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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

29 fevereiro 2008

NÃO VAI ACONTECER NADA!

MP Eleitoral do Acre apresenta denúncia contra prefeito de Senador Guiomard 3 anos e 3 meses após as eleições, quando as irregularidades aconteceram

A imprensa local noticia que oTribunal Regional Eleitoral do Acre recebeu denúncia apresentada pelo Ministério Público Eleitoral contra o prefeito de Senador Guiomard, Celso Ribeiro.

A acusação formulada pelo MP eleitoral é de prática de indução à transferência irregular de eleitores, coação, falsidade ideológica com finalidade eleitoral, corrupção eleitoral ativa e transporte ilícito de eleitores praticados no período eleitoral de 2004.

Se o leitor fizer um cálculo rápido, vai verificar que demorou cerca de 3 anos e 3 meses para o MP encaminhar a denúncia. É isso mesmo! Uma eternidade. Agora o TRE vai ter alguns meses para apreciar e julgar o processo. Ficou numa saia justa.

E tem mais. Se condenado no TRE local, o acusado pode recorrer ao TSE e 'empurrar' os prazos para uma condenação definitiva, que levaria à perda de seu mandato, para um horizonte temporal que ultrapassará facilmente o final de seu mandato, que deve acontecer no fim de 2008.

Se eu fosse o acusado estaria rindo à toa.

Inspiração para outros políticos

A justiça, neste caso, vai tardar e, seguramente, não vai falhar. Mas se a condenação vier a ser imposta, ela vai ser inócua. Considerando os 'prazos legais', é quase certo que Celso Ribeiro deverá cumprir, sem maiores percalços, o seu mandato na íntegra.

Se isso vier a acontecer, seu caso poderá servir de inspiração para outros políticos locais. A lição que ficará é a seguinte: pode transgredir que as possibilidades da justiça vir a decidir o caso em tempo de causar estragos políticos mais graves serão remotas.

São esses tipos de situações que reforçam a imagem do nosso país como o paraíso da impunidade.

Os contribuintes que pagam seus impostos e mantém, entre outros serviços públicos, o MP Eleitoral, gostariam de ver respondida publicamente a seguinte pergunta:

- Por que o MP Eleitoral do Acre demorou tanto para apresentar a denúncia contra o Prefeito de Senador Guimard?

Crédito da imagem: Notícias da Hora

13 fevereiro 2008

PAUSA DE 15 DIAS

Pelos próximos 15 dias estaremos ausentes e sem acesso à internet. Desta forma o Blog deixará de ser atualizado no período.

Até a volta!

12 fevereiro 2008

A 'EPIDEMIA' DE FEBRE AMARELA FOMENTADA PELA IMPRENSA

Se for confirmada a segunda morte por reação à vacina, 15% das mortes relacionadas à febre amarela podem ser atribuídas indiretamente à imprensa, que de forma irresponsável levou milhares de pessoas a se vacinarem sem necessidade


Reação a vacina contra febre amarela pode ter matado outra mulher em SP

Danielle Borges, Diário de S.Paulo, 12/02/2008

SÃO PAULO - Desde o início do ano, duas pessoas morreram e seis precisaram ser hospitalizadas sob a suspeita de reação à vacina contra a febre amarela no estado de São Paulo. Outras 18 pessoas tiveram reações leves após serem imunizadas. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, os casos ainda estão sendo analisados. O laudo final deve sair até o final da semana.

Ambas as mortes ocorreram na primeira quinzena de janeiro. Uma das pacientes, Marisete Borges de Abreu, de 43 anos, teve infecção generalizada e falência múltipla dos órgãos. Marisete era portadora de lúpus, uma doença crônica que altera o sistema imunológico da pessoa e baixa a sua resistência. Devido ao problema, ela não poderia ter tomado a vacina.

A outra vítima, cujo nome não foi divulgado, foi uma idosa de 76 anos aparentemente saudável. De acordo com a Secretaria de Saúde, ela não tinha nenhum registro de doença que possa ter agravado a reação à vacina.

Segundo Clélia Aranda, coordenadora de Controle de Doenças de São Paulo, nos primeiros 40 dias do ano, foram aplicadas 730 mil doses da vacina nos postos de saúde do estado - número quase duas vezes maior que o registrado no mesmo período de 2007, em que o número de doses aplicadas ficou entre 400 mil e 450 mil.

Apesar disso, Clélia acredita que a procura pela vacina tem diminuído.

- Já percebemos uma redução no número de imunizações. Isso, creio, se deve a dois fatores. O primeiro é que, com o fim das férias, as viagens para as áreas de risco diminuem. O outro é que a população está mais tranqüila sobre a transmissão da doença - explicou a coordenadora.

Segundo o Ministério da Saúde, só deve tomar a vacina quem for viajar para alguma área de risco. Não é recomendável que pessoas com baixa imunidade sejam vacinadas, como alguns portadores do vírus HIV, pacientes em tratamento de câncer, quem toma remédios imunossupressores, como corticóides em doses elevadas, entre outros casos. As pessoas com imunidade baixa e que necessitem tomar a vacina contra a febre amarela precisam procurar orientação médica antes.

Desde o início do ano, foram confirmados 26 casos de febre amarela no Brasil. Em todo o país, 13 pessoas morreram. Já são 47 os casos de reações adversas à vacina contra a doença no país - em 21 deles, as vítimas foram hospitalizadas.

ESCADAS EM BARRAGENS

Armadilha ecológica

12/02/2008 Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – A construção de uma barragem prejudica o ciclo reprodutivo de diversas espécies de peixes ao impedir que eles nadem rio acima em busca de um local apropriado para a desova. Para minimizar o problema, a solução mais comum é a construção de escadas – seqüências de tanques que formam uma corredeira artificial capaz de estimular a subida dos cardumes.

No entanto, um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá, no Paraná, mostra que as escadas para peixes, idealizadas originalmente para salmões na América do Norte, são uma armadilha mortal para as espécies tropicais. O dispositivo aumentaria o risco de extinção das populações que vivem rio abaixo das barragens.

O trabalho, de Fernando Pelicice e Angelo Agostinho, foi publicado na edição de fevereiro da revista Conservation Biology e foi objeto de reportagem na revista Nature.

De acordo com Agostinho, o estudo comprovou que as escadas para peixes preenchem todos os requisitos para serem enquadradas no conceito de armadilha ecológica. Idealizadas como medida de conservação, elas atuam como uma fonte adicional de impacto ambiental.

“Confirmamos que as escadas apresentam diversos problemas. O principal deles é que, depois de subir, os peixes adultos e as larvas não voltam mais e, assim, não completam o ciclo reprodutivo. Eles acabam confinados no trecho acima do reservatório, onde o ambiente é mais pobre para a reprodução”, disse à Agência FAPESP.

O estudo é resultado de uma série de pesquisas em parceria com a Universidade de Tocantins. Foram observadas as escadas dos reservatórios de Porto Primavera, no rio Paraná, do complexo do rio Paranapanema e da usina de Lajeado, no rio Tocantins.

“Reunimos um grande volume de dados que incluíam levantamentos sobre as escadas, reprodução de peixes, larvas e estudos genéticos. Utilizamos esse conhecimento para aplicar o conceito de armadilhas ecológicas”, disse Agostinho.

Em seu ciclo de vida natural, peixes como o dourado (Salminus brasiliensis), pintado (Pseudoplatystoma corruscans), piracanjuba (Brycon orbignyanus), pacu (Piaractus mesopotamicus) e curimbatá (Prochilodus lineatus) migram rio acima durante a época de cheia para desovar em tributários.

Mas a volta é fundamental para o ciclo reprodutivo. “Os ovos descem pelo turbilhão das águas enquanto se desenvolvem e, ao chegar na região de várzea, adentram canais e lagoas. Nesses ambientes marginais, desconectados dos rios fora da época de cheia, eles encontram ambiente seguro para crescer. Na cheia seguinte, voltam aos rios e se integram aos cardumes de adultos”, explica Agostinho.


Bom para salmão

Segundo Angelo Agostinho, as espécies migradoras são afeitas às águas rápidas. Depois de utilizar as escadas para passar ao segmento superior do rio, os peixes não voltam mais, pois são desestimulados ao encontrar as águas paradas do reservatório.

