Google
Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

19 dezembro 2006

JUSTIÇA ACREANA

...Essas vacas vão custar caro, muito caro a essa juiza...

Do site jornalístico acreano Notícias da Hora (19/12/2006):

JUÍZA QUE MANDOU “SEQÜESTRAR” VACAS TEM 5 DIAS PARA DEVOLVER REBANHO. ZENAIR COMETEU CRIME DE PREVARICAÇÃO E PODE PERDER O CARGO

Assem Neto

Rio Branco, AC - O Pleno do Tribunal de Justiça do Acre decidiu na manhã desta quarta-feira dar prazo de cinco dias à juíza da Comarca de Xapuri, Zenair Ferreira Bueno Vasquez Arantes, para que ela devolva às fazendas Ouro Branco e Vaca Branca as 744 vacas retiradas de lá em abril deste ano por força policial. Zenair determinou o seqüestro das reses para quitação de dívida que o fazendeiro Edwin Masckowski tinha com um vizinho.

A juíza, é época, mandou que o gado fosse transportado para as terras do fazendeiro João Evaristo de Souza, - autor da ação de cobrança de uma dívida de R$ 364.285,19 contra Mackowski. Todas as 744 vacas, também por decisão da juíza, foram marcadas com a sigla TJ (Tribunal de Justiça) para diferenciá-las das demais reses da propriedade.

Consensualmente, os desembargadores entenderam que os autos da reclamação impetrada pelo fazendeiro contra a juíza, por descumprimento de decisão judicial, julgada procedente, devem ser encaminhados ao Ministério Público Estadual, para abertura de processo por crime de prevaricação (crime praticado por funcionário público e consiste em retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício). Os autos também devem ser encaminhados à Corregedoria Geral da Justiça apara instauração de procedimento administrativo contra a juíza.

Sem recesso

Zenair não poderá ser beneficiada pelo recesso forense, que terá início nesta quarta-feira. Para evitar que ela argumente que não terá como cumprir a decisão do Pleno, os desembargadores decidiram encaminhar ofício ainda hoje – via fax – à Comarca de Xapuri, notificando-a da decisão. O recesso da juíza não ocorrerá até que a decisão seja cumprida.

Como foi configurado o crime de prevaricação, a magistrada, responda pela Comarca de Xapuri, pode, inclusive, perder o cargo, via processo administrativo, além de ser denunciada criminalmente pelo Ministério Público Estadual.

Entenda o caso

Em abril desse ano, a Zenair Ferreira Bueno Vasquez Arantes expediu mandado contra o fazendeiro Edwin Macowiski determinado que fossem sequestrados 744 animais das fazendas Ouro Branco e Vaca Branca. Com uma força policial de dezenove Pms, um oficial de justiça cumpriu o mandado, marcando com as inicias TJ, todos os animais arrestados.

O sequestro do gado foi determidado, de acordo com a decisão judicial, para garantir o pagamento de uma dívida que o fazendeiro o também fazendeiro João Evaristo de Souza, - autor da ação de cobrança de uma dívida de R$ 364.285,19 contra Mackowski. Foram precisos três dias para o cumprimento do mandado e transporte do gado para fazenda de Souza.

Inconformado com a decisão, Edwin Macowiski recorreu ao Tribunal de Justiça. Primeiro impetrou um Mandado de Segurança, que foi acatado pelo pleno, logo após a decisão da juíza. Na decisão, o TJ determinou a imediata devolução dos animais ao fazendeiro, mas decisão não foi cumprida. Depois, o fazendeiro entrou com um Agravo de Instrumento, que foi julgado, e todos os votos lhe foram favoráveis. Outra vez, a decisão do pleno foi ignorada pela magistrada, segundo o fazendeiro.

“Eu nunca fui ouvido ou intimado nesse processo. Ela mandou irem na minha fazenda e retiraram meu gado. Agora o Tribunal determinou a devolução dos animais, e ela não cumpriu a determinação” comentou revoltado o pecuarista.

Para tentar reaver o prejuízo calculado em mais de R$ 600 mil, o pecuarista decidiu denunciar a magistrada por desobediência judicial no CNJ, além de ingressar com reclamação no TJ por descumprimento da decisão, reclamação esta julgada procedente por unanimidade na manhã desta terça-feira e que dar prazo de cinco dias à juíza para que cumpra a decisão, além de encaminhar os autos do processo ao MPE para que ela seja denunciada por crime de prevaricação e ainda responde administrativamente pelo descumprimento da decisão superior no âmbito do TJ, via Corregedoria.

