tag:blogger.com,1999:blog-166619582024-03-07T15:09:40.439-05:00AMBIENTE ACREANOEvandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.comBlogger3539125tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-3342714292588498202021-09-28T15:16:00.004-05:002021-09-28T15:16:55.633-05:00TROPEIROS E CAMINHOS DO BENI PARA O ACRE <p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Alceu Ranzi*<o:p></o:p></span></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhC_0l_mmz1-VUwZYi9yoNxzCLL1xEaRtwmmnahKCgJEnkR1oQ03Lh3snr_EADp4dLB8Sr1KTv2BbplPNAFp36LAIdjC79Qnbf83zmRm37xbkaZlBoOCkUbzZgCNXMvVliZY35l/s1789/gado+bolivia+acre.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1085" data-original-width="1789" height="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhC_0l_mmz1-VUwZYi9yoNxzCLL1xEaRtwmmnahKCgJEnkR1oQ03Lh3snr_EADp4dLB8Sr1KTv2BbplPNAFp36LAIdjC79Qnbf83zmRm37xbkaZlBoOCkUbzZgCNXMvVliZY35l/w400-h243/gado+bolivia+acre.jpg" width="400" /></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">No final do mês
de agosto de 2021, quando estive em Rio Branco, tive a oportunidade de
entrevistar dois acreanos que testemunharam ou acompanharam as tropas de gado
originadas dos campos do Beni, na Bolívia, a caminho do Acre, em especial Rio
Branco.<o:p></o:p></span></p><p></p><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Conversei
primeiro com o Sr. Paulo da Silva Maia, nascido em 1931, e morador do Segundo
Distrito, onde vive até hoje. Paulo Maia sempre lidou com gado, foi um antigo
tropeiro e acompanhou em diversas oportunidades tropas de gado dos campos de
Santa Ana del Yacuma, na Bolívia, para o Acre.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Segundo ele, as
tropas de gado com 300 ou 400 cabeças eram divididas em grupos menores,
acompanhadas por tropeiros bolivianos a pé. Não se usavam cavalos ou mulas pela
dificuldade de andar nos varadouros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">O segundo
entrevistado foi o Sr. Clóvis Alves de Souza, nascido em 1933, neto do Capitão
Liberalino Alves de Souza, Guarda-Livros do Cel. Plácido de Castro que se
destacou, durante a revolução acreana, no combate de Santa Rosa, nas cercanias
do rio Abunã, Bolívia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">O Sr. Clóvis
nasceu e ainda é proprietário de terras na região dos antigos “Campo Esperança”
e “Campo Central”, nas proximidades da atual cidade de Capixaba. Segundo ele, o
Capitão Liberalino era proprietário do Seringal Gavião e casou com uma índia
parente de Benavide Benavenuto, o último Cacique dos “Apurinã do Gavião” que
também foi Pajé na aldeia do Muchanguy, situada entre o Gavião e o “Campo
Lindo”, no atual município de Capixaba.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">O gado trazido
dos campos do Beni, depois de caminhar durante 30 a 40 dias, chegava ao Acre em
péssimas condições. A recuperação e engorda, antes do abate, ocorria nas
pastagens naturais do Campo Esperança e Campo Central, na região das cabeceiras
do rio Iquiri, e nos pastos de Newtel Maia e na planície do rio Acre no atual
Bairro da Cidade Nova, em Rio Branco.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Tanto o Sr.
Paulo Maia como o Sr. Clóvis Alves de Souza, amigos e contemporâneos, falaram
da importância do comércio de gado da Bolívia para o Brasil nos anos em que
carne chegava ao Acre na forma de Corned Beef (enlatada) ou como Charque ou
Jabá (salgada e seca ao sol).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">O transporte do
gado vindo da Bolívia se iniciava em Santa Ana del Yacuma e nos primeiros 300
km, até a localidade de Exaltación, na margem do rio Beni, o caminho
atravessava campos naturais. Daí para a frente, o gado seguia em varadouros no
interior da Floresta cruzando os rios Madre de Dios (na localidade de
Mercedes), Orton (Palestina) e Abunã (Santa Rosa).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Conforme o mapa
“La Frontera del Norte”, de 1907, elaborado pelo Cel. Percy H. Fawcett e
publicado por Adolfo Ballivian (Chefe da Comissão Boliviana Demarcadora de
Limites com o Brasil), a partir de Palestina, no rio Orton, o varadouro seguia
quase em linha reta cruzando o rio Abunã em Santa Rosa, e, adentrando o Brasil,
passava pelo Seringal Gavião, no Campo Esperança, até chegar ao Campo Central
do Capatará. Esse é o mesmo varadouro indígena trilhado pelo Cel. Labre em 1887
(ver Ranzi & Ferreira, p. 147 e 305).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Na localidade
conhecida como quatro bocas, tinha um entroncamento
(Gavião-Capatará/Palmares-Empresa), com um ramal seguindo para o Seringal
Capatará, às margens do rio Acre, e o outro, via Missões (no eixo da atual
rodovia BR-317) ia até as pastagens de Newtel Maia em Rio Branco.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Os varadouros da
margem direita do rio Acre para os rios Xipamanu e Orton podem ser visualizados
no mapa “Bolívia-Brazil Boundary, 1911-1912” (Edwards, 2013) e o “Mapa de Vias
de Comunicacion de los Distintos Puntos de la República a Puerto Acre”, de
Meredia Villarreal (1903), publicado na p. 27 de Gumucio (2014).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Esse comércio de
gado do Beni para o Acre é antigo e foi objeto de um Decreto Supremo do governo
boliviano datado de 02 de setembro de 1912, assinado pelo Presidente Eliodoro
Villazón, que isentava de impostos e taxas o trânsito e exportação de reses do
Beni para a região do Acre “donde el consumo de carne se hace impossible para
los pobladores por su fabuloso precio”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Ainda mais
antiga é a observação do Frei Nicolás Armentia de que “talvez se abrirá en
breve um camiño para el transporte del ganado de Mojos al Purús, donde existen
de cincuenta à sesenta mil esplotadores de goma que carecen em lo absoluto de
ese artículo tan necesário para la vida” (Armentia, 1888).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Por outro lado,
nos tempos da Revolução Acreana, Genesco de Castro (2002) cita que a firma N.
Maia & Cia. “importa da Bolívia mais de 2.000 cabeças de gado anualmente”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">O declínio, e
posterior paralização, da importação de gado vivo do Beni para o Acre tem como
seu ponto de partida a implantação e consolidação de extensas fazendas de
pecuária no Acre a partir do início dos anos 70. O fim desse comércio resultou,
em território acreano, no abandono de varadouros que serviram para esse
transporte por mais de 50 anos. Desde então, o Acre passou da condição de
importador de gado em pé para a de exportador de carne beneficiada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">* Alceu Ranzi Alceu
Ranzi é professor aposentado da UFAC e membro do Instituto Histórico e
Geográfico do Acre<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><b><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Para saber mais:
<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Armentia, N.
1888. <i>Descripción de la provincia de los
Moxos, en el Reino del Perú</i>. Imprenta del Siglo Industrial, La Paz,
Bolivia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Castro, G. 2002.
<i>O Estado Independente do Acre</i>. Senado
Federal, Brasília, 372 pp.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">República da
Bolívia, 1912 – <i>Decreto Supremo da
Bolívia de 02 de setembro de 1912</i>, assinado pelo Presidente Eliodoro
Villazón.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Edwards, H. A.
1913. <i>Frontier work on the Bolivia-Brazil
boundary, 1911-1912</i>. The Geographical Journal, v. 42, n. 2, p. 113-126 (+
mapa).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 12pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Gumucio, M. P.
2014. <i>Pando y la Amazonia Boliviana</i>.
Grupo Editorial Kipus, Cochabamba, Bolivia, 352 pp.<o:p></o:p></span></p>
<p><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Ranzi, A.;
Ferreira, E. 2021. </span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Acre: Visto e Revisto</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">.
Massiambooks, Florianópolis, 310 pp.</span> </p></span><p></p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-22625004370594250552021-09-15T10:52:00.002-05:002021-09-16T08:08:30.812-05:00APESAR DO AVAL DO ICMBIO E DO IBAMA, ESTRADA NO PARQUE NACIONAL DA SERRA DO DIVISOR TEM POUCAS CHANCES DE SE MATERIALIZAR<p><b style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Evandro Ferreira*</span></b></p>
</span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtAYWBJLc556cVQzM61-FTUgCpqDuKBPAzv21O9zIz-u83NVsZSc-MkNeZZjpabK_B6oa-m7ugSHRaBzGfePlwzj2JqdLXeMPzTiXI2d0cMQj7mOdpE5YlL2Ow5ruy0n8o04UU/s1133/estrada+amazonia.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="688" data-original-width="1133" height="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtAYWBJLc556cVQzM61-FTUgCpqDuKBPAzv21O9zIz-u83NVsZSc-MkNeZZjpabK_B6oa-m7ugSHRaBzGfePlwzj2JqdLXeMPzTiXI2d0cMQj7mOdpE5YlL2Ow5ruy0n8o04UU/w400-h243/estrada+amazonia.jpg" width="400" /></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Em 03 de setembro o Diretor de
Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade do ICMBio, Marcos Aurélio
Venâncio, um Tenente Coronel da Reserva da Polícia Militar de São Paulo, oficiou
o Diretor de Licenciamento Ambiental do IBAMA dando o “de acordo” para a realização
do licenciamento ambiental visando a construção da rodovia BR-364 dentro do
Parque Nacional da Serra do Divisor (PNSD), no extremo oeste do Acre.<p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A decisão de seguir em frente com a
iniciativa de construção da referida estrada em um ambiente global de franca
hostilidade político-ambiental ao Brasil em razão da desastrada política
ambiental adotada pela administração que assumiu as rédeas do país em 2019
parece fadada ao fracasso.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Embora o Decreto de criação do PNSD (n°
97.839/1989), em seu artigo 3°, autorize explicitamente “a implantação do
trecho da BR-364 cortando o Parque, desde que observadas medidas de proteção
ambiental e compatibilização do traçado com as características naturais da área”,
legislação posterior e hierarquicamente superior torna sem valor essa
autorização.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Em julho 2000, por meio da Lei n° 9.985
o Governo Federal criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), estabelecendo
critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de
conservação no país. Além de passarem a ser regidas por um arcabouço legal
comum, as unidades de conservação foram categorizadas em dois grandes grupos:
as de uso sustentável e as de proteção integral.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O primeiro grupo, de uso sustentável
(que inclui as Reservas Extrativistas), admite a presença de moradores em seu
interior e a exploração em bases sustentáveis dos recursos naturais existentes.
O segundo, de proteção integral, no qual se inserem Parques Nacionais (caso do
PNSD), proíbe a presença de moradores e a exploração dos recursos naturais
locais tendo em vista que essas unidades objetivam a “manutenção dos
ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitido
apenas o uso indireto dos seus atributos naturais”.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Diante disso, está claro que a
construção de uma estrada em um Parque Nacional não se admite pelos danos
diretos e indiretos (atuais e futuros) que a mesma pode causar à unidade de
proteção integral. Além disso, permitir a construção da estrada é um atentado
contra a Lei que criou o SNUC. E usar o argumento de que a legislação que criou
o PNSD previa a construção da estrada é inútil visto que no nosso ordenamento jurídico
uma Lei sempre se impõe a um Decreto. Este não pode contrariá-la, sob pena dos
atos praticados com base no mesmo serem ilegais e sem validade.</span></p>
</span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXh7UjkCsVu5uIMsB6vLDBE-51aYH7YLepiwGQfOWrvbNkeHZ23SPecKAcWsmohpAy5MjPK46JcmweRY-Jxf-fL7ph6ZRxzDWPa8U4ypmTsdCj0Ly8x6c2VTLd1JKk9gWQ3z11/s730/serra+do+divisor+%25282%2529.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="590" data-original-width="730" height="324" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXh7UjkCsVu5uIMsB6vLDBE-51aYH7YLepiwGQfOWrvbNkeHZ23SPecKAcWsmohpAy5MjPK46JcmweRY-Jxf-fL7ph6ZRxzDWPa8U4ypmTsdCj0Ly8x6c2VTLd1JKk9gWQ3z11/w400-h324/serra+do+divisor+%25282%2529.jpg" width="400" /></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Quem “deu sinal verde” para o ICMBio
“autorizar” o IBAMA a liberar os estudos visando o licenciamento ambiental da
construção da estrada foi a Procuradoria Federal Especializada da
Advocacia-Geral da União (AGU). Obviamente que a AGU existe para defender as
iniciativas do Governo Federal e para isso ela irá interpretar e argumentar a
legislação, mesmo contra a lógica jurídica mais elementar (Decreto se
sobrepondo a uma Lei), em favor das iniciativas do governo.<p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">É importante deixar claro que muitas decisões
de um ou outro ocupante de cargo de confiança no ICMBio, no IBAMA ou mesmo do
Ministro do Meio Ambiente, visam atender demandas de políticos que viram na
ascensão do atual governo uma oportunidade ímpar de avançar projetos
supostamente desenvolvimentistas brecados no passado por sabidos impactos
ambientais negativos. Sua aprovação é a “moeda de troca” representada pelo apoio
que esses políticos dão às iniciativas do governo no Congresso.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Um resultado dessa interação política
nefasta, que se intensificou a partir de 2019, é a aceleração da destruição
ambiental por todo o país. Graças a isso, em pouco mais de dois anos e meio o
Brasil foi “rebaixado” no campo ambiental à categoria de “pária mundial”. De
nação líder e exemplar na adoção de práticas ambientais sustentáveis em nível
global, o país passou a ser visto como um “grande vilão”, muitas vezes excluído
e, quando presente, sem respeito ou autoridade alguma para impor suas sugestões
e demandas ambientais em foros e reuniões internacionais.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Embora a iniciativa do Diretor do
ICMBio no tocante à construção da estrada dentro do PNSD cause preocupações, na
prática, o ambiente político-jurídico atual inviabiliza que “essa boiada” passe
despercebida.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Se judicializada, é quase certo que as
providências preliminares indispensáveis para viabilizar a construção da
estrada dentro do PNSD serão paralisadas. Especialmente agora que o Executivo
Federal declarou “guerra” ao Judiciário brasileiro em todas as frentes. Assim,
ele que não espere boa vontade e celeridade por parte dos juízes que vierem a
ser designados para decidir a causa.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">No que toca à sociedade civil
organizada que se opõe à construção da rodovia, os defensores que se preparem.