“É efetivamente uma armadilha. O peixe sai do trecho abaixo da barragem, onde poderia completar seu ciclo, e vai para o trecho acima, onde não tem condições de retornar”, destacou.

Na parte de baixo, segundo Agostinho, os peixes e larvas poderiam encontrar águas turvas e meandros apropriados para se abrigar dos predadores. “Na parte de cima ele pode até encontrar tributários do rio onde pode desovar, mas as larvas descem para o reservatório e encontram uma água parada e límpida, onde dificilmente escapam de predadores.”

De acordo com Pelicice, que é o autor principal do estudo, as escadas foram concebidas para salmonídeos que, vindos do mar, sobem os rios, atravessam as escadas e reservatórios e desovam nas cabeceiras. As escadas funcionam no hemisfério Norte porque os salmões adultos não precisam voltar: eles desovam apenas uma vez na vida e o ciclo se completa numa só jornada. Os peixes da América do Sul, no entanto, desovam diversas vezes na vida.

“No caso dos salmões, a migração descendente ocorre quando o peixe já tem 12 a 15 centímetros. Por isso, quando migra rio abaixo, o peixe jovem tem condições de passar pelo reservatório e pelos vertedouros. Entre nossos grandes migradores, são as ovas que descem passivamente, por 70 ou 80 quilômetros, enquanto se desenvolvem. Quando encontram o reservatório, ficam à deriva e podem ser predadas por qualquer lambari”, disse Agostinho.

Os peixes da América do Sul, segundo Pelicice, deslocam-se ao longo do rio, dispersando-se pela bacia. Se não têm chance de voltar do barramento, o estoque diminui, ao longo do tempo, na juzante (na parte de baixo do rio).


Sem estímulo para retornar

De acordo com Agostinho, as escadas deveriam ser fechadas quando não há locais para os peixes completarem seu ciclo na montante da barragem. “A escada de Lajeado foi fechada, por solicitação do Ibama, exatamente porque se notou que havia prejuízo para a reprodução das espécies. Mas aquela área, ao contrário do caso de Canoas, não caracteriza uma armadilha, pois conta com vastas áreas acima da barragem”, afirmou o professor titular do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Apicultura.

Pelicice ressalta que o dispositivo da escada, em si, não representa dificuldade para que os peixes desçam o rio de volta. “O problema é o reservatório. Quando terminam de subir, eles atravessam a água estagnada em busca do trecho superior de rio. Mas, quando tentam voltar, são desestimulados pelo reservatório e nem alcançam a escada de volta”, explicou.

Segundo Agostinho além de impedir a volta dos peixes adultos e larvas, as escadas não servem para a maioria das espécies. “Elas são implantadas sem um objetivo claro, simplesmente porque há um senso comum que acredita em sua utilidade. Mas só algumas poucas espécies acabam utilizando as escadas, nem sempre as migradoras. Do ponto de vista da conservação, as escadas são ineficazes”, disse.

Para Pelicice, a origem do problema é a ausência de estudos adaptativos. A técnica de escadas do hemisfério Norte foi transposta para a América do Sul sem se considerar o contexto. “Por isso, há diversas deficiências. Há o impacto ecológico, que traz prejuízo às populações, e o problema de seletividade, que é inerente às escadas, porque impossibilita a subida de parte das espécies”, afirmou.

O artigo Fish-passage facilities as ecological traps in large neotropical rivers, de Fernando Pelicice e Angelo Agostinho, pode ser lido por assinantes da Conservation Biology em www.blackwellpublishing.com/cbi.

RESULTADO DO PROUNI 2007 - 2a. CHAMADA

O Site do MEC informa que o resultado do processo seletivo para os candidatos pré-selecionados em segunda chamada do ProUni será divulgado em 13 de fevereiro de 2008.

10 fevereiro 2008

DO JEITO QUE CAIR TÁ BOM!

ENTERRO DE INDIGENTES EM MANAUS: COISA DA IDADE MÉDIA

Em muitos casos, os cadáveres de indigentes são enterrados desnudos e envoltos apenas em pedaços de pano.


Assim foram enterradas, como indigentes, 70 pessoas no ano passado. Esse ano, foram 10 e ainda há 18 corpos que estão no IML, aguardando por identificação ou que apareça um parente ou alguém para sepultá-lo. Caso isso não ocorra esses corpos vão engrossar a lista daqueles que são sepultados sem ter direito a um caixão ou uma lápide com o seu nome e uma única derradeira homenagem.

Depois de ficarem por mais de 30 dias aguardando identificação, os corpos são colocados em sacos plásticos e enterrados. No entanto, há cadáveres que são enterrados desnudos e envoltos apenas em pedaços de pano, exatamente como aconteceu no dia 18 do mês passado.

Fonte: A Crítica, 10/11/2008

09 fevereiro 2008

JUSTIÇA ACREANA BRECA 'ASSÉDIO JUDICIAL' DE INTEGRANTES DA UNIVERSAL CONTRA A FOLHA DE SÃO PAULO

Juiz de Epitaciolândia vê "assédio judicial" em ações de fiéis da Universal

Frederico Vasconcelos, Folha de S.Paulo

O juiz Edinaldo Muniz dos Santos, 36, titular da comarca de Epitaciolândia, no Acre, extinguiu processo em que um reclamante, Edson Duarte Silva, pretendia obter indenização da Folha e da repórter Elvira Lobato por alegada ofensa com a reportagem sobre a Igreja Universal do Reino de Deus, intitulada "Universal chega aos 30 anos com império empresarial", publicada em dezembro.

O juiz entende que há um "assédio judicial", ou seja, "uma atuação judicial massificada e difusa da Igreja Universal contra o jornal". O reclamante pode recorrer da decisão. Com petições de parágrafos idênticos, foram ajuizadas 47 ações de indenização por danos morais em Juizados Especiais de vários Estados.

No Juizado Especial, ao contrário da Justiça comum, é muito mais fácil obter a condenação à revelia, segundo Santos. O juiz Alessandro Leite Pereira, de Bataguaçu (MS), condenou outro reclamante, Carlos Alberto Lima, por litigância de má-fé.

FOLHA - Por que o sr. extinguiu imediatamente o processo?
EDINALDO MUNIZ DOS SANTOS - Lendo a reportagem, vi de cara que o requerente, um simples fiel da igreja, era manifestamente ilegítimo, não poderia se aproveitar da matéria para pedir da Folha uma indenização. Legalmente só a própria Igreja Universal poderia, ao menos em tese.

FOLHA - Por que o sr. diz que está havendo um assédio judicial patrocinado pela Igreja Universal?

SANTOS - O Judiciário está sendo usado apenas para impor à parte requerida um prejuízo processual, isto com centenas de deslocamentos para audiências, passagens aéreas, advogados etc. O processo judicial, que é meio de punição e reparação, passa ser a própria punição.

FOLHA - Quais são os riscos quando os juízes, sem compreender a gravidade do caso, mandam citar os réus?
SANTOS - Se o requerido for citado e não comparecer, corre o risco de ser condenado à revelia. Depois, para desfazer isso leva tempo e dinheiro. O caminho da simples importunação judicial não é tão complicado. O "piloto automático" do Juizado Especial pode sim gerar injustiças que para serem desfeitas leva tempo e dinheiro.

FOLHA - Outro magistrado entendeu que houve litigância de má-fé. A extinção do processo é mais adequada para inibir essas tentativas?
SANTOS - A condenação dos fiéis da igreja por má-fé processual é cabível, sem nenhuma dúvida, se houver a citação. Não havendo, tenho minhas dúvidas, ainda mais considerando a complacente (infelizmente) jurisprudência dos tribunais sobre o assunto. O que há é a indevida atuação judicial massificada da igreja contra o jornal, com vários processos, quando o legalmente correto seria um processo só. Acho que a questão se encaixa melhor na figura do abuso de direito do artigo 187 do Novo Código Civil.

FOLHA - Esse "cerco", com pedidos nos vários rincões, é uma tentativa de intimidação ao livre exercício do jornalismo, como qualificou a Associação Nacional dos Jornais?
SANTOS - Concordo, pois o transtorno causado pelos processos é inegável. É preciso não esquecer que sempre há o risco de condenação à revelia, ainda mais no Juizado Especial, onde a presença do requerido nas audiências é obrigatória, sob pena de revelia e confissão.

