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30 abril 2009

EVOLUÇÃO DAS FOCAS E LEÕES MARINHOS

Da terra para o mar: Fóssil de 24 milhões de anos preenche lacuna na evolução da família de focas e leões-marinhos

Reconstituição artística do Puijila darwini, que marca uma transição dos mamíferos terrestres para ambientes aquáticos. Seus membros mais curtos e achatados facilitavam a busca de alimentos em rios e lagos
(arte: Mark A. Klingler / Museu Carnegie de História Natural).


Focas e leões-marinhos têm de fato um ancestral terrestre, conforme sugeriu Charles Darwin há 150 anos. A confirmação veio com a descoberta no Canadá de grande parte do esqueleto de um animal que viveu há cerca de 24 milhões de anos. A espécie, batizada de Puijila darwini, representa provavelmente uma transição dos mamíferos terrestres para o mar.

Os fósseis desse animal foram descobertos em uma cratera na ilha Devon, no distrito de Nunavut, extremo norte canadense. A descrição da nova espécie, feita por pesquisadores do Canadá e dos Estados Unidos, foi publicada esta semana na revista Nature.

Embora o Puijila tivesse o corpo mais parecido com o de uma lontra do que com o das focas e leõs-marinhos modernos, sua descoberta confirma a hipótese de que a família desses animais (denominados pinípedes) teria um ancestral que passou a maior parte da vida em terra. Até hoje, o fóssil mais antigo da família dos pinípedes conhecido era o Enaliarctos, que já apresentava boa adaptação à vida marinha. Essa espécie viveu no início do Mioceno, entre 20 e 24 milhões de anos atrás.

Ilustração do esqueleto do Puijila darwini; os ossos em tom escuro foram encontrados no norte do Canadá. O esqueleto estará exposto até maio no Museu Canadense da Natureza, em Ottawa (arte: Alex Tirabasso / Museu Canadense da Natureza).

“O Puijila é importante por nos fornecer uma primeira visão sobre os estágios mais remotos de uma importante transição na evolução das espécies”, diz à CH On-line a paleontóloga Natalia Rabczynski, do Museu Canadense da Natureza, primeira autora do trabalho. Ela explica que, embora o esqueleto do animal tenha características adequadas à vida em terra, como a cauda longa e músculos dos membros bem desenvolvidos, as patas eram achatadas e curtas, o que facilitaria a locomoção em rios e lagos.

Rabczynski lembra que as evidências disponíveis até agora de que os pinípedes teriam um ancestral terrestre eram contraditórias. Um outro animal (o Potamotherium) cujos fósseis foram descobertos há mais de 150 anos gerava discussões no meio científico. “Esse mamífero poderia ser um pinípede, mas diversos pesquisadores achavam que ele seria da família das lontras e fuinhas”, diz a pesquisadora. “Nossa descoberta sugere que ambos – Potamotherium e Puijila – são pinípedes, ainda que o último seja anatomicamente mais primitivo.”

Hipótese de Darwin confirmada
Os pesquisadores supõem que os pinípedes tenham migrado, inicialmente, da terra para águas doces e, dali, para o mar aberto – no atual oceano Ártico. Fósseis de plantas e outros animais encontrados no norte do Canadá indicam que, durante o Mioceno, a área apresentava clima temperado. “Os invernos severos, que incluem o congelamento de rios e lagos, teriam feito com que estes animais procurassem comida no litoral, e então em alto-mar”, acrescenta Rabczynski.

O novo mamífero foi batizado de Puijila darwini, já que sua descoberta confirma a hipótese proposta por Darwin no livro A origem das espécies, publicado em 1859. O naturalista britânico sugeriu que animais terrestres que ocasionalmente caçavam em rios e lagos teriam se tornado semiaquáticos e puderam, com isso, explorar os oceanos em busca de alimento. Puijila, na língua da população esquimó nativa da região de Nunavut, significa “jovem mamífero do mar”.


Barbara Marcolini
Ciência Hoje On-line

EXTINÇÃO DOS DINOSSAUROS: SERÁ QUE FOI MESMO UM ASTERÓIDE?

Teoria do fim dos dinossauros por conta da queda de um asteróide no México leva grande baque por conta de novo estudo que aponta que extinção teria ocorrido pelo menos 300 mil anos após impacto

Impacto (não) fulminante

Agência FAPESP – A conhecida teoria de que os dinossauros teriam sido extintos pelas consequências da queda de um asteroide há 65 milhões de anos acaba de levar um importante golpe.

Segundo um novo estudo, o impacto que formou a cratera de Chicxulub, no México, com 180 quilômetros de diâmetro, não levou à extinção em massa no fim do período Cretáceo, quando desapareceu uma enorme quantidade de espécies de animais e plantas.

Em artigo publicado na edição desta segunda (27/4) do Journal of the Geological Society, um grupo internacional de pesquisadores descreve que a queda do asteroide teria ocorrido pelo menos 300 mil anos antes da extinção.

O estudo, feito a partir de análises em cortes de sedimentos rochosos, foi coordenado por uma das principais opositoras da teoria de que a extinção teria sido provocada pelo impacto, Gerta Keller, da Universidade Princeton, nos Estados Unidos.

“Keller e colegas continuam a reunir informações estratigráficas [ramo da geologia que estuda a sucessão das camadas ou estratos que aparecem em um corte geológico] detalhadas que confirmam uma nova compreensão a respeito do impacto de Chicxulub e a extinção no fim do Cretáceo. Os dois eventos podem não ter qualquer relação”, disse Richard Lane, diretor da Divisão de Ciências da Terra da National Science Foundation (NSF), que apoiou o estudo.

“Verificamos que entre 4 e 9 metros de sedimentos foram depositados a cerca de 2 ou 3 centímetros a cada mil anos após o impacto. O nível da extinção em massa pode ser observado em sedimentos bem acima desse intervalo”, disse Gerta.

Defensores da teoria de Chicxulub apontam que a cratera e o evento de extinção aparecem distantes no registro sedimentar por conta de distúrbios provocados pelo terremoto ou por um tsunami resultante do impacto do asteroide.

“O problema com essa ideia é que o complexo de arenito não foi depositado por horas e dias, como seria o caso em um tsunami, mas sim por um período muito longo”, disse Keller. O estudo verificou que os sedimentos que separam os dois eventos são característicos de sedimentação normal, sem evidência de distúrbios estruturais.

Os cientistas também encontraram evidências de que o impacto de Chicxulub não teve o efeito dramático na diversidade de espécies tal qual se estimava. Em escavação na região de El Penon, o grupo encontrou registros de 52 espécies em sedimentos abaixo da camada do período do impacto e as mesmas 52 em sedimentos acima, ou mais recentes.

“Não encontramos sinal de uma única espécie que foi extinta como resultado do impacto de Chicxulub”, afirmou Gerta.

A pesquisadora sugere que a extinção poderia ter sido causada por erupções vulcânicas massivas ocorridas na atual Índia. Os eventos teriam liberado enormes quantidades de gases e poeira que poderiam ter bloqueado grande parte da luz solar e causado efeito estufa de grande dimensão.

O artigo de Gerta Keller e outros pode ser lido por assinantes do Journal of the Geological Society em http://jgs.geoscienceworld.org.

(imagem: Nasa)

29 abril 2009

EPILEPSIA

Em pesquisa sobre alterações na expressão gênica de marcadores ligados ao processo inflamatório, grupo da Unifesp identifica receptores ligados ao desenvolvimento da doença

Mecânica da epilepsia

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – Ao estudar as alterações na expressão gênica de marcadores moleculares ligados ao processo inflamatório na epilepsia do lobo temporal, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) identificou, em uma série de estudos com ratos e camundongos, dois receptores de cininas responsáveis pela excitabilidade neuronal.

As cininas são polipeptídeos gerados no sangue e em tecidos durante o processo inflamatório da doença. Os pesquisadores estudaram as alterações moleculares ligadas à geração de crises epilépticas visando à obtenção de novas abordagens terapêuticas para o controle da excitabilidade neuronal na epilepsia.

No estudo, que teve apoio da FAPESP na modalidade Auxílio a Pesquisa – Projeto Temático, foi verificada uma ação excitatória para os receptores B1 e uma ação neuroprotetora para os receptores B2 de cininas. As cininas têm papel fundamental no processo inflamatório da epilepsia e os cientistas observaram um aumento desses dois receptores na área do cérebro conhecida como hipocampo.

“Os camundongos passaram por uma técnica conhecida como ‘nocaute’ para os receptores B1 e B2 de cininas. Os animais foram geneticamente modificados para não produzir esses dois receptores e, em seguida, submetidos ao modelo de epilepsia induzido por pilocarpina [droga injetada em altas concentrações nos animais para a geração do chamado 'estado de mal epiléptico'], explicou a coordenadora da pesquisa Maria da Graça Naffah-Mazzacoratti, professora do Departamento de Bioquímica da Unifesp, à Agência FAPESP.

O trabalho foi desenvolvido em colaboração com o professor João Bosco Pesquero, do Departamento de Biofísica da Unifesp. Segundo Maria da Graça, os camundongos encontraram mais dificuldades em desenvolver epilepsia após a anulação do receptor B1, enquanto na ausência do receptor B2 os animais desenvolveram mais rapidamente a doença.

“Como conclusão, podemos dizer que o receptor B1 é epileptogênico e o B2 é protetor. Essa associação, verificada pela primeira vez, também foi estudada em humanos e mostra que tanto o tecido de pacientes submetidos à cirurgia para remoção do foco epilético como os animais experimentais têm expressão aumentada desses dois receptores ligados ao processo inflamatório e relacionados com a formação e manutenção da excitabilidade do cérebro”, explicou a professora também ligada à Disciplina de Neurologia Experimental da Unifesp.

A pesquisa identificou ainda a ação de substâncias potencialmente protetoras do cérebro, tais como a melatonina (hormônio produzido pela glândula pineal) e o ômega 3, ácido graxo encontrado em altas concentrações em alguns peixes e na membrana dos neurônios.

“Os resultados mostram que a melatonina pode proteger o cérebro de crises, o que é um achado importante, embora não tão inédito quando comparado a outros estudos internacionais. O ômega 3, por sua vez, além de também reduzir crises, se mostrou capaz de diminuir as disritmias cardíacas induzidas pela doença, reduzindo assim o risco de morte súbita”, disse.

Dano cerebral diminuído

Com base nesses resultados, os pesquisadores poderão estudar a utilização da melatonina em pacientes com o objetivo de minimizar o dano cerebral e reduzir o desenvolvimento da epilepsia do lobo temporal, que é refratária a medicamentos.

“A idéia é que a melatonina não seja utilizada sozinha, mas como coadjuvante com outras drogas atualmente empregadas no controle das crises”, apontou Maria da Graça.

Os animais do estudo, todos machos e adultos, tiveram epilepsia induzida por pilocarpina (alcalóide encontrado na folha do jaborandi), gerando uma crise de longa duração capaz de eliminar neurônios em várias áreas do cérebro, principalmente no hipocampo.

O impacto do exercício físico sobre os mecanismos ligados ao controle de crises epilépticas também foi analisado e os resultados indicam que os exercícios têm ações benéficas sobre o cérebro, induzindo uma proteção neural. Os animais treinados diariamente apresentaram um número menor de crises convulsivas do que os animais não treinados.

Os trabalhos desenvolvidos pelos pesquisadores têm mostrado uma função bastante importante do exercício físico na plasticidade cerebral. “Especificamente, no modelo experimental de epilepsia, usado no Projeto Temático apoiado pela FAPESP, verificamos que o exercício físico induz um aumento na expressão de proteínas ligadas aos neurônios gabaérgicos – que protegem o cérebro da excitabilidade induzida pela epilepsia, impedindo crises convulsivas”, disse.