Terão que se contrapor aos ambientalistas locais, regionais e nacionais que
estão criando uma “onda” crescente de oposição que tem atraído importantes influenciadores
nacionais e internacionais. Em paralelo, organizações indígenas estão atuando
fortemente para brecar a iniciativa, pois a estrada impacta três terras
indígenas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Se a oposição “civil” à estrada é
crescente no lado brasileiro, no lado peruano o apoio político à mesma mudou
drasticamente com a recente eleição de um professor e agricultor para a
presidência daquele país. Não sendo representante das elites peruanas,
iniciativas em favor da parcela mais pobre da população e a defesa de causas
indígenas e ambientais tenderão a prevalecer durante o seu governo. Sem o apoio
dos peruanos, não faz sentido o Brasil insistir na construção de uma estrada
que correrá o risco de ter o seu trajeto terminado abruptamente no meio do
nada, na fronteira com o Peru.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">*Evandro Ferreira é pesquisador do INPA
e do Parque Zoobotânico da UFAC.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><o:p> </o:p></span></p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-48162464955204814732021-08-17T20:36:00.004-05:002021-08-17T20:42:15.701-05:00A CAÇA DE ANIMAIS SILVESTRES EM COMUNIDADE EXTRATIVISTA NO ACRE<p><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Evandro
Ferreira*</span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1jqHbR4vV-bbRA2r4SvFbHiThJ_asv5DT44pBy5PNxzQV15zrgCY1MCk5Y4n0h-hW9CWILnHw7L7f91oCHQIif3Mbta3Sism4K4YX7KEZobiUhxLxOCOMXm-cxP2D7tb-fBs3/s1271/figura+caca+resex.png" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="964" data-original-width="1271" height="304" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1jqHbR4vV-bbRA2r4SvFbHiThJ_asv5DT44pBy5PNxzQV15zrgCY1MCk5Y4n0h-hW9CWILnHw7L7f91oCHQIif3Mbta3Sism4K4YX7KEZobiUhxLxOCOMXm-cxP2D7tb-fBs3/w400-h304/figura+caca+resex.png" width="400" /></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A caça de subsistência de animais da
fauna silvestre para consumo doméstico em comunidades extrativistas no Acre é, muitas
vezes, a única alternativa de acesso a fontes nutricionais de alto valor
proteico.</span></p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A tradição dessa atividade no interior
do Acre remonta aos primórdios da colonização do estado. Apesar disso, poucos
estudos científicos foram feitos para identificar os animais mais buscados e as
formas mais comuns de caça empregadas pelos extrativistas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Um artigo publicado em junho de 2021 na
revista </span><b style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"><i>Biota Amazônia</i></b><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> (v.11, n.2, p.27-30) por pesquisadores da
Fundação Osvaldo Cruz (RJ), Universidade Estadual de Maringá (PR) e Universidade
Federal do Acre (AC) traz informações esclarecedoras sobre essa prática no
Acre.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A partir de informações colhidas por
meio de entrevistas feitas com 42 famílias da Reserva Extrativista (RESEX) Cazumbá-Iracema,
os pesquisadores descobriram que mais de 40 espécies de animais silvestres são
caçados com regularidade.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O grupo mais buscado é o das aves, com 23
espécies caçadas. Entre as mais apreciadas, se destacaram o jacu (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Penelope jacquacu</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">), a inhambu-galinha (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Tinamus guttatus</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">), a inhambu-macucau (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Crypturellus undulatus</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">), a arara (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Ara</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> sp.) e o papagaio (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Amazona</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> sp.).</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Os mamíferos são o segundo grupo em
número de espécies caçadas (16), com destaque para o porco do mato (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Pecari tajacu</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">), veado (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Mazama</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> sp.), tatu (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Dasypus novemcinctus</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">), o macaco guariba (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Alouatta</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> sp.) e a anta (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Tapirus
terrestris</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">). Surpreendentemente, a paca (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Cuniculus paca</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">) e a cutia (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Dasyprocta</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">
sp.) não estão listadas dos animais mais caçados no RESEX. Apenas a cutiara (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Myoprocta</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> sp.).</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O outro grupo caçado é o dos répteis
com casco, com um único representante: o jabuti (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Chelonoidis denticulata</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">).</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A pesquisa determinou quais espécies são
consideradas com maior valor de uso pelos extrativistas utilizando o índice de Valor
de Uso (VU), que é calculado pela divisão do número de vezes em que a espécie é
citada e a quantidade de entrevistados. O valor desse índice varia de 0 a 1. Quanto
mais próximo de zero, menos conhecida é a espécie, e quanto mais próximo de 1,
mais conhecida e apreciada ela é pelos entrevistados.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Assim, pela ordem, as espécies com
maior Valor de Uso para os extrativistas da RESEX Cazumbá-Iracema foram: porco
do mato (VU=1), jabuti (VU=0,98), veado (VU=0,90), o jacu (VU= 0,86) e o inhambu-galinha
(VU=0,74). </span><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyYcEIcR_Hcz4kGijkC5qpxhmAFGKE0mzxLniC8a0JYuoZUzNjTr0cO4JtpLBdnVKnduwLg9_Wa5H3T67GNak1CY5CTsEegUMwGZVfniKfNF_Pr7FDPKtrHil_3Hnof6npRtne/s974/figura+mapa+resex+cazumba.png" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="864" data-original-width="974" height="355" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyYcEIcR_Hcz4kGijkC5qpxhmAFGKE0mzxLniC8a0JYuoZUzNjTr0cO4JtpLBdnVKnduwLg9_Wa5H3T67GNak1CY5CTsEegUMwGZVfniKfNF_Pr7FDPKtrHil_3Hnof6npRtne/w400-h355/figura+mapa+resex+cazumba.png" width="400" /></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Os métodos de caça mais praticados
pelos extrativistas são a espera (42,7%) e o uso de espingardas (41,7%). Os
locais preferencias de caçadas são áreas de matas mais fechadas (floresta
virgem), que geralmente oferecem com mais frequência e abundância – em relação
às florestas secundárias (capoeiras) – fontes de alimentos para os animais,
aumentando as chances de sucesso das caçadas.</span></p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A caça tipo “espera”, ou de “tocaia”, é
mais usada na caça de mamíferos e geralmente acontece à noite em locais
propícios, ou seja, próximo a árvores com frutos caindo ou locais de passagem
de animais. Nessa modalidade os caçadores geralmente se abrigam em poleiros ou
sobre árvores das proximidades e aguardam silenciosamente a chegada dos
animais.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A caça com o auxílio de cachorros era
praticada por apenas 9,4% dos entrevistados. Outros métodos como o uso de
armadilhas para a captura de aves e pequenos roedores era ainda menos frequentes,
praticados por 6,3% dos entrevistados.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Um fato inusitado demonstrado pelo
estudo foi o maior consumo de aves e não de mamíferos na RESEX Cazumbá-Iracema.
O normal é o contrário. Segundo os pesquisadores, isso pode ser consequência da
maior abundância das aves no local. Apesar disso, a caça de mamíferos é a
preferida pelos extrativistas em razão da maior massa (quantidade de carne) que
eles fornecem em comparação às aves.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Embora a pesquisa não tenha abordado a
questão da intensidade ou da pressão de caça exercida pelos moradores da RESEX
sobre a fauna silvestre local, foi possível verificar que dos animais caçados, cinco
integram a lista de espécies ameaçadas de extinção publicada pela International
Union for Conservation of Nature (IUCN, 2019) na categoria “vulnerável”
(jabuti, inhambu-azul, tucano, queixada e anta) e um a categoria “em perigo de
extinção” (o macaco preto).</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Os pesquisadores concluem o estudo afirmando
que a caça de subsistência da fauna silvestre ainda é um importante para a sobrevivência
dos moradores de áreas protegidas na Amazônia brasileira. Eles sugerem que
programas de educação ambiental devem ser desenvolvidos para que esses
moradores ampliem ainda mais seu conhecimento sobre o uso sustentável dos
recursos naturais existentes nas áreas florestais que tradicionalmente exploram.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">*Evandro Ferreira é pesquisador do INPA
e do Parque Zoobotânico da UFAC.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><i><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Para saber mais</span></i></b><i><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">:</span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">IUCN. 2019. <i>Red
List of Threatened Species</i>. </span><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Disponível em: https://www.iucnredlist.org</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Leandro Siqueira de Souza, Melissa Progênio, Leilandio Siqueira de Souza, Francisco Glauco de Araújo Santos.
</span><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">2021.
Consumption of wild animals in extractive communities in the State of Acre,
Brazilian Amazon. <i>Biota Amazônia</i>, </span><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">v.11, n.2, p.27-30.</span></p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-45191243124273816752021-07-12T15:20:00.018-05:002021-07-15T08:58:46.893-05:00NOSSA GAMELEIRA, QUEM DIRIA, AGORA É UM APUÍ (OU MATA-PAU)<p> <b style="text-align: center;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Evandro Ferreira*</span></b></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAAWgjGHb49Gkn4CMiuqxEzuMHPLsm0VsURMXH62yO50iVdS2cSjxNE_yKI562O9_8Lq_DVhnhyphenhyphenQ7Zlc1zUQak4_S8-s_NYyuVIQunDviIBm3cYbYmIPQk3ejAYf4moV073e_Y/s781/ficus+insipida.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="657" data-original-width="781" height="336" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAAWgjGHb49Gkn4CMiuqxEzuMHPLsm0VsURMXH62yO50iVdS2cSjxNE_yKI562O9_8Lq_DVhnhyphenhyphenQ7Zlc1zUQak4_S8-s_NYyuVIQunDviIBm3cYbYmIPQk3ejAYf4moV073e_Y/w400-h336/ficus+insipida.jpg" width="400" /></a></span></div><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A cidade de Rio Branco foi fundada pelo cearense Neutel Maia em 28 de dezembro de 1882, por ocasião do estabelecimento de seu primeiro seringal em terras acreanas. Segundo relatos perpetuados oralmente, a razão da escolha do local para instalar seu seringal – batizado como “Volta da Empreza” – foi a existência de uma gigantesca e frondosa árvore conhecida como “gameleira” em uma curva do rio Acre.</span></p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Eu me arrisco a especular que Neutel Maia escolheu o local da gameleira provavelmente por ele ser, nas redondezas, a única área de “terra firme” cujo “barranco” – que chegava até a margem do rio Acre – não era afetado pela erosão comum em margens de rios meândricos como o nosso. Isso facilitou o estabelecimento de um porto funcional no inverno e no verão, apto para barcos de variadas tonelagens.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">De fato, o programa “Google Earth” mostra que a montante, ou seja, acima da curva da gameleira, área com condição similar só existe onde hoje está instalado o CEASA, cerca de 7 km rio acima. A jusante, locais similares só são encontrados mais de 10 km seguindo o curso do rio, na região hoje conhecida como Belo Jardim.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O fato é que a existência da gameleira no local de fundação da nossa cidade se constituiu em uma referência histórica usada para se chegar ao “marco zero” de Rio Branco. Tanto que para homenagear e proteger nossa árvore símbolo, o local foi tombado pelo Patrimônio Histórico Municipal de Rio Branco através do Decreto Nº 752, de 28 de dezembro de 1981.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A partir de 2002 o sítio histórico localizado no entorno da gameleira foi revitalizado. Foi construída uma barreira de contenção para evitar o desbarrancamento do rio, restaurados diversos prédios históricos, construído um marco para abrigar uma gigantesca bandeira do Acre e um calçadão equipado com quiosques, bancos e deck de observação do rio.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Em razão da presença marcante da gameleira, toda aquela região é hoje conhecida como “calçadão da gameleira”. Até o mastro é referido como “mastro da gameleira”.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Apesar do esforço para preservar nossa história e, principalmente, a árvore símbolo da fundação de nossa cidade, a lenta e inexorável ação da natureza resultou em uma mudança biológica que põe em cheque a manutenção do nome “gameleira” como o de “batismo” de todo o complexo que conhecemos como “calçadão da gameleira”.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A verdade é que não existe mais “gameleira” no calçadão da “gameleira”. Não se sabe ao certo quando a gameleira original deixou de existir. De certo, o que temos certeza é que hoje, no lugar da gameleira, temos um majestoso pé de “apuí”, árvore também conhecida popularmente como “mata-pau”.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">E como isso aconteceu?</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Vamos à explicação. Tanto a “gameleira” como o “apuí” pertencem à família botânica das Moráceas, que inclui 37 gêneros e mais de 1000 espécies no mundo, dos quais 17 gêneros e cerca de 80 espécies no Acre. Algumas plantas muito conhecidas dessa família no Acre são, além da gameleira e do apuí, o caucho, a caxinguba, a guariúba, o inharé e o manitê.</span></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU9KHvrLGeWJFNUGWfQORuHFFGojvrlMxKza-jmGFQXcuwzbKiBGLCUAabgymHL2SGGIWqCRw3Cp9BeSJ6haHmzxyZjYAMerXPxdoRhFWZphMAb3UNPQZ2tqNzq3a9BjZ6QEX0/s739/ficus+trigona.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="739" data-original-width="503" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU9KHvrLGeWJFNUGWfQORuHFFGojvrlMxKza-jmGFQXcuwzbKiBGLCUAabgymHL2SGGIWqCRw3Cp9BeSJ6haHmzxyZjYAMerXPxdoRhFWZphMAb3UNPQZ2tqNzq3a9BjZ6QEX0/w273-h400/ficus+trigona.jpg" width="273" /></a></span>Gameleira é um nome popular que se aplica a diversas árvores de Morácea do gênero </span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Ficus</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">. O nome popular possivelmente deriva do fato da madeira dessas árvores ser usada na confecção de gamelas.</span></p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">No Acre, o nome gameleira, conforme resultado de consulta ao acervo do Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC, é usado para designar pelo menos três espécies distintas: <i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Ficus coerulescens</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">,
</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Ficus insipida</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> e </span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Ficus maxima</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">. Todas elas são árvores convencionais, ou seja, suas
sementes germinam no solo e seu tronco se desenvolve normalmente até atingir o
dossel da floresta. </span><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O nome “apuí” se aplica a pelo menos 16
espécies de </span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Ficus</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> nativas do Acre. Ao contrário da gameleira, alguns apuí são plantas “estranguladoras” ou seja, crescem sobre outras plantas como epífitas (sem ser parasitas), se alimentando inicialmente de água e nutrientes que se acumulam no emaranhado de galhos da planta hospedeira.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Com o tempo, o apuí lança raízes em direção ao solo para obter de forma mais segura e abundante água e nutrientes para o desenvolvimento do seu tronco e copa. Nesse processo, ele “abraça” o corpo da planta que lhe hospeda e o “estrangula”, ocupando o seu lugar após um processo que pode durar dezenas de anos. Essa é a razão do apuí também ser chamado de “mata-pau”. Pois é: ingratidão existe até no mundo vegetal.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Isso aconteceu com a majestosa “gameleira” que testemunhou a fundação de Rio Branco. Lugares entre seus galhos eram propícios para a germinação de sementes de outras plantas, como se vê em troncos de palmeiras vivas cheias de samambaias. Essas sementes são trazidas por pássaros que se alimentam dos frutos de uma árvore e voam para longe, defecando as sementes sobre outras árvores.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Portanto leitores, nossa “gameleira”, a do calçadão, a do mastro, a que foi tombada pelo patrimônio histórico, não existe mais. Ela foi “estrangulada” e no seu lugar se desenvolveu um majestoso e grandioso “apuí”.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O nome científico da antiga gameleira, símbolo de nossa cidade, não é mais possível determinar. Mas o do apuí que está no seu lugar (posando de gameleira) esse sabemos. Chama-se </span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Ficus sphenophylla</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">E agora? O que fazer? Mudar tudo para “Calçadão do Apuí”? “Mastro da bandeira do apuí”? Ou vamos viver na ilusão de que ainda temos uma gameleira por lá?</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">* Evandro Ferreira é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e do Parque Zoobotânico (PZ) da Universidade Federal do Acre (UFAC).</span></p><p></p></span><p></p></span>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-55376137473079617622021-04-21T09:14:00.048-05:002021-04-21T19:52:24.413-05:00OS ACREANOS ANTES DO ACRE<p> <b style="text-align: center;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Alceu Ranzi* e Evandro Ferreira**</span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjy-PGS21-Te9M33m7H7Kegxwn-krEHyqgbI_Z4bthgKBKxbP3jUj9JL_A_ZeqEV5oBcXOo6CBPVfOpIcrSop6O5lJtnOLXATvTjtIVjwj1vlPpCmAILjSOtVwDJvq238KlGFKq/s500/fig+acreanos+antes+do+acre.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="260" data-original-width="500" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjy-PGS21-Te9M33m7H7Kegxwn-krEHyqgbI_Z4bthgKBKxbP3jUj9JL_A_ZeqEV5oBcXOo6CBPVfOpIcrSop6O5lJtnOLXATvTjtIVjwj1vlPpCmAILjSOtVwDJvq238KlGFKq/w400-h208/fig+acreanos+antes+do+acre.jpg" width="400" /></a></span></div><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Vamos imaginar a região onde
localiza-se o Acre antes dos relatos de Manoel Urbano, William Chandless e do
Coronel Labre. Esse pedaço de terra localizado na porção sul-ocidental da
Amazônia, relativamente próximo dos Andes, era um mundo com uma variada e
numerosa população nativa que convivia com a mais alta biodiversidade do nosso
planeta distribuída em florestas sem fim, cortadas por grandes rios
meandrantes, igarapés e lagos piscosos.<o:p></o:p></span></p><p style="text-align: left;"></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Para os homens e mulheres que aqui viviam,
a denominação “índios” não era e não é adequada, pois as terras descobertas por
Cristóvão Colombo não eram a “Índia” que originalmente ele buscava quando içou
velas nas Ilhas Canárias em 3 de agosto de 1492. Povos “pré-colombianos” também
não é adequado porque as pessoas que habitavam o Acre já ocupavam a região milhares de anos antes da chegada do navegador genovês ao continente americano
na região do Caribe. “Ameríndios” é ainda mais inadequada tendo em vista a
controvérsia que cerca o primeiro nome do geógrafo italiano Américo Vespúcio:
era “Amerigo”, “Alberico” ou “Albertutio”?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Muito antes da chegada de Colombo e de
Pedro Álvares Cabral às Américas, no Acre já haviam populações humanas,
pessoas, gente. Muita gente. Elas viviam em uma região denominada pelos Incas
de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Antisuyu</i>: uma grande porção de
terras com florestas, calor e chuvas torrenciais desconhecida pelas autoridades
das Coroas da Espanha e de Portugal, que posteriormente se intitularam “donas” das
mesmas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Com certeza a chegada de Cabral às praias da Bahia em 1500 passou desapercebida pelos habitantes da região que
no futuro viria a ser conhecida como Acre. O mesmo aconteceu quando da ocupação de Cajamarca pelo conquistador e explorador espanhol Francisco Pizarro em 1533, fato que determinou o
fim do Império Inca.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Antes de Chandless e Labre, que nos
deixaram relatos escritos de suas observações ao longo dos rios Purus e Acre,
são poucas as notícias de outras fontes confiáveis. Chandless, Labre e Manuel
Urbano nos relatam que havia gente ao longo dos rios acreanos. E não eram
seringueiros nordestinos. Eram “nativos” da região. É importante lembrar que até
meados de 1860 a borracha ainda não havia sido buscada nessa parte da Amazônia.