08 fevereiro 2008

NALUH GOUVEIA

Será que ela era apenas 'mais uma' e ninguem sabia?

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Eu sempre achei que a ex-Deputada Naluh Gouveia representava o 'novo' na política acreana. Alguém que jamais 'cairia em tentações' e 'armadilhas políticas' que a levassem a abandonar as causas públicas e as idéias que defendeu com garra e determinação pouco vistas por estas bandas.

Quem não lembra? o assassinato da Luziene, a prisão do Hildebrando, a luta para pôr na cadeia os membros do esquadrão da morte, os protestos explícitos contra decisões do Tribunal de Justiça, as críticas contundentes ao Tribunal de Contas...

Pois é. Depois de tudo isso, eis que a Naluh resolve 'chutar o balde' e assumir o cargo de Conselheira do TCE. Quem conhece o seu passado, a sua gênese política, jamais esperava isso dela.

Conheci a Naluh em meados de 1984 quando me integrei ao movimento estudantil da UFAC, fazendo parte de um grupo liderado publicamente por Marina Silva, mas comandado nos bastidores por Binho Marques. O quartel general do grupo estava instalado na casa do Binho e era lá que a 'turma' se reunia para preparar o material para as várias causas que a gente defendia na época.

Era um trabalho cansativo, movido por pura determinação política, e por esta razão ocorriam mudanças freqüentes na equipe, especialmente entre os novatos. Era um entra e sai sem fim. Aqueles que persistiam tinham a oportunidade de ser 'doutrinados' e em pouco tempo estavam engajados de corpo e alma no movimento. A Naluh foi uma das que persistiu.

Lembro que a gente foi colega em uma diretoria do DCE sob a presidência do Ademir Almeida. Neste período ela já ensaiava seus discursos inflamados. Já dava para ver muito do que ela veio a mostrar muitos anos depois: determinação, lealdade, seriedade, engajamento e, acima de tudo, disposição de sacrificar a vida pessoal em prol das causas que defendia.

Em meados de 1987 eu me afastei do movimento político-estudantil e desse período para a frente acompanhei sua evolução política à distância. De imediato ela sumiu, mas passados alguns anos fiquei feliz em ver que ela não tinha desistido da 'luta'. Como ela, muitos outros conseguiram fazer o rito de passagem de líder estudantil para um lider político popular autêntico. Entre os que se destacaram, podemos citar Marina Silva, Marcos Afonso, Binho, Rosângela, Airton Rocha, Gerson Albuquerque e alguns dos irmãos Montezuma.

Assim como a Naluh, todas essas pessoas têm uma história, uma bagagem, uma vivência. Elas avançaram na carreira política degrau a degrau. Sofreram muitas derrotas e apanharam muito durante as manifestações e protestos que lideraram. Aprenderam na prática, na rua, a fazer política séria. Nada de assistencialismo a la Raimundo Melo. Nada de paraquedismo a la José de Melo. Nada de negociações de bastidores a la Rubens Branquinho.

Portanto, para quem conhece um pouco da história política dessa turma 'nova', que mudou a forma de se fazer política no Acre, a última coisa que se poderia esperar era ver a Naluh Gouveia aceitar um cargo no Tribunal de Contas do Estado!

Se um fato como esse tivesse ocorrido no passado, quando a turma dela estava 'até o pescoço' defendendo causas realmente populares, seguramente a Naluh seria 'convencida' a recusar a oportunidade.

As razões? Em primeiro lugar porque ao aceitar, ela passaria a todos a impressão de que iria se anular, se calar politicamente em troca de um cargo com salário polpudo e vitalício. Em segundo, muitos diriam que o TCE é um órgão meramente burocrático e que lá ela não iria fazer diferença alguma. Seria um 'soldado' a menos no campo de batalha. E um soldado muito importante, bem preparado, cuja ausência seria sentida por todos.

Nesse sentido, por exemplo, eu não vejo entre os atuais membros do TCE local que deixaram a carreira política para assumir o cargo de Conselheiro, nenhum com um passado de lutas ou uma trajetória política comparável ao da Naluh Gouveia. Por esta razão tanto faz eles estarem no TCE, na Assembléia ou sem cargo público algum. Sua falta seria pouco notada.

Diante de tudo isso fica muito difícil entender porque a Naluh resolveu assumir o cargo no TCE. Será que ela não está consciente de que lá ela vai ser apenas mais uma, apenas mais um voto que aprovará ou não prestações de contas de administradores públicos? Será que ela não vê que caminha para um final de vida pública extremamente infeliz e frustrante.

Frustrante porque sabemos que mesmo com toda a corrupção praticada de forma explícita ou não por muitos administradores públicos locais, não se tem notícia de que algum deles foi preso depois que suas prestações de contas foram reprovadas pelo TCE.

Na última vez que me encontrei com a Naluh, durante o funeral do Cartaxo, deixei claro para ela que a decisão de ir para o TCE era equivocada. A sua resposta foi de que ‘estava cansada’, que não agüentava mais lutar e ver que nada mudava.

Obviamente que temos que admitir que todos são livres para decidir seu destino. Temos que respeitar isso. Mas o destino político da Naluh não deveria, em teoria, repousar em uma decisão pessoal dela. E os milhares de votos conscientes e limpos que ela recebeu durante toda a sua trajetória? Não valem nada?

Até hoje não li ou ouvi em lugar algum uma justificativa convincente para a sua decisão de integrar o TCE. Até agora fica apenas a impressão de que ela, apesar de toda a sua história, é apenas mais um daqueles políticos que cedo ou tarde termina sendo cooptado pelo poder dominante em troca de um ou outro cargo. No caso da Naluh, ela optou em trocar uma brilhante trajetória política, sua voz e influência, pelo silêncio improdutivo dos gabinetes e do plenário do TCE.

E ai Naluh? Será que você nos enganou durante todos esses anos é apenas mais uma ‘deles’?

Vou ser honesto com você. Tomara que aqueles que estão lutando contra a sua permanência no TCE tenham sucesso! Você não merece aquele cargo! Fique fora daquele lugar e continue a trilhar um caminho mais produtivo.

Aqui fora muitos estão comentando que você não é 'besta' como a Francisca Marinheiro. Eles dizem que você tem mais é que aproveitar a oportunidade! Que não vale bancar o herói e defensor dos fracos e oprimidos a vida toda.

Se a voz do povo é a voz de deus e se o seu silêncio público admite estes tipos de conjeturas, então podemos concluir que é certo que estas foram as razões que levaram você a assumir o TCE?

Gostaria que isso não fosse verdade porque seria duro chegar à dolorosa conclusão de que durante todos esses anos você nos enganou e sua vida política, a sua brilhante trajetória, foi apenas uma farsa.

Você não merece isso.

07 fevereiro 2008

SÓ BRASILEIROS TÊM O DIREITO DE DESTRUIR A AMAZÔNIA!

Essa é a impressão antecipada que fica do 'encontro' que a OAB-Rondônia estará realizando a partir desta sexta (08/02), e que pretende debater a "Internacionalização da Amazônia".

O engraçado na nota distribuída pela entidade é que o presidente da OAB local, no segundo parágrafo, vai logo se defendendo: "Antes de conclusões precipitadas, o presidente da OAB adianta que é contra a o desmatamento e a exploração predatória da Amazônia".

Se são contra, então que aproveitem o encontro para mostrar quantas ações ou protestos contra o desmatamento altíssimo verificado em Rondônia a OAB local liderou. É óbvio que não vão ter muito o que mostrar.

No Brasil é sempre assim. Os 'donos da Amazônia', quando se sentem ameaçados no seu 'direito' de continuar a desmatar impunemente a região, sempre recorrem ao tema 'internacionalização da Amazônia' na esperança de ganhar corações e mentes à sua funesta causa.

Eles sempre apostam que poderão convencer a sociedade que o fato do governo estar usando todos os instrumentos legais, prendendo e multando, cortando crédito aos desmatadores etc é resultado de ações das nações que 'cobiçam' a região.