Nota do blog: Na matéria do Notícias da Hora é publicada uma foto de Edwin Macowski. Pelo nome não deu para conhecer, mas pela foto estou com a impressão de que o Edwin é na verdade o ex-piloto de taxi aéreo conhecido pelas bandas de Tarauacá como Éder. Ele é os irmãos eram os donos da agora extinta empresa PUA-Purus Aerotaxi, que tanto voei nas minhas viagens entre Rio Branco e Tarauacá nos idos dos anos 70. Lembro que na época ele "roubou" a Socorro do Omar Bandeira (lá era assim: o primeiro nome, depois o nome do pai ou da mãe...). Calma! Não é roubo no sentido literal. É que eles "fugiram" de Tarauacá para Rio Branco contra a vontade do velho Omar. Este tipo de atitude era muito comum nas cidades do interior do Acre naquela época. E ainda acontece muito nos seringais. Hoje as coisas mudaram. Ninguem "foge" mais. As pessoas "ficam"...

14 dezembro 2006

A HORA DA ONÇA...SERRAR OS DENTES!!

Há cerca de um ano o Ribamar (ao lado com a onça...), popularmente conhecido como Kó, nosso colega de trabalha no PZ-INPA, resgatou em uma área florestal em chamas, um filhote de onça. Passado alguns meses o animal, do sexo feminino, cresceu rapidamente. Segundo o Kó, sempre alimentado com carne e outros produtos alimentícios de primeira linha. Agora está dando trabalho e despesas para o Kó. A feira da onça está quase tão cara quanto a da família dele. Além disso, está ficando perigoso mantê-la em casa. Há alguns meses ele contactou o IBAMA para providenciar a entrega do animal mas esta providência está se arrastando. Os dias passam. Uma canela no almoço, um frango inteiro no jantar...e o natal do Kó vai parar na barriga da onça.

Como o animal é perigoso, em seu último contato com o pessoal do IBAMA, Kó sugeriu serrar os dentes da onça. Assim, pensava ele, ninguem na casa dele poderia vir a servir de almoço ou janta para a fera.

Obviamente que esta idéia foi muito mal recebida pelo pessoal do IBAMA. Com toda a razão. Mas a forma como lhe foi passado a opinião negativa foi muito veemente. A Fátima Almeida, outra colega aqui do PZ, assim descreveu (Na RedeAcre, um forum de discussão sobre meio ambiente no Acre) a situação, que resultou em uma série de troca de mensagens sobre o assunto (vários autores, nomes omitidos). Leiam abaixo o que o Kó tem lido sobre a onça dele no fórum de discussão:

"É dramática a situação do funcionário do Parque Zoobotãnico da Universidade, Ribamar Bandeira que está mantendo uma onça há mais de um ano sem que consiga uma solução para o problema junto ao IBAMA. O animal foi resgatado por ela de uma queimada. Nesta manhã, enquanto falava com uma funcionária do IBAMA ouviu da mesma o seguinte: por que você não deixou essa onça morrer? Registramos o fato na Rede na esperança de que alguem ajude a resolver o problema." (Fátima Almeida, PZ.)

"Não sei se as sugestões vão ajudar efetivamente, mas talvez ajudem. Uma possibilidade é contactar com Zoológicos de outros Estados (a SEMEIA - Parque Chico Mendes, Bióloga Joseline - ou até mesmo o IBAMA devem ter os contatos). Muitos têm interesse em receber esses animais. Outra possibilidade seria contatar o 4º BIS, para tentar através dele, encaminhar o animal para o CIGS, no Amazonas. Torço para que seja achada a solução para o problema e que o animal fique bem."

"Com já de conhecimento públilco, é recomendável que o IMAC e SEMEIA tomem alguma iniciativa visando colocar a onça no cativeiro conforme orienta a legislação."

"A funcionária do IBAMA, que perguntou porque o Ribamar pegou a onça da queimada, fui eu e realmente me arrependi do que falei - não devia ter falado nem pensado um negócio desses, mas de fato fiquei muito irritada, porque estava explicando para ele que já esta tudo acertado para a destinação do animal para um zoológico em São Paulo, o animal só não foi ainda porque, como todos nós sabemos, existem problemas na ponte aérea e a compania aérea, só prestara o serviço quando a ponte aérea estiver regularizada alega que não carrega carga viva enquanto os vôos estiverem atrasando como estão. O salvador da onça nos ligou para pedir ajuda para serrar os dentes do animal - foi por isso que fiquei irritada... Por favor me desculpem se puderem não acho que devemos deixar os animais queimarem, e fico perturabada com a idéia de serrar seus dentes. Estamos providenciando para colocar o animal no Parque Chico Mendes em condições adequadas para não oferecer risco ao Ribamar. Me desculpem - eu sou humana - afinal."

