-se a partir de atividades vinculadas diretamente às necessidades básicas como educação, saúde, organização da produção. Tudo isto criou condições excepcionais para esta intervenção (legitimidade) ao mesmo tempo em que as Ongs na região não têm como princípio e até preocupação a legitimidade (eles defendem uma causa nobre, ponto) os partidos oportunistas agiam aí, podiam combinar a militância de seus quadros numa fase superior (ambientalismo) com a garantia de sua reprodução (salários e outros benefícios). Estas presenças vindo do norte reuniam num dia seringueiros que lutavam contra fazendeiros, no outro com o governador do Estado, profundamente interessado nos benefícios da causa ambiental e no outro dia com as entidades nacionais do governo federal que controlam recursos e políticas de intervenção. Uma das estratégias desse movimento ambientalista é seu caráter de lobby e uma política de cooptação de quadros intermediários da estrutura governamental, complementando salários e permitindo a esses aflitos funcionários contribuírem com causas mundiais. Mary Alegretti, a assessora do Sarney Filho trabalhou de forma árdua nisso, além de contar com o apoio de intelectuais renomados das universidades brasileiras. No caso do Perú, na fronteira com o Brasil, a distribuição do território por parte do governo Fujimori para empresas do petróleo levou a contratação de antropólogos por parte dessas empresas que encaminhavam as demandas dos povos nativos, não para o Estado, mas, para as próprias empresas que negociavam com o governo tais demandas.

A questão indígena

As ongs que tratam a questão indígena estão divididas em religiosas (assumidamente) e não religiosas como as Comissões Pró-Indio que surgiram em várias regiões como oposição por exemplo ao CIMI – Conselho Indigenista Missionário, ligado à igreja católica. Um outro tipo de organização é aquela dirigida diretamente por povos nativos em oposição muitas vezes às outras duas formas de organização. Uma atuação sistemática de antropólogos principalmente, vinculados à universidades têm servido de importante apoio a essas diversas organizações, além de na maioria das vezes aportarem contribuições extremamente reacionárias com “verniz” progressista. Estes movimentos têm atraído apoio de organizações de todo o tipo, além de intelectuais e artistas. A educação bilíngue, por exemplo, catalisou esforços de várias organizações, e intelectuais de diversas formações, o resultado foi a produção de materiais de excelente qualidade e a formação de professores com um bom nível, esta produção, não só feita na Amazônia serve na maioria de vezes como referência para todo o continente latino-americano.

A fronteira com o Perú e Bolívia

Uma atenção especial vem sendo dada a fronteira do Brasil com o Perú e a Bolívia, aí há um movimento importante de migração que obedece as políticas dos países no que se refere a áreas de proteção ambiental, necessidades de força de trabalho etc., esta migração que obedecia a períodos ou fases agora se torna permanente, de uma extrema mobilidade de maneira a impedir a ocupação das áreas estratégicas de preservação. As estimativas da população de brasileiros vivendo nessas fronteiras vai de 5.000 a 50.000.

Disputa interimperialista – manifestações

A atuação dos norte-americanos na Amazônia sofre críticas dos imperialistas europeus de forma bastante dissimulada, geralmente estes financiam entidades de direitos humanos e ambientalistas e atuam de forma especial onde desastres ambientais têm ocorrido. As áreas de mineração no Pará, por exemplo, o uso do gás na região, desastres decorrentes de barragens para hidrelétricas são áreas de atuação desses ambientalistas europeus. Na universidade federal do Pará eles têm uma base importante, vinculada à universidade livre de Berlim. O zoneamento econômico-ecológico que vem sendo feito em toda a região tem recebido críticas de pesquisadores dessa universidade, críticas sobre o método, escala etc., (Ver a crítica de Manfred Nitsch Planejamento sem Rumo- Berlim 1998), um banco alemão financia parte do zoneamento em vários Estados da Amazônia. O gás de urucu que irá para Rondônia tem um crítico feroz, apoiado pela igreja católica em Dieter Gawora do Centro de Documentação América Latina – Brasil de Kassel Alemanha. Com o título de Muita casca e pouca noz Willem Assies, pesquisador da Universidade de Utrecht Holanda crítica as políticas ambientalistas na região Amazônica, esse pesquisador trabalhou muitos anos nas regiões pobres de Recife-PE. A lista é longa.

Camponeses e a questão agrária

Os camponeses pobres são explorados e expropriados pelo latifúndio e pelos monopólios e se constituem no principal alvo das políticas imperialistas de preservação. O principal argumento é que os pequenos são que mais desmatam e que estes se utilizam de técnicas rudimentares. O IBAMA dá exemplos de ferocidade com os camponeses pobres que não têm dinheiro para suborná-los. É crescente o sentimento de oposição aos gringos e aos norte-americanos em particular. Os oportunistas utilizam-se desta oposição aos imperialistas para defenderem de forma envergonhada os imperialistas europeus. A defesa da pequena propriedade familiar é o centro das políticas de cooperação, negociação de dívidas etc.; estes camponeses têm servido aos interesses dos latifundiários e especuladores nos enfrentamentos contra o IBAMA e a negociação de dívidas com o Banco do Brasil e na confrontação com o movimento camponês revolucionário.

O problema da biotecnologia as abordagens de “minimizar o roubo”

As políticas preservacionistas do imperialismo norte-americano estão voltadas para a utilização futura de recursos naturais e a descoberta de plantas que sirvam à indústria milionária dos remédios. Explica-se portanto as preocupações com as populações nativas e outras que conhecem os recursos da floresta amazônica. A maior parte dos críticos à chamada biopirataria não enxergam nenhuma saída a não ser a negociação possível tal como propõe a senadora do PT Marina Silva – hoje ministra do meio ambiente. Leis, contratos e outros caminhos mercantis em que essas populações seriam pagas por conhecerem os recursos. Outros mecanismos de mercado são propostos para diminuir o desmatamento como a certificação florestal (as madeiras que saíssem da Amazônia teriam um selo – verde – que identificassem sua origem e a forma de extração – menos predatória -), outros produtos teriam um preço mais elevado e beneficiariam as populações que extraem os recursos etc., Todas medidas que supõe um mercado de concorrência perfeita, sem monopólios é claro.

(*) Nazira Correia Camely mailto:nazira@ufac.br)

Profª do Departamento de Economia da UFAC(Universidade Federal do Acre)
Colaboradora do Cebraspo (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos) [1] ZEE – utilizando-se de geoprocessamento e outras tecnologias de planejamento busca-se harmonizar interesses contraditórios definindo espaços de atuação de fazendeiros, camponeses etc.
[2] SAE – atividades encerradas
[3] administrados pelos militares brasileiros foi objeto de várias negociatas quando da aquisição de radares e outros equipamentos, a vencedor da licitação foi uma empresa norte-americana (Raytheon) apesar dos protestos moderados de empresas européias que também concorreram para vender os equipamentos [4] Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – a principal agência de pesquisa em agropecuária, distribuída nacionalmente por centros de pesquisa é financiada pelo Governo Federal.
[5] PC do B – Partido Comunista do Brasil tentativa de reconstituição do Partido nos anos 60 inicialmente sob a orientação do Pensamento Mao Tsetung e posteriormente seguiu a linha Albanesa.
[6] ACISO – Ação Cívico Social – operação geralmente feita por militares de atendimentos básicos para populações, médicos, dentistas etc., visando ações militares de espionagem e legitimação.