No fundo querem que tudo continue como está e eles possam, ao seu livre arbítrio, continuar a destruir da floresta para retirar a madeira, minério e criar gado ao seu bel prazer.

06 fevereiro 2008

ÍNDIOS: SITUAÇÃO SANITÁRIA E SOCIOAMBIENTAL AINDA É MUITO PRECÁRIA

Em uma área índigena da Amazônia, cerca de 90% das amostras de água analisadas estão contaminadas por coliformes fecais e os resíduos sólidos não têm nenhuma solução sanitariamente correta

Estudo realizado por pesquisadores da Fiocruz/Amazonas e de Universidades de São Paulo e do Amazonas indica que as condições sanitárias e socioambientais da comunidade indígena de Iauaretê, em São Gabriel da Cachoeira, Estado do Amazonas, são precaríssimas.

Das 65 amostras de água analisadas, 89,2% apresentaram presença de coliformes fecais. Em relação aos resíduos sólidos, foi verificado que não havia nenhuma solução sanitariamente correta. A pesquisa concluiu também que as práticas sanitárias dos indígenas eram preocupantes sob o ponto de vista de saúde pública e destoantes em relação ao relativo conhecimento dos mesmos.

Na área estudada residem 2.706 indígenas, distribuídos em dez vilas e 440 domicílios. Foram identificados representantes de quinze etnias, a maioria de origem Tariano ou Tukano. O crescimento demográfico da população é muito elevado, registrando um aumento de mais de 550% entre os anos de 1975 e 2002, quando a população passou de 408 para 2.659 habitantes.

Água contaminada

Durante o estudo foi observado que os moradores não efetuavam qualquer tratamento de água nos domicílios e que utilizavam áreas peridomiciliares, roça, igarapé e rio para suas necessidades fisiológicas, exceto no caso de pessoas que freqüentavam a Unidade Mista de Saúde, a escola e outras instituições onde havia sanitários. Para banho, os indígenas utilizavam o próprio rio Waupés e igarapés quando a moradia se distanciava do rio.

A água armazenada nos domicílios freqüentemente era colocada em recipientes abertos, provocando a deposição de resíduos. A retirada para consumo era feita com canecas ou cuias, propiciando contato com as mãos e contaminação.

Usualmente, alimentos eram trazidos da roça para o domicílio sem higienização, utensílios como terçado (facão), ralador de mandioca, caldeirões e cestarias não eram devidamente limpos, utilizando para o aprovisionamento de alimentos essas cestarias que permitiam o contato de vetores mecânicos como moscas, baratas e ratos com os alimentos.

Resíduos sólidos

Os membros da comunidade demonstraram preocupação com os problemas advindos da disposição inadequada dos resíduos sólidos, e para muitos deles isto é resultado da falta de um sistema de coleta, ao próprio descuido e à falta de orientação sobre o assunto.

O diagnóstico ambiental confirmou que os resíduos sólidos encontravam–se, na maioria das vezes, dispersos no ambiente de forma irregular, próximos de fontes de captação de água ou sobre o solo. Embora em pequenas quantidades, os resíduos encontrados eram constituídos de embalagens plásticas e metalizadas, latas, papel e alguns resíduos orgânicos.

Não havendo na época do estudo um sistema de coleta de resíduos, os moradores se viam obrigados a dar uma destinação precária para o material gerado que, na maioria das vezes, incluía a queima, o enterramento, o acúmulo sobre o solo e o despejo no rio ou igarapés

Doenças e mitologia

Para o surgimento das doenças, os indígenas atribuíam desde aspectos mitológicos até os relacionados à contaminação ambiental, conforme se pode inferir por alguns depoimentos: "Diarréia é feitiço, não passa nada"; "Os pajés que sabem quem assopra, aí dá dor de cabeça, vômito, tudo é sopro, veneno"; "Por causa do lixo, tá quase dominado, não tem sanitário, a gente faz as necessidades em todo lugar, cachorro faz sujeira na rua".

No tocante à prevenção e tratamento de doenças, faziam uso tanto de práticas tradicionais como da medicina moderna, demonstrando ainda priorizar as primeiras, conforme o relato de alguns entrevistados: "Primeiro procura benzedor, remédio caseiro, depois hospital"; "Levo no hospital, mas primeiro vai no pajé; o remédio é importante, usamos remédio caseiro".

Contradição entre o discurso e a prática

Em diversos momentos, ficou claro que a comunidade tinha conhecimentos pertinentes a respeito de transmissão de verminoses, causas de doenças diarréicas, contaminação de água, assim como conhecimento sobre o hipoclorito ou fervura para tratamento domiciliar de água, cuidados com alimentos, cuidados com resíduos e necessidade de afastamento de dejetos humanos.

Tendo sido identificadas algumas interpretações dos indígenas sobre saúde e meio ambiente, foi observado que estes reconheciam situações de causa e efeito de doenças pela inexistência de saneamento; porém, não incorporaram ainda este conhecimento na sua vida cotidiana, ou seja, o conhecimento adquirido ainda não se transformou em prática, o que poderia contribuir muito para a melhoria da qualidade de vida dessa população.

Apesar de, até o momento, quase inexistir em Iauaretê a infra–estrutura obrigatória e necessária para a prevenção de doenças e a proteção da saúde pública, como água encanada nos domicílios, banheiros, sistema de tratamento de esgoto e de resíduos, outras alternativas, como isolar as fezes ou os resíduos do contato humano, cuidados com a água ou com os alimentos eram muitas vezes ignorados no cotidiano.

Como explicar então, essa discordância entre o discurso e a prática? Na psicologia social, esta situação é denominada de dissonância cognitiva, ou seja, ocorre quando as cognições de um indivíduo, incluindo suas crenças, opiniões, conhecimentos sobre o ambiente e sobre suas ações e sentimentos são incompatíveis, dissonantes entre si30.

Explicação antropológica

Todavia, sob uma abordagem antropológica, deve–se considerar que, apesar do longo contato com a sociedade envolvente, prevalecem ainda entre os indígenas de Iauaretê, crenças mitológicas que interferem diretamente no seu comportamento cotidiano, conforme pode se observar em relação às explicações que dão para o surgimento de determinadas doenças, bem como em suas práticas de medicina tradicional de cura.

Embora os povos indígenas do alto rio Negro tenham bastante familiaridade com idéias e conceitos biomédicos veiculados em interações diversas com as agências de contato, como os serviços de saúde, as relações comerciais, veículos de comunicação de massa e o processo de capacitação dos agentes indígenas de saúde, as formas de apropriação dessas idéias caracterizam–se como bricolage, pautadas pela lógica do pensamento mítico, que promove considerável ressignificação do sentido original com que foram enunciados no discurso científico.

A análise desta situação permite inferir que a discordância entre as atuais práticas e o conhecimento sanitário oferecido pela sociedade envolvente reflete uma situação conflitante entre as concepções e regras de conduta impostas e os valores tradicionais culturais, que certamente são a referência para as práticas cotidianas dos indígenas de Iauaretê.

O artigo foi publicado na revsita Ciência e Saúde Coletiva, Volume 12, Número 6, em dezembro de 2007. Clique aqui para ler o artigo na íntegra.

AQUECIMENTO GLOBAL E AGRICULTURA

Pesquisa indica que por volta de 2030 as chuvas diminuirão e a temperatura média se eleverá em cerca de 1ºC na maioria das áreas onde vivem as populações mais carentes do planeta. "Hotspots da fome", onde o impacto climático na agricultura tende a ser mais sentido, se localizarão no sul da África e da Ásia

Hotspots da fome 01/02/2008

Agência FAPESP – Cada vez mais pobres e mais famintos. Muitas das regiões de maior miséria do planeta correm sério risco de enfrentar situações ainda piores nas próximas duas décadas, devido a prejuízos severos na agricultura causados pelas mudanças climáticas. A afirmação é de um estudo publicado na edição de 1º de fevereiro da revista Science.

A pesquisa, feita por cientistas da Universidade de Stanford, do Laboratório Nacional Lawrence Livermore e do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica, todos dos Estados Unidos, destaca que o cenário será mais grave no sul da Ásia e da África.