Portanto, os não nativos eram raros. Possivelmente estavam de passagem ou apenas passando uma
temporada por estas terras.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Deve-se notar que as primeiras grandes
expedições pela Amazônia não singraram os rios que adentram o Acre. Orellana
e Carvajal (1541-1542), Lope de Aguirre e Pedro de Ursúa (1559), Pedro Teixeira
(1637-1639), todos navegaram os rios Solimões e Amazonas e passaram pelas bocas
dos rios Juruá e Purus. Alexandre Rodrigues Ferreira (1783-1792), na sua Viagem
Philosophica, navegou o Madeira e o Guaporé e passou pela boca do rio Abunã. Ele
foi o que chegou mais próximo das terras acreanas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Além dos escritos de Chandless e Labre
e dos relatos de Manuel Urbano, outra fonte que confirma a existência de
muita gente no Acre está em processo de revelação pelos arqueólogos. Os
geoglifos são um bom exemplo de obras monumentais existentes no Acre e executadas
pelos ocupantes milenares dessas terras. As escavações no sítio Tequinho,
situado nas proximidades da Vila Pia, na rodovia BR-317 em direção à cidade de
Boca do Acre, no Amazonas, revelaram cerâmicas policromáticas de excepcional
qualidade artística.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Outros estudos indicam que os primeiros
habitantes do Acre chegaram à região há pelo menos 10 mil anos. Estudos de remanescentes fósseis de suas cozinhas permitiram identificar que já naquela
época se utilizavam vários alimentos comuns nos dias atuais, com destaque para
a abóbora, milho e mandioca, além de frutos de diversas palmeiras e também da
castanha do Brasil.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Além dos geoglifos, novas tecnologias como
o LIDAR (sigla inglesa para o termo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Light
Detection And Ranging</i>), que se utiliza do laser para obter informações
espaciais e produzir Modelos Digitais do Terreno e da Superfície, tem revelado
a existência de trilhas interligando os geoglifos construídos no Acre e uma
grande rede de caminhos primitivos que provavelmente se conectavam a outros construídos
pelos antigos habitantes da região centro-oeste do Brasil e também com as
estradas andinas do Império Inca.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiti0Z1mvLbJ-E7EQPRm8BIDzDydK0PfaBUHz-Pr-6njOVOVYJTVyj-5IqXZhQ_NljrQraIF9te6wDXWZAGg-Y30Po2Din-JQLYki5Eu2wFAZJIcuCeRbuHFS2bNnwv7shzXRo1/s1637/fig+acreanos+antes+do+acre2.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="935" data-original-width="1637" height="229" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiti0Z1mvLbJ-E7EQPRm8BIDzDydK0PfaBUHz-Pr-6njOVOVYJTVyj-5IqXZhQ_NljrQraIF9te6wDXWZAGg-Y30Po2Din-JQLYki5Eu2wFAZJIcuCeRbuHFS2bNnwv7shzXRo1/w400-h229/fig+acreanos+antes+do+acre2.jpg" width="400" /></a></span></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Com o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">boom</i> da borracha, em um recorte temporal de 40 anos entre 1880 e
1920, grande parte dos moradores originais do Acre foram massacrados e expulsos de suas
terras para permitir o estabelecimento dos barracões e seringais. Isso só foi
possível com as “correrias” promovidas por pessoas como Pedro Biló e Felizardo
Cerqueira, os mais afamados “caçadores de índios” das terras acreanas.<o:p></o:p></span></p><p style="text-align: left;"></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">É preciso que se diga: grande parte das
“pelas” ou bolas de borracha defumada produzidas nos seringais acreanos que seguiam para as indústrias na Europa e nos Estados Unidos levavam consigo a marca de um
genocídio, pois eram manchadas pelo sangue dos habitantes primitivos do Acre postos para “correr” das suas terras onde abundavam árvores de seringueiras.
A maioria dos que conseguiram sobreviver aos massacres se refugiou nos altos rios, próximo da
fronteira com o Peru, onde não haviam seringueiras. Longe, portanto, da cobiça
dos coronéis e patrões seringalistas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">No Acre, atualmente, são numerosas as
pessoas originárias, descendentes dos primeiros habitantes que adentraram a
região milhares de anos atrás. Integram os troncos linguísticos Pano e Aruak, e
ocupam várias terras indígenas demarcadas e consolidadas. Pertencem a distintas
etnias, com destaque para os Yawanawas, Ashaninkas, Kashinauas, Manchineris,
Apurinãs, Katukinas, Kulinas, Yaminawas, Nukinis e os famosos Náuas, que enfrentaram
a expedição do explorador inglês William Chandless ao rio Juruá em 1867, que
por isso só conseguiu chegar à boca do rio Gregório, de onde teve que
regressar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Foi assim que os “acreanos antes do
Acre”, ou seja, os povos originários que viveram pacificamente e em harmonia
com a natureza por milhares de anos no território que ocupamos hoje tiveram sua
paz perturbada e foram levados quase à extinção em razão de interesses
econômicos desencadeados pela Revolução Industrial que valorava esses “povos da
floresta” em um patamar inferior às árvores produtoras de borracha existentes em suas florestas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">*Alceu Ranzi é professor aposentado da
UFAC e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Acre.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">**Evandro Ferreira é pesquisador do
INPA e do Parque Zoobotânico da UFAC.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Para saber mais</span></b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Fausto, C. 2000. <i>Os índios antes do
Brasil</i>. Zahar, Rio de Janeiro, 94 pp.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Neves, E. 2006. <i>Arqueologia da
Amazônia</i>. Zahar, Rio de Janeiro, 86 pp.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Prous, A. 2007. <i>O Brasil antes dos
brasileiros</i>. Zahar, Rio de Janeiro, 142 pp.</span></p><p style="text-align: left;"></p><p style="text-align: left;"></p></span>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-49555759816068794922020-09-05T08:32:00.005-05:002020-09-05T08:33:20.505-05:00MUDANÇAS CLIMÁTICAS FAVORECERÃO A FREQUÊNCIA E A INTENSIDADE DE SURTOS DE LEPTOSPIROSE EM RIO BRANCO*<div style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Evandro Ferreira<br /></span></b><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Ambiente Acreano</span></b></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwgmHtMOqj6NpaMaRyYlwBYdJMh67_XQgrNseD85c8stLAAB3-zOBJLOfhiuOVKH13ZL6L6e5jQ-_anJFYTOpG-4M3HuXkuwBS6KdoD279Tor7Yg2BNGv0uGf3uUG_ShhYfsMT/s1604/lepitospirose.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="903" data-original-width="1604" height="351" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwgmHtMOqj6NpaMaRyYlwBYdJMh67_XQgrNseD85c8stLAAB3-zOBJLOfhiuOVKH13ZL6L6e5jQ-_anJFYTOpG-4M3HuXkuwBS6KdoD279Tor7Yg2BNGv0uGf3uUG_ShhYfsMT/w625-h351/lepitospirose.jpg" width="625" /></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">A leptospirose, causada por uma
bactéria do gênero <i>Leptospira</i> sp., é
uma doença febril aguda que afeta mais frequentemente o fígado e os rins, e que
pode resultar em febre, dor de cabeça, dores musculares, náuseas e vômitos. Quando
não corretamente diagnosticada e tratada ela pode se agravar e causar a falência
múltipla dos órgãos. Sua letalidade pode chegar a 20% das pessoas atingidas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">A bactéria causadora da leptospirose
pode se hospedar em uma grande variedade de animais silvestres e domésticos. Apesar
do rato marrom (<i>Rattus norvegicus</i>) ser
frequentemente citado como o principal hospedeiro da doença, ela também pode se
manifestar em bois, porcos, cavalos, cabras, ovelhas e cães, e deles ser transmitida
ao homem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">O clima, o ambiente tropical e a
infraestrutura de numerosas cidades da Amazônia ocidental brasileira, incluindo
a cidade de Rio Branco, favorecem sobremaneira a disseminação da leptospirose.
A bactéria causadora desta doença, cuja proliferação é favorecida pelas condições
inadequadas de saneamento e pela alta ocorrência de roedores infectados, se
concentra sobre solo durante os períodos mais secos do ano e tende a ser
espalhada quando da ocorrência de chuvas e cheios de rios e outros cursos de
águas presentes nas áreas urbanas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">As mudanças climáticas em curso,
visíveis em nossa cidade pela maior frequência de cheias anuais do rio Acre,
são, portanto, um fator que deveria ser motivo de preocupação para as
autoridades, pois a intensidade e a frequência dos surtos epidêmicos da doença
estão associadas com a ocorrência destas cheias.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Um estudo realizado em Rio Branco por
pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP),
publicado em março passado, mostra que a situação em nossa cidade é
extremamente preocupante.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">A pesquisa analisou a incidência mensal
de leptospirose na população residente no município de Rio Branco entre 2008 e
2013. Segundo o censo de 2010, a população local era de aproximadamente 336 mil
habitantes, dos quais mais de 92% vivia em área urbana. Como se sabe, a cidade
é cortada pelo rio Acre e anualmente, durante o período de maior intensidade
das chuvas (janeiro a março), acontecem transbordamentos do rio que atingem grandes
áreas da mesma, causando, durante os eventos mais acentuados, o desabrigo de
milhares de pessoas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Para o estudo, os dados sobre a
ocorrência da doença foram obtidos no Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (Sinan) e as incidências foram analisadas quanto a sua evolução
temporal, distribuição em distintas faixas etárias, relação com as médias
mensais de variáveis climáticas regionais (número de dias com precipitação no
mês, média mensal da precipitação, médias mensais das temperaturas máxima,
média compensada e mínima e média mensal da umidade relativa compensada) e
oscilações mensais do nível do rio Acre.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Os resultados do estudo revelaram que
entre 2008 e 2013 ocorreram 779 casos de leptospirose no município de Rio
Branco, com forte tendência de ascendência, passando de 13,4 casos/100 mil habitantes
em 2010 para 122,3 casos em 2013. Os números de 2013 indicam uma incidência entre
10 a 60 vezes maior que a média do Brasil. E o crescimento do número de casos
foi geométrico a partir de 2011, quando foram registrados 30,6 casos/100 mil
habitantes, mais que dobrando para 71,6 em 2012 e 122,3 casos em 2013.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">A incidência média mensal de
leptospirose mostrou forte aumento no período mais chuvoso dos anos estudados,
ou seja, entre outubro e abril, quando a média de ocorrência passou de 3,9
casos/100 mil hab. no mês de outubro, para 8,1 casos/100 mil hab. em março. Na
estação seca a maior média foi em maio (2,3 casos) e a menor em julho (1,4
casos).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">A faixa etária mais atingida pela
doença foi a de indivíduos com idade entre 20 e 39 anos, com incidências médias
mensais de 49,8 casos/100 mil hab. Crianças com menos de 1 ano e na faixa
etária de 1 a 4 anos foram as que apresentaram a menores incidências médias
mensais: 2,6 casos/100 mil hab. e 2,0 casos/100 mil, respectivamente. Idosos
com mais de 80 anos foram a terceira faixa etária menos atingida: 10,5 casos/100
mil hab.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Em relação às condições climáticas, o
estudo revelou que em Rio Branco a quantidade de dias com precipitação no mês e
a média mensal do nível do rio podem interferir na ocorrência da leptospirose,
causando aumentos de 4 e 7%, respectivamente, na incidência da doença. Os
autores sugerem que essas variáveis podem representar indicadores para a predição
de tendências na ocorrência dessa doença.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Para eles, as perspectivas das mudanças
climáticas globais podem levar à exacerbação da vulnerabilidade e quadros
epidemiológicos bastante preocupantes. Com a intensificação e aumento na
frequência dos eventos climáticos e ambientais extremos e modelos climáticos
projetados para a Região Amazônica que apontam para grandes aumentos de
temperatura, pode haver um favorecimento do prolongamento da sobrevivência das
bactérias no ambiente, ampliação dos habitat e aumento do número de espécies de
animais atuantes como reservatório da bactéria causadora da leptospirose.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Em conjunto, essas mudanças poderão
favorecer uma maior distribuição e exacerbação na ocorrência não apenas da leptospirose,
mas de outras doenças de veiculação hídrica, especialmente em ambientes urbanos
com infraestrutura deficiente de saneamento, como são os casos da grande
maioria das cidades da região amazônica.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Os autores concluem o estudo afirmando
que o “<i>maior conhecimento sobre a
distribuição temporal dos casos, sua relação com o clima e ambiente regionais,
somado à detecção do alto potencial de transmissão da doença em Rio Branco,
pode contribuir para o planejamento e as tomadas de decisão visando à prevenção
e mitigação dos impactos climáticos e ambientais na saúde da população da
capital do Acre</i>”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Para saber mais</span></b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">:
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Juliana L. Duarte e Leandro L. Giatti.