"O ideal seria que o Parque Chico Mendes recebesse o animal até que se resolvesse a questão da destinação a um zoológico. Ocorre que, até onde eu sei, lá não há recinto adequado, com as dimensões exigidas pela lei, mas tão somente os recintos para abrigar os felinos que já estão lá. De qualquer modo, o Parque Chico Mendes dispõe de uma Quarentena, onde talvez seja possível fazer uma adaptação, em condições melhores do que no Parque Zoobotânico.
Esse é um problema antigo e merece uma solução urgente, pois não raro são resgatados animais silvestres de grande porte. Quanto a serrar os dentes do animal, sem comentários!! !!"

"Esta de serrar os dentes para mim é nova. Se está na lei devo admitir que não fiz o dever de casa."

"Que eu saiba há previsão legal sim, mas não no sentido de permitir: trata-se, no meu entender de maus tratos ao animal, portanto, CRIME AMBIENTAL."

"Como você mesma disse, acredito que no parque não existe um local na quarentena adequado para essa onça, a não ser que ela seja colocada em uma jaula de ferro e aí precisa ser uma jaula com um bom espaço. Nos recintos do Zoo, também acredito que não dá, pois os espaços que existem já estão alojando as onças do próprio parque. Qual a idade dessa criança? No CIGS ouvi dizer que eles já tem muitas onças, mas não custa nada tentar... Outra alternativa seriam os criadouros conservacionistas, e aí concordo com você, vale a pena fazer contato com algumas pessoas. Quanto a questão de serrar os dentes, é uma medida que eles tentam utilizar para acabar com a defesa do animal, será que pensam que vai ficar "manso", quem acredita nisso?? Bom, fico cada vez mais triste em saber que esses animais estão no local diferente do seu habitat natural, se pensarmos na função ecológica que os grandes felinos tem nos ecossistemas. ..Enfim, pelo bem da onça, se eu puder ajudar em alguma coisa, me coloco à disposição até mesmo para tentar fazer contato com algumas pessoas que possuem criadouros ou mesmo por ter trabalhado tanto tempo em zoológico, posso tentar manter contato com alguém..."

"A onça não está no Parque (PZ/UFAC) e sim na casa do funcionário Ribamar Bandeira, apelido có, há mais de ano. Ele tem tido uma despesa grande com a onça, que segundo ele é mansa. Mas alertou que ela está ficando com os dentes afiados e ele não pode mais manter o animal. A minha sugestão é contatar o exército, com helicóptero e jaula enviar o animal para uma região de floresta bem distante como a Serra do Divisor.Outra idéia é devolve-la para alguma reserva extrativista. Mas quem pagará a conta?"

"Pelo pouco que sei, posso lhe dizer que um animal que foi criado em cativeiro não pode ser reintroduzido. Parece que existem experiências nesse sentido, mas todos exigem um acompanhamento. A solução é encaminhá-lo a um criadouro. Os zoológicos não aceitam mais felinos. Eles já têm bastantes. É muito raro conseguir tal façanha. O Ibama, através do núcleo de fauna tem como fazer estes contatos. Agora, encaminhar o animal é que é mais burocrático. E como Rosana falou, as empresas não estão transportando animais. Se houver condições, poderia fazer um melhoramento em algum espaço da quarentena do Parque e ficar com ela até que seja encaminhada ao criadouro."

"Só um detalhe: a informação é a de que o animal é manso e já está vivendo na casa do Sr. Ribamar há mais de um ano. Logo, não vejo como enviar esse animal para região de floresta repentinamente. Isso significa condená-lo à morte."

...Enquanto isso, a onça continua a comer o natal do Kó. Alguem se habilita a ajudar na alimentação do animal?

Nota do blog: falei com o Kó e ele disse que aceita doações de alimentos para a onça (carnes em geral). Em troca os doadores poderão ver e tocar o animal. O animal é bem cuidado, to ma banho com frequência...ainda cheira de bebê. Liguem para ele: 9973-1259.

10 dezembro 2006

GLOBO REPORTER SOBRE O ACRE

Parte 1

Algumas semanas atrás o reporter da Rede Globo, José Raimundo, esteve no Parque Zoobotânico da UFAC entrevistando Foster Brown para o programa Globo Reporter, que foi ao ar na sexta passada (8/12). O título do programa "Riquezas Amazônicas", reflete bem o que o reporter encontrou em suas andanças pelo interior do Estado. Imagino que muita coisa foi cortada. Para vocês terem uma idéia, no PZ a equipe da Globo passou uma manhã inteira conversando com o Foster. No programa só foi possível inserir uma frase curta do mesmo, coisa de 15 segundos. É uma pena que não deu para fazer o programa em duas partes.

De qualquer forma, para quem perdeu a oportunidade de assistir o programa, reproduzo abaixo a transcrição do mesmo, disponível na página do programa na internet (veja link ao final deste texto).