“A maior parte do 1 bilhão de pobres no mundo depende da agricultura para sobrevivência. Mas, infelizmente, a agricultura é a atividade humana mais vulnerável a mudanças no clima”, disse David Lobell, do Instituto Woods para o Meio Ambiente de Stanford e principal autor do artigo.

Segundo Lobell, o desafio será conhecer onde o que ele chama de “ameaças climáticas” serão mais sentidas, em quais lavouras e em que períodos. “Isso será fundamental para os esforços de combate à fome e à pobreza nas próximas décadas”, disse. Os pesquisadores esperam que o estudo possa ajudar no planejamento futuro nessas regiões em relação a onde e o que plantar.

Na análise, os autores enfocaram 12 regiões em que atualmente reside a maioria das populações mais carentes, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês). Entre elas a África subsaariana, o Caribe, as Américas Central e do Sul e boa parte da Ásia.

Dois fatores que afetam grandemente a agricultura são temperatura e quantidade de chuvas. Para determinar o impacto do aquecimento global na agricultura nas regiões analisadas, os pesquisadores combinaram dados de 20 modelos de mudanças climáticas produzidos anteriormente.

A conclusão foi que, por volta de 2030, a temperatura média na maioria das áreas poderá se elevar em cerca de 1ºC, enquanto a precipitação em algumas delas – incluindo as partes meridionais da Ásia e da África, mais América Central e Brasil – poderá diminuir.

“Para identificar quais plantações de quais regiões estarão mais ameaçadas em 2030, combinamos projeções de alterações climáticas com dados a respeito dos principais alimentos dessas populações, bem como relações anteriores entre colheitas e variabilidade climática”, explicou Lobell.

As análises revelaram dois “hotspots” da fome, onde o impacto climático na agricultura tende a ser mais sentido: no sul da África e da Ásia. “Ficamos surpresos pelo quanto e quão cedo essas regiões poderão sofrer se não se adaptarem”, disse Marshall Burke, outro autor do estudo.

“Por exemplo, nosso estudo indica que a África meridional poderá perder mais de 30% de seu principal produto agrícola, o milho, nas próximas duas décadas, o que teria implicações devastadoras para a região”, destacou.

No sul da Ásia as perdas potenciais também são altamente significativas, com prejuízo projetado de mais de 10% em muitas lavouras, como arroz, milho e milheto (erva da família das gramíneas encontrada na região). “Para uma agricultura praticamente de subsistência tais perdas serão devastadoras”, disse Burke.

O estudo também identificou o contrário, ou seja, regiões que poderão se beneficiar das mudanças climáticas, como áreas temperadas de plantio de trigo na China.

O artigo Prioritizing climate change adaptation needs for food security in 2030, de David Lobell e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

05 fevereiro 2008

EPIDEMIA DE DENGUE NO BRASIL

Enquanto a imprensa de uma maneira geral insiste em falar de uma epidemia inexistente de febre amarela, a dengue hemorrágica continua a matar país afora. Só em 2007 foram 158 mortes! E nem por isso ela, esta doença mortal, tem ganhado as manchetes como a febre amarela. Deve ser por que, como se diz no jargão da imprensa, é um assunto 'fora de foco', que não vende mais.

Vejam reportagem da Agência Estado.

Dengue hemorrágica matou 158 pessoas no País em 2007


Da Agência Estado

05/02/2008
10h20
-Os casos de dengue hemorrágica, ou Febre Hemorrágica de Dengue (FHD), nunca foram tão letais como no ano passado. Em 2007, 158 mortes foram registradas no País. Isso é mais do que o dobro de 2006, ano em que 76 óbitos foram confirmados. O número supera também o recorde anterior de 2002, quando 150 pessoas morreram em conseqüência da doença.

O vírus da dengue tem quatro subtipos. A pessoa que se infecta pela primeira vez adquire a dengue clássica. Curada, fica imune contra esse subtipo específico, mas não contra os outros três. Quando ocorre uma segunda infecção, a doença se manifesta de maneira mais violenta e pode matar.

De acordo com o boletim sobre a situação da dengue no País, divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério da Saúde, 559.954 casos foram registrados em 2007, 1.541 de dengue hemorrágica. Procurado pela reportagem, o secretário adjunto de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Fernando Pimenta, não foi encontrado. Em 2007, 86% dos casos de dengue hemorrágica foram concentrados nos Estados do Ceará, Rio, Maranhão, Pernambuco, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Piauí, Goiás, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. Em relação aos óbitos, 64% ocorreram nesses mesmos Estados.

São Paulo registrou o maior número de casos (82.912), enquanto o Rio liderou o ranking das mortes (29). A região Centro-Oeste, no entanto, teve a maior taxa de incidência do País (827 casos por 100 mil habitantes), sendo classificada como de alta incidência de dengue. Em 2007, foram notificados no Centro-Oeste 111.757 casos de dengue e confirmados 192 de hemorrágica, o que causou a morte de 35 pessoas.

04 fevereiro 2008

DESONESTIDADE BRASILEIRA: NÃO ESCAPAM NEM DEFUNTOS

Pais de jovens mortos em acidente em Miracatu denunciam sumiço de dinheiro das vítimas

Plantão | Publicada em 04/02/2008 às 10h33m

Gabriel Batista e Fabrício Calado Moreira, Diário de S.Paulo

SÃO PAULO - As famílias de três dos cinco jovens mortos no sábado em um acidente na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, em Miracatu, a 180 quilômetros da capital, denunciam que sumiram parte do dinheiro e pertences que eram carregados pelas vítimas. De acordo com os parentes, os jovens mortos viajavam com cerca de R$ 5 mil. Dizem que a Polícia Civil de Miracatu devolveu apenas um total de R$ 400. A polícia diz que devolveu pouco mais de R$ 1.200. O dinheiro, segundo os parentes, seria para pagar o imóvel alugado pelo grupo em Florianópolis (SC) para passar o carnaval.

Durante o velório dos jovens, os parentes estavam indignados. Eles contaram ainda que também desapareceram objetos como cartões de bancos, relógios, corrente de ouro, celulares e até acessórios do aparelho de som do carro destruído no acidente.

O delegado titular de Miracatu, José Wessler, afirmou ao jornal Diário de S.Paulo que recebeu R$ 1.237 apreendidos pela Polícia Militar Rodoviária, e que, desse valor, entregou R$ 823 ao padrasto e à mãe da vítima Bárbara Vasconcelos dos Santos, de 18 anos, e outros R$ 400 a um representante das outras famílias. Os parentes de Bárbara, no entanto, não foram localizados pela reportagem para confirmar a informação. Ainda segundo o delegado Wessler, o guincho da seguradora do carro levou o veículo com bolsas e pertences dentro.

Os cinco jovens mortos são de Santos e viajavam juntos, em um Corsa. O veículo em que estavam bateu de frente com um caminhão e todos morreram na hora.

O professor universitário Dalson Alves de Lima Graça, de 31 anos, que dirigia um EcoSport e também se envolveu no acidente, contou neste domingo que viu os policiais militares rodoviários que atenderam a ocorrência contando cerca de R$ 1.200 na delegacia de Miracatu.

- Desconheço qualquer roubo no local do acidente - disse Graça. No boletim de ocorrência do acidente, não há menção a valores.

O velório da vítima Camila de Oliveira Martins, de 19 anos, no Hospital Beneficência Portuguesa, em Santos, foi marcado pela indignação dos parentes diante do sumiço do dinheiro e pertences.

- Não queremos esse dinheiro de volta. Mas isso (o sumiço) é uma falta de respeito com a dor da gente - afirmou a avó da menina, Rosicler Andrea Martins.

Segundo o pai de Camila, o trabalhador portuário Ronaldo Martins Júnior, de 39 anos, a filha levava R$ 1 mil, celular e uma corrente de ouro, com o nome dela, no pescoço.

- Só devolveram a identidade - afirmou.

Para Rodrigo Bontempi da Silva, de 27 anos, que perdeu no acidente os irmãos Rackney (conhecido pelos amigos como Tiney), de 14, e Erick, de 20, um escrivão entregou os R$ 400 à família e disse:

- O que tem é isso aí.

Bontempi ressalta que os irmãos levavam o dinheiro em suas carteiras, que, segundo ele, foram devolvidas totalmente reviradas.