2019. <a href="https://www.scielo.br/pdf/ress/v28n1/2237-9622-ress-28-01-e2017224.pdf">Incidência da leptospirose em uma capital da Amazônia Ocidental brasileira e sua relação com a variabilidade climática e ambiental, entre os anosde 2008 e 2013</a>. <i>Epidemiologia e Serviços
de Saúde</i>, vol. 28, n° 1, p. e2017224.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"> </span></p>
<p><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt; text-align: justify;">*Artigo originalmente publicado no
jornal A Gazeta, em Rio Branco, Acre, em 18/06/2019.</span> </p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-67822301787232406312020-09-04T17:55:00.012-05:002020-09-05T08:19:19.200-05:00CAPIVARAS: HERBÍVOROS MANSOS E “PERIGOSOS”<div style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Evandro
Ferreira<br /></span></b><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Blog Ambiente
Acreano</span></b></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;"></span></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj88VNmnVNv_HotC_kpCdTkd4zIHDxJpY0uG6sNoeG9oVjbybi5K56zlh6ibNhZQBvpeO6z0Gf5R4YDjgWFhSMZNZDfFnEkK-y3-oh7PBTBOdO1U6YwKvk91z3wlJ5dg_Rkl_Vc/s685/capivara+ufac.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="251" data-original-width="685" height="183" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj88VNmnVNv_HotC_kpCdTkd4zIHDxJpY0uG6sNoeG9oVjbybi5K56zlh6ibNhZQBvpeO6z0Gf5R4YDjgWFhSMZNZDfFnEkK-y3-oh7PBTBOdO1U6YwKvk91z3wlJ5dg_Rkl_Vc/w500-h183/capivara+ufac.jpg" width="500" /></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">As
capivaras (nome científico: <i>Hydrochoerus
hydrochaeris</i>), os maiores roedores do mundo, são mamíferos nativos da
América do Sul, onde se encontram amplamente distribuídas. Seus parentes mais
próximos são o Preá ou Porquinho-da-Índia (<i>Cavia
aperea</i>), animal domesticado inexistente em sua forma selvagem, e o Mocó (<i>Kerodon rupestris</i>), espécie selvagem
parecida com o coelho, porém de maior tamanho e com orelhas e cauda muito
pequenos, endêmico da região da Caatinga no Nordeste do Brasil. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">As
capivaras estão distribuídas por todo o Brasil, exceto na Caatinga, sendo
abundantes em regiões ricas em água, como o Pantanal (são animais
semi-aquáticos). Na Amazônia elas são menos abundantes nas áreas de terra
firme, mas podem ser encontradas próximo de lugares alagados. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Elas
são animais sociais que podem viver em grupos com até 100 indivíduos, mas
geralmente os grupos contem entre 10 e 20 animais. Apesar de não domesticadas,
são consideradas animais mansos e permitem a aproximação, o toque e mesmo a
alimentação diretamente da mão de humanos. Por essa razão, não é incomum
encontra-las em áreas urbanas. Em Rio Branco, dentro e no entorno do Campus da
Universidade Federal do Acre (UFAC), numerosas capivaras vagam livremente,
constituindo-se em uma atração para os frequentadores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Apesar
da abundância e da mansidão desses animais, sua caça e o consumo de sua carne
não são comuns no Brasil. Em países, como a Venezuela e a Colômbia, por
exemplo, o consumo da carne é muito popular e uma tradição durante a quaresma e
a semana santa. Por esta razão, a criação em cativeiro da espécie tanto para a
venda da carne como da pele são práticas comuns. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">E
o que faz o consumo da carne de capivara não ser popular no Brasil? Pode ser
que seja o sabor muito forte, o cheiro ou mesmo a cor da carne. Mas a principal
razão reside em um processo de “demonização” deste animal patrocinado pela
imprensa. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Todas
as vezes que são reportados casos de febre maculosa no Brasil, invariavelmente
são indicados como a “fonte” da doença os carrapatos que vivem naturalmente na
pele das capivaras. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">A
febre maculosa é uma doença infecciosa de gravidade variável que pode causar
febre aguda e apresentar elevada taxa de letalidade se não for tratada
corretamente. Ela é transmitida pelo carrapato-estrela (<i>Amblyomma cajennense</i>) infectado pela bactéria <i>Rickettsia rickettsii</i> ou outras bactérias do mesmo gênero. Se o
carrapato pica seres humanos, estes podem desenvolver a doença. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Entretanto,
sabe-se que o carrapato-estrela (hematófago) também pode ser encontrado em animais
de grande porte (bois e cavalos), cães, aves domésticas e roedores. Se o
carrapato presente nestes outros animais estiver infectado pela bactéria <i>Rickettsia rickettsii</i> e picar seres
humanos, é grande a possibilidade de os mesmos desenvolverem a doença. Mas a
“fama” faz com que a capivara seja quase sempre considerada a culpada. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Um
“trend” mais recente envolvendo a capivara é seu suposto papel como importante
transmissor de agentes etiológicos zoonóticos diz respeito à infecção por
Salmonella. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">A
Salmonella é uma bactéria que pode causar dois tipos de doença, dependendo do
sorotipo: salmonelose não tifóide e febre tifoide. Os sintomas da salmonelose
não tifóide são semelhantes a outros problemas gastrointestinais e incluem
diarreia, vômitos, febre moderada dor abdominal, cansaço e perda de apetite.
Não é letal e os afetados podem se recuperar em até sete dias. A febre tifoide
é uma forma mais grave e tem uma taxa de mortalidade maior.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">A
forma mais comum da transmissão desta doença é a ingestão de alimentos
contaminados e maus hábitos de higiene. Estima-se que a Salmonella atinge mais
de 93 milhões de pessoas/ano no mundo causando mais de 155 mil mortes. Apesar
de a maioria dos casos da doença ser decorrente da ingestão de alimentos
contaminados, uma porção bem pequena dos casos é derivada da infecção via
contato de humanos com as fezes de animais portadores da bactéria. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">É
isso. A transmissão a partir de animais selvagens “exige” o contato com as
fezes do animal. E a capivara, mais uma vez, é apontada como uma fonte
potencial para esses casos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Mesmo
considerando que na literatura científica apenas dois casos de Salmonella
tenham sido reportados para capivaras, pesquisadores da UFAC resolveram
investigar o possível perigo que as capivaras da zona rural e urbana do Estado
representam como repositórios de Salmonella que eventualmente poderia infectar
a população local.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Para
isso eles capturaram 54 capivaras assintomáticas para doenças intestinais de
duas áreas urbanas e duas áreas rurais do Acre e as mantiveram em cativeiro por
três a quatro dias para amostragem. Três amostras de fezes desses animais foram
colhidas durante a permanência dos mesmos em cativeiro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">O
resultado do estudo revelou que oito (5%) das 162 amostras examinadas por
cultura bacteriana foram positivas para Salmonella spp., enquanto quatro (7%)
das 54 amostras examinadas pelo método PCR foram positivas. Dos oito animais
positivos em cultura, cinco eram oriundos de área urbana e três de área rural.
Nas amostras positivas pelo método PCR apenas um animal positivo era de área
urbana e quatro da área rural. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Ao
final os autores consideraram que, considerando os resultados dos dois métodos
de diagnóstico empregados, apenas um animal foi considerado positivo. E
concluíram que as capivaras tem potencial como reservatórios e disseminadores
de Salmonella na área urbana e rural do Acre.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Vejam
que nenhum caso de transmissão de Salmonella de capivaras para humanos foi
reportado para o Acre. Mas a fama da mesma foi suficiente para justificar o estudo.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Diante
disso, só posso dizer – se é que entendem o sentido – aos leitores de A Gazeta:
“Cuidado, apesar de mansas as capivaras são um perigo...”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p><b style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Para saber
mais:</span></b><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt; text-align: justify;">
Farikoski, I. et al. 2019. As capivaras urbanas e rurais (<i>Hydrochoerus hydrochaeris</i>) como reservatório de Salmonella no oeste
da Amazônia, Brasil. <i>Pesquisa
Veterinária Brasileira</i>, vol. 39, n° 1, p. 66-69.</span> </p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-81762999432816895742020-09-03T08:01:00.014-05:002020-09-03T08:28:07.235-05:00DOMESTICAÇÃO DA AMAZÔNIA ANTES DA CHEGADA DOS EUROPEUS*<div style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Evandro Ferreira<br /></span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Blog Ambiente
Acreano</span></b></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsm32ehEt70LRo-fZQoOJk4XOvd8PWeYhIdg2uN5wlU3GahWmCUJVv4VA6J2RVOEQgLL742acXoPkl3HS6IfdPOnXumg8rhQFiT7hYhdSX5z0viOe1Oycfy2CoIGIWxviEFxAw/s550/orellana+amazon.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="430" data-original-width="550" height="489" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsm32ehEt70LRo-fZQoOJk4XOvd8PWeYhIdg2uN5wlU3GahWmCUJVv4VA6J2RVOEQgLL742acXoPkl3HS6IfdPOnXumg8rhQFiT7hYhdSX5z0viOe1Oycfy2CoIGIWxviEFxAw/w625-h489/orellana+amazon.jpg" width="625" /></a></span></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">É
um fato. Até hoje a maioria das pessoas acredita que as florestas na Amazônia
são formações naturais que foram pouco alteradas pelos povos indígenas que as
habitavam por ocasião dos primeiros contatos com colonizadores europeus a
partir do início do século XVI. <o:p></o:p></span></p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Essa
impressão foi reforçada pelos relatos muitas vezes exagerados e confusos dos
primeiros exploradores espanhóis que, a partir de 1500, com a descoberta da foz
do rio Amazonas por Vicente Pinzón, realizaram 24 expedições de penetrações na
região. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Francisco
de Orellana, em 1542, e Pedro de Ursúa e Lope de Aguirre, entre 1560 e 1561,
percorreram totalmente o rio Solimões-Amazonas. Eles buscavam o reino “El
Dorado”, um paraíso de ouro, e o “País da Canela”, onde supostamente abundava
uma planta tão valiosa quanto a “Canela da Índia”, uma especiaria que
conquistara consumidores europeus fazia poucos anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">As
descrições fantasiosas de Gaspar de Carvajal, padre dominicano que acompanhou a
expedição de Orellana, reforçaram a ideia da Amazônia como uma floresta
impenetrável, intocada, misteriosa e defendida por guerreiras ferozes (as
Amazonas), que abrigava não apenas o reino de “El Dorado”, mas também o “País
das Esmeraldas” e a elusiva – e nunca encontrada – cidade amazônica Inca de
Paititi.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Nas
últimas décadas, entretanto, evidências arqueológicas, botânicas, ecológicas,
antropológicas, genéticas e históricas tem demonstrado que os indígenas da
Amazônia foram e são como outros povos primitivos mundo afora que construíram
(e continuam a construir) seus espaços de vida dentro de ecossistemas locais,
modificando-os para que eles atendam aos seus interesses de sobrevivência.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">A
necessidade de moldar o ambiente às suas necessidades levou à domesticação de
espécies de plantas e animais indispensáveis à sobrevivência dessas sociedades.