Segundo ela, o projeto, intitulado “Alvos moleculares na plasticidade neuronal em diferentes modelos experimentais”, gerou até o momento 58 artigos publicados em revistas científicas nacionais e internacionais.

A epilepsia atinge cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo. “Em países em desenvolvimento a incidência é de 50 por 100 mil pessoas e cerca de 30% dos pacientes apresentam epilepsia refratária às medicações disponíveis atualmente. A epilepsia refratária é aquela de difícil controle com medicamentos e que muitas vezes necessita de intervenção cirúrgica”, disse Maria da Graça.

Outros estudos sobre o assunto conduzidos pelo mesmo grupo, em parceria com os professores Esper Abrão Cavalheiro, Débora Amado, Maria Jose Fernandes, Fúlvio Scorza e Ricardo Arida, ainda estão em andamento no âmbito do programa Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisas sobre o Cérebro (CInAPCe).

Criado em 2007 pela FAPESP para apoiar projetos de pesquisas em neurociências, o programa tem foco em pesquisas relacionadas ao estudo da epilepsia a partir de análises de neuroimagem.

Mais informações: www.cinapce.org.br

(foto: Hipocampo/Divulgação)

O ABACATE E SEU PODER MEDICINAL

O óleo de abacate possui, em sua composição, substâncias bioativas capazes de prevenir e controlar as dislipidemias (presença de níveis elevados ou anormais de lipídios e/ou lipoproteínas no sangue)

Abacate contém substâncias que previnem e controlam dislipidemias

Agência USP de Notícias

O óleo de abacate possui, em sua composição, substâncias bioativas capazes de prevenir e controlar as dislipidemias (presença de níveis elevados ou anormais de lipídios e/ou lipoproteínas no sangue). A constatação foi feita num estudo realizado no Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nurtrição da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba. A pesquisa, publicada na Revista Ciência e Tecnologia de Alimentos, avaliou o potencial do óleo para o consumo humano e os processos de extração e refino da substância para utilização na indústria alimentícia.

"Os abacates foram colhidos no seu estado de maturação quando ainda se apresentavam firmes", conta a professora Jocelem Mastrodi Salgado, da Esalq, coordenadora do trabalho. "Logo após, foram armazenados à temperatura ambiente, até atingirem seu ponto de maturação, ou seja, quando os frutos amolecem e cedem à leve pressão feita com os dedos". A variedade Margarida foi selecionada por encontrar-se facilmente disponível no mercado brasileiro e apresentar teor de matéria graxa ao redor de 20%.

Os resultados mostraram que os processos de extração e refino do óleo a partir dessa variedade do abacate são tecnicamente viáveis, o que o torna excelente matéria-prima para a indústria de alimentos. Além disso, possui um perfil de ácidos graxos e esteróis muito semelhante ao perfil do azeite de oliva, podendo desta forma, substituir o óleo de soja e ser utilizado juntamente com o azeite de oliva nos óleos mistos, oferecendo ao consumidor brasileiro um produto de qualidade superior e com menor custo.

Vitamina

Concluiu-se ainda que o óleo de abacate, da variedade estudada, é uma boa fonte de vitamina E, pois 30 mililitros (ml) deste óleo atendem a 18% das necessidades diárias de um adulto. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que estabelece diretrizes para os alimentos que utilizam informação nutricional complementar, para ser considerado alimento rico ou com alto teor de uma determinada vitamina, o mesmo precisa oferecer no mínimo 15% do valor correspondente ao previsto na tabela de Ingestão Diária Recomendada (IDR). Portanto, caso esse óleo venha ser comercializado no varejo, é possível utilizar essa alegação em sua rotulagem.

Os resultados confirmam a possibilidade de utilizar o óleo de abacate em substituição ao azeite de oliva ou como matéria-prima para a indústria alimentícia, pois suas composições nutricionais são muito semelhantes. "No entanto, são necessários mais estudos para melhorar o sabor e o aroma deste óleo", pondera Jocelem Salgado.

Para executar a pesquisa, separou-se a polpa das outras partes da fruta. A polpa fresca foi seca em estufa e, posteriormente, moída para a obtenção de um farelo. O óleo obtido do farelo foi extraído e caracterizado. O experimento foi realizado nos laboratórios de Bromatologia e Óleos e Gorduras da Esalq e foram utilizados frutos de abacate da variedade Margarida, provenientes da região de Piracicaba (interior de São Paulo).

28 abril 2009

CONTROLE DA DENGUE

Brasil só controlará a dengue com trabalho coletivo, diz professor

Paula Lourenço
Agência Fiocruz de Notícias

A epidemia de dengue ocorrida no ano passado em vários estados brasileiros, sobretudo no Rio de Janeiro, ainda está na memória da população. Neste ano, a presença do mosquito Aedes aegypti foi reduzida na maior parte do país, mas até quando deve durar a trégua com o transmissor desta doença? O professor Paulo Sabroza, do Departamento de Endemias Samuel Pessoa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), afirmou, em palestra nesta terça-feira (14/4), que, enquanto o Brasil não trabalhar de forma coletiva o controle da dengue, produzindo informação que auxilie no combate à doença, o risco de epidemia persistirá.

Segundo Sabroza, a dengue, diferentemente de outras doenças, não responde satisfatoriamente a programas do governo federal dedicados a orientar os gestores de saúde sem a participação popular. A maneira adequada de “derrotar” o mosquito, na opinião do professor, é fazer a transição do atual modelo de vigilância em saúde, que é justamente este de orientação ao gestor, para a vigilância da saúde, que inclui a produção de informação para que os atores sociais tenham condições de agir de forma coletiva. “Mas isso deve ocorrer sem jogar toda a responsabilidade para a comunidade”, destacou o professor em sua apresentação durante o debate “A promoção da saúde no controle da dengue”, promovido pelo Programa de Controle da Dengue em Manguinhos (PCDM).

O modelo de vigilância da saúde, em fase de implementação no Brasil, tem como foco a vigilância dos problemas coletivos de saúde, a vigilância da base territorial local e municipal e o comprometimento com a redução das vulnerabilidades socioambientais. Isto inclui promover o fim da intermitência no abastecimento de água nas moradias e da falta de ações de combate ao Aedes em imóveis fechados, geralmente transformados em grandes criadouros do mosquito; orientar a produção e a difusão de informação sobre análises de situações de saúde e seus determinantes socioambientais; e utilizar diferentes métodos e fontes de informações.

“A realidade é que temos pouca informação sobre saneamento, não temos índice de infestação de mosquitos por logradouro e o registro do número de casos de dengue que dispomos nem sempre reflete a realidade, ou seja, nem sempre esta estatística revela se a área está mais ou menos infestada, já que pode haver bairro com a população imune ao vírus”, argumentou Sabroza. O professor destacou, ainda, que não adianta ter a informação consolidada se não houver quem organize e promova sua difusão. “Só o conjunto de informação integrada permite o controle eficaz da dengue”, concluiu.

(Foto: Peter Ilicciev/CCS/Fiocruz)

A EXTINÇÃO DA REALEZA ESPANHOLA FOI GENÉTICA

A queda de uma dinastia: dados genéticos apoiam teoria de que uniões consanguíneas extinguiram linhagem de reis espanhóis


[Brasão da linhagem espanhola da dinastia Habsburgo, que governou a Espanha por quase duzentos anos (imagens: Wikimedia Commons).]

Uma hipótese histórica sobre o fim de uma linhagem de reis que dominaram a Espanha entre 1516 e 1700 – e da qual descende a família real brasileira – acaba de ganhar o apoio de evidências genéticas. Um grupo de pesquisadores espanhóis mostra que a alta frequência de casamentos entre parentes próximos pode ter levado à concentração de problemas genéticos nos descendentes da linhagem espanhola da dinastia Habsburgo e culminado com sua extinção.

O braço espanhol da dinastia Habsburgo foi fundado por Filipe I, que entre 1504 e 1506 foi rei de Castela, hoje parte da Espanha. Seu filho, Carlos I, ocupou o trono dos reinos de Aragão e Castela a partir de 1516 e tornou-se o primeiro rei da Espanha em 1555, após a unificação do país.

Sob o comando dos Habsburgo, a Espanha alcançou o apogeu de seu poder e influência na Europa. Em 1700, no entanto, o rei Carlos II (tataraneto de Carlos I) morreu sem ter deixado filhos de seus dois casamentos. Então, a linhagem espanhola dos Habsburgo desapareceu e a dinastia francesa Bourbon chegou ao trono espanhol.

Segundo relatos históricos, o rei Carlos II – apelidado de “o enfeitiçado” – era física e mentalmente incapacitado. Até os quatro anos, ele não falava e só começou a andar aos oito anos. Sofria de problemas intestinais, inchaços nos pés, pernas, abdômen e face, ejaculação precoce e infertilidade. Morreu aos 39 anos, com aparência de velho, após episódio de febre, dor abdominal, dificuldade respiratória e coma.

Herança genética

Historiadores sugerem que a principal causa dos problemas de saúde do rei Carlos II teria sido a preferência da linhagem espanhola dos Habsburgo por casar com parentes próximos (endogamia), na tentativa de conservar sua herança sempre nas mesmas mãos. Geralmente há um aumento da incidência de doenças genéticas em filhos de casais consanguíneos, porque existe maior probabilidade de que eles herdem duas versões iguais – uma do pai e outra da mãe – de genes recessivos raros e prejudiciais, em função da existência de ancestrais comuns que carregavam esses genes.

Para verificar essa hipótese, pesquisadores liderados por Gonzalo Alvarez, da Universidade de Santiago de Compostela (Espanha), calcularam, por meio de um programa de computador, o que eles chamam de coeficiente de endogamia dos reis espanhóis da dinastia Habsburgo. Esse valor indica a probabilidade de um indivíduo herdar de seus pais duas cópias idênticas de um gene.

O cálculo foi feito a partir de informações sobre mais de 3 mil antepassados do rei Carlos II ao longo de 16 gerações. Os pesquisadores constataram que nove dos onze casamentos da dinastia espanhola envolviam parentes biológicos.

[Carlos II, o último rei espanhol da dinastia Habsburgo, retratado por Juan Carreño de Miranda em 1685.]

O estudo, publicado esta semana na PLoS One, mostra que o coeficiente de endogamia dos Habsburgo aumentou cerca de dez vezes ao longo das gerações. Os reis espanhóis com maior semelhança em seu genoma eram Carlos II e seu avô, Filipe III, que provavelmente tinham mais de 20% dos genes herdados do pai e da mãe iguais. Embora fossem filhos de casamentos entre tio e sobrinha, eles apresentavam coeficientes de endogamia quase tão altos quanto os de descendentes de uniões entre pais e filhos e entre irmãos.

Combinação de genes recessivos

“Alguns dos problemas de saúde sofridos por Carlos II poderiam ter sido causados pela ação de genes recessivos prejudiciais, devido ao seu alto coeficiente de endogamismo”, afirmam os pesquisadores no artigo. Com base nos conhecimentos médicos atuais, a equipe especula que a ocorrência simultânea de duas diferentes doenças genéticas poderia explicar o quadro de saúde complexo do rei Carlos II, inclusive a infertilidade que levou à extinção de sua dinastia.

Segundo os pesquisadores, os efeitos dos casamentos consanguíneos também se refletiam na alta taxa de mortalidade infantil entre os Habsburgo na Espanha. Um levantamento feito pela equipe mostrou que, entre 1527 e 1661, das 34 crianças nascidas na família real espanhola, dez (29,4%) morreram antes de completar um ano e metade não chegou aos 10 anos. Esses valores são bem mais altos do que a taxa de mortalidade infantil dos povoados hispânicos da época, que era de 20%.