- Parece brincadeira. Sumiram o cartão do banco, o dinheiro e até o som do carro do meu irmão Erick. Do amigo dele, o Diego (Luiz Abud Garcia), desapareceu o relógio - disse Bontempi.

A Polícia Civil e a Polícia Militar Rodoviária afirmam que vão investigar o sumiço do dinheiro e dos pertences das vítimas se as famílias fizerem uma queixa formal. Segundo Fabiano Genofre, delegado-assistente do Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter) 6, responsável pela região do acidente, o procedimento normal é a polícia recolher os objetos do local e apresentá-los na delegacia.

- Se isso (sumiço de pertences e dinheiro) de fato ocorreu, obviamente que, se a família fizer uma reclamação formal, nós tomaremos as providências para apurar quem chegou primeiro ao local e se houve um saque - afirmou.

O tenente Marcos Negrinho, da Polícia Rodoviária Estadual, disse que o local do acidente fica distante "uns 13 quilômetros" da base da corporação. Ele também afirmou que, caso a família queira uma investigação formal do caso, basta entrar em contato.

Genofre disse também que a Delegacia Seccional de Registro, subordinada ao Deinter 6, foi contatada e verificará a queixa. Na seccional de Registro, o delegado Sebastião Corrêa informou, por meio de uma funcionária, que "o que está sendo denunciado (o furto) não consta do BO", mas incumbiu o delegado responsável pela ocorrência, José Wessler, de investigar o caso.

Wessler disse que o carro das vítimas foi liberado pelo Instituto de Criminalística, que fez a perícia, sem a Polícia Civil ser comunicada.

- A família do dono do carro (a vítima Erick Bontempi da Silva) mandou o seguro recolher. Há informações de que havia bolsas dentro do veículo.

De acordo com Rodrigo, Erick era o dono do Corsa e namorava havia cinco anos Camila de Oliveira Martins, de 19 anos, também morta no acidente. Erick dirigia o carro no momento da colisão. De acordo com outras pessoas que se envolveram no acidente, ele estava acima do limite de velocidade do trecho, que é de 80 quilômetros por hora, e perdeu o controle do carro. A família quer uma melhor apuração do acidente.

As outras duas vítimas, Bárbara Vasconcelos dos Santos, de 18 anos, e Diego Luiz Abud Garcia, de 21, eram amigos dos namorados Erick e Camila.

Erick era dono de um quiosque em Santos, no bairro de Aparecida (entre os canais 5 e 6), e tinha o irmão mais novo, Rackney, como seu ajudante.

Camila trabalhava em um bufê e estudava inglês, porque queria trabalhar em navios de cruzeiro. Erick também fazia o curso de inglês.

02 fevereiro 2008

BRASIL: CAMPEÃO MUNDIAL DE PARTOS CESÁRIOS

Pesquisa avalia motivos para a preferência por cesariana

Catarina Chagas
Agência Fiocruz de Notícias

“O Brasil é campeão do mundo em partos cesarianos”, afirma a epidemiologista Silvana Granado Nogueira da Gama, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz. Foi essa a constatação que motivou o trabalho de seu grupo de estudos na investigação dos fatores médicos, econômicos e culturais que levam às altas taxas de partos operatórios no país, sobretudo em serviços privados. O estudo foi composto de entrevistas e consultas aos prontuários de 437 grávidas atendidas em duas unidades do sistema de saúde complementar do Estado do Rio de Janeiro.

Para selecionar as instituições participantes, o critério foi, além do grande volume de partos, a clientela heterogênea das unidades, que atendem mulheres de diferentes classes sociais, faixas etárias e níveis de escolaridade. As entrevistas foram realizadas em 2006 e 2007 e abordaram todo o período de gestação das entrevistadas, questionando-as sobre sua preferência pelos tipos de parto no início e no final da gravidez, ambos posteriormente comparados ao tipo de parto efetivamente realizado.

Em relatório encaminhado à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a equipe da Fiocruz, que trabalhou em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, relatou que, embora 70% das gestantes não tenham manifestado preferência pela cesariana no início da gravidez, 90% delas tiveram esse tipo de parto. “Essas taxas não parecem se relacionar a fatores exclusivamente médicos, mas também a questões socioeconômicas e culturais”, explica Silvana. “Existe uma crença, principalmente nos níveis socioeconômicos mais elevados, de que a qualidade do atendimento obstétrico está associada à tecnologia utilizada no parto operatório”.

Segundo a pesquisa, entre os motivos para a opção pela cesariana estão o medo de sentir dor no parto normal – apesar da anestesia peridural e outros métodos não farmacológicos –, a preferência do parceiro, o histórico familiar, a experiência de partos anteriores e o desejo de ligar as trompas. Ao final da gestação, a porcentagem de mulheres que preferiam parto cesáreo dobrou em relação às preferências no estágio inicial da gravidez, atingindo 70% das entrevistadas. A justificativa para a mudança incluiu principalmente complicações como hipertensão, circular de cordão e alto peso do feto.

“Mesmo nesses casos, nem sempre a cesárea é indicada”, adverte a pesquisadora. Para detectar a real necessidade de parto operatório, os pesquisadores contaram com a avaliação independente de dois obstetras, que, caso divergissem, discutiam o caso para chegar a um consenso. A análise apontou que 91,8% das indicações de cesáreas foram inadequadas, de acordo com as observações no prontuário das pacientes.

Os resultados indicam que, na maioria das vezes, os médicos não buscam técnicas alternativas como fórceps e vácuo, cujo uso não foi relatado no estudo. “No mundo inteiro essas técnicas são utilizadas durante partos vaginais complicados e a ausência de parto instrumental no grupo estudado sugere uma opção dos profissionais da iniciativa privada pela cesariana”, interpreta a epidemiologista. “Por outro lado, o grande número de mulheres que buscam a cesariana para obter a laqueadura marca a necessidade de ampliar o acesso a outros métodos contraceptivos e à informação sobre outras formas desse procedimento”.

Outro dado observado foi o elevado índice de internações precoces das gestantes, o que ocasiona uma maior taxa de intervenções médicas. Em muitos casos, a cesariana foi feita sem tentativa de parto normal e apenas 8% das mulheres submetidas ao parto operatório haviam entrado em trabalho de parto. “Com a banalização da cesariana, as mulheres não estranham mais que os médicos indiquem tantas cirurgias e acabam abrindo mão de seu desejo inicial por um parto normal e concordando com a realização da mesma”, comenta.

A pesquisadora alerta ainda que a literatura médica assinala a possibilidade de complicações maternas e neonatais associadas à realização de cesarianas sem indicações obstétricas reais. A conscientização e maior informação das gestantes é estratégica para a reversão desse quadro e esta é a próximo etapa de pesquisa da equipe da Ensp, que iniciará um trabalho de incentivo ao parto normal em Belo Horizonte.

ERROS DE MEDICAÇÃO EM HOSPITAIS AINDA SÃO MUITO ELEVADOS NO BRASIL

Pacientes internados em hospitais brasileiros são vítima frequentes de erros de prescrição de medicamentos em razão da péssima caligrafia dos médicos, falta de comunicação das equipes de atendentes e erros no preparo e administração dos medicamentos

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Pesquisa realizada na unidade de clínica médica e na farmácia de um hospital universitário, integrante do projeto de Hospitais Sentinela da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), usado ainda como campo de estágio de centros formadores de profissionais de saúde, indicou graves problemas relacionados com a prescrição de medicamentos para os pacientes internados na referida unidade.

Foi observado que no processo de prescrição de medicamentos, 34,7% das prescrições estavam ilegíveis, ou parcialmente legíveis. Dentre as prescrições legíveis, pôde-se verificar que 94,9% estavam incompletas para um ou mais itens: 77,6% sem a apresentação do medicamento; 37,8% sem a forma de diluição; 21,4% sem a dose; 7,1% sem a via de administração e 5,4% não especificavam a freqüência com que o medicamento deveria ser administrado. Outro fator negativo identificado foi a utilização de abreviaturas, presentes em 95,9% prescrições.

Nos EUA, os erros durante a assistência prestada à saúde da população ocorrem em cerca de 14% dos pacientes hospitalizados, sendo que os erros de medicação foram responsáveis pela morte de, aproximadamente, 7.000 americanos e por cerca de 30% dos danos ocorridos durante a hospitalização, no ano de 1997.