Com o tempo, e o acúmulo de conhecimentos ecológicos que viabilizaram o manejo
de ecossistemas do entorno de onde viviam, foi possível a domesticação de
paisagens, ou seja, de áreas geográficas nas quais ocorrem interações entre os
seres vivos e o meio ambiente e que antes da intervenção dos indígenas eram
espacialmente heterogêneas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Essa
domesticação feita pelos indígenas consistia na retirada, por exemplo, de
plantas úteis para a sua alimentação, medicina ou construções, diretamente do
ambiente natural para cultivo nas redondezas de suas moradias. Foi assim com
algumas espécies de plantas importantes para a sociedade moderna, como a
mandioca, castanha do Brasil e pupunha.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">No
processo de domesticação levado a cabo pelos indígenas, prevaleceu a seleção de
características genéticas que privilegiavam a obtenção de frutos maiores, com
menor número de sementes ou sementes de menor tamanho, de árvores de porte mais
baixo para facilitar a colheita, ou mesmo sem espinhos, como no caso da
pupunha.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">O
pesquisador Charles Clement, do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia-INPA, acredita que numerosas plantas da flora amazônica foram ou
começaram a ser domesticadas há dez mil anos, ou seja, pouco depois da chegada
do homem ao continente americano, que se presume ocorreu por volta de 12 mil
anos atrás.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Essa
crença está baseada em dois aspectos principais. O primeiro diz respeito ao
crescente número de sítios arqueológicos indicadores de moradias de comunidades
indígenas primitivas encontrados ao longo de quase todos os rios da região
amazônica. Esses sítios apresentam um tipo único de solo conhecido como “terra
preta de índio”, escuro, muito fértil e de origem antropogênica. Ou seja, que
se formou pela intervenção humana via depósito de resíduos de fogueiras,
lixeiras e mesmo sepultamentos. Essa terra fértil favorecia o cultivo
recorrente de plantas anuais e perenes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">O
segundo aspecto está relacionado à composição florística das florestas em volta
desses sítios arqueológicos. Levantamento florísticos tem revelado que o
percentual de plantas úteis para o homem nestas florestas é muito superior ao
observado em regiões mais ermas, distantes das margens dos rios. Aqui também
fica claro que a floresta foi modificada para aumentar a disponibilidade de
recursos para os habitantes primitivos do entorno dos sítios arqueológicos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Essa
“domesticação” do ambiente produziu, na opinião dos arqueólogos, alterações em
escala continental na paisagem amazônica e permitiu que a população indígena
que habitava a região antes da chegada dos europeus atingisse, segundo algumas
estimativas, entre oito e dez milhões de pessoas. Obviamente que a violência
militar dos conquistadores europeus e, principalmente, as doenças trazidas por
eles levaram a um rápido declínio dessa população indígena.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">É
importante ressaltar que ecólogos não concordam inteiramente com as teorias
defendidas pelos arqueólogos sobre a forma de ocupação da Amazônia. Os
arqueólogos defendem que indígenas primitivos modificaram a composição das
florestas da região por meio do cultivo e manejo de determinadas espécies de
plantas. A castanheira (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bertholletia
excelsa</i>), que pode viver mais de mil anos, é um bom exemplo, pois, além de
ser frequentemente encontrada em sítios arqueológicos, apresenta uma
distribuição em escala continental na Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Como
os frutos da castanheira são dispersos somente por humanos e pequenos roedores
(cotias), a única explicação para a distribuição continental da mesma se deve
aos humanos, mais precisamente às práticas de cultivo e manejo realizadas por
populações indígenas que habitavam a região antes da chegada dos europeus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">O
fato de humanos terem atuado para alterar no passado as florestas na Amazônia
tem levado alguns pesquisadores a defender que as atuais florestas da região,
em função da intervenção indígena pretérita, deveriam ser consideradas como
patrimônio natural e cultural brasileiro e que sua derrubada significa não
apenas a destruição de sua valiosa biodiversidade, mas também a perda
definitiva deste patrimônio cultural.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Para saber
mais:</span></b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">
<a href="https://royalsocietypublishing.org/doi/full/10.1098/rspb.2015.0813#:~:text=Amazonia%20was%20a%20major%20centre,populations%20domesticated%20to%20some%20degree.&text=This%20review%20argues%20that%20the,world%20prior%20to%20European%20conquest.">“The domestication of Amazonia before European conquest”</a>, de autoria de Charles
R. Clement e outros autores, publicado na revista científica Proceedings of the
Royal Society, Biological Sciences, vol. 282, n° 1812, agosto de 2015.</span><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">*Artigo
originalmente <a href="https://agazetadoacre.com/2019/10/domesticacao-da-amazonia-antes-da-chegada-dos-europeus/">publicado no jornal A Gazeta</a>, em Rio Branco, Acre, em 07/10/2019.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Ilustração: </span></b><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Francisco de Orellana's 1541 expedition down the Amazon River, American engraving, 1848.
The Granger Collection, New York</span></p><p></p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-83450458849493395362020-09-02T09:08:00.005-05:002020-09-02T09:14:56.912-05:00DESCONHECIMENTO E INCOMPREENSÃO PODEM RESULTAR EM PREJUÍZOS FINANCEIROS E AMBIENTAIS REAIS OU PRESUMIDOS*<div style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Evandro
Ferreira<br /></span><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Blog
Ambiente Acreano</span></b></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDcojYfKFoVFDAEi9ARc8_1WUYdELazVU49nkObthFqgIeKMxmpmzfGRZONwaeSaGztZRBbcsf3hH4ToiBSJkR6RC3OrG2tVhMWU0UH5O5MQDaH3RaQpQVOCLYjqt16Q7PBKKH8Q/s959/inpe+mma+bozo.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="321" data-original-width="959" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDcojYfKFoVFDAEi9ARc8_1WUYdELazVU49nkObthFqgIeKMxmpmzfGRZONwaeSaGztZRBbcsf3hH4ToiBSJkR6RC3OrG2tVhMWU0UH5O5MQDaH3RaQpQVOCLYjqt16Q7PBKKH8Q/w640-h214/inpe+mma+bozo.jpg" width="640" /></a></span></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Dez
dias atrás o presidente Bolsonaro “partiu para cima” do INPE, a instituição
governamental brasileira responsável por coletar, processar e divulgar dados
sobre o desmatamento na Amazônia. Para o presidente, os dados divulgados pelo
INPE são exagerados, incorretos e, da forma como são divulgados, prejudicam a
“imagem” do Brasil perante o mundo.<o:p></o:p></span></p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">A
fala do presidente não se baseou em nenhum dado concreto. Nenhuma polêmica,
denúncia ou acusação de manipulação de dados por parte do INPE foi ou tem sido
levantada seja no meio acadêmico, seja no meio político.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">É
difícil contestar dados de desmatamento como os que o INPE divulga de forma
sistemática desde os anos 80 baseados em análises de imagens de satélites
feitas de forma automática por softwares desenvolvidos, em alguns casos, por
pesquisadores de alto nível do próprio INPE.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Para
fazer as estimativas de desmatamento na Amazônia, o INPE utiliza imagens
produzidas por sensores instalados em satélites americanos da série Landsat.
São satélites operados pela NASA e dedicados exclusivamente à observação dos
recursos naturais do planeta. O primeiro deles foi lançado em 1972 (Landsat 1)
e o mais recente (Landsat 8) em 2013.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">O
Landsat 8 passa sobre o mesmo ponto da região amazônica a cada 16 dias e seus
sensores produzem uma faixa de imagem com largura de 185 km e resolução
multiespectral de 30 metros. Na prática, ele pode ver com nitidez, a cada 16
dias, detalhes sobre aquela pequena área de 30 m² graças a softwares que
processam as imagens revelando se a área contém floresta primária ou secundária
(capoeira), se o local é ocupado por pastagens, cultivos, espelhos d´água ou se
é terra nua sem cobertura vegetal viva (indicando desmatamento recente).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">A
prova da excelência do trabalho do INPE é o fato de os seus dados raramente
terem sido contestados nos últimos 30 anos. E essa foi uma das razões para a
instituição ter se firmado no mundo como uma ilha de excelência
técnico-científica. E isso não foi adquirido da noite para o dia via importação
de cérebros do estrangeiro. Pelo contrário. Foram feitos investimentos de
milhões de reais na capacitação de seus pesquisadores - no Brasil e no
exterior.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Levou
tempo, mas valeu a pena. Hoje o INPE mantém, entre outros, programas de
mestrado e doutorado nas áreas de Sensoriamento Remoto, Meteorologia, Geofísica
Espacial, Astrofísica e Engenharia e Tecnologia Espacial. Isso se traduz na
formação de massa crítica brasileira para continuar o trabalho no futuro. É a
sustentabilidade da cultura de excelência criada pelo INPE.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">E
são os professores desses programas de pós-graduação de alto nível, com o
auxílio de outros pesquisadores e técnicos do INPE, que trabalham no
levantamento e na divulgação dos dados sobre o desmatamento na Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Por
isso não tem o menor cabimento sugerir que os dados publicados pelo INPE são
manipulados, fraudados ou que, como querem muitos que hoje estão no poder,
contém viés ideológico. Em ciências exatas a soma de 2 mais 2 será sempre 4.
Não dá para mascarar o resultado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Claro
que pode haver discrepâncias aqui e ali. Mas nada que leve a erros grosseiros.
Em 2016 o Governo do Acre contestou índices de desmatamento divulgados pelo
INPE para o estado. O caso se referia a umas poucas áreas de lagos secos em
Tarauacá contabilizadas como desmatamento. Em anos anteriores o levantamento do
INPE havia contabilizado como desmatamento áreas onde a taboca (bambu) morreu
naturalmente. Reclamação feita, índices corrigidos. Sem dramas e escândalos
desnecessários.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">O
INPE é hoje referência mundial no assunto e deveria encher de orgulho nossas
autoridades públicas, que hoje podem acessar, em base diária, como anda o
desmatamento na Amazônia. O que mais os planejadores públicos de ações para
combater os desmates ilegais que acontecem na região poderiam querer?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">A
crítica ao trabalho e dados divulgados pelo INPE por parte da Presidência da
República é preocupante porque passa a impressão de que o combate ao
desmatamento na Amazônia não será prioridade na atual administração. Espero
estar enganado. Também espero que, para evitar episódios como esse, o
presidente tenha no seu entorno assessores bem informados sobre a realidade do
monitoramento e combate aos desmatamentos ilegais na Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">O
assunto é delicado porque, como disse corretamente o presidente, a imagem do país
pode ficar comprometida em caso de aumento exagerado do desmatamento da
Amazônia. E muitos interesses estão em jogo caso a situação fuja do controle.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">O
acordo entre o Mercosul e a União Europeia, por exemplo, pode ter sua entrada
em vigor adiada, conforme deixaram claro a França como a Alemanha, se o
desmatamento na Amazônia aumentar exageradamente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">O
Fundo Amazônia, que recebeu mais de R$ 3,4 bilhões de doações da Noruega e da
Alemanha para financiar a conservação, preservação e desenvolvimento da
Amazônia, está ameaçado por desavenças aparentemente ideológicas: enquanto os
doadores estão satisfeitos e não vem razões para mudanças, o governo brasileiro
gostaria, entre outras medidas, de usar as doações para indenizar invasores de
áreas de conservação do país.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Esse
clima de animosidade desnecessária criada pelo Governo Federal com países que
colaboram efetivamente para as políticas de combate ao desmatamento na Amazônia
pode resultar em prejuízos para o Acre, como, por exemplo, o cancelamento das
doações feitas pela Alemanha aos programas ambientais do Acre. Entre 2013 e
2017 foram 25 milhões de Euros. Em 2017 um novo acordo de doação de mais 30
milhões de Euros.<o:p></o:p></span></p>
<p><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt; text-align: justify;">Na
precária situação econômica em que se encontra o país e o governo do Acre em
especial, é preciso ter tato e jogo de cintura para desvincular a situação do
Acre do contexto nacional. E isso é necessário. Afinal de contas, não é todo o
dia que se encontram doadores tão generosos como a Alemanha tem sido com o
Acre.</span> </p><p>
</p><p><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt; text-align: justify;">*Artigo originalmente publicado no jornal A Gazeta, em Rio Branco, Acre, em 30/07/2019</span> </p><p></p><p></p><p></p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-13737695410897236772020-09-01T07:45:00.002-05:002020-09-01T10:16:47.248-05:00SÃO OS INVESTIMENTOS E NÃO A RETÓRICA QUE AJUDAM NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS AMBIENTAIS* <div style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Evandro
Ferreira</span></b><b><span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Blog Ambiente
Acreano</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;"></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCz4pLYc22Q1SYhqAML0qYgUij7pFQHr2hKHUvy72uLRBQgYIP2rZKoq510cdE8TgLS61gYFzgJEhzOs7kRfF8IQClstN-YGEPotjZaSTtVmM1_vwQNW3IdSsjKsqgS1snhUt6/s300/fundo+amazonia.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="200" data-original-width="300" height="250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCz4pLYc22Q1SYhqAML0qYgUij7pFQHr2hKHUvy72uLRBQgYIP2rZKoq510cdE8TgLS61gYFzgJEhzOs7kRfF8IQClstN-YGEPotjZaSTtVmM1_vwQNW3IdSsjKsqgS1snhUt6/w375-h250/fundo+amazonia.jpg" width="375" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">No
início da semana passada (terça-feira, 06/08/19), dados divulgados pelo sistema
de alerta de desmatamento (Deter) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe) indicaram que os alertas de derrubadas de floresta na Amazônia
aumentaram 278% em julho de 2019, quando comparados com o mesmo mês do ano</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">
passado. A área suspeita de ter sido devastada abrangeu 2.254,9 km², ante
apenas 596,6 km² no mesmo período do ano passado.<o:p></o:p>
</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Não
foi coincidência, mas no final da semana (sábado, 10/08/19) a ministra alemã
para o meio ambiente, Svenja Schulze, anunciou o “congelamento” de R$ 155
milhões que o seu ministério planejava repassar ao governo brasileiro para
financiar projetos de proteção da floresta amazônica brasileira. Poderia ter
sido pior, pois dos recursos disponibilizados pelo governo alemão para o Brasil
utilizar no desenvolvimento sustentável e proteção da Amazônia, apenas aqueles
administrados pelo Ministério do Meio Ambiente alemão foram congelados.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;"><span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Vejam
que esses recursos não são empréstimos. São doações. Entram no caixa do governo
federal e são canalizados para um grande número de ações obrigatoriamente
relacionadas com a proteção da floresta amazônica. Em troca, o que os alemães
pedem ao governo brasileiro é o controle do desmatamento da região.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Para
facilitar esse trabalho, parte do dinheiro doado é usado para estruturar os
órgãos ambientais federais e estaduais de fiscalização e controle. Barcos,
veículos, computadores e outros equipamentos são adquiridos com estas doações.
Sob o ponto de vista orçamentário, é um alívio e tanto para o governo federal e
as administrações estaduais contempladas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">O
correto, diante da notícia da suspensão das doações, seria um reconhecimento de
possíveis falhas e a negociação junto aos doadores para fazer com que elas voltassem
a irrigar os orçamentos públicos profundamente afetados pelo atual aperto
financeiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Mas
não foi isso que aconteceu. Muito pelo contrário. No domingo (11/08/19), um dia
depois do anúncio da suspensão dos recursos por parte do governo alemão, o
presidente Bolsonaro afirmou textualmente que “a Alemanha vai deixar de comprar
à prestação a Amazônia” e que “Pode fazer bom uso dessa grana, no Brasil não
precisa disso”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">A
realidade financeira enfrentada pelo país, entretanto, não parece sustentar as
afirmações presidenciais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Ontem
(12/08/19) o Banco Central divulgou o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br),
uma espécie de “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), sobre o desempenho da
economia no 2° trimestre (abril a junho) e detectou retração de 0,13% em relação
ao 1° trimestre (janeiro a março). O mesmo índice tinha recuado 0,2% na
comparação entre o 1° trimestre de 2019 e o último trimestre de 2018. Com dois
trimestres seguidos de tombo do PIB, o país entrou em “recessão técnica”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Diante
disso, está claro que a perspectiva de melhoria na arrecadação dos impostos que
abastecem o orçamento do governo federal não é das melhores para este 2°
semestre. Muito pelo contrário. Tudo indica que, em caso de aprofundamento da
recessão, os cortes no orçamento do governo federal deverão se acentuar ainda
mais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">No
final deste mês de julho o governo já havia anunciado contingenciamentos
adicionais de despesas da ordem de R$ 1,442 bilhão que atingiram vários
ministérios, incluindo o do Meio Ambiente (MMA), que viu suspensos a execução
de R$ 10,1 milhões.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Esse
corte se soma ao que tinha sido feito em maio passado, quando o bloqueio de
recursos do MMA tinha atingido R$ 244 milhões, equivalente a 29,7% dos R$ 821
milhões do orçamento anual alocados para o ministério gastar com investimentos
e serviços em programas e ações ambientais no ano de 2019.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Sei
que meu texto hoje está recheado de números e valores, mas eles servem para
mostrar que a situação do país não é nada confortável no que concerne a
investimentos em ações para a conservação, desenvolvimento e combate aos
desmatamentos na região amazônica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Assim,
os tais R$ 155 milhões congelados pela Alemanha que o nosso presidente disse
que o Brasil “não precisa” representam aproximadamente 61% do valor que foi
contingenciado do orçamento do Ministério do Meio Ambiente nesse ano de 2019.