Mas os autores ressaltam que essas evidências são indiretas. Os efeitos nocivos sobre a saúde e as taxas de mortalidade infantil poderiam estar associados a causas ambientais ou defeitos genéticos não relacionados a casamentos consanguíneos.

Embora não tenha deixado descendentes diretos, a linhagem espanhola dos Habsburgo figura entre os ancestrais da família real brasileira. Mariana da Áustria, mãe do rei Carlos II, era irmã de Leopoldo I, bisavô do rei de Portugal D. João VI. Este, por sua vez, também era filho de casamento consanguíneo – entre D. Maria I, “a louca”, e o tio dela, Pedro III, neto de Leopoldo I. Quis o destino que o parentesco de seus pais não gerasse graves consequências para D. Joao VI, que teve nove filhos – um deles, D. Pedro I, que proclamou a independência do Brasil.

Thaís Fernandes
Ciência Hoje On-line

27 abril 2009

A BOA CACHAÇA BRASILEIRA

O melhor da cana: Técnica avançada é usada para analisar componentes da cachaça e aprimorar processo de produção

[A análise dos componentes de cachaças artesanais apontou processos de produção que alteram a qualidade da bebida (foto: Ludmila Tavares).]

Se você é daqueles que não resistem a uma boa cachaça de alambique, saiba que a ciência está trabalhando a seu favor. Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) viajaram até a Austrália para examinar as características da bebida em um equipamento ultramoderno, o que permitirá aprimorar seu processo de produção. Tudo isso para melhorar a qualidade da tradicional cachaça mineira e torná-la ainda mais saborosa.

O objetivo do estudo era comparar as variações químicas de diferentes cachaças – especialmente as de fabricação artesanal – e relacioná-las aos seus processos de produção. A ideia surgiu depois que o químico Patterson Souza, que é consultor científico da Associação Mineira de Produtores de Cachaça de Qualidade (Ampaq), foi questionado pelos próprios produtores sobre quais processos artesanais seriam mais benéficos.

“Como as receitas das cachaças são passadas de geração para geração, os produtores se preocupavam em manter a tradição, sem pensar em como as técnicas de produção alteravam a qualidade do produto”, conta o pesquisador, que realizou o estudo em sua tese de doutorado, sob a orientação da química Zenilda Cardeal, do Departamento de Química da UFMG. Os resultados foram publicados em março no Journal of Chromatography A.

A cachaça é feita a partir da fermentação e posterior destilação do líquido extraído da cana-de-açúcar ou do melaço obtido na fabricação do açúcar, mas o processo de produção pode variar. Para a pesquisa, foram analisadas cachaças artesanais e industriais fabricadas em Minas.

Os testes mostraram que a cachaça artesanal bidestilada, produzida em alambique, conserva melhor os compostos de sua matéria-prima. Elas têm grande concentração de ésteres e alcoóis, que garantem à bebida aroma e sabor característicos.

Um dos métodos artesanais avaliados pelos pesquisadores incorpora uma resina à cachaça para eliminar moléculas de cobre que poderiam alterar o sabor da bebida. “Muitos produtores usam apenas essa técnica e alguns a complementam com uma filtragem em carvão”, diz Souza.

A análise mostrou que o uso da resina agrega à cachaça compostos nocivos (chamados ftalatos), que podem provocar irritações na garganta e até câncer. “O interessante é que o filtro de carvão retira esses compostos sem alterar o sabor da bebida”, conclui o químico.

Técnica pouco conhecida

Para fazer a análise, os químicos usaram uma técnica ainda pouco conhecida na América Latina – chamada cromatografia bidimensional abrangente –, que permite separar e identificar os componentes da cachaça. Os testes foram realizados no Instituto de Tecnologia Real de Melbourne, na Austrália, onde fica o maior núcleo de cromatografia multidimensional do mundo.

Souza explica que o estudo não poderia ser feito sem o uso dessa técnica, pois a cachaça é uma bebida muito complexa, com uma enorme variedade de componentes. “Em termos químicos, a cachaça brasileira está em pé de igualdade com o uísque”, compara. “A vodca e o rum, por exemplo, são bebidas menos ricas.”

O equipamento usado pelos pesquisadores tem duas colunas, que separam os compostos da substância analisada em função de seu número de carbonos e, depois, da distribuição das cargas elétricas em volta de suas moléculas (polaridade). “No processo convencional, a solução só passa pela primeira coluna, o que permite identificar no máximo 30 componentes”, explica Souza. “Já a cromatografia bidimensional pode separar matrizes mais complexas, pois tem um poder de resolução mil vezes maior.”

Essa técnica, no entanto, ainda é pouco difundida. O Brasil é o único país da América do Sul onde existe pessoal capacitado para realizar a análise. O equipamento usado, por sua vez, só é encontrado atualmente na Austrália, Itália, Holanda e Estados Unidos.

Os pesquisadores brasileiros agora aguardam financiamento para a criação do Centro Mineiro de Cromatografia Avançada. Além da análise de bebidas, a técnica também pode ser usada na identificação de pesticidas em alimentos e no estudo dos componentes de medicamentos.

Barbara Marcolini
Ciência Hoje On-line

DECIFRADO O GENOMA BOVINO

Pesquisa aponta semelhanças entre o homem e o boi

Da Redação, Agência USP

O genoma bovino tem pelo menos 22 mil genes e a maioria dos cromossomos corresponde na sua totalidade, ou em partes, aos cromossomos humanos. Essa é uma das principais conclusões do projeto “Sequenciamento do Genoma Bovino”, que será publicado nesta sexta-feira (24) na revista norte-america Science, uma das importantes do mundo, editada pela Sociedade Americana para o Avanço da Ciência. Os resultados práticos dessa pesquisa podem, por exemplo, beneficiar a produção de carne e leite na melhoria da qualidade dos produtos derivados do boi.

O estudo foi realizado por um consórcio de 305 pesquisadores de 25 diferentes países, incluindo a USP Ribeirão. Teve por objetivo seqüenciar o genoma do boi e descrever como os genes estão ordenados no genoma, além de anotar as sequências, ou seja, adicionar a elas informação sobre a função biológica das proteínas que esses genes codificam para conhecer melhor a evolução dos bovinos e suas características biológicas.

A ciência já sabia que os homens e os bovinos divergiram de um ancestral comum que viveu há 95 milhões de anos. Segundo Harris Lewin, da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, Estados Unidos, e um dos principais analistas do genoma bovino, apesar desse longo período de evolução, os bovinos e humanos ainda assim conservam um grande grau de similaridade entre suas arquiteturas, inclusive muito maior do que entre o homem e o camundongo, um modelo experimental amplamente empregado pela pesquisa biomédica.

A professora Isabel Kinney Ferreira de Miranda Santos, pesquisadora visitante e orientadora no curso de pós-graduação em Imunologia Básica e Aplicada da Faculdade de Medicina (FMRP), participou do projeto. Segundo ela, foi no sistema imune que o consórcio encontrou as principais diferenças entre o genoma bovino e os genomas do camundongo e humano. “Exemplos de genes que mostram variações e rearranjos significativos em relação ao ser humano e ao camundongo incluem os que codificam peptídeos antimicrobianos, que matam ou inibem bactérias como as defensinas, e as catelicidinas, mudanças nos números de genes que codificam os interferons, proteínas que ativam a imunidade, e mudanças nos números e organização de genes envolvidos na imunidade inata, que é nossa primeira linha de defesa. Quantidades enormes de bactérias participam da digestão que se processa no rúmen dos bovinos. Essas bactérias são úteis, mas ao mesmo tempo representam um risco para desenvolver infecções oportunistas nesses hospedeiros ruminantes”, explica a docente. Ela diz que a extensa duplicação e diversificação desses genes pode derivar da necessidade de minimizar o risco.

O genoma revelou, também, reorganizações importantes em famílias de genes que atuam na lactação. “Um exemplo específico envolve o gene da histaterina, o qual produz uma proteína com função antimicrobiana e que é regulado de maneira especial na glândula mamária bovina durante a lactação. Outras mudanças resultam na secreção predominante de anticorpos do tipo imunoglobulina G (IgG) no leite bovino, com a função de transferir imunidade ao bezerro durante a amamentação. No leite humano, a imunoglobulina principal é a IGA”.

A professora afirma que o fato de ingerirmos IgG de boi, por meio do leite bovino, em princípio não afeta diretamente nossa saúde, contudo, responder à pergunta: - por que o boi usa IgG e o homem IgA para transmitir defesas pelo leite?, trará informações muito importantes sobre as funções desses dois tipos de anticorpos e sobre a biologia humana em geral.

Para os pesquisadores esses resultados possuem impactos diretos em estudos de biologia evolutiva e especialmente em estudos da fisiologia da lactação, da digestão, do metabolismo. Esses achados podem explicar a capacidade singular dos ruminantes de transformar, de modo muito eficiente, forrageiras de baixa qualidade nutricional em carne e leite de alto valor energético. “O genoma descrito pelo consórcio é o primeiro para um animal doméstico de grande importância econômica, inclusive para a economia brasileira e paulista. Os resultados terão grande aplicabilidade para a produção mais sustentável de carne e de leite porque facilitam a compreensão da fisiologia dos bovinos. A partir dessa compreensão é mais fácil intervir de modo eficaz no melhoramento e nos sistemas de produção animal”, conclui a professora Isabel.

Rede de pesquisadores

O trabalho levou mais de seis anos para ser concluído e contou com a participação de 305 pesquisadores de 25 países diferentes, entre eles uma equipe da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto que trabalhou em parceria com a UNESP, de Assis, e com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, localizada em Brasília, sob a coordenação do doutor Alexandre Rodrigues Caetano, da Embrapa.

Na FMRP, os trabalhos foram feitos no Laboratório de Imunoparasitologia, do professor João Santana da Silva, e foram coordenados pela professora Isabel, com a participação dos alunos de pós-graduação Alessandra Mara Franzin, Antonio Roberto Abatepaulo, Carlo Freire de Oliveira, Daniela Dantas More, Elen Anatriello, Sandra Regina Maruyama e Wanessa de Araujo Carvalho.

O projeto de sequenciamento do genoma bovino foi liderado por Richard Gibbs e George Weinstock, diretores e pesquisadores do Baylor College of Medicine (BCM) Human Genome Sequencing Center, Texas, EUA, Steven Kappes, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA -ARS), Ross Tellam, do CSIRO da Austrália, Christine Elsik da Universidade de Georgetown, EUA.

25 abril 2009

SOU ACREANO!

Sou acreano, sim, Mary! Você, também!

José de Anchieta Batista
Blog do Anchieta

(No blog do Altino Machado, a MARY surpreendeu-se quanto à minha ACREANIDADE, quando comentou meus versos, ali transcritos, sobre a mudança ortográfica de ACREANO para ACRIANO. Comentário feito por Mary: ... José de Anchieta Batista é acreano? Não sabia, mas, eu, também sou acreana (de coração e com "E") pois adquiri o jeito acreano de ser)

A SEGUIR, MINHA RESPOSTA, MARY:






Mary, receba um abraço
Deste tão humilde escriba...
Que desde muito criança
Viveu "pra baixo e pra riba",
E um dia aportou no Acre,
Vindo lá da Paraíba.

Sou nascido em Teixeira,
No torrão paraibano...
Conquistei, fui conquistado
Por este calor humano!
Não me desfiz da origem,
Mas me tornei ACREANO!

Se é assim, minha amiga,
Que você também se sente...
Com certeza a sua alma
Vive ACREANAMENTE!
Cultive a doce alegria
De pertencer a esta gente!!!