RIQUEZAS AMAZÔNICAS: UMA AVENTURA NA MAIOR FLORESTA DO MUNDO
Reportagem: José Raimundo, Rede Globo de Televisão


Primeiro bloco:

LEI DA SELVA


Alto Juruá, Amazônia ocidental. Viajamos por um dos extremos do Brasil. Rio Moa, oeste do Acre. Nosso destino é São Salvador, uma das últimas comunidades da selva brasileira, quase fronteira com o Peru. Navegamos em busca do futuro. Quantas riquezas estão escondidas nesta floresta? O mundo inteiro cobiça. E o homem amazônico começa a ver nestas árvores, nesta selva quase desconhecida, um novo caminho.

A viagem é perigosa. Traficantes de drogas costumam atravessar as águas. Vamos com soldados do Exército. Rio e mata a perder de vista. Este é um dos pedaços da Amazônia que só de barco se chega a algum lugar.


Sumaúmas imponentes, mais de 40 espécies de palmeiras. Esta é uma das áreas de maior biodiversidade do planeta. Casa e gente, só depois de umas cinco horas de voadeira.


Cruzando igarapés e igapós, chegamos a uma das regiões mais isoladas do mundo. Quem mora em São Salvador pode se orgulhar do endereço: este é o ponto mais ocidental do país.


Uma criança que precisa da mãe para quase tudo. É mais ou menos assim o nível de dependência do homem que mora nessa região da Amazônia. Da água que refresca à sombra que protege. Da comida ao remédio. O povo não vive sem a floresta.


É a lei da selva: quando falta proteína animal na mesa, a espingarda resolve. Em São Salvador, o homem depende da fauna para sobreviver. É um dos poucos brasileiros que têm permissão para matar animais silvestres.


O caçador Sebastião Morais, o Seu Tião, não tem gado nem pasto. Não gosta de pescar. Mas caçar, aprendeu quando ainda era menino. Ele diz que até utiliza a espingarda para matar, mas prefere preparar uma arapuca.


Na noite anterior, ele deixou na mata duas arapucas. Segundo ele, a maneira mais fácil de garantir carne no almoço. Difícil é lembrar onde elas foram montadas. Depois de duas horas de caminhada, nem sinal de arapuca. Chegamos a pensar que Seu Tião tinha perdido o rumo.


Na verdade, a arapuca é uma arma mortal. Perigosa até para o homem. É preciso estar bem atento para não tropeçar na cilada. "Quando ele passa no fio, tropeça e detona. O bicho cai morto", explica seu Sebastião.


Sorte dos bichos e azar de Seu Tião, que esperava encontrar pelo menos um tatu na emboscada.

Mais adiante, a segunda armadilha está do jeito que ele deixou. "Não tem nada. Hoje está difícil. Os bichos estão ficando veleiros, ou seja, estão demorando a passar", diz.


Nem todo bicho anda na mira do caçador. "Ninguém mata anta nem macaco. E só matamos onça se ela se voltar contra a gente", conta Seu Tião.


Mas quem mata a fome de quem volta de mãos vazias é a solidariedade. Um jabuti será o almoço da família de Seu Tião. Na hora do aperto, os vizinhos socorrem.


"Quando eles matam uma caça, repartem com quem não tem. E nós fazemos a mesma coisa", conta a dona de casa Maria Alencar.


O jabuti preparado por dona Maria deu para o almoço e ainda sobrou para o jantar. É uma relação de dependência e respeito. Ninguém se atreve a desobedecer às regras.


"Aqui dentro não se caça para vender e não se caçam animais que estejam na lista das espécies ameaçadas de extinção", diz o engenheiro florestal Frederico Machado, coordenador do projeto de Pesquisa e Extensão em Sistemas Agroflorestais do Acre (Pesacre).

Segundo bloco:
"ERVAS MEDICINAIS"

Na comunidade de São Salvador funciona uma das primeiras experiências na Amazônia de desenvolvimento sustentável. Uma biodiversidade que o Brasil não conhece direito.

Seu Paulo mostra um segredo que em épocas de seca é a salvação do caboclo: um cipó conhecido como unha-de-gato, que mais parece uma caixa d'água. "Essa água é especial, pode beber tranqüilo", garante.

É como achar um copo de água mineral no meio da floresta – potável e doce. Mas os pesquisadores estão descobrindo que esse cipó, além de matar a sede, tem várias propriedades medicinais.


Os primeiros estudos apontam para um reforço importante no nosso sistema imunológico. Os cientistas desconfiam que o unha-de-gato tem propriedades anticancerígenas.


"As pesquisas tem indicado alguma coisa nesse sentido também. Elas têm sido feitas, principalmente, por estrangeiros, o que indica mais uma vez que a nossa riqueza é mais valorizada por pessoas que estão fora do que por nós mesmos que estamos aqui", comenta Frederico Machado.


O que seria do povo da Amazônia sem a medicina da floresta? O conhecimento tradicional, passado pelas antigas gerações, descobriu remédios para quase todos os males.