Não dá para negar que é uma soma respeitável. Assim como não dá para afirmar
que, na situação orçamentária atual, esses R$ 155 milhões são “dispensáveis”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">E
se as ações do Ministério do Meio Ambiente estão seriamente comprometidas em
função dos contingenciamentos orçamentários anunciados, o que dizer de outros
ministérios cujas ações também focam a Amazônia? Não tenho condições de estimar
numericamente o prejuízo, mas o impacto social, econômico e ambiental da
ausência desses investimentos seguramente será muito elevado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">E
a situação poderá ficar ainda pior se a previsão sobre o possível fim do Fundo
Amazônia se concretizar. Este fundo, administrado pelo BNDES, tem por
finalidade captar doações para investimentos não reembolsáveis em ações de
prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, e de promoção da
conservação e do uso sustentável da Amazônia Legal brasileira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Criado
em 2008 e ativo desde 2009, até o presente momento o Fundo captou e investiu na
Amazônia cerca de R$ 3,4 bilhões, sendo que desde 2010 quase 60% dos recursos
foram investidos em instituições ligadas aos governos Federal, Estaduais e
Municipais da região.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Os
doadores – Noruega e Alemanha – estão satisfeitos com a forma de funcionamento
do Fundo. Mas o governo federal tem outras ideias. Quer recursos, por exemplo,
para indenizar invasores de unidades de conservação. Cedo ou tarde, como tudo
indica, os doadores irão suspender os recursos e o Fundo certamente deixará de
existir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "bookman old style" , "serif"; font-size: 14.0pt;">Isso
é uma certeza. Ou alguém sabe de onde o governo federal vai tirar dinheiro para
as atividades do Fundo se ele não tem sequer para garantir ao MMA pleno
funcionamento neste ano de 2019?<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "bookman old style" , serif; font-size: 14pt; text-align: justify;">*Artigo
originalmente publicado no jornal A Gazeta, em Rio Branco, Acre, em 13/08/2019.</span> </span></span>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-78500044361177322502020-08-31T08:02:00.003-05:002020-08-31T08:07:56.067-05:00PODERIAM SER BILHÕES, MAS AGORA SERÃO APENAS ALGUNS MILHÕES PARA PROTEGER E CONSERVAR A AMAZÔNIA*<div style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Evandro Ferreira<br /></span><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Blog Ambiente Acreano</span></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi057uqeeRx5Rtcsv0UXm7SilL5EFdFoMwtFI20nfrnNupn0NZDikHbdCY8vE-9SSn-P0wlYug4n5rLWtWKefuTlXIxfCBj1EkRpE5iU9U4QVE4SICc5lsCaLt0VoFL4YL33rkr/s1024/fundo+amazonia+ibama.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="681" data-original-width="1024" height="341" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi057uqeeRx5Rtcsv0UXm7SilL5EFdFoMwtFI20nfrnNupn0NZDikHbdCY8vE-9SSn-P0wlYug4n5rLWtWKefuTlXIxfCBj1EkRpE5iU9U4QVE4SICc5lsCaLt0VoFL4YL33rkr/w512-h341/fundo+amazonia+ibama.jpg" width="512" /></a></span></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Diante
do agravamento da crise ambiental na Amazônia, das críticas e dos protestos que
se espalharam mundo afora contra a negligência do governo quanto ao controle do
desmatamento e queimadas na região, e antevendo pressões que emanariam do
encontro dos sete países mais ricos do mundo (G7) realizado no fim de semana na
França, o presidente da república resolveu se pronunciar em rede nacional de TV
sobre o tema na sexta-feira (23/08/19).<o:p></o:p></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Contrariando
declarações suas feitas anteriormente – durante a campanha e depois que assumiu
presidência –, assim como ações de membros do seu governo, o presidente
defendeu tolerância zero com os crimes ambientais e pintou um cenário ambiental
da região que não corresponde à realidade atual, onde as derrubadas e as queimadas
são feitas sem qualquer controle ou repressão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Parece
surreal, mas a partir de informações do Ministério Público do Pará, a Polícia
Federal deverá investigar um grupo de 70 pessoas, entre sindicalistas,
produtores rurais, comerciantes e grileiros, que, por meio de um grupo de
WhatsApp, combinou atear fogo em florestas entre os municípios de Altamira e
Novo Progresso, no sudoeste do Pará, no último dia 10 de agosto. A data era
tratada entre os integrantes do grupo como o “dia do fogo”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Apesar
de o presidente ter finalizado seu pronunciamento informando que estava
determinando a mobilização de seus ministros e dos militares para controlar a
situação, algo que em teoria representaria uma mudança de posição do governo em
relação à política de fiscalização e controle dos ilícitos ambientais que se
multiplicaram na Amazônia desde janeiro, a realidade é que pouca coisa deverá
acontecer efetivamente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">E
por uma razão muito simples: faltam recursos financeiros. Na véspera de seu
pronunciamento, o presidente já tinha indagado: “a Amazônia é maior do que a
Europa, como se combate incêndios criminosos numa área destas?” E reconheceu:
“Nós não temos recursos para isso”. O Ministério da Defesa aguarda a liberação
de R$ 20 milhões que estavam contingenciados no orçamento deste ano para dar
início às ações.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Vale
recordar que em maio o governo contingenciou R$ 244 milhões do Ministério do
Meio Ambiente, que representavam cerca de 30% dos R$ 821 milhões originalmente
alocados para gastos com investimentos e serviços em programas e ações
ambientais por todo o país. A esse valor foi acrescido um bloqueio adicional de
R$ 10,1 milhões no final de julho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">E
foi nesse contexto de grave limitação orçamentária – do qual tinham ciência
tanto o presidente quanto o seu ministro do meio ambiente – e de uma
agressividade retórica absolutamente incabível do governo brasileiro que no
início de agosto (10/08019) o governo alemão congelou o repasse de R$ 155
milhões para ações de proteção das florestas na Amazônia citando como justificativa
o aumento do desmatamento. Cinco dias
depois (15/08/19), por razões e justificativas similares, a Noruega suspendeu o
envio de R$ 133 milhões. Estas doações não repassadas representam R$ 288
milhões, um valor superior ao que foi contingenciado do orçamento do Ministério
do Meio Ambiente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Ontem
os integrantes do G7 ofereceram ajuda emergencial de US$ 20 milhões (cerca de
R$ 83 milhões) para combater incêndios florestais na Amazônia. A maior parte
será gasta com o aluguel de aviões especializados no combate a incêndios. Os
integrantes do G7 também concordaram em financiar ações de reflorestamento da
Amazônia, proposta que deverá ser apresentado durante a Assembleia Geral da ONU
em setembro. Para receber essa ajuda, entretanto, o governo brasileiro terá que
concordar em trabalhar com ONGs e populações locais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Resta
saber se o governo brasileiro aceitará estas ajudas. Como se viu – agindo
contra a lógica da dificuldade orçamentária e o bom senso – logo depois dos
bloqueios anunciados pela Alemanha e a Noruega, o próprio presidente desdenhou
das ajudas dizendo que elas não eram necessárias.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Uma
rápida pesquisa sobre fontes potenciais que o governo brasileiro poderia
utilizar para financiar ações na Amazônia mostra que a inabilidade,
incompetência e soberba (ou seria má vontade?) do ministro do meio ambiente
poderão impedir a canalização de bilhões de reais para a região.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">O
“programa de conversão de multas” implementado pelo então ministro do meio
ambiente Zeca Sarney (2016-2018) previa a adesão voluntária dos multados a um
programa de desconto, com parte do arrecadado canalizado para ações ambientais.
Já em 2019 ser previa investir mais de R$ 1 bilhão nas bacias do São Francisco
e do rio Paraíba. A estimativa era arrecadar em todo o país cerca de R$ 4 bilhões/ano
em poucos anos. O que fez o atual ministro do meio ambiente? Disse que era
dinheiro para ONGs, paralisou tudo, promoveu o desmonte do Ibama e criou um
núcleo de conciliação de multas no qual ele daria aval a cada uma das mais de
14 mil multas anuais aplicadas pelo Ibama.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">O
“Fundo Verde do Clima”, criado no âmbito do acordo de Paris, deve trazer U$ 100
bilhões/ano nos próximos anos. O Brasil poderia captar milhões de reais
anualmente, mas o atual governo ameaça sair do acordo. Para piorar a situação, o
governo, antes mesmo de assumir, pediu pra não sediar a Conferência Mundial do
clima (COP) e extinguiu o braço do Itamaraty que conduzia as negociações
climáticas e se preparava para captar recurso nesse fundo, o GCF. O país perdeu
a chance de “pautar o assunto”, liderar e protagonizar acordos, ser o maior
beneficiário e alavancar bilhões para aplicar em ações ambientais argumentando
que a maior parte da Amazônia está aqui.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">O
acordo de Paris prevê vários mecanismos de pagamento por serviços ambientais (PSA).
O Brasil, um reconhecido preservador de florestas, com cerca de 60% de seu
território coberto por floresta nativa ou plantada, poderia se aproveitar de
várias formas para captar recursos financeiros: acordo de mitigação da aviação
civil, mercado de crédito de carbono, REDD e outros. Mas para isso, o país
precisa ser respeitado internacionalmente, mostrar que quer aplicar
corretamente a legislação ambiental, atuar efetivamente na conservação das
florestas e de outros recursos naturais. Algo que o país possuía até o final do
ano passado. Hoje, sendo considerado um pária ambiental, as chances de sucesso
nas investidas de captação financeira nestas áreas são mínimas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Assim,
se a política ambiental do país não der uma guinada para o rumo certo,
correremos o risco de ficarmos com migalhas, uns poucos milhões para conservar
e proteger a Amazônia. E mesmo assim, o pouco que vier será destinado a ações
específicas impostas pelos doadores – que certamente estarão “desconfiados” das
reais intenções de nossas autoridades ambientais. Uma pena.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14pt;">Ambientalmente
o Brasil caminhava para assumir o papel de protagonista mundial, buscava um
poder e autoridade ambiental nunca antes visto. Mas agora, tudo indica que
encontraremos a servidão e a humilhação de pedintes. Sem dúvida um retrocesso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">*Artigo
originalmente publicado no jornal A Gazeta, em Rio Branco, Acre, em 27/08/2019.</span><span style="text-align: left;"> </span></p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-45015915330171267802020-08-30T03:00:00.009-05:002020-08-31T08:17:35.807-05:00AMAZÔNIA: A CRISE AMBIENTAL É GRAVE E AS MEDIDAS DE CONTROLE SÃO INÓCUAS E ESTRANHAS*<p></p><div style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Evandro Ferreira<br /></span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Blog Ambiente
Acreano</span></b></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiodPUAbgBBR7Vl8lMzpcGr8euwS8YUSvR7hEM2SGVIDZWY2XKywg3NZVTxeStuJgLIqHTA-mTmfQeNT-y4ed-jluFqPxvHxuaZFO6cwdtei9pd05V-GPeH0YSrDIvryY5S9Xxg/s930/fogo+amazonia.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="620" data-original-width="930" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiodPUAbgBBR7Vl8lMzpcGr8euwS8YUSvR7hEM2SGVIDZWY2XKywg3NZVTxeStuJgLIqHTA-mTmfQeNT-y4ed-jluFqPxvHxuaZFO6cwdtei9pd05V-GPeH0YSrDIvryY5S9Xxg/s640/fogo+amazonia.jpg" width="640" /></a></span></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Tudo
indica que quando o INPE divulgar o desmatamento na Amazônia Legal em 2019, a
taxa anual dará um salto de aproximadamente 48% sobre o ano de 2018, atingindo
cerca de 11,2 mil km² (ver gráfico). Esta estimativa considera que a taxa do
Prodes refletirá a alta confirmada pelo Deter. Mais um motivo para críticas
mundiais ao Brasil visto que nos últimos anos o desmatamento na Amazônia não
registrava aumento anual tão abrupto.<o:p></o:p></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Vale
esclarecer que a taxa anual de desmatamento da Amazônia Legal divulgada pelo
INPE deriva do monitoramento por satélite do desmatamento por corte raso,
realizado no âmbito do projeto PRODES, cujos dados são colhidos entre agosto de
um dado ano e julho do ano posterior.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Se
confirmadas as previsões, o aumento expressivo do desmatamento em 2019
contrastará com a tendência de queda acentuada do desmatamento ocorrida na
região a partir de 2004, quando 27,7 mil km² de florestas foram derrubadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Graças
a uma ação enérgica e coordenada das autoridades ambientais do país – Federais,
Estaduais e Municipais – a destruição florestal caiu sistematicamente até o ano
de 2012, quando apenas 4,5 mil km² de florestas foram derrubadas. Em termos
percentuais, o desmatamento registrado em 2012 equivaleu a pouco mais de 16% do
registrado em 2004.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">A
partir de 2013 verificou-se uma tendência de crescimento no desmatamento na
região, porém com registro de quedas nos anos de 2014 (-15%) e 2017 (-11%).