24 abril 2009

QUEIMADAS E O AQUECIMENTO GLOBAL

Artigo na Science aponta que papel do fogo nas mudanças climáticas é maior do que se estimava. Queimadas ligadas ao desflorestamento são responsáveis por 20% do aquecimento promovido pelo homem

Aquecimento global é fogo

Agência FAPESP – O fogo aquece – e mais do que se imaginava. De acordo com um artigo publicado na edição desta sexta-feira (24/4) da revista Science, o efeito do fogo nas mudanças climáticas globais é mais profundo do que se acreditava e deve ser encarado com preocupação ainda maior do que a atual.

O artigo aponta o que a ciência sabe e o que desconhece a respeito do impacto do fogo na biodiversidade, clima e reservas de carbono do planeta e destaca que as queimadas ligadas ao desflorestamento são responsáveis por cerca de 20% do aquecimento global promovido pela ação do homem.

“O total pode aumentar em pouco tempo. Está muito claro que o fogo é um catalisador primário das mudanças climáticas globais. O artigo que escrevemos é um chamado à ação para que os cientistas investiguem e avaliem melhor o papel do fogo no sistema terrestre”, disse Thomas Swetnam, da Universidade do Arizona, um dos autores.

O texto é assinado por um grupo internacional de pesquisadores, entre eles Paulo Artaxo, professor titular e chefe do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, coordenador do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) e ex-coordenador da área de geociências da FAPESP.

Os autores apontam que todos os episódios de queimadas e incêndios combinados liberam na atmosfera uma quantidade de dióxido de carbono equivalente à metade de tudo o que deriva da queima de combustíveis fósseis.

Os cientistas alertam que a capacidade do homem de lidar com o fogo pode cair no futuro, à medida que as mudanças climáticas alteram padrões de queimadas e incêndios. O risco, entretanto, é difícil de avaliar, uma vez que os fogos estão ainda precariamente representados em modelos climáticos globais.

Mas eles ressaltam que, na última década, incêndios de grande dimensão e difíceis de controlar ocorreram em todos os continentes em que há vegetação disponível, independentemente dos programas de combate a tais episódios desenvolvidos em diversos países.

“O fogo é obviamente uma das principais respostas às mudanças climáticas, mas ele não é apenas isso, ele retroalimenta o aquecimento, que alimenta mais fogos”, disse Swetnam. A fuligem liberada na atmosfera também contribui para o aquecimento.

Quando a vegetação queima, a quantidade de dióxido de carbono liberado aumenta o aquecimento global. Quanto mais incêndios e queimadas, mais dióxido de carbono é liberado e mais aquecimento é promovido. E, quanto mais elevadas as temperaturas no planeta, maiores são as chances de se ter mais fogo.

Os autores pedem que iniciativas como o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) reconheçam a importância do fogo nas mudanças climáticas e o integrem mais adequadamente em modelos e relatórios futuros.

“O fogo é tão elementar como o ar e a água. Nós vivemos em um planeta de fogo. Somos uma espécie do fogo. Ainda assim, seu estudo tem sido muito fragmentado. Sabemos bastante sobre o ciclo do carbono e do nitrogênio, mas muito pouco sobre o ciclo do fogo”, disse Jennifer Balch, do Centro Nacional para Análises e Sínteses Ecológicas em Santa Bárbara, Estados Unidos.

O artigo Fire in the Earth System, de David Bowman e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

(foto: divulgação)

23 abril 2009

ISENÇÃO DE IPVA PARA CARROS E MOTOS NO ACRE

Carros mil e motos até 150cc terão isenção de IPVA no Acre. Medida deve aquecer vendas nas concessionárias e terá validade de três meses

Da Redação A Gazeta.net, Qui, 23 de Abril de 2009

O Governo do Estado deverá isentar a cobrança do IPVA para veículos de até mil cilindradas e para motocicletas de até 150 cc. A isenção terá um prazo de 90 dias e dependerá agora apenas de um decreto a ser elaborado pela Procuradoria Jurídica, da Secretaria de Fazenda, para começar a valer.

Depois de pronto, o documento deve ser remetido para aprovação na Assembleia Legislativa do Estado do Acre. O anúncio da nova regulamentação aconteceu nesta quarta-feira, 22.

Com a medida, o Governo atende às reivindicações do Sindicato do Comércio Varejista de Veículos de Rio Branco e da Federação do Comércio, porque vai permitir que a população possa comprar carros mais baratos nas concessionárias de todo o Estado.

(Foto: Diego Gurgel/A Gazeta)

Nota do Blog: Renúncia fiscal! Nem parece que estamos no Brasil, muito menos no Acre! Mas atitudes como essas mostram que os tempos são outros. Em breve vamos nos ver livres da mentalidade empresarial tipicamente brasileira de querer ganhar na venda de um único produto, o que os empresários americanos ganham vendendo dez. Além de pagar menos impostos, por lá se vende muito mais de praticamente quase tudo que o comércio põe à venda, e o poder de barganha dos comerciantes frente aos industriais é muito grande. No Brasil, infelizmente, ainda prevalece a mentalidade imediatista, a idéia de que investimento tem que ser resgatado em um mês, que margem de lucro menor que 50% não é margem...Vamos torcer para que essa idéia de que menos imposto significam mais vendas e empregos para a população contamine as autoridades e políticos, que definem impostos e taxas altíssimos para os consumidores. Todo mundo sabe que, afora a ganância dos empresários locais, a maioria dos produtos de primeira necessidade no Brasil custam o 'olho da cara' por causa do exagero na dose de impostos. Apesar das lamentações, não podemos deixar de parabenizar Binho e equipe.

TARAUACÁ, 96 ANOS

Moisés Diniz *

Uma cidade onde o preconceito foi para o espaço e os velhos truculentos ganharam aposentadoria, seja na cama ou no cemitério. Tarauacá impressiona quem chega, pela hospitalidade, o carinho do lugar, o jeito de cidade grande, européia, mas carregada de valores locais, raízes indígenas, seringueiras, caboclas.

Tarauacá é valente na ousadia de fazer o Partido Comunista respeitado, grande, forte e enraizado. É aqui que esse partido vem elegendo vereadores, deputado e quase elege um prefeito. Um partido amplo, antenado com o século vinte um, mas fiel depositário dos ideais socialistas, revolucionários.

Tarauacá é terra de mulher bonita, capazes de amar um homem como se amassem mil, mulheres belas, ciumentas, valentes, mulheres de orvalho, de chuva, de temporal, vulcão, mulheres de diamante.

Uma cidade que tem uma floresta que protege o seu coração, com rios e igarapés suntuosos, comoventes, silenciosos, cheia de entes mágicos, animais e borboletas, peixes, lagartas e raízes. Uma floresta, um sonho, uma mulher densa e verde, Caipora, instante mágico de chuva.

Aldeias indígenas, belas donzelas, anciãos, curumins, kaxinawás, katukinas, yawanawás, kampas, kulinas. Cidades de palha, cidades de paxiúba, cidades de milho, de amendoim, cidades de peixe, kupixawa, caiçuma, mariri.

Tarauacá tem os seus males, que doem, que envergonham, que maltratam, males de incompetência, de abuso, de política velha. O que fere a beleza de Tarauacá é a velha política, que desvia dinheiro público, que corrompe, que deixa Tarauacá cheia de lixo, de buracos, de vergonha.

Contra tudo isso dizemos: não desistam, amanhã vossa mesa terá pão; vossos filhos, escola; vossos pés serão adornados por mocassins e vossas mulheres vos aguardarão com um sorriso aberto, ora nos postos de trabalho, ora na porta de vossas casas. Não morram! Apesar de todo o maldito sofrimento, ensinem vossos filhos a sorrir, brigar, resistir. Amanhã, o sol aquecerá vossas utopias!

Tarauacá vai se erguer, Tarauacá vai vencer, se iluminar. Tarauacá tem tempo para ganhar medalhas, vencer jogos e campeonatos. Tarauacá tem honra, tem mistério, tem gente que não se cansa, não se rende, não se vende, não se ajoelha. Tarauacá tem tempo.

Hoje eu só quero falar de Tarauacá, falar das coisas do interior, de suas alegrias e de suas frustrações. Aqui, como uma sonolenta homilia, o tempo custa a passar. O povo perambula pelas ruas em busca de uma mão estendida, um sim fraterno, um altar.

Diferente da capital, aqui os excluídos transitam no mesmo lugar, dividindo a rua com os donos do dia, não se escondem na periferia das grandes cidades, mascarando o fruto da exploração. Aqui, como uma doença da pele, as coisas boas e também as ‘indesejáveis’ chocam a nossa fidalguia e agridem o nosso olhar.

Somos um clã dividido, vivemos na mesma aldeia, mas não partilhamos o suor. Nossa música está longe do que eles chamam de nobre, curtimos o que a elite chama de brega, nos clubes escassos e nas dezenas de bares bebemos cerveja, cachaça e até álcool curativo. Nosso uísque é a caiçuma.

Nossas mulheres são belas como uma madrugada de janeiro, uma tarde de maio, uma manhã de agosto, os homens são românticos, descontrolados, às vezes, possessivos, querendo fazer de sua amada um campo de cultivo medieval. A hospitalidade desconcerta, acolhe, faz da chegada uma bênção e da despedida uma dor.

E se conquistamos outras terras, se vivemos em outras cidades, não perdemos as raízes, continuamos a ser o povo de Tarauacá! Não nos curvamos! Enfrentamos magistrados sujos e oficiais truculentos. Enfrentamos prefeitos corruptos. Enfrentamos proprietários de terra e gente que queria controlar até a alma do povo de Tarauacá.

O que estamos construindo aqui é bem mais sólido que uma administração provisória ou um mandato parlamentar. Estamos construindo um modo de vida, um jeito de caminhar. O passado perdeu e o futuro está florescendo. Já podemos ouvir o seu canto e sentir a sua alegria! Somos o povo de Tarauacá!

Nossa utopia tem lugar, hora marcada para nascer, tarefas históricas a cumprir e símbolos sagrados para cultuar. Nossas mães não esqueceram de gravar nas hélices tortas de nossos genes: sereis como lobos e pardais. Implacáveis como um vulcão e um vendaval e ternos como um beijo do orvalho e um entrelaçar de mãos. Somos o povo de Tarauacá!

* Moisés Diniz é deputado estadual do PCdoB

22 abril 2009

UFAC DEBATE O MASSACRE DE CORUMBIARA

UMA VISÃO CHILENA DA DISPUTA BRASIL-BOLÍVIA PELO ACRE

EL ACRE Y LOS "ASUNTOS DEL PACíFICO": BOLIVIA, BRASIL, CHILE Y ESTADOS UNIDOS, 1898-1909

Cristián Garay Vera
Instituto de Estudios Avanzados de la Universidad de Santiago de Chile"

HISTORIAN0 Vol. 41, N° 2, julio-diciembre 2008: 341-369

Parte 2 (5)

LA ESTRATEGIA BOLIVIANA

La historiografía chilena y boliviana ha enfatizado que en la aceptación del Tratado de 1904, hubo un cálculo omnipresente, por parte de la élite boliviana, de la estrecha relación de intereses comerciales y mineros que tenía con Chile. Nosotros ensayaremos una explicación complementaria: que el cálculo de esa élite fue intentar, a través de la negociación del Acre, obtener las mayores ganancias posibles, conseguir apoyo estadounidense, en el Amazonas contra Brasil y en el Pacífico contra Chile, y finalmente conseguir la sobrevivencia política del Estado boliviano en el escenario regional.