A planta contra dor de barriga é conhecida como guaribinha. Mas que planta é essa que a dona de casa Zilmar Santos, a Dona Duda, tanto cheira? "É a catuaba macho. Se quebrar a folha e soltar, ela fica sempre em pé", explica.


A folha é só para identificar. O que ela quer mesmo é a raiz da catuaba. "É para o meu marido, que está meio fraco", conta. "O povo diz que levanta 'o moral', e eu vou experimentar".

E para reforçar a vitamina, casca de cumaru, árvore grande e frondosa.


"Quando o café acaba em casa, vamos procurar na mata para fazer o chá", diz Dona Duda, que convidou a equipe para experimentar o café da floresta. Não tem gosto de café, mas é bom. "É melhor com leite", ensina Dona Duda.


Dona Duda deixa para fazer o chá de catuaba à noite. Mas se a catuaba não resolver, ela tem outra opção para ajudar o marido: extrato de xixuá.


"As pessoas têm conhecimento de que ele é afrodisíaco. É usado como estimulante sexual. Segundo as pessoas que já usaram, ele realmente funciona", conta a agente de saúde Sandra Saldo.


Afrodisíacos, antiinflamatórios, dezenas de medicamentos naturais. O Centro de Medicina da Floresta funciona numa casa de madeira. É uma espécie de farmácia comunitária criada pelo conhecimento tradicional.


A comunidade que faz da mata sua única fonte de cura vive nas margens do Rio Croa, numa das paisagens mais bonitas do Acre. Este é o paraíso das águas negras e da vitória-régia.


Mais de 150 espécies de árvores e plantas são manipuladas pelos moradores. Segundo o biólogo Leonardo Calderon, professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), é um laboratório vegetal que pode dar uma grande contribuição às pesquisas da indústria farmacêutica.


"Muito trabalho já foi feito por essas comunidades. Não precisamos investir, a princípio, em trabalhos fortes de bioprospecção para encontrar esses fármacos, porque eles já foram encontrados. Se nós investirmos em pesquisa em cima de nossa biodiversidade, poderemos reverter o quadro da nossa balança comercial", diz o pesquisador.


É na farmácia da floresta que o povo do Croa busca o socorro para a doença mais comum no Acre: a malária.


"Temos um antimalárico composto de várias ervas, como a casca da carapanaúba e quina-quina", conta Sandra Saldo.


O xarope tem gosto amargo, mas funciona, eles dizem. O pescador João da Silva prepara um chá só com a casca da carapanaúba. A mulher dele, a dona de casa Francisca Matos, pegou malária pela 15ª vez. Ela descreve os sintomas da doença: "Febre, dor de cabeça e frio".


Seu João conta que todos na família já pegaram malária. "Minha filha já pegou 18 malárias. Eu já peguei mais de 15. Só Deus defende quem mora na região. Só temos esse chá", diz.

Enfrentar doenças e o próprio sustento com o que a natureza dá. É isso que o povo da floresta aprende ainda na infância.


Treze anos e a habilidade de pescadores experientes. Sozinho, rema contra a correnteza, arma a rede e depois vai buscar o peixe. Raimundo Nonato, de 13 anos, se garante quando a fome aperta.


Raimundinho, como o menino é chamado, descreve o resultado da pescaria: "Flecheira, cascuda e apará, o melhor deles". Ele não depende de ninguém na hora de preparar o banquete. Mas, na hora de comer, nunca está sozinho. Tem peixe assado para os irmãos e até para os penetras. E se alguém pensar que eles não são felizes, está enganado.


Raimundinho diz que não tem vontade de ir embora da floresta. "Só se for para outra", diz.

Seria o paraíso de Raimundinho a morada da fartura e da solução de muitos dos nossos problemas? O tempo e as pesquisas dirão. Mas tudo depende do homem, de como esse patrimônio será explorado.

Terceiro bloco:
"PROJETO DE INTEGRAÇÃO"

Uma palavra só é capaz de definir o interior do Acre: isolamento. Olhando a floresta do alto, mal dá para acreditar que tem gente morando lá embaixo. Por terra, seguindo as trilhas da selva, nos deparamos com muitas surpresas. Chegamos ao território de um povo que, não faz muito tempo, resistia muito em se aproximar do mundo civilizado. Um povo que durante décadas sofreu perseguições dos antigos exploradores da borracha.

A comunicação é muito própria nas aldeias da tribo Katukina. Eles só falam o idioma katukina. Só agora estão começando a aprender o português. Escola, para eles, é quase uma novidade. Na mesma sala de aula, há crianças e adultos, porque o nível de aprendizado ainda não faz a menor diferença.


Só os professores falam português. Nasceram e cresceram nas aldeias, foram estudar na cidade e voltaram para ensinar.