Nesse período, o maior percentual de incremento anual do desmatamento foi
observado em 2013 (+28%).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Entre
2017 e 2018 o desmatamento aumentou ± 8,5%. Se a previsão de incremento do
desmatamento de 48% entre 2018 e 2019 for confirmada, isso indicará um
incremento superior a cinco vezes da taxa anual de desmatamento observada no
ano anterior. Um escândalo!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">E
quais as justificativas para isso? Econômicas é que não foram. A estagnação
econômica por que passa o país neste ano de 2019 não parece diminuir o apetite
destruidor que alguns brasileiros nutrem pela floresta amazônica. Justifico
minha afirmativa abaixo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Considerando
o período de cinco anos entre 2008 e 2012, quando o desmatamento na Amazônia
legal caiu continuamente, a expansão acumulada do PIB foi de 18,38% e a
destruição acumulada da floresta atingiu 37,2 mil km². Quando o desmatamento
começou a subir em 2013, em igual período de cinco anos – de 2013 a 2017 –, o
país enfrentou uma séria recessão econômica, a somatória do PIB ficou negativa
em -2,29% e o desmatamento acumulado chegou a 31,7 mil km².<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Estes
números permitem algumas conclusões: mesmo com a economia em pleno crescimento,
que em teoria aumentaria a demanda por matérias-primas oriundas da floresta
amazônica (madeira, por exemplo) e o incremento das derrubadas para a expansão
de áreas agrícolas, as taxas anuais de desmatamento seguiram caindo a tal ponto
que o total desmatado em 2012 equivaleu a cerca de 38% do registrado em 2008.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Por
outro lado, entre 2013-2017, quando ocorreu uma forte recessão, o desmatamento
acumulado de 31,7 mil km² representou expressivos 85% do total desmatado quando
a economia estava pujante. A crise econômica, portanto, não parece ser elemento
controlador da destruição da floresta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">É
importante considerar que desde 2013 fatores reconhecidamente causadores de
desmatamento na Amazônia, como a abertura novas estradas ou a criação de
projetos de assentamentos do INCRA, não desempenharam papel preponderante no
aumento do desmatamento ocorrido, pois a recessão econômica e as limitações
orçamentárias do governo dificultaram a abertura de novas estradas e
comprometeram os investimentos na instalação de novos assentamentos na região.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Diante
disso, é provável que boa parte do incremento no desmatamento na Amazônia desde
2013 possa ser creditada a ilegalidades amplamente mostradas pela imprensa
desde que o governo federal “foi obrigado” a agir para controlar os
desmatamentos e as queimadas na região: invasão de terras públicas, unidades de
conservação e terras indígenas. Desmatamentos de reservas legais em áreas
particulares de produtores agrícolas também devem estar contribuindo para esse
aumento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Mas
o incrível salto no desmatamento que os dados do INPE deverão revelar nesse ano
de 2019 tem as digitais de quem deveria atuar fortemente contra as ilegalidades
descritas acima: os responsáveis pela implementação de políticas de
fiscalização e controle que funcionaram tão bem até 2012 e que conseguiram
impedir uma expansão exagerada do desmatamento até 2018.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Vale
ressaltar que as atuais ações governamentais contra derrubadas e queimadas
ilegais na Amazônia – desencadeadas por pressões políticas e ambientais
internacionais – são inócuas, pois não protegem a floresta e previnem as
ilegalidades. São apenas “para inglês ver”, pois o objetivo dos malfeitores já
foi atingido: quando os bombeiros chegam às áreas em chamas apenas constatam
que a floresta já foi derrubada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Nesses
casos, apagar o fogo é o mesmo que enxugar gelo. Fazer de conta que o problema
foi resolvido. Deveria ser o contrário. Como era antigamente. No início do
verão amazônico equipes de fiscalização eram enviadas ao campo para “prevenir”
derrubadas ilegais, flagrar infratores e inutilizar máquinas e equipamentos
usados na destruição da floresta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">De
que adianta ir apenas quando a floresta derrubada está em chamas? Nesta altura
os infratores já retiraram seu maquinário e eles próprios estão longe. Para que
arriscar suas vidas no fogo?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">O
Brasil vive tempos muito estranhos. Quem claramente fomentou o atual
descontrole de derrubadas e queimadas na Amazônia se viu, repentinamente,
obrigado a mobilizar recursos humanos e financeiros – que teoricamente inexistem
– para impedir a barbárie que fomentou.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Mais
estranho mesmo foi convocar militares de Israel para combater incêndios
florestais na Amazônia. Israel é um país desértico, desprovido de florestas
tropicais como as nossas – lá existem apenas florestas plantadas e irrigadas.
Incêndios florestais são raridades por lá. Mas eles estão aqui. Na floresta
tropical amazônica, ajudando a combater incêndios florestais! Estranho. Muito
estranho.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">*Artigo originalmente publicado no jornal A Gazeta, em Rio Branco, Acre, em 10/09/2019.</span></p><p></p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-52245486803089872912020-08-29T03:00:00.005-05:002020-08-31T08:18:18.188-05:00TERIA SIDO POSSÍVEL EVITAR OU MINORAR A CRISE AMBIENTAL NO ACRE?* <p></p><div style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Evandro Ferreira<br /></span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Blog Ambiente Acreano</span></b></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzlpiWjXRoCIVH0GgNNc0kG1Qiq3JB9Kn2QbelmXbEeoPgHLHwAaKNyAUwWO0yLLKkA6M1La2yN1oYpSapIVgqp-eJ8xaOypl_5ZQgCGryF7uwkMN35czM8eDG_CVya3lsg57n/s865/queimadas+acre+2019.jpeg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="865" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzlpiWjXRoCIVH0GgNNc0kG1Qiq3JB9Kn2QbelmXbEeoPgHLHwAaKNyAUwWO0yLLKkA6M1La2yN1oYpSapIVgqp-eJ8xaOypl_5ZQgCGryF7uwkMN35czM8eDG_CVya3lsg57n/s640/queimadas+acre+2019.jpeg" width="640" /></a></span></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Apesar
do alívio que as repetidas chuvas das últimas semanas representaram na
ascendente curva do número de focos de calor registrados no Acre em 2019, a
situação é preocupante porque neste ano não temos secas exageradas como as
ocorridas em 2005, 2010 e 2016.<o:p></o:p></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Os
boletins de monitoramento climático-hidrológicos divulgados pela Secretaria
Estadual de Meio Ambiente (SEMA/AC) nesta segunda (23/09) mostram que nas
bacias dos rios Acre (Brasileia), Purus (Manoel Urbano) e Tarauacá (Tarauacá),
a quantidade de chuvas já superou o volume esperado para o mês de setembro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Desde
meados dos anos 2000 as crises relacionadas com a ocorrência exagerada de focos
de calor no Acre sempre estiveram associadas com secas severas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Quem
não se lembra do desastre que tomou conta da região leste do Acre entre julho e
setembro de 2005? E em menor escala em 2010? Houve uma explosão do número de
focos de calor registrados pelos satélites e milhares de hectares de florestas
nativas foram destruídos pelo fogo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">A
exagerada quantidade de focos de calor (queimadas) registrada em 2019 é difícil
de ser explicada. Secas severas não as justificam e dados do INPE e do INMET
mostram que o volume médio de chuvas em 2019 é superior ao verificado nos
últimos quatro anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Da
mesma forma, será difícil justificar o aumento estimado em cerca de 50% no
desmatamento na Amazônia Legal que o INPE divulgará em breve. Não são
econômicas as razões para esse aumento, pois a economia está estagnada. Da
mesma forma, não foram abertas novas estradas e criados novos projetos de
assentamento do INCRA na região (conhecidos vetores de desmatamento).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">No
que se refere ao Acre especificamente, o número de focos de calor registrados
em 2019 se aproxima perigosamente da quantidade registrada em 2006, quando,
segundo o INPE, foram contabilizados 6.840 focos. Dados divulgados pela SEMA/AC
mostram que até o dia 22/09 já tinham sido registrados 5.970 focos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Sem
exagerar, podemos dizer que caminhamos para trás em 2019. A fiscalização e o
controle de queimadas no estado regrediram aproximadamente 13 anos. Vale
recordar que entre 2006 e 2009, por exemplo, a quantidade de focos de calor
caiu de 6.840 para 3.275. Uma queda de mais de 50%!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Mantido
o ritmo de queimadas no Acre visto em 2019, até o início das chuvas – daqui a
2-3 semanas – é possível que a queda na quantidade de focos de calor ocorrida
até 2009 será “perdida”. O “ganho”, representado pelo aumento do número de
focos certamente será motivo de vergonha para nossas autoridades.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">E
de quem é a culpa por esta situação? Do Governo Federal? Do Governo Estadual?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Os
que defendem o atual ocupante do Palácio do Planalto argumentam que o Governo
Federal enviou a Força Nacional para ajudar a apagar nossos incêndios.
Entretanto, é bom esclarecer que a situação em 2019 é muito diferente da
ocorrida em 2005 e 2010 quando secas severas fizeram a quantidade de focos de
calor atingir inacreditáveis 26 mil e 10 mil focos, respectivamente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Naquelas
ocasiões, os bombeiros enviados pelo Governo Federal apagavam fogo fora de
controle, que tinha passado de roçados e pastos para áreas florestais. A seca
era tão severa que áreas de cultivos agrícolas e pastagens queimavam de forma
espontânea ou o fogo iniciava com uma simples bituca de cigarro jogada na
margem das estradas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Em
2019 os bombeiros da Força Nacional em ação no Acre devem estar apagando fogo
colocado de forma proposital por pessoas que, com quase toda a certeza,
realizaram derrubadas florestais ilegais. A ação da Força Nacional é como um
remédio que baixa, mas não cura a febre, pois não está agindo na fonte do
problema.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Se
a fiscalização e o controle estivessem ativos como em anos passados,
seguramente a quantidade de eventos de derrubadas e queimadas ilegais teria
sido minimizada e o gasto para trazer a Força Nacional até o Acre evitado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">No
que concerne ao papel do Governo do Estado para a atual situação, uma conjunção
de fatores parece ter contribuído para que o sistema de fiscalização e controle
falhasse de forma tão explícita.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">A
começar por declarações do presidente e alguns de seus ministros no sentido de
“desautorizar publicamente” fiscalizações ambientais que resultassem na
destruição de equipamentos dos infratores. De promessas de acabar com uma
suposta “indústria de multas” ambientais, de acabar com áreas de conservação,
de permitir a exploração de terras indígenas e legalizar garimpos ilegais,
entre outras.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Esse
clima de “afrouxamento na fiscalização e controle” seguramente chegou aos
confins do Acre. E a expectativa de não ser importunado por fiscais ambientais
certamente foi um incentivo para quem queria desmatar, mas se via impedido por
questões legais. O governador do Acre deu declarações sobre o tema, mas depois
se retratou publicamente de seu equívoco. Aparentemente, isso não foi
suficiente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Durante
as crises de incêndios fora de controle no Acre ocorridas em 2005, 2010 e 2016,
os setores de fiscalização e controle do estado estavam consolidados, ajustados
e prontos para a ação. Em 2005 a crise aconteceu na metade do segundo mandato
do Jorge Viana. Em 2010 no último ano da administração de Binho Marques. E em
2016 no início do segundo mandato de Tião Viana.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Gladson
Cameli não foi afortunado. A crise vivida no meio de 2019 poderia ter sido
evitada ou minorada no início do ano, logo que ele assumiu. Entretanto, como é
praxe em todo início de governo, mudanças profundas foram feitas na
administração e pessoas chaves que poderiam ajudar a aplacar o problema foram
afastadas por razões políticas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">Poderia
ter sido pior. Lembro-me de ter lido na imprensa e nas redes sociais críticas
severas ao Governador por manter na sua equipe pessoal oriundo da administração
anterior. Ele persistiu e em alguns casos, como na SEMA/AC, pessoas com profundo
conhecimento do setor foram mantidas em postos chaves. Ainda bem.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt;">*Artigo originalmente publicado no jornal A Gazeta, em Rio Branco, Acre, em 24/09/2019.</span></p><p></p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-10136451800116917592020-08-28T02:00:00.008-05:002020-08-28T08:58:37.676-05:00QUEIMADAS NA AMAZÔNIA: 2019 É O TERCEIRO EM NÚMERO DE FOCOS DE CALOR NOS ÚLTIMOS 10 ANOS*<p></p><div style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Evandro Ferreira<br /></span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Blog Ambiente Acreano</span></b></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><o:p></o:p></span></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIK7h0eQsrbp8vC42ftLi5cySYg_L3pY5iB-XifrK7ZdHT7BfXMPTSBVE-EDxGryrNhL0ifuIeyu-ZtUkL1MEQdZYsjb60SaFvsuhMMvVL_tgAf2UH0WzH8N2An9fVlgrdYhmK/s1024/queimadas+jurua+sos+amazonia.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="684" data-original-width="1024" height="342" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIK7h0eQsrbp8vC42ftLi5cySYg_L3pY5iB-XifrK7ZdHT7BfXMPTSBVE-EDxGryrNhL0ifuIeyu-ZtUkL1MEQdZYsjb60SaFvsuhMMvVL_tgAf2UH0WzH8N2An9fVlgrdYhmK/w512-h342/queimadas+jurua+sos+amazonia.jpg" width="512" /></a></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Apesar da “propaganda” por parte do
Governo Federal – replicada de forma massiva nas redes sociais por robôs e
seguidores fanáticos do atual presidente – exaltando o inédito envio de forças
militares a partir do final de agosto para combater focos de calor na Amazônia,
o balanço das queimadas realizadas em 2019 (66.750 focos contabilizados até o
final de setembro) ranqueia o ano como o terceiro pior dos últimos 10 anos.<o:p></o:p></span></p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Na verdade, se considerarmos que 2010 –
quando aconteceu uma das maiores secas já registradas na Amazônia – foi um ano
excepcional com inacreditáveis 102.409 focos de calor, 2019 é o segundo pior
ano em termos de número queimadas registradas. Perde apenas para 2017, com
70.892 focos contabilizados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Depois que os dados referentes ao
número de focos de calor registrados em setembro (19.925) mostraram uma expressiva
queda de 36% em relação a agosto, os que defendem a política ambiental do atual
governo (existe isso?) se apressaram em dizer, entre outras barbaridades, que: “2019
é apenas mais um ano como outro qualquer na história da região!”, “Queimadas
fazem parte da cultura local!”, “Os dados de setembro mostram que os
ambientalistas estavam exagerando!”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Vejam que o Governo Federal se viu
“forçado” a enviar forças militares para fazer baixar “de qualquer forma” o
número de focos de calor na Amazônia. Foi uma ação que contrariou o que falavam
e pregavam os integrantes do governo e o próprio presidente quando o assunto
era a preservação da floresta amazônica. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Não custa lembrar que essa ação “forçada”
por parte do governo brasileiro foi resultado da gritaria dos ambientalistas e
da opinião pública interna e externa, da pressão de governos europeus e do
escândalo internacional que se avolumava com o “tsunami” de más notícias
relativas à destruição das florestas na Amazônia brasileira. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">O atual governo do Brasil deve
agradecer a essa conjunção de pressões, pois sem elas os números relativos às
queimadas na Amazônia em 2019 teriam sido inacreditáveis e inaceitáveis,
considerando que nesse ano não temos seca. Muito pelo contrário. O ano tem se
revelado excepcionalmente chuvoso. Por isso, o escândalo internacional e a
vergonha a que o país se sujeitaria seriam humilhantes. Explico.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Em nota publicada em 03 de outubro, o
Ministério do Meio Ambiente (MMA) afirma que “Historicamente, 95% dos incêndios
que ocorrem em todo o país se concentram no segundo semestre de cada ano,
principalmente entre agosto e outubro. O pico ocorre geralmente em setembro”. Segundo
dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a média histórica de focos de calor registrada em setembro é de
33.426 focos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Assim, em teoria, a ação dos militares
(Exército e Força Nacional) e de mais de mil brigadistas do MMA evitou a
ocorrência de 13,5 mil focos ou queimadas. Se esse número hipotético for somado
aos focos já registrados em 2019 (66.750), o balanço de queimadas na Amazônia
até o final de setembro teria passado de 80 mil focos!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">No que concerne ao Acre, o número de
focos de calor acumulados nesse ano de 2019 já atingiu 6.706 até o dia 17/10.