El equilibrio internacional se relaciona con la idea del poder, y en este caso claramente Bolivia estaba en situación desventajosa. La sensación estaba extendida: el presidente Piérola, del Perú, propuso a Chile, en conversación con el ministro José Domingo Amunátegui, repartir el país. Idea que partía de un sentimiento basado tanto en la indignación peruana por la actitud de boliviana durante la Guerra del Pacífico (la huida de sus tropas al altiplano), como en la conmoción que produjo la caída del presidente Fernández Albano en Bolivia. Una proposición formal del plan, del 23 de diciembre de 1898, fue rechazada por la cancillería chilena, que estimó que esta no tendría eco en Perú11.

Recogiendo esta idea los despachos diplomáticos estadounidenses daban por cierta la precariedad boliviana. Gumucio admite que:

"La difícil situación de Bolivia se certificó mediante nota del 3 de marzo de 1899, del ministro americano en La Paz, señor George Bridgman, quien denunciaba al Secretario de Estado "el peligro inminente de la desaparición de Bolivia, pues sería dividida entre Chile, que se quedaría con la principal parte, la Argentina y el Perú". Días más tarde, el 8 de marzo de 1899, el ministro Bridgman reiteraba la denuncia anterior y añadía que "tropas chilenas estaban concentradas en la frontera"12.

La presión sobre las fronteras del país era cierta. Incidentes varios y negociaciones con Paraguay y Argentina determinarían una cierta tensión con el primero, y la entrega de Puna de Atacama para el segundo, a cambio de no seguir reclamando Tarija. Pero el mayor flanco abierto en la política boliviana era el Acre.

Este gigantesco territorio, cuyo nombre viene del río Acre o Aquiry, que se une al río Purús, afluente del Amazonas, está situado cerca del estado del Amazonas brasileño, generando un espacio permeable que permitió que se acrecentara en él la presencia de Brasil.

Aun cuando según el tratado de límites entre Brasil y Bolivia de 1867, rectificado levemente por la línea Cunha Gómez de 1899, el territorio era de formal soberanía boliviana, los derechos de explotación se dieron en las aduanas de Para, Manaos y Amazonas. Producto de esto, se generó una continua corriente de trabajadores e inmigrantes para explotar los cauchales, que fue la causa del inicio de la tensión con el gobierno de La Paz.

La sublevación de los trabajadores e inversionistas extranjeros configuró la Primera Guerra del Acre, en 1899. Los colonos brasileños exigieron, en mayo de 1899, la salida de las autoridades bolivianas, ante lo cual, el propio presidente Pando se puso a la cabeza de las tropas. El recién fundado Puerto Alonso, aduana del caucho, fue ocupado ese mismo mes y un español, llamado Luis Gálvez, proclamó el Nuevo Estado Independiente de Acre, Purús y Yacú el 14 de julio de 1899.

En ese contexto intervino el coronel brasileño Sousa Braga, quien con armas y víveres llegados desde Brasil se apropió del poder. En 1901, tras varios reveses y combates, la expedición boliviana, por presión de su marina fluvial, consiguió la derrota de la revolución. Gálvez, ya derrotado, fue apresado por las autoridades brasileñas.

Pero apenas terminó esta guerra nació el germen de la segunda. Bolivia arrendó el Acre a un grupo de inversionistas, y de paso se aseguró el apoyo estadounidense, lo que generó un fuerte cuestionamiento. Primero se negó esta intención. En diciembre de 1900 el ministro de Relaciones Exteriores de Bolivia, Salinas Vega, insistió en que Bolivia no vendería el Acre a un sindicato de inversionistas. Ponía como prueba, en carta enviada al diario A Imprensa, que

"los gobiernos y la opinión pública de Bolivia nunca se mostraron dispuestos a ceder la menor porción de territorio nacional, como lo ha probado en su contienda con Chile. Después [agrega] de una cruenta guerra, en la que fue vencida por la fuerza del destino, Bolivia se resistió a firmar la paz y la cesión territorial, y el vencedor, impotente para imponer su ley, tuvo que contentarse con el tratado de Tregua, y después, de veinte años de vida difícil, azarosa y llena de inconvenientes, Bolivia persiste en no firmar la paz, y el vencedor se ve forzado a buscar compensaciones territoriales. [Respecto al Acre] el Presidente Pando trabaja en ligarlo a la planicie andina por medio de una línea férrea y de la navegación del río Madre de Dios. Esa línea férrea entroncaría con el ferrocarril peruano de Moliendo, poniendo en fácil comunicación el Atlántico con el Pacífico"13.

Aquí quisiéramos recordar que el asunto del Acre, pese a que es tratado como un asunto bilateral entre Bolivia y Brasil, cruzaba todas las tensiones del momento. En primer lugar se propondría el Acre como moneda de cambio ante los estadounidenses para obtener una mejor disposición de ese país hacia el problema de Anto-fagasta. Por la misma razón Argentina trataría de mermar la posición chilena, apoyando a Perú y Bolivia, y Chile terminaría haciendo causa común con Brasil, compartiendo una disposición hostil hacia Estados Unidos, agudizada por el asunto del Baltimore. Finalmente la repartición del Acre sería el incordio que subdividiría aún más a Bolivia, pero permitiéndole subsistir como Estado, gracias a la satisfacción obtenida por Brasil y Perú.

Pando inició una campaña militar llena de dramatismo, que coronaba los esfuerzos de las autoridades locales por conservar el Acre en manos bolivianas. De todas maneras, la crisis del Acre llegó en un momento de profunda transformación de la fuerza militar boliviana. Fue en función del Acre que se reconstruyó la Armada, esta vez fluvial, instalando un astillero en la zona, cuyas unidades navales tuvieron una destacada participación en el conflicto.

En noviembre de 1900 El Mercurio publicó que "el ministro de Bolivia, don Francisco Argandoña, ha enviado a los diarios una nota en que desmiente la noticia dada hace días respecto a la repartición de Bolivia entre el Brasil y la República Argentina"14.

Papeles del gobierno peruano describían una situación parecida en mayo de 1901. Según estas fuentes, el canciller Felipe de Osma denunciaba la proposición chilena de partir Bolivia a su gobierno, lo que se comunicó a Estados Unidos, consiguiendo de su congreso un pronunciamiento en contra de una eventual partición del país15.

La negociación era la posición boliviana, tal como lo demostraba Pando en su cuenta en la Convención Federal de 1899:

"Es voto unánime de la opinión pública, tanto en Bolivia como en Chile, la modificación del estado transitorio establecido en el Pacto de Tregua de 1884, y es de esperar que pronto pueda llegarse a un acuerdo equitativo, tanto en el orden político, como en las estipulaciones comerciales y aduaneras"16.

Las maquinaciones para dar una salida al mar a Bolivia se traslucieron en un comentario de El Mercurio de Valparaíso:

"Un periodicucho de Potosí ha inventado la especie de que Chile propuso al Perú cederle Tacna y Arica a condición de que se le dejara en libertad de apropiarse de los territorios de Bolivia que le parecieran conveniente. El Perú se comprometía a ayudarlo en sus pretensiones. Agrega [decía el diario] que Chile había hecho, estas proposiciones al Perú al mismo tiempo que el ex ministro Konig gestionaba con Bolivia un tratado de paz definitivo"17.

En 1902, Pando, que seguía exigiendo una salida al litoral -que podría pasar por Tacna o Arica-, se enfrentó a la reclamación de Argentina sobre Santa Cruz de la Sierra, a la de Perú por la delimitación del Lago Titicaca y al redoblado interés de Brasil por el Acre. Como la sombra de una repartición del país era evidente, Pando echó a andar la máquina de la negociación con Chile, ya que era el único vecino que buscaba el statu quo. En medio de este clima y de las celebraciones de la victoriosa conducción de la primera guerra del Acre, en 1901, se filtró la noticia del contrato de arrendamiento del Acre propuesto por el Presidente boliviano, lo que fue objetado por Perú, que ejecutó actos de soberanía en la zona.

Está claro que la idea de arrendar el Acre fue concebida por Félix Avelino Aramayo, quien tomó como modelo una experiencia similar con inversionistas belgas en la zona de Caupolicán. Su idea era comprometer a los estadounidenses en una zona donde la soberanía boliviana estaba en entredicho. La experiencia podía granjear apoyo de Washington a las reclamaciones de La Paz frente a Santiago y protegerla de nuevas implicaciones con Brasil. Aramayo, que recordaba positivamente la experiencia de Caupolicán, había conseguido apoyo del presidente Pando para contratar el arriendo del Acre. ¿Cuál era su motivación? Según el ministro boliviano Claudio Pinilla, era por "por mala voluntad hacia el Brasil"18.

Creemos que esa es una interpretación estrecha de los motivos de Aramayo: lo que nosotros vemos aquí es un razonamiento geopolítico de considerable magnitud. En sus palabras, la invitación a los extranjeros permitía "introducir un elemento neutral, suficientemente rico, poderoso e influyente para que se pudiera amparar la justicia y hacer respetar la ley dentro del territorio boliviano"19. Más adelante vuelve sobre este punto, explicando que "merced a la influencia de este Sindicato podremos sin duda contar, en adelante, con el apoyo moral de la Cancillería Americana en nuestras gestiones ante el Gobierno de Brasil, referentes a la libre navegación de los ríos"20. Y en otro sector: "porque los EE.UU. como cualquier otra potencia, no permite que se toque un solo pelo de sus nacionales con justicia, ni que se atente contra la propiedad y derecho de sus subditos"21.

Por lo demás la penetración brasileña en el espacio amazónico era una cuestión indesmentible -que explica el crecimiento desorbitado de Brasil desde sus primitivos límites, lo que hace comprensibles las atribuciones de todo tipo que Bolivia estaba dispuesta a entregar22. Finalmente la filtración del contrato impidió que este se constituyera, lo que era para Aramayo el fracaso de su plan y de la posibilidad de Bolivia de salir lo más indemne posible de la coyuntura internacional que se había generado en su contra.

A través de este contrato, inspirado en una experiencia practicada en África y perteneciente al tipo conocido como chartered companies, se entregaba a la corporación explotadora la soberanía, la explotación aurífera y del caucho, la recepción de los derechos fiscales a cuenta de Bolivia y las tareas de policía local. Se estableció que con esta compañía, asociada a U.S. Rubber Co., se conseguiría un doble objetivo: adquirir el caucho -la "borracha" brasileña- y comprometer la presencia de Estados Unidos en el Amazonas.

El arriendo fue entregado a una corporación, el Bolivian Syndicate o simplemente Sindicato, el cual fue gestionado por Aramayo en Londres, para atraer capitalistas ingleses, franceses, belgas y alemanes. El capital nominal iba a ser de 300.000 libras, de las cuales 50.000 debían ser adquiridas forzosamente por el Estado boliviano. El grupo estaba liderado por el estadounidense Willlingford Whitridge, abogado de la casa Vandelbirt, y sir Martín Conway. Los restantes socios eran R.E. Cross, A. Iselin & Co, W. Emlin Roosevelt, Brown Brothers & Co., Cary & Whitridge, F.P. Olcott, Versmilye & Co., y John R. Hafermam. Como se vio en la crisis, los capitalistas estadounidenses fueron los únicos respaldados de modo oficial, lo que no es extraño. El Bolivian Sindycate tenía su sede en Nueva York, y el accionista principal era el estadounidense Withridge.

Pese al mal ambiente en Brasil y Perú, el contrato con The Bolivian Syndicate se firmó de todas maneras, el 11 de julio de 1901, para "recaudar las rentas del Acre, establecer y pagar el servicio administrativo correspondiente, así como el servicio de policía y otras obligaciones, a cambio de percibir el 40 por 100 de lo recaudado, comprar tierras baldías en la región, tener libertad para navegar en los ríos y otras concesiones"23. Y fue precisamente en el descontento brasileño por este contrato donde empezó a gestarse la segunda guerra del Acre.