"Hoje temos bilíngües porque alguns professores estudaram fora da escola indígena. Hoje temos necessidade de ensinar e ser bilíngüe também. Precisamos entender dos dois lados", ressalta o professor Fernando Katukina.


É uma necessidade. Como fazer contato com o mundo lá fora falando uma língua que só eles entendem?


"Eles têm isso com muita clareza: a função da língua portuguesa é manter o contato. Não se tem nenhum documento em língua katukina ou em qualquer língua indígena no nosso país", diz a pedagoga Socorro Oliveira, da Secretaria Estadual de Educação do Acre.

Clique aqui para ir para a página do programa na internet.

NATURA E O PATO NO TUCUPI DO AMAPÁ...

Jornaleco-Comendador Raymundo Mário Sobral

Jornal Amazônia Hoje, 10/12/2006

Manifestei estranheza a respeito de anúncio da Natura (mídia nacional) na qual aparece o pato no tucupi como sendo do Amapá. A propósito, recebi da Natura o e-mail seguinte:

'Com relação à matéria publicada, no espaço Jornaleco, sobre a nossa campanha de Natal, gostaríamos de prestar alguns esclarecimentos. Para resgatar e valorizar o jeito brasileiro de comemorar a data, criamos, em 2003, o conceito 'Feliz Brasil para você'. Desde então, a cada ano, um traço da cultura nacional serve de inspiração para revelar as diversas interpretações do Natal em cada região do País. Desta vez, escolhemos a culinária por ser um reflexo do povo brasileiro, suas tradições e múltiplas influências.Com a ajuda do fotógrafo Pedro Martinelli e da chef de cozinha Ana Luiza Trajano, percorremos diversas regiões coletando sabores, histórias e receitas para celebrar o jeito brasileiro de comemorar o Natal. A expedição durou 22 dias. Foi com base nas entrevistas coletadas, na convivência diária com cada família visitada, e em pesquisas, que escolhemos um prato que melhor representasse o jeito local da ceia de Natal e ao mesmo tempo revelasse a rica diversidade brasileira.

'No Estado do Amapá, a expedição conheceu a Dona da Deuza, seu José e a filha mais velha, Gabi, que moram na Comunidade do Carvão. Eles escolheram o pato no tucupi como a comida que não pode faltar na ceia do Natal, o que foi valorizado na campanha. De acordo com Ana Trajano, o pato no tucupi é um prato que está presente na gastronomia típica da região Norte, produzido com algumas diferenças em cada Estado.

'O Pará também esteve na rota da expedição, que viajou até o município de Bragança para ouvir a história da Dona Simone. Ela elegeu o vatapá paraense como a comida que sempre está presente no Natal da sua família, que todos os anos se reúne em uma mesa posta no quintal.

'Tudo isso foi registrado em vídeo e fotos e esses pratos brasileiros, que em cada região do País ganham um tempero local, um novo ingrediente, uma nova forma de fazer, estão sendo compartilhados em minidocumentários para todo o Brasil. Um abraço, Sérgio Bourroul.'

Minha resposta:

- A Natura precisa otimizar seu assessoramento em questões gastronômicas. O pato no tucupi é a iguaria mais típica e mais representativa da culinária paraense. Caso alguém afirme que o pato no tucupi, por exemplo, é o que existe de melhor da gastronomia gaúcha, cabe antes checar criteriosamente a informação antes de sair veiculando-a nacionalmente. Outra incongruência: o vatapá não tem nada a ver com a nossa querida Bragança. O Brasil inteiro sabe - menos a Natura, claro - que o vatapá, assim como o acarajé etc., são a cara da Bahia e ninguém tasca. Antes de cometer outras barbaridades como essas, sugiro que a Natura informe-se com quem entende verdadeiramente do assunto. É isso aí.

Nota do Blog: Valério Gomes, do site Reservas Extrativistas, contribui enviando este texto, que está causando revolta entre os paraenses.

O "anônimo" trio Vila Brazil produziu um vídeo-debate musical sobre o tema, entitulado "A polêmica do pato no tucupi".

Sei não...acho que conheço pelo menos dois dos integrantes deste "famoso" grupo...

08 dezembro 2006

RÁDIOS COMUNITÁRIAS NO BRASIL

Blog do Emir Sader, 07/12/2006 (*)

Rádios comunitárias e a democratização da mídia

No ano que vem se cumprem 50 anos da criação da primeira rádio comunitária na América Latina. Em 1947 foi criada a Rádio Sutatenza, na Colômbia, pela Igreja católica com o objetivo de alfabetizar as comunidades camponesas. Em seguida rádios mineiras, na Bolívia, começariam uma vertente distinta das rádios comunitárias: a de expressar lutas de movimentos sociais por seus direitos civis,

No Brasil as rádios comunitárias têm sido vítimas de repressão, com centenas de rádios fechadas nos últimos anos, em condições que buscam diversificar a expressão cultural e informativa, inclusive pelo fato de que o espectro radio-elétrico tem uma capacidade limitada, sendo patrimônio livre da humanidade, não podendo ser apropriado privadamente. Segundo a Convenção Americana sobre os Direitos Humanos: “Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão. Este direito compreende a liberdade de buscar, receber e difundir informação e idéias de todo tipo.” Trata-se de um direito de todas as pessoas e não apenas de jornalistas ou proprietários de meios de difusão.