O estudo teve duração de 21 dias, durante o qual foram analisados 294 prontuários dos pacientes internados na clínica médica e entrevistados 12 médicos, 20 profissionais de enfermagem (4 enfermeiros, 14 técnicos de enfermagem e 2 auxiliares de enfermagem) 8 profissionais da farmácia (3 farmacêuticos e 5 técnicos de farmácia).

Caligrafia dos médicos leva a erros de prescrição

Segundo o depoimento dos responsáveis pela prescrição dos medicamentos, os erros ocorrem devido à dificuldade de leitura e à incompreensão da letra do médico. O depoimento de alguns deles reflete bem a situação caótica vivida nas clínicas médicas dos hospitais:

... alguns médicos fazem uma caligrafia que não dá pra você ler. Você tem que olhar nas prescrições anteriores... Alguém que tem mais experiência tem que vir olhar, porque já conhece a letra.

... em outra situação, os médicos não prescrevem de forma completa e não descrevem se a medicação é via oral ou intra venosa, comprimido ou ampola, então a pessoa responsável pela distribuição do medicamento olha, não entende e envia o que vem na cabeça; é errado, mas acontece.

...várias vezes que eu estava de plantão a funcionária de enfermagem trazia a prescrição para perguntar para gente, e nem a gente entendia, e daí você tem que ligar para quem prescreveu para entender o que ela quer.

Falta comunicação durante a dispensação e distribuição dos medicamentos

No processo de dispensação e distribuição de medicamentos pôde-se observar a
existência de problemas de comunicação entre as equipes de farmácia, de enfermagem e de médicos quanto à existência ou não de medicamentos no hospital ou na unidade de internação. Nos relatos abaixo, vê-se que a dificuldade na comunicação resulta em prejuízo para o paciente.

...às vezes, a medicação fica sem ser feita porque não tem no hospital. A gente prescreve os antibióticos porque acredita que tenha e tem época em que o hospital tem deficiência desses medicamentos.

...a medicação acabou no hospital e não foi comunicado ao médico plantonista para mudança na prescrição.

...A funcionária de enfermagem é obrigada a olhar, ver se tem o medicamento, mas ela não avisou que não tinha e o paciente ficou sem a medicação.

Farmácia não fornece medicamento por falhas nas requisições

Identificou-se, também, que a farmácia deixa de fornecer à unidade medicamentos como psicotrópicos e antibióticos, devido a falhas no preenchimento das requisições padronizadas ou à falta das mesmas, ficando o paciente sem receber a terapêutica medicamentosa prescrita, sofrendo, portanto, um erro de omissão do medicamento ou um erro de horário.

...não administração de medicamentos por falta de controle de antibiótico ou psicotrópico, ou medicamento que acabou no hospital e não foi comunicado ao médico.

...Muitas medicações aqui funcionam através de controles, e o residente vem e prescreve, mas não faz o controle. A farmácia não manda o medicamento de jeito nenhum, então o paciente fica sem o antibiótico.

Preparo e administração do medicamento: falta o nome do paciente

Quanto ao processo de preparo e de administração de medicamentos, também se constataram problemas como: o preparo de medicamentos baseado em transcrições das prescrições em etiquetas nas quais não constavam os nomes dos pacientes, apenas o número do seu leito, dado insuficiente, pois com freqüência trocam-se os pacientes de leito e de enfermaria. Ressalta-se, aqui, o fato observado de que, na clínica referida, um transcreve, outro prepara e o outro administra o medicamento, fazendo com que o processo de medicar sofra múltiplas transferências de informações, o que pode gerar erros de medicação.

Outro problema observado foi o fato de a enfermagem administrar o medicamento sem falar com o paciente, chamando-o, no máximo, pelo nome. O hábito de chamar o paciente pelo nome não substitui a necessidade de assegurar a identificação do mesmo através da pulseira. O uso do código de barras nas pulseiras e do "scanner" (para leitura do mesmo), antes da administração do medicamento, constitui outra forma apropriada de assegurar que o medicamento prescrito está sendo administrado ao paciente correto. Estima-se a redução de cerca de 70% nas taxas de erros em uma instituição que utiliza um sistema de código de barras.

Em relação às anotações de enfermagem, a análise das prescrições indicaram que apenas 45,4% dos medicamentos não administrados apresentavam justificativas, sendo estas reduzidas a anotações simples como "não tem" e "falta na farmácia", além do círculo em torno do horário aprazado.

Os autores concluem o estudo indicando que os pontos frágeis na comunicação em cada um dos processos do sistema de medicação podem levar os profissionais a desenvolver atos inseguros como: prescrições de medicamentos incompletas e com abreviaturas não padronizadas que levam à incompreensão das mensagens enviadas; falhas no preenchimento de requisições e formulários que levam ao não fornecimento de medicamentos ao paciente; falhas no fornecimento de informações entre as equipes dos diferentes processos; uso de etiquetas de identificação dos medicamentos incompletas, assim como falta de comunicação entre as equipes e os pacientes, fazendo com que informações relevantes deixem de ser transmitidas.

Os problemas de comunicação acarretam transtornos nas atividades da equipe multidisciplinar, a ponto de os profissionais culparem-se uns aos outros pelas falhas, fatos que ocasionam desgastes emocionais, atrasos e/ou omissão na administração dos medicamentos e ainda geram gastos desnecessários às instituições hospitalares. O indicado é que os processos de medicação sejam revistos, ações pró-ativas e estratégias sejam implementadas, visando à melhoria da comunicação e garantia de uma terapêutica medicamentosa eficiente e segura aos pacientes.

Estratégias para minimizar os problemas

Entre as estratégias sugeridas para minimizar os problemas encontrados pela pesquisa, os autores citam as seguintes:

- Confecção, padronização e divulgação de processos, procedimentos e de protocolos;

- Implantação da prescrição eletrônica como forma de modernizar e tornar o sistema de medicação mais seguro ao garantir comunicação rápida e efetiva de informações entre elementos da equipe de saúde;

- Identificação do paciente com pulseiras ou braceletes. Enquanto os equipamentos para a utilização do código de barras podem ter um custo elevado, o emprego das pulseiras de identificação e a apropriada identificação no leito geram menor custo e, se utilizadas efetivamente, contribuem para minimizar a ocorrência de administração de medicamentos a pacientes errados;

- Incentivo do uso de pulseiras coloridas como uma forma de comunicar sobre alergias medicamentosas já conhecidas;

- Estabelecimento de efetiva comunicação com o paciente, estimulando-o a questionar os vários aspectos da terapêutica medicamentosa, atuando como parceiro no tratamento, devendo ser conscientizado de que tem direito à informação sobre seu transtorno e sobre os medicamentos prescritos. O uso de apostilas, livretos e/ou folhetos com explicações simples, que possam ser consultados sempre que necessário, pode constituir estratégia viável para o alcance desse objetivo;

O estudo foi publicado na edição de julho passado da Acta Paulista de Enfermagem (Volume 20, Nº 3) e tem entre seus autores a Professora Doutora da Universidade Federal do Acre, Simone Perufo Opitz. Clique aqui para ler o mesmo na íntegra.

01 fevereiro 2008

RECEITA FEDERAL DE MÃOS ATADAS EM RIO BRANCO

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

A imprensa local informa que ontem (31/01) a Receita Federal iniciou uma operação contra produtos importados no aeroporto de Rio Branco. Os fiscais estão apreendendo aparelhos importados e produtos estrangeiros sem notas fiscais dos passageiros que estão embarcando naquele aeroporto. A operação se chama 'Pente Fino'.

Para surpresa de todos, hoje (01/02) o Ministério Público Federal 'recomendou' que a Receita parasse com a operação pois, nas palavras do Procurador Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, "a legislação fiscal restringe este tipo de atividade às zonas aduaneiras primárias e que ninguém pode ser privado de seus bens sem o devido processo legal".

Para o bom entendedor, o recado do Procurador é o seguinte: os Fiscais da Receita deveriam estar fazendo este tipo de operação na área de fronteira, alí em Brasiléia, Epitaciolândia e Assis Brasil.