La maniobra boliviana precipitó la rebelión de Plácido de Castro24 y las acciones diplomáticas del barón de Rio Branco, que consideró el Bolivian Sindycate como una amenaza directa a Brasil. Mientras se proclamaba por De Castro una segunda independencia, el 7 de agosto de 1901, se iniciaba la acción militar que concluiría, dos años depués, en la proclamación de aquel como gobernador, tras sitiar Puerto Alonso. La reacción boliviana fue conducida por el presidente Pando y su éxito provocó la intervención brasileña en forma de presión diplomática, decidida a impedir un enclave estadounidense en Amazonas, proyecto que ya tenía precedentes25.

Por su parte las maniobras del Barón consiguieron desalentar a los inversionistas, tras presionarlos mediante la Casa Rothschild y conseguir que pagaran 110 mil libras esterlinas como indemnización.

Tanto los colonos brasileños como el gobierno paulista se opusieron al contrato. El 6 de agosto de 1902 nuevamente estos colonos se alzaron, pero esta vez con mayor apoyo de su país. Así, Brasil amenazó con la ocupación militar del Acre hasta los 10° 20', lo que fue el inicio de la segunda guerra del Acre.

Era evidente que el nivel de los enfrentamientos por el Acre iba in crescendo. El Comercio de La Paz transcribía que "se informa de los choques armados y de la partida de tropas al Acre. Brasil llamó al representante en Lima por considerarse (sic) que ese país apoyaba a los bolivianos"26.

El esfuerzo del presidente José Manuel Pando por triunfar dio origen a una pequeña pero elogiosa campaña, dadas las dificultades y su inicial resultado positivo, el cual se diluyó cuando el adversario potencial no fue la partida de aventureros brasileños sino el mismísimo ejército de Brasil27, según la advertencia que dio el barón de Rio Branco, José María da Silva Paranhos do Rio Branco, de movilizar las tropas de su país estacionadas en el Matto Grosso.

Artigo continua...

19 abril 2009

PREÇO DA GASOLINA NO ACRE - UM CASO DE POLÍCIA

Segundo os empresários, a culpa pelo alto preço da gasolina em Rio Branco é o frete entre Porto Velho e Rio Branco. Segundo a ANP, no Acre os empresários ganham até R$ 0,50/litro vendido, enquanto em Porto Velho o máximo é R$ o,32. Lá o preço médio da gasolina é R$ 2,60, aqui custa R$ 2,93

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

O jornal A Tribuna publicou neste domingo matéria assinada pelo repórter Freud Antunes em que aponta os postos de Rio Branco que foram autuados pela ANP por venda de gasolina adulterada (veja abaixo). Pode parecer irrelevante, mas raramente a imprensa local faz isso, 'dá nome aos bois'. Prefere se omitir, ser generalista.

Aproveitei para reconhecer esse avanço e republiquei duas notas do Blog Ambiente Acreano que abordavam a questão dos preços do combustível no Acre.

Nelas alertávamos que aqui existe um preço artificialmente alto de combustível. E pior. Os preços são iguais em 90% dos estabelecimentos. Coincidência ou combinação? Também sugeríamos que esse alto preço era, provavelmente, derivado do lucro exagerado dos revendedores locais.

Vejam que a matéria de 'A Tribuna' confirmou minhas suspeitas: no Acre, para cada litro de gasolina vendido, os empresários ganham até R$ 0,50. Em Rondônia esse valor chega a no máximo R$ 0,32.

É claro que os empresários não adimitem isso e põem a culpa no frete.

Que frete?

O 'frete' que eles tanto reclamam é entre Rio Branco e Porto Velho. Meros 525 km. Todo mundo que tem o mínimo de inteligência sabe que o frete não pode ser responsável pela diferença brutal de preço da gasolina entre Rio Branco e Porto Velho. Lá se paga em média R$ 2,60/litro e em Rio Branco R$ 2,93, no mínimo.

Apenas para ilustrar: se um caminhão-tanque com capacidade de 40 mil litros cobrasse R$ 0,32 de frete por cada litro de gasolina transportada entre Porto Velho e Rio Branco, seriam pelo menos R$ 12,8 mil faturados em cada viagem.

Se a gente considerar que são dezenas de viagens semanais para se abastecer o mercado de Rio Branco...e se o valor real do frete fosse os R$ 0,32/litro, podem apostar que hoje existiriam centenas de caminhões-tanque concorrendo por esse 'filão de ouro'.

Onde anda o MP que não vê isso? Será que só ele não vê que existe combinação de preço no mercado de Rio Branco para tirar vantagem dos consumidores indefesos?

ACRE: POSTOS QUE MISTURAVAM ÁGUA À GASOLINA SÃO AUTUADOS

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) autuou os postos Santo Antônio e Village por venda de gasolina adulterada no final de março. Ainda de acordo com a ANP, no Acre os empresários chegam a obter até R$ 0,50 a cada litro de gasolina. Em Rondônia esse valor é de apenas R$ 0,32

Freud Antunes
A Tribuna, 19/04/2009

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) autuou dois postos de combustíveis que vendiam gasolina adulterada no final de março. Os castigados são postos Santo Antônio e Village.

Com o flagrante, são oito estabelecimentos multados desde 2004. As informações foram divulgadas na mesma semana em que a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis) divulgou um relatório, demonstrando que o Acre estaria livre de fraudes envolvendo a gasolina, o diesel e o álcool.

O estudo que não divulgou os flagrantes da ANP no Estado ainda acusa os estabelecimentos de bandeira branca pelas irregularidades. A mesma estatística mostra que atualmente 45% dos postos deixaram de representar grandes empresas, por exemplo, a Shell ou a BR para trabalharem deforma independente.

Na planilha, a Fecombustíveis se esquece de citar os preços dos combustíveis vendidos aos acrianos, como a gasolina que chega a ter um preço médio de R$ 2,92.

A entidade também não confrontou o valor cobrado do consumidor final em cada Estado e nem informou o lucro obtido com a venda do produto.

Em uma consulta no sítio www.anp.gov.br, é possível descobrir que enquanto o empresário acriano chega a obter R$ 0,50 a cada litro de gasolina, os rondonienses chegam a receber R$ 0,32.

Um fato curioso é que a base de cálculo para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é igual para os dois Estados, sendo cobrado 17% para o diesel e 25% para os outros combustíveis, o que gera o questionamento dos motivos para a cobrança exagerada que pode ser indício de formação de cartel.

De acordo com o relatório da Fecombustíveis, no Brasil foram vendidos 25 bilhões de litros de gasolina em 2008, um milhão a mais que o ano anterior, uma alta considerada acanhada para o setor, o que seria motivado pela elevação no consumo do álcool.

EM NOME DA DESINFORMAÇÃO

[Texto originalmente publicado em 07 de fevereiro de 2009]

Nota na coluna 'Bom Dia' do jornal A Tribuna informa que o Acre continua a ter, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a gasolina mais cara do Brasil, com o litro do combustível sendo vendido nas bombas a R$ 2,93. A nota conclui que mesmo com esse alto preço, ainda tem gente por aqui (no Acre) que não quer que sejam feitas prospecções de petróleo e gás no território acreano.

Alguém precisa esclarecer ao autor da nota o seguinte:

1. O petróleo que sai do solo não se transforma instantaneamente em gasolina, precisa passar por uma refinaria

2. Portanto, o preço da gasolina vendida no Acre é calculado em função do custo de aquisição do combustível na refinaria + frete.

3. A refinaria mais próxima do Acre fica em Manaus, que em teoria, deveria fazer o combustível vendido no Acre ser muito mais barato do que é pois o mesmo vem em barcaças de grande capacidade até Porto Velho e de lá percorre apenas 500 km em caminhõs-tanque até Rio Branco.

4. A culpa do alto preço dos combustíveis no Acre tem uma explicação: ganância + combinação de preços + falta de ação do MP para combater essas práticas.

Portanto, mesmo que o Acre fosse rico em petróleo o preço dos combustíveis por aqui continuaria nas nuvens caso não fosse instalada uma refinaria no Estado. Como isso não vai acontecer pois já existe uma em Manaus, tudo vai ficar como está.

Portanto Sr. repórter de A Tribuna, não desinforme seus leitores nem tente manipular a realidade! Cumpra o seu papel de imprensa!

Não tenha medo de se insurgir contra a situação atual. Faça reportagens investigativas para mostrar de quem é a culpa pelo alto preço do combustível no Acre.

Fique certo que, ao contrário dos supermercados, revendedoras de carros, lojas de material de construção e outras onde existe competição real, os postos de gasolina não costumam anunciar em A Tribuna. Aliás, em quase nenhum meio de comunicação local porque anunciando ou não, as pessoas sempre vão parar em um deles para abastecer. Infelizmente não dá para fazer boicote geral aos postos de combustível.

Para finalizar. Se a nota não foi feita com esse sentido, mas apenas para agradar aos olhos do Senador Tião Viana, que apoia a prospecção no Acre, então você não se fez entender. Ou melhor, não deixou clara a sua intenção de que a nota não é para reclamar do alto preço do combustível no Acre, mas para mostrar ao Senador que A Tribuna apoia a iniciativa.

O PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS E A EXPLORAÇÃO DOS CONSUMIDORES ACREANOS

Sob o ponto de vista de preço de combustíveis, ainda está longe o dia em que o Acre será o melhor lugar para se viver na amazônia. Especialmente porque o preço do álcool em Manaus é mais barato do que em Rio Branco

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
QUARTA-FEIRA, JANEIRO 21, 2009

A jornalista Miriam Leitão informa que o petróleo vale hoje 40% do que valia quando o Governo autorizou o último reajuste da gasolina. Na época, cada barril equivalia, em reais, a R$ 192,00. É isso mesmo: uma queda de 60%!

Enquanto isso...o preço da gasolina e todos os demais derivados do petróleo são vendidos no Brasil como se o petróleo ainda estivesse custando mais de U$ 100 o barril.

Qual a razão para essa irracionalidade?

O preço dos derivados do petróleo tem que baixar logo. Todos ganhariam: os consumidores, as empresas. O dinheiro economizado nos combustíveis seria usado em outras despesas.

Segundo Miriam Leitão "sob o ponto de vista técnico, fica cada vez mais complicado para o governo explicar a razão de a gasolina não cair de preço. Na prática, o contribuinte brasileiro está subsidiando a Petrobras. Além disso, a redução dos preços da energia teria impacto positivo nos índices de inflação, que permitiria uma queda maior nos juros por parte do Banco Central".

Para os consumidores acreanos essa medida seria mais que bem-vinda. Pesquisas mostram que pagamos um dos mais altos preços pelo litro de gasolina em todo o país. Mas mais revoltante mesmo é a manipulação que acontece com o preço do álcool no Acre. Todos sabem seu preço não tem nada a ver com o preço da gasolina, mas por aqui ele sempre custa mais que 70% do preço desta última.

O mais revoltante é que nem mesmo durante a safra, quando a oferta de álcool faz o preço do mesmo baixar para menos de R$ 1 em São Paulo, o preço cai aqui no Acre. Ele permanece imutável ou sobre. Tudo depende do preço da gasolina. Subiu a gasolina, sobre junto o álcool.

Quem pode explicar essa relação que só vale no Acre?

Ter carro flex aqui não representa vantagem alguma pois não vale a pena usar álcool pagando o preço cobrado localmente. Todo mundo concorda com isso exceto os donos de garagens de venda de carros usados. Experimentem vender seu antigo carro a gasolina para um desses comerciantes. De cara eles já depreciam seu carro em uns 10% alegando que não é flex. Tudo bem, você vende se quiser, e ele compra se quiser também. Mas é burrice ou esperteza esse argumento dos comerciantes?