Quando 26 rádios foram fechadas pouco tempo antes das eleições, Joaquim Carvalho, do departamento jurídico da Associação Brasileira de Radiodifusão afirmou que esse procedimento “faz parte de uma ofensiva de fechamento de emissoras que apoiavam a reeleição de Lula, perpetrada por gerentes regionais da Anatel que ainda seriam da época do governo de FHC”. Os fechamentos de emissoras não seriam ordenados pela presidência da República, mas pelo organismo de controle, o que não isenta a presidência de responsabilidades, ainda mais que esses fechamentos aumentaram durante o primeiro governo Lula.

Existe no Brasil uma lei aprovada em 1998 regulando a radiodifusão comunitária. No entanto o Associação Mundial de Rádios Comunitárias apresentou um documento à Corte Interamericana de Direitos Humanos, afirmando que: “Existem para as emissoras não comerciais discriminações explicitas em relação à utilização de um único canal para a totalidade do país, o que fere qualquer vocação pluralista em cada área coberta. Como isso não bastasse em termos de discriminação, sua potência é muito limitada, assim como sua área de cobertura, que não passa de uma área de um quilômetro. Isto se acentua porque elas não podem produzir recursos próprios, o que representa ser penalizadas por ter publicidade.”

Na campanha eleitoral se mencionou a disposição do governo de promover um projeto com o objetivo de “democratizar os meios de comunicação no Brasil”, mas existe o temor de que na realidade possam trazer ainda mais obstáculos às rádios comunitárias. Quando na realidade a defesa e promoção destas é elemento essencial no processo de democratização da mídia brasileira, multiplicando as vozes que se sentem sufocadas pelos monopólios privados da comunicação.

Nas últimas eleições ficou claro que a grande maioria dos brasileiros discorda das orientações dessa mídia monopolista, votando no candidato quase unanimemente condenado por elas. É preciso que essas vozes possam se expressar, para expandir e consolidar a opinião pública alternativa, majoritária no Brasil de hoje.

(*) O Blog do Emir Sader é publicado no diário virtual Carta Maior.

07 dezembro 2006

Mapa global da malária: Cruzeiro do Sul e região adjacente são áreas livres da doença!?!?
A Agência FAPESP informa que cientistas da Inglaterra e do Quênia lançaram um mapa on-line que aponta as regiões no mundo submetidas a alto risco de malária. O objetivo com o lançamento da ferramenta é orientar políticas públicas de combate à doença que infecta cerca de 400 milhões de pessoas, matando 1 milhão por ano.

O mapa associa dados coletados por pesquisas locais aos mapas do serviço Google Earth, feitos com base em fotografias de satélites. Obviamente que os dados do Acre referente aos últimos 3 anos ainda não foram adicionados ao banco de dados que gerou o mapa. Vejam nas imagens deste texto que Cruzeiro do Sul e região adjacente é zona livre de perigo.

Segundo o artigo da Agência FAPESP, o Projeto Atlas da Malária (MAP, na sigla em inglês) foi criado por uma parceria do Centro de Medicina Geográfica, no Quênia, e pelo Grupo de Epidemiologia e Ecologia Espacial da Universidade de Oxford, na Inglaterra.

Os mapas são distintos para os dois principais vetores da doença: P. vivax e P. falciparum.

Clique no linque abaixo para acessar a página do projeto MAP (Malaria): www.map.ox.ac.uk

06 dezembro 2006

Usos da Diversidade Vegetal: do Extrativismo Vegetal a Bioeconomia (*)


Alfredo Kingo Oyama Homma – Embrapa Amazônia Oriental


Durante séculos a coleta de produtos da natureza (fauna e flora) foi a base de sobrevivência dos indígenas, de forma sustentável, que viviam tanto nas várzeas como na terra firme.


Com o início da presença dos colonizadores europeus, a extração dos recursos naturais para sobrevivência e para atender o mercado de forma dirigida, levou a formação de diversos ciclos dependendo da magnitude dos estoques e a sua substituição. Cacau e a seringueira, dentre outros produtos extrativos, foram a base de sustentação econômica, social e política, não só da região, como do país, responsáveis pelo processo de povoamento, expansão das fronteiras e, do atraso secular, baseado na staple economy.