Lá é fronteira de verdade, lá é o local onde dezenas de pessoas tentam internalizar mercadorias de forma ilegal no país. Lá eles teriam mais 'chance' de cumprir com grande sucesso parte da missão para a qual foram contratados: fiscalizar as fronteiras para impedir a entrada de produtos ilegais no país.

Faz sentido reforçar o controle aduaneiro na fronteira com a Bolívia. Isso pode ser constatado pela quantidade e diversidade de produtos 'ilegais' vendidos no camelódromo de Rio Branco. Está claro que a ação da Receita Federal naquela região tem sido um fracasso retumbante!

Por esta ótica, fica a impressão que a prioridade de ação da Receita Federal no Acre está invertida. Não seria o caso de transferir de forma permanente para a região de fronteira a maioria dos fiscais baseados em Rio Branco?

Chega de operação isso e aquilo! Especialmente quando a Receita tem que mobilizar frotas de veículos, pagar diárias para os Fiscais etc. Sai muito caro para o bolso dos contribuintes, que já pagam um absurdo de imposto de renda.

Aumentar o contingente para fiscalizar a fronteira faz sentido por que, pela sugestão do Procurador Federal, os Fiscais baseados em Rio Branco não podem apreender produtos contrabandeados no Aeroporto e, muito menos, no camelódromo.

Nesta situação, o máximo que eles podem fazer é apreciar, desde os andares superiores da sede da Receita em Rio Branco, o livre comércio, no camelódromo, dos produtos internalizados de forma ilícita.

Tem-se a impressão de que eles, os Fiscais, devem se sentir frustrados com essa situação. Receber integralmente os salários e não poder cumprir sua missão da mesma forma.

Qualquer um se sentiria frustrado. E ficaria 'doidinho' para ir para a fronteira tentar barrar de uma vez por todas o contrabando de produtos ilegais! Ou não?

EMPRÉSTIMO CONSIGNADO: PROJETO VAI INCENTIVAR 'MALANDRAGENS'

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

O deputado Luiz Fernando Faria (PP-MG) está propondo o Projeto de Lei 2110/07 que determina que, em caso de gravidez ou de doença grave e incapacitante, os trabalhadores possam suspender o desconto em folha de pagamento dos empréstimos consignados.

Além da gravidez, as doenças que permitirão a suspensão dos descontos são as seguintes: moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, câncer, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, Mal de Parkison, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante) e aids.

Tanto no caso de gravidez como das doenças listadas, as condições devem ocorrer após a assinatura do contrato de empréstimo.

O projeto prevê ainda que, no caso de uma dessas ocorrências, o contrato de financiamento deverá ser renegociado para que se estabeleçam novas garantias, prazo de pagamento e taxa de juros.

A Lei 10.820/03, que criou as regras para esse tipo de financiamento, estabelece que a autorização para desconto em folha é irrevogável.

Fonte: com informações da Agência Câmara

Nota do Blog: Gravidez irresponsável, fraude nos laudos para a constatação de doenças, espertezas, malandragens, desonestidade... Sem falar que, em caso de aprovação do projeto, mulheres com 'perigo' de ficarem grávidas vão ter mais dificuldade de obter empréstimo. O nobre deputado deveria acordar e ver que ele está no Brasil, o país do 'jeitinho'. Seu projeto é mais um que incentiva os nossos cidadãos a trilharem o caminho do 'jeitinho' Deputado! Esqueça essa idéia!

AINDA DÁ TEMPO DE 'FECHAR A PORTA'

Embargo europeu à carne brasileira, desmatamento fora de controle. Só falta a ONU decidir pela 'intervenção' na Amazônia

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

A União Européia (UE) decidiu que a maior parte da carne brasileira vai ser impedida de entrar naquele continente. A alegação é que a maioria das fazendas brasileiras não atende às exigências sanitárias da UE. Pelos cálculos dos veterinários europeus, apenas 3% das fazendas daqui poderiam estar nessas condições - cerca de 300 propriedades.

Com a suspensão da exportação, a carne exportada passará a ser vendida no mercado interno, jogando para baixo o preço da carne. Boa notícia para os consumidores brasileiros. Má notícia para os 'donos da Amazônia'. E agora, como é que eles ficam? No prejuízo? Parece. Desta vez eles não vão ter muito o que fazer. Vão quebrar e arrebentar em cima de quem?

É esperar para ver no que vai dar. Mas alerto que eles, os 'donos da Amazônia', como brasileiros típicos, seguramente vão tentar algum tipo de artimanha para não saírem perdendo com esse episódio. Afinal, eles vivem no Brasil, onde é fácil 'empurrar com a barriga' o mais grave dos problemas.

Querem um exemplo? As multas por derrubadas ilegais aplicadas pelo IBAMA. Até hoje ninguem pagou um centavo. E nem por isso os 'donos da Amazônia' deixaram de conseguir financiamentos nos bancos para continuar a expansão dos seus negócios, e, por tabela, a destruição da região.

E não adianta o governo recorrer à justiça. Os acusados recorrem antes e com isso garantem que o pagamento das multas fique para quando 'deus quiser'. Na verdade tudo é feito para que as multas não sejam pagas. E em breve um parlamentar da base aliada dos 'donos da Amazônia' vai propor a anistia para as multas. A justificativa? Vivem fazendo isso com a dívida dos plantadores de soja. Porque a discriminação contra os criadores de gado? Ainda mais eles, que estão acostumados a 'quebrar e arrebentar' quem quer que lhes cruze o caminho.

Entretanto é bom que fiquem alertas. Embargo à carne, aumento de desmatamento na região...é muita notícia ruim ao mesmo tempo. Cuidado! Nem todo mundo é leniente com o que está acontecendo na Amazônia como os brasileiros, especialmente os que não vivem na região. Se eles, 'os donos da Amazônia', acham que podem continuar a fazer indefinidamente o que sempre fizeram na região, outros, em lugares bem distantes daqui, podem estar pensando diferente.

Afinal, não parece ser uma coisa justa que, em nome da criação de algumas cabeças de gado e da garimpagem de madeira, a maior floresta tropical do planeta esteja desaparecendo tão rapidamente.

E se os 'donos do mundo' decidirem que é chegada a hora de dar um basta a esse 'faz de conta' brasileiro de que nós estamos 'protegendo' a Amazônia?

Você duvida que isso possa ocorrer não é mesmo? Continue duvidando e fique despreparado. Seja bem brasileiro e faça verdade o ditado que diz que nós 'só fechamos a porta depois que ela é arrombada'.

Henrique Cortez, do Blog Ecodebate, colocou bem o que pode vir a ser o primeiro passo nessa direção ao afirmar que teremos, inicialmente, "problemas nas relações multilaterais, no acesso aos financiamentos internacionais e no boicote aos nossos produtos e serviços, inclusive justificando uma renovada onda protecionista. Este é um risco real e imediato."

Eu estou consciente disso. Seria bom você parar para pensar. E se preparar para o pior

NOSSA AMAZÔNIA. NOSSA?

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

...E continuaremos repetindo à exaustão que este equivocado modelo de desenvolvimento é apenas um processo exploratório, irresponsável e ganancioso, que atende a uma minoria poderosa, rica e politicamente influente.

Para que a “nossa” Amazônia seja realmente nossa, precisamos retoma-la dos grileiros, madeireiros ilegais, agro-gananciosos, garimpeiros ilegais e outros devastadores, incluindo políticos que ainda agem como donatários das Capitanias Hereditárias. Ela será nossa na exata medida em que formos efetivamente responsáveis pelo seu destino.

Não creio que corremos o risco real de ter a “nossa” Amazônia invadida em prol da governança global, mas certamente teremos problemas nas relações multilaterais, no acesso aos financiamentos internacionais e no boicote aos nossos produtos e serviços, inclusive justificando uma renovada onda protecionista. Este é um risco real e imediato.

Não há como negar que seremos cobrados e muito. Cobrados e com razão. Mas ainda temos tempo e oportunidade de dizer a nós mesmos, antes de dizer ao mundo e aos nossos vizinhos, que somos capazes de agir com responsabilidade e seriedade.

*Excerpts do texto 'O mito da internacionalização da Amazônia', publicado por Henrique Cortez, ambientalista, coordenador do portal e do blog EcoDebate