Os governantes locais bem que poderiam intervir para acabar com essa manipulação que mantém, de forma injustificada, os preços dos combustíveis no Acre entre os mais altos do país. E o MP? Por onde anda?

Não vale argumentar que o preço dos combustíveis é livre no Brasil. Balela. Todo mundo sabe que os preços pagos à Petrobras e às distribuidoras são tabelados. É fácil saber se as distribuidoras e os postos de combustíveis estão exagerando na margem de lucro.

As autoridades que podem fazer alguma coisa em favor dos consumidores não precisam nem sair do ar-condicionado para obter estas informações. Basta oficiar e esperar sentado.

Enquanto a situação continuar dessa maneira, sob o ponto de vista de preço de combustíveis, ainda está longe o dia em que o Acre será o melhor lugar para se viver na Amazônia. Especialmente porque o preço do álcool em Manaus é mais barato do que em Rio Branco. Como justificar essa aberração?

18 abril 2009

15 ANOS DEPOIS, SERÁ QUE A SAÚDE DAS MULHERES DA FLORESTA MELHOROU?

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Reproduzimos abaixo um texto publicado em 1994 pela enfermeira Marli Villela Mamede, Chefe do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, que realizou uma consultoria técnica na Reserva Extrativista do Alto Juruá, para avaliar a saúde das mulheres daquela área geográfica.

A pesquisadora publicou os resultados do seu trabalho na edição no. 2 da Revista Latino-Americana de Enfermagem, que saiu em julho de 1994.

Passados quinze anos, confesso que ao ler o texto fiquei com a nítida impressão de que pouca coisa mudou. Posso estar enganado. De qualquer forma, se não mudou, não foi por falta de diagnóstico, de informação sobre a precariedade da situação das mulheres que vivem nas áreas florestais do Acre e não apenas da Reserva Extrativista do Alto Juruá.

Crédito da foto: Agências de Notícias do Acre

ACRE - SAÚDE DAS MULHERES RESIDENTES NA FLORESTA*

Marli Villela Mamede
Chefe do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo


O presente trabalho trata da consultoria técnica realizada na Reserva Extrativista do Alto Juruá - REAJ - Acre - Brasil, para avaliar a saúde das mulheres daquela área geográfica.

Para tanto foram levantados dados na própria área através de realização de exames ginecológicos, colheita de material para exame colpo-citológico (papanicolau), exames obstétricos, ministração de treinamento de parteiras/curiosas, entrevistas individuais com mulheres da área, atendimentos de urgência obstétrica, informações com membros da equipe técnica do Projeto Saúde da Reserva, etc.

A Reserva Extrativista do Alto Juruá - REAJ, estado do Acre - Brasil, é uma área isolada, de floresta, faz divisa com algumas áreas indígenas e está próximo a divisa do Peru. Nos seus 5.000 km2 de área vivem cerca de 900 famílias, espalhadas entre os 12 rios e igarapés. Chega-se a reserva somente por transporte fluvial.

A Reserva foi criada em 1990 desde então nenhuma alternativa governamental de assistência à saúde foi implementada naquela localidade.

A Associação dos Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista do Alto Juruá (ASAREAJ) composta pelos seringueiros e agricultores, tem sido o órgão responsável pela autogestão da Reserva e conta com aliados na luta pela legitimidade do sentimento de defesa e de afirmação da identidade cultural dos povos da floresta. Estes aliados são principalmente o Movimento Indígena, o Conselho Nacional de Seringueiros e entidades internacionais.

A - IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES

Em dezembro de 1991 a ASAREAJ estabeleceu como prioridade para as atividades na Reserva a Assistência a Saúde da mulher devido a observação de incidência aumentada de mortalidade materno-infantil, infecções pélvicas, etc.

O atendimento ou "ajuda" a mulher durante o trabalho de parto tem sido delegado a outras mulheres da região, ''as curiosas ou aparadeiras" as quais não receberam nenhum treinamento formal ou informal para o desempenho desta tarefa:

Um primeiro encontro com estas mulheres, parteiras curiosas, foi realizado em agosto de 1993 na própria reserva onde foi possível localizar 41 delas e identificar algumas práticas realizadas pelas mesmas durante o período do parto. Neste encontro, contou-se com a participação da enfermeira obstétrica Josephine Byrne e o suporte da ASAREAJ, Saúde sem Limites, Colégio Americano de Enfermeiras Obstétricas entre outros sob a Coordenação de Alberta Piccolino.

Como resultado deste encontro, as parteiras curiosas expressaram suas necessidades de um treinamento mais prolongado sobre a prática da parturição.

Foi então estabelecido que em fevereiro/março de 1994 seria realizado o 1° Curso de Treinamento de parteiras, com a participação de todos os interessados e dos agentes de saúde.

No Brasil, a parteira curiosa tem sido ainda responsável pela assistência ao parto em inúmeras localidades, por força das circunstâncias e sem ter recebido qualquer preparo teórico ou prático.

Embora exista, entre nós, legislação específica que determina que os partos normais sejam atendidos por enfermeiras obstétricas ou obstetrizes com curso superior, a fase de desenvolvimento em que se encontram muitas regiões do país, especialmente no que se refere a recursos assistenciais e de pessoal, não permite, por enquanto, sua observância.

A parteira curiosa tem sido nestas regiões uma líder natural. Ela tem exercido grande influência na comunidade, graças a sua experiência e aos laços de parentesco ou amizade que as unem às famílias. Bem orientada sobre conhecimentos básicos de higiene materno-infantil, poderá a parteira curiosa tornar-se um elemento útil para o serviço de saúde pública, no que diz respeito especialmente a proteção da saúde da mãe e da criança.

O desenvolvimento das condições econômicas e sociais de uma região, área ou país depende da disponibilidade de recursos, especialmente de pessoal. O déficit de pessoal competente é um impedimento para o progresso e por que não para a melhoria da qualidade de vida. Na esfera da atenção à saúde e mais concretamente à saúde materno-infantil, a atual escassez de pessoal, especialmente na área em estudo - REAJ - pode-se considerar como sendo uma crise na saúde.

Frente a essa escassez, a prestação de assistência e serviços adequados de saúde a todos os setores daquela população, exige um planejamento cuidadoso do pessoal disponível.

Os níveis de morbi/mortalidade refletem o estado de saúde da população. A análise dos grandes problemas de saúde ou das condições existentes dentro da população determina a necessidade e as prioridades de serviços preventivos e curativos. E, o que é próprio da saúde materno-infantil é a assistência que envolve a gravidez, e a magnitude da necessidade pode calcular-se pelas taxas de natalidade bem como por outros dados demográficos. Portanto, se torna premente a necessidade de definição ou identificação, na reserva, de indicadores como:
. número de mulheres residentes na reserva;
. idade dessas mulheres, especialmente aquelas que se situam dentro do período reprodutivo (15 a 44 anos);
. número de mulheres grávidas num determinado período, e
. número de nascimentos num determinado período.

Uma vez identificados tais indicadores, facilitará em muito, a análise ou as considerações sobre os riscos que o parto tem apresentado para a saúde da mãe e da criança daquela região.

A possibilidade de se comparar as cifras de mortalidade materna-infantil com causas específicas dos problemas destas mulheres poderá ser útil para identificar os estados patológicos que predominam na população da reserva. Como já se sabe de antemão, muitas das mortes maternas, na população em geral, resultam de toxemias da gestação, hemorragias e infecções, e, convém salientar que estas poderão ser preveníveis especialmente quando se tem possibilidade de um acompanhamento pré-natal.

Diante da observação feita durante a nossa visita e atividades na reserva foi possível identificar situações que colocam as mulheres em um risco aumentado para o engrossamento do quadro de morbi/mortalidade materna-infantil como segue:
. alta paridade (sendo comum a paridade acima de 10 filhos, chegamos a identificar mulheres com até 23 filhos);
. anemia (observado através da coloração na mucosa palpebral na maioria das mulheres);
. verminose (história de desarranjo gastrointestinal crônico);
. distopias uterina (observado durante os exames ginecológicos, um número grande de mulheres com prolapso uterino de 1° e 2° grau);
. cistocele e retocele presentes na grande maioria das mulheres examinadas;
. presença freqüente de cervicites, observado em forma de pequenas lacerações de colo uterino podendo significar cronicidade de inflamações baixas;
. presença de corrimento vaginal;
. queixas freqüentes de prurido vulvar, dispareunia e dor no baixo ventre;
. gravidez na pré e adolescência;
. cefaléia freqüente;
. inapetência sexual/frigidez e
. fraqueza, cansaço freqüentes.

A necessidade de compreensão e identificação do status que a mulher ocupa dentro do seu contexto social bem como os papéis que ela desempenha na família e comunidade é um ponto chave para a avaliação e destinação de qualquer atendimento de saúde a essa clientela.

De acordo com os depoimentos de muitas mulheres, elas reconhecem que a sua função reprodutiva tem sido a base de sustentação tanto para o seu relacionamento marital como para família. O seguinte depoimento ilustra a questão: "Eu conversei e expliquei para o meu marido sobre o que a Senhora me disse ontem e ele falou que não deixa eu operar, se essa bola tiver que cair deixa, se tiver que vim filho vem, se não eu vou ficar sem serventia".

Similarmente, a mulher reconhece seu importante papel na criação dos filhos "Tenho muito medo de ficar doente, quem vai cuidar deles". No entanto, a combinação de seu papel reprodutor, sexual, criação dos filhos, manutenção da casa e ainda o pesado trabalho que realiza para a garantia da sobrevivência da família colocam-na em situação de grande desgaste físico e mental, e, faz com que ela enfrente uma série de problemas de saúde.

À mulher da reserva além de todas as tarefas inerentes a manutenção da casa (limpeza, alimentação, roupa lavada, etc.) lhe cabe também a responsabilidade do "roçado" e para muitas delas também a caça ou pesca. Isto porque o homem sai de casa para a extração da borracha, podendo ficar vários dias fora, e a ela e aos filhos mais velhos fica a responsabilidade pelo plantio e colheita do arroz, feijão, algodão, mandioca, milho, como também lhe cabe a responsabilidade do produto final, como a confecção da farinha de mandioca, goma, etc. O acúmulo de trabalho, a responsabilidade pela criação dos filhos que são muitos, o estado de saúde debilitante pelas sucessivas gravidezes não poderia deixar de ter um quadro diferente conforme as constantes queixas entre as mulheres": nunca tenho vontade de ter relação" "se eu não der ele acha que arrumei outro homem".

Umas das mais importantes preocupações em relação à sua saúde no futuro bem como de suas família é "não ter coisas para comer se a mata não der mais". Como também a condição de vida que a mata lhes oferece é uma constante preocupação entre elas: "tenho medo que meu marido seja picado de cobra ", "tenho que ficar de olho nos meninos pra não se afogar no igarapé enquanto eu lavo a roupa", e "eu não durmo direito pois pode entrar algum bicho em casa".

A alta prevalência de anemia que pode ser decorrente de gravidezes sucessivas, hemorragias, verminoses má alimentação entre outras causas traz sérias conseqüências para sua saúde como: diminuição de sua resistência a fadiga, afeta sua capacidade para o trabalho além de aumentar sua susceptibilidade às doenças.

A má nutrição materna também representa grandes danos para o bebê como o baixo peso ao nascer, o que limita suas chances de sobrevida como também o seu potencial para crescer e desenvolver .