O esgotamento e a limitação dos estoques, o progresso tecnológico e o crescimento do mercado, indutoras e destruidoras dessa economia, levaram a contínua formação de novos ciclos econômicos. Pode-se afirmar que até 1951, a economia amazônica era essencialmente extrativa, quando mais da metade da renda regional era decorrente dessa atividade.


Com a mudança da "civilização das várzeas” em favor da “civilização da terra firme”, que se inicia com a inauguração da rodovia Belém-Brasília, em 1960, começa a acentuar-se a substituição da cobertura florestal, razão da economia extrativa, pela pecuária e agricultura, do crescimento populacional, onde o sentido de luta era utilizar a terra para fins agrícolas e não para coleta extrativa.


A substituição da cobertura florestal deu ênfase ao extrativismo madeireiro, complementar as atividades de expansão agrícola, com início, apogeu e declínio, numa dinâmica espacial e temporal. O crescimento do mercado de produtos extrativos induziu a domesticação do guaranazeiro, cupuaçuzeiro, pupunheira, castanheira, açaizeiro, pimenta longa, jaborandi, etc. como já havia ocorrido com o cacaueiro e a seringueira. O ciclo tradicional que consistia na transformação de recursos naturais em recurso econômico, a fase extrativa, a domesticação e, em alguns caso, na descoberta do similar sintético, com quebra dessa seqüência, está dando lugar ao patenteamento de direitos de propriedade intelectual.


Esta nova bioeconomia, está transformando os “caçadores de plantas” em “caçadores de genes”, em que o conhecimento tradicional, direito de marcas, patenteamento de princípios ativos, mercado de carbono, inclusão social, entre outros, se confundem e misturam, numa complexa teia de interesses, onde sem sempre, os beneficiários são os produtores, consumidores locais e a sociedade regional.


Esta nova bioeconomia é que vai ditar os rumos da Amazônia no futuro?


(*) Resumo de palestra apresentada durante a Mesa-redonda “Diversidade Vegetal dos Ecossistemas Amazônicos: Inventários, Usos e Bioprospecção”, parte do II SIMPÓSIO DA BIOTA AMAZÔNICA: 40 Anos de Avanços Científicos e Transformações Sócio-Ambientais, promovido pelo Museu Paraense Emilio Goeldi, Belém-PA

04 dezembro 2006

Leishmaniose no Acre: mais alto índice de casos no país

No ano de 2004, o estado do Acre notificou 1.581 casos de leishmaniose tegumentar, sendo 63% nos municípios de Rio Branco, Sena Madureira, Xapuri e Brasiléia. Os casos representam um incremento anual de 75% quando comparado com o ano de 2000. A média de incidência neste mesmo período foi de 214 casos para cada 100 mil habitantes, sendo o maior do país.

Fonte: Sistema Nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Relatório de Situação "Acre", 2a. Edição, 2006.

02 dezembro 2006

BIMOTOR COM UM MOTOR...DEU NA IMPRENSA

Autêntica "barrigada" da imprensa local. O jornal A TRIBUNA de hoje (02/12/2006) estampou na primeira página que um "bimotor" C-208 Caravan da FAB fez um pouso forçado em Porto Walter. Sou aficcionado por aviação e sei que a FAB não opera nenhum avião bimotor da Cessna. Deste fabricante, a FAB opera o monomotor Caravan, também operado por outras companhias locais de taxi aéreo. Aliás, o nome comercial da aeronave, Caravan, deveria servir de dica para o repórter evitar o erro. Bastava procurar no Google para confirmar que a aeronave é monomotor.


Vejam ao lado a foto de um Caravan da FAB (Aviation Photos). Observem que na FAB o C-208 Caravan é conhecido como C-98 Caravan. O Boeing 737-200, por exemplo, é batizado na FAB como VC-96. Coisas de militares...

Quer saber mais sobre o Cessna Caravan. Clique aqui para acessar o site do fabricante.

01 dezembro 2006

GUARDA PROVISÓRIA DE ONÇA!!! QUEM VAI QUERER???

Reconhecendo que nem sempre o órgão ambiental fiscalizador (IBAMA) tem condições de manter a guarda de todos os animais silvestre apreendidos com traficantes e criadores "exóticos", o Conselho Nacional do MeioAmbiente-CONAMA, em sua 84a. Reunião Ordinária, discutiu o processo 02000.001100/2004-11, que trata da "Regulamentação da atividade de criação e da concessão de termo de guarda de animais silvestres e estabelecimento de normas para a proteção dos animais visando defendê-los de abusos, maus tratos e outras condutas cruéis".

Se aprovado, o IBAMA poderá dar a guarda provisória de animais silvestres que vier a apreender. Quer ter a guarda de uma onça? Basta se cadastrar no IBAMA. Para manter um viado em casa também tem que se cadastrar.

Clique aqui para ler a integra da proposta de resolução discutida pelo CONAMA.