A possibilidade de um maior espaçamento entre uma gravidez e outra parece impossível para estas mulheres, visto que ficaram surpresas ao saberem da existência de meios anticoncepcionais. Portanto a orientação de métodos contraceptivos, especialmente os métodos naturais poderá ser uma importante estratégia para a melhoria de saúde de muitas delas. Como a morbidade materna contribui significantemente aos riscos do parto, a identificação destas informações torna-se importante nesse processo de avaliação da assistência obstétrica que tais mulheres têm recebido.

Convém ainda ressaltar que para várias mulheres, ao relatarem a sua história obstétrica, a presença de morte neo-natal foi muito freqüente em seus depoimentos.

Da mesma forma foi confirmado tais achados ao proceder o levantamento de auto-diagnóstico, entre as parteiras curiosas, da morbi/mortalidade materno-infantil. Várias curiosas identificaram tanto mortes maternas como infantis em sua região nos últimos 2 meses. No entanto, quando indagado sobre os motivos dessas mortes, elas não souberam explicar ou quando o fizeram comentaram: "0 menino levou muitos dias para nascer", "veio muito sangue junto com o menino", "a mulher era muito fraca", "0 menino estava virado", "morreu de 7 dias"...

Entre os fatores que habitualmente contribuem para esse quadro estão as hemorragias e a falta de higiene no momento do parto. Muitos são os fatores que podem levar a hemorragia obstétrica, no entanto uma prática comum entre as curiosas e que nos chamou a atenção foi a inadequação das manobras de expressão tanto para auxiliar na descida fetal como na mudança de apresentação durante o trabalho de parto.

Foi possível identificar durante o treinamento das curiosas, que essa prática é comum na região, especialmente quando as mesmas, através da dramatização, a encenavam, durante o trabalho de parto.

Da mesma forma, a falta de higiene tanto dos utensílios como do corpo durante o trabalho de parto, a laqueadura do cordão umbilical e nos cuidados com o coto umbilical é uma questão fundamental que necessita ser reforçada, visto que nem sempre é percebida ou aceita por este grupo de mulheres como um determinante de morbi/mortalidade.

A inadequada assistência durante a gravidez e parto pode levar não somente a morte da mãe ou do bebê, mas pode levar à condições debilitantes como a incontinência urinária, prolapso uterino e infecções do trato genital, e, em conseqüência leva a sofrimento e baixa qualidade de vida para o resto de suas vidas. Convém ressaltar que muitas dessas situações foram verificadas em quase todas as mulheres que fizeram exame ginecológico.

Quanto as mortes neonatais foi possível apreender, através dos relatos das parteiras, que o rigor para com a laqueadura e curativo umbilical inexiste, além de que muitos rituais são realizados no coto umbilical.

B - DOS RECURSOS MATERIAIS E HUMANOS

Toda sociedade tem valores culturais que estão intimamente atrelados na estrutura que a forma. Esses valores se manifestam nas funções, crenças, práticas e atitudes dos membros da sociedade. Para que uma sociedade persista, deve transmitir seus valores e suas manifestações de uma geração a outra.

Disso se deduz que como a família é a unidade fundamental da sociedade, apreende-se que o parto tem especial importância na família.

Como o parto passa a ter uma importância grande para a família e o mesmo é submetido a influência de muitos fatores os quais não estão total mente sob o controle da família, fica claro a importância da assistência materna tanto para os fins biológicos, mais óbvios, como para as metas sociais.

Embora a gravidez seja um evento biologicamente normal, é um acontecimento especial na vida da mulher, não só pela incorporação de um novo ser no contexto familiar mas também pelas adaptações especiais que seu organismo terá que realizar para manter a sua saúde e do bebê.

Durante todo o processo gestacional, o organismo dá sinais de evolução do mesmo, dando até prenúncios de problemas futuros para a saúde da mãe e do filho. Portanto a possibilidade de acompanhamento das mulheres grávidas da reserva em estudo será uma das estratégias possíveis para minimizar os problemas de saúde que aquela comunidade tem enfrentado.

No entanto, convém lembrar que a eficácia de um programa voltado para área materno-infantil dependerá tanto da disponibilidade de recursos humanos quanto materiais.

O desenvolvimento de um programa de assistência à mulher e à criança, cujo enfoque esteja dirigido as estratégias de prevenção e manutenção da saúde de ambos, exige um mínimo de recursos materiais, recursos esses que respondam às necessidades de material/equipamento/medicação para a assistência ao pré-natal, parto, puerpério e lactação normais.

Já dissemos que o déficit de pessoal competente é um grande impeditivo para a qualidade da assistência. Ao se planejar as necessidades de pessoal, a qualidade da assistência se traduz em termos gerais, no tipo de serviço e na competência de quem realiza esse trabalho. Queremos dizer que se quisermos um programa que de conta também da assistência às mulheres em alto-risco obstétrico significa trabalhar em um nível de maior complexidade e, portanto, com profissionais com preparo formal para tal.

A possibilidade do reconhecimento da disponibilidade de pessoal, ou seja conhecer a quantidade de pessoal de saúde em exercício, facilita a determinação do déficit e, a magnitude do mesmo. Apesar deste trabalho de identificação do pessoal, principal mente das parteiras curiosas, ter iniciado em 1991 acreditamos que há necessidade de buscar, entre as curiosas identificadas resposta a seguinte questão:
- têm essas mulheres interesse em assumir a responsabilidade e compromisso por esse trabalho? Isto porque percebemos que muitas das curiosas exercem tais atividades somente no sentido de ajudar as filhas e noras no momento do parto e que não gostariam de se comprometerem com outras mulheres porque têm muitos afazeres em casa. Da mesma forma, muitas comentaram que gostariam de ser remuneradas pelo trabalho executado, o que lhes dariam mais incentivo e sentido de dever.

Por isso toma-se importante conhecer as funções e possibilidades de cada tipo de trabalhador de saúde.

Dada as características da área em estudo, a REAJ, uma outra questão que se leva em conta em um programa de assistência materno-infantil e a produtividade, ou seja, o quanto de assistência pode um profissional proporcionar a um grupo de indivíduos em determinado período.

Isto significa que a distribuição de serviços de saúde e de pacientes a assistir em grandes distâncias aumentará o tempo necessário para prestar o serviço e conseqüentemente reduzirá a produtividade.

Portanto, necessita-se claramente descrever as funções do pessoal para determinar com precisão as necessidades e a distribuição adequada das responsabilidades. E ao se fazer isso estabelece-se uma forma de hierarquia na equipe, tomando implícito que os níveis superiores supervisionarão os níveis inferiores. E ao nosso ver a eficácia de um programa dependerá em muito da competência de cada nível.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da realidade apreendida e vivenciada na Reserva Extrativista do Alto do Juruá especial mente no que se refere à saúde das mulheres daquela área e frente os princípios filosóficos que norteiam nossa prática profissional procedemos as seguintes considerações:
. acreditamos que um ambiente saudável e sustentável está na dependência da paz mundial, do respeito aos direitos humanos, da participação democrática, da autodeterminação das pessoas, do respeito aos povos das florestas e suas terras, culturas, e tradições, e à proteção de todas as espécies;
. entendemos que direitos humanos básicos incluem acesso ao ar puro, a água limpa, ao alimento, a moradia/abrigo, saúde, educação, liberdade pessoal e liberdade de informação e expressão;
. acreditamos que é um direito humano básico ter acesso às informações sobre a qualidade do ambiente onde se vive;
. acreditamos que tem sido negado direitos humanos básicos aos povos das florestas, como também o reconhecimento de suas contribuições a cultura mundial;
. acreditamos que as mulheres têm tido um importante papel na busca da igualdade entre os povos, no equilíbrio entre eles e nos sistemas de suporte a vida;
. reconhecemos que a nutrição da família e dependente da habilidade da mulher para produzir alimentos para a mesma;
. reconhecemos que ao mesmo tempo que as condições de vida das mulheres de várias regiões deterioram, elas carregam uma importante carga de responsabilidade pela reprodução da espécie, pela produção de alimentos como também pela proteção do solo e outros recursos naturais;
. reconhecemos que ninguém sabe, tão intimamente como as mulheres, sobre a realidade da exploração da terra pois elas a cultiva e carregam sua água, usam suas árvores como combustível, extraem da floresta as ervas e plantas medicinais, e usam seus conhecimentos tradicionais para os benefícios da comunidade preservando espécies e o ecossistema;
. reconhecemos que direito à saúde e a escolha reprodutiva é um direito humano básico de todos os indivíduos e que muitas mulheres gostariam de limitar o tamanho de sua família;
. reconhecemos que a habilidade das mulheres para se protegerem da AIDS e outras doenças sexualmente transmitidas e também para determinarem quando desejam ter filhos são pré-requisitos para a saúde da mulher. Como também consideramos condenável qualquer tentativa de privação de sua liberdade reprodutiva ou de conhecimento que a capacite para o uso dessa liberdade;

Portanto, entendemos que um Programa de Assistência à Mulher deva estar centrado em todas essas questões, que não perca de vista uma assistência reprodutiva compreensiva na qual esteja incluída o direito a assistência pré-natal, ao uso de métodos contraceptivos seguros, a educação sexual, a educação, a saúde enfim o direito de ter uma vida saudável.

Para tanto recomendamos:

. aumentar a alocação de recursos que favoreçam a segurança de obtenção de alimentos, e fornecer apropriadas tecnologias para reduzir o trabalho da mulher da REAJ;
. evocar ao governo (nível municipal, estadual e federal), às instituições de ensino superior (Universidades locais, estadual, federal), às agências/órgãos financiadores para ajudar a subsistência de mulheres, homens e crianças, dependentes das florestas tropicais, e ajudá-los a proteger e restaurar as florestas, na manutenção de seus direitos comunais a terra e produtos da mesma;
. estabelecer como prioridades as seguintes atividades:

A - Curto Prazo:

- contratar pelo menos uma enfermeira, de preferência, especialista em obstetrícia, para coordenação das atividades de assistência a saúde das mulheres da reserva;
- identificar os níveis de mortalidade materna e infantil na região;
- identificar o número de nascimentos anuais;
- fortalecer o trabalho da parteira/curiosa assegurando-lhes:
- treinamento apropriado para o exercício da assistência materno-infantil incluindo o acompanhamento pré-natal e pós-natal;
- remuneração pelo trabalho realizado;
- orientação e supervisão da enfermeira ou médico em casos complicados;
- material/equipamentos necessários a assistência materno-infantil de qualidade;
- capacitar os agentes de saúde locais para a assistência pré-natal e neonatal;
- estudar estratégias e mecanismos que facilitem o encaminhamento de casos de urgência para os serviços de maior complexibilidade;
- assegurar o atendimento de casos complicados nos serviços de saúde mais próximos e conveniados com o Sistema Único de Saúde (SUS);
- estudar mecanismos de articulação com os setores governamentais (a nível municipal, estadual e federal) para a garantia da remuneração de pessoal e compra de materiais de grande necessidade.
- estudar mecanismos de articulação com instituições de ensino superior em saúde, para assegurar o treinamento das parteiras curiosas e ou supervisão da assistência materno-infantil.

B - A Médio e Longo Prazo

- proceder avaliações periódicas do programa de assistência materno-infantil;
- conhecer outros modelos de serviços/programas de atendimento a mãe/filho em áreas rurais do país, a exemplo de Fortaleza;
- estabelecer um sistema de atendimento pré-natal a todas as gestantes da reserva através dos postos de saúde;
- criação de casas de parto, em diferentes áreas da reserva, com atuação da parteira curiosa sob a supervisão da enfermeira ou médico;
- estimular e incentivar a formação de recursos humanos em saúde, capacitando os próprios habitantes da reserva.

*Artigo originalmente publicado na Revista Latino-Americana de Enfermagem vol.2 no.2, July 1994