Considerando que o ano ainda não acabou, é bem possível que igualaremos o
número de focos de calor registrados em 2006, quando foram contabilizados 6.840
focos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Sob o ponto de vista da fiscalização e
controle, essa regressão a índices de 13 anos atrás soa como um fracasso retumbante
da nova administração do Estado que assumiu o poder em janeiro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Para superar esse fracasso, é preciso
que nossas autoridades ambientais façam um balanço do que deu errado em 2019,
reagrupem e recomponham suas equipes de fiscalização e controle. Elaborem um
planejamento detalhado de ações para 2020 e, mais importante, viabilizem os
recursos financeiros indispensáveis para os trabalhos de campos. Sem eles a
efetividade da fiscalização e do controle de derrubadas e as subsequentes
queimadas serão inúteis. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Mas não podemos nos iludir achando que
fortalecendo apenas a fiscalização e o controle (aplicando multas) os problemas
relacionados com a destruição de nossas florestas serão controlados ou
resolvidos. Vale a pena investir em prevenção, em programas integrados e
estruturantes de combate ao desmatamento. Em pesquisas de alternativas ao uso
do fogo no preparo de áreas agrícolas, em melhoria da produtividade das terras
disponíveis para o cultivo, em culturas perenes. São muitas as ações a serem
feitas. Recursos para parte delas existem: as doações internacionais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">O que se deve evitar a todo custo é a
repetição dos eventos acontecidos em 2019. Especialmente o gasto de recursos
orçamentários escassos por parte do Governo Federal para “apagar incêndios” em
nossa floresta para aplacar a pressão internacional. Apesar de ser considerado
um êxito dentro do que se propôs fazer (apagar incêndios), ela não atacou as
fontes desses incêndios: as derrubadas ilegais que originam, mais tarde, as
queimadas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Dito isso, e para finalizar, precisamos
deixar claro que não somos contra o envio do exército para combater incêndios
na Amazônia. O combate ao fogo tem razão de ser porque, dependendo da situação,
o excesso de fumaça coloca em risco a saúde das pessoas, adoece muitas delas
(especialmente velhos e crianças), lota hospitais e, consequentemente, aumenta
as despesas na área de saúde.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">*Artigo originalmente publicado no
jornal A Gazeta, em Rio Branco, Acre, em 22/10/2019.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><b>Fonte da Imagem:</b> SOS Amazônia.</span></p><p></p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-67114471930489880102020-08-27T05:00:00.018-05:002020-08-28T09:03:42.802-05:00A ESTRADA NÃO VIRÁ TÃO CEDO, MAS ATÉ LÁ RENDERÁ MUITOS VOTOS*<p></p><div style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Evandro Ferreira<br /></span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Blog Ambiente
Acreano</span></b></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRWHP4vaoUz2DGD_uadqgf2ca-Wuo0vaT0vWkfq91lF185Ezanugjonu-xM1qHRwBHnXUEhy74jk6N0MTc8uyFdDBsHQwI0DgE1UOLxBg0qDwAgdVWIv15ZvNdKwijicjaCbO5/s752/czs-pucallpa.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="752" height="341" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRWHP4vaoUz2DGD_uadqgf2ca-Wuo0vaT0vWkfq91lF185Ezanugjonu-xM1qHRwBHnXUEhy74jk6N0MTc8uyFdDBsHQwI0DgE1UOLxBg0qDwAgdVWIv15ZvNdKwijicjaCbO5/w512-h341/czs-pucallpa.jpg" width="512" /></a></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Semana
passada (06/12/19) o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (Democratas) esteve
visitando o Acre e informou que o Ministério da Infraestrutura vai liberar
cerca de R$ 7 milhões para a realização dos estudos de viabilidade econômica e
ambiental para a “futura” construção de uma rodovia ligando Cruzeiro do Sul, no
Brasil, a Pucallpa, no Peru. <o:p></o:p><p></p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Quem
leu os jornais e os sites de notícias locais ficou mesmo acreditando que esse
dinheiro está garantido. Uma nota indicando que Alcolumbre teve que telefonar
para o relator do orçamento geral da União de 2020, deputado federal Domingos
Neto (PSD-CE), pedindo a inclusão dos tais R$ 7 milhões deixa claro que a
liberação desse recurso em 2020 é, por hora, apenas uma ilusão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">As
“estórias” sobre a construção dessa estrada são antigas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Dez
anos atrás uma comitiva acreana de peso foi ao Peru “vender” a ideia desta
estrada. Era integrada por 22 deputados estaduais, dois federais, cinco
prefeitos, os presidentes das associações comerciais de vários municípios, o
presidente da Federação das Associações Comerciais, o vice-governador César
Messias e os secretários de Esportes e Turismo e de Ciência e Tecnologia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Na
época o Acre e o Brasil eram governados por um só partido (PT) – que em tese
facilitaria a liberação dos recursos. E mesmo com toda a empolgação dos
políticos de então, que inundaram os jornais impressos e sites online com
notícias sobre a construção da rodovia, nada aconteceu.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Interessante
que os argumentos em favor da construção da estrada são os de sempre. Desde
aquela época. E nenhum deles tem um embasamento econômico forte. Muito pelo
contrário, como mostrarei mais abaixo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">O
calcanhar de Aquiles para a concretização dessa rodovia é a questão ecológica,
pois seu trajeto deverá cruzar o Parque Nacional da Serra do Divisor (PNSD),
exatamente em sua região reconhecida como uma das mais biodiversas do planeta
(as cercanias da Serra do Divisor). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Frente
a isso, qual o argumento que os políticos que estão por trás dessa iniciativa
irão utilizar para vencer essa barreira? Vão mudar o status daquela Unidade de
Conservação só para poder passar com a estrada? Vão até mesmo a extinguir se
for necessário?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Se
movimentos nesse sentido forem dados, a reação da comunidade ambientalista
nacional e internacional deverá ser intensa. E, considerando – como se diz em
acreanês – que a “moral” internacional do atual governo federal na seara
ambiental é inexpressiva, insistir na construção da estrada atravessando o PNSD
certamente trará dissabores e desgastes imensos para o país. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">O
risco de o Brasil virar, mais uma vez – a exemplo do que ocorreu com as
recentes queimadas na Amazônia – um vilão ambiental internacional serão grandes
e tenho quase certeza que por essa razão o atual governo federal se verá
compelido a “empurrar com a barriga” a liberação de recursos para a construção
da rodovia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Um
dos principais argumentos dos defensores da estrada é a integração do Brasil
com o Peru. É mesmo? Será que eles fingem que isso não existe? Todos sabem que
a estrada Interoceânica que passa por Assis Brasil integra por via terrestre os
dois países há mais de dez anos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">E
a história do fracasso da integração via Interoceânica jogará pesado contra as
pretensões dos que querem fazer “mais uma” integração com o mesmo país pelo
vale do Juruá.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Depois
de tantos anos de inaugurada, pouco se exporta e importa do Brasil para o Peru
e outros mercados do Pacífico pela Interoceânica. De concreto temos um forte
movimento de turistas brasileiros visitando o Peru. Seria exagero afirmar que a
Interoceânica só serve para isso?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Quem
discordar, favor responder essa simples questão: - Por quais razões
exportadores iriam adquirir grãos (milho e soja) em Rondônia e Mato Grosso e
enviar os mesmos para China pelo Porto de Ilo no Peru, percorrendo de caminhão
entre 2.700 a 3.400 km de estrada desde Vilhena (RO) e Sorriso (MT)? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Não
sabe a resposta? É que é muito mais barato embarcar essa mesma carga em navios
em Porto Velho, economizando 1.000-2.000 km em frete caso optassem pela rota da
Interoceânica. E não se iludam. Parece irônico falar isso hoje, mas se no
futuro o Acre vier a ter produção exportável de grãos, certamente ela seria
enviada via Porto Velho e não o Peru.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Agora
imaginem uma estrada entre Cruzeiro do Sul e Pucallpa. Vão exportar e importar
que produtos? A região de Cruzeiro do Sul tem um potencial consumidor muito
pequeno para ser atrativo aos exportadores peruanos. Na outra mão, a produção
industrial e agrícola – com exceção da farinha, um produto com mercado só no
Brasil – é inexpressiva. Nem para turismo a estrada vai servir, pois as
atrações no Peru estão do outro lado dos Andes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Outro
aspecto que pesa contra a ligação Cruzeiro do Sul-Pucallpa é a falta de força
política do Acre. Imaginem um lobby de políticos dos estados do Centro Oeste
para a construção/melhoria de rodovias ou ferrovias para integrar aquela região
com portos peruanos no pacífico frente ao lobby de políticos acreanos por uma
rodovia entre Cruzeiro do Sul e Pucallpa. É óbvio que as chances da estrada
acreana prevalecer serão mínimas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Não
podemos esquecer também as dificuldades orçamentárias do governo federal – que
em tese deverá bancar a construção da estrada. Sem a ajuda do BNDES (demonizado
pelo atual governo e seus seguidores nas redes sociais) para financiar a
construção da rodovia, existe o risco de, quando muito, se conseguir dinheiro para
construir a estrada até a fronteira do Peru. Temos que saber se o Peru se
arriscaria em construir a estrada no seu lado, sofrendo pressões de
ambientalistas e tendo que se endividar para fazer uma obra que pouco
acrescentará à economia da região beneficiada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">No
âmbito estadual, a insistência com a construção da rodovia Cruzeiro do
Sul-Pucallpa custará caro e possivelmente colocará uma pá de cal nas doações
que o governo tem recebido da Alemanha e da Inglaterra para investimentos em
programas ambientais. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Vejam
que elas minguarão a partir de 2020 pelo aumento exagerado do desmatamento no
Acre em 2019. Por isso, apoiar a construção de uma estrada em área tão sensível
ecologicamente certamente fechará de uma vez por todas as perspectivas de
arranjar novos doadores para substituir os atuais. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Por
isso, está claro que a construção da estrada Cruzeiro do Sul-Pucallpa não vai
sair assim tão facilmente e de forma rápida. Mas as promessas de um suposto
progresso que ela poderá trazer seguramente irão render muitos votos, durante
muitos anos, àqueles que estão à frente da ideia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">*Artigo
originalmente publicado no jornal A Gazeta, em Rio Branco, Acre, 10/12/19.</span></p><br /><p></p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-7386020392375268802020-08-26T02:30:00.003-05:002020-08-26T09:19:16.099-05:00NATUREZA E BIODIVERSIDADE NÃO SÃO EMPECILHOS PARA O PROGRESSO<div style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Evandro Ferreira<br /></span></b><b><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Blog Ambiente
Acreano</span></b></div><p>
</p><p><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt; text-align: justify;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguum1_Ob1ubo536v4NYRWYfoCBqjOkW-UcA7ih2jajBxEvgljl2s8n3fL5sPO7f4fDX-5-RhSqh0Okech7BYVZySoRSW6_xW-ec7PhZRtdt_ssIHn9gDv6ZPimxuYFJEGNVuQi/s900/desenvolvimento+e+natureza.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="900" height="512" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguum1_Ob1ubo536v4NYRWYfoCBqjOkW-UcA7ih2jajBxEvgljl2s8n3fL5sPO7f4fDX-5-RhSqh0Okech7BYVZySoRSW6_xW-ec7PhZRtdt_ssIHn9gDv6ZPimxuYFJEGNVuQi/w512-h512/desenvolvimento+e+natureza.jpg" width="512" /></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">No
Brasil, a guinada política resultante das eleições ocorridas em 2018 tem como
um dos seus alvos preferenciais o meio ambiente na região amazônica. Não no
sentido de se intensificar a proteção e o manejo sustentável dos recursos
naturais da região.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Ou
mesmo tirar partido do legado e do respeito que o país tinha alcançado na seara
ambiental até então para atrair para o Brasil uma enxurrada de recursos
financeiros – em sua maioria doados – para aplicação no desenvolvimento
sustentável da região.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Muito
pelo contrário. Em 2019 – e tudo indica que em 2020 a situação vai caminhar da
mesma forma – notou-se uma clara tendência no sentido do desmonte e descredito
dos setores de fiscalização e controle ambiental por todo o país.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Autoridades
e lideranças ambientais constituídas, além de alguns parlamentares, não
esconderam o desprezo e a vontade de eliminar ou alterar em termos que lhes
sejam favoráveis o que eles chamam de “amarras” ambientais representadas pela
abrangente legislação e o relativamente eficiente sistema de aplicação da mesma
que vigora no país.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Ao
longo do ano e de forma quase sistemática o que se viu foram repreensões e
condenações públicas de ações absolutamente legais executadas pelos serviços de
fiscalização e controle de delitos ambientais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Essas
palavras vieram não apenas do Presidente e do seu Ministro do Meio Ambiente,
amplamente divulgadas na imprensa. Mas também de parlamentares da chamada
“bancada da bala e da motosserra”, de lideranças agroindustriais ávidas em
expandir pastagens Amazônia afora, garimpeiros, madeireiros e até mesmo
grileiros de terras públicas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Em
julho de 2019 o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, se reuniu com
madeireiros em Espigão d’Oeste (RO) depois que atos de vandalismo resultaram na
destruição de um caminhão tanque a serviço do Ibama e de pontes em estradas da
região para impedir a realização de uma operação de combate à retirada ilegal
de madeira de uma Terra Indígena local. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Em
razão do vandalismo, o Ibama teve que cancelar a operação e “revidou” embargando
o funcionamento de 47 madeireiras localizadas em Espigão d’Oeste. Detalhe:
todas as madeireiras embargadas dependiam da retirada ilegal de madeira da
Terra Indígena.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Isso
ocorre porque a exploração madeireira praticada em Rondônia a partir dos anos
80 foi feita de forma predatória. Resultado: hoje não existe em áreas de
florestas de reservas legais de propriedades particulares daquele estado
estoques exploráveis de madeira para abastecer a indústria local.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">No
começo de novembro de 2019, Salles se reuniu em Brasília com um grupo de
moradores da Reserva Extrativista (RESEX) Chico Mendes e do seu entorno para
discutir uma suposta “truculência” por parte de fiscais do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsáveis por combater
delitos ambientais no interior da Reserva.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">A
reunião foi articulada pela bancada federal acreana, que compareceu em peso ao
encontro, e o resultado imediato foi a suspensão da fiscalização dentro da
RESEX para esclarecer a situação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Infelizmente,
além dos parlamentares acreanos, entre os participantes da reunião
encontravam-se o autor de uma ameaça de morte contra um servidor do ICMBio, um
ex-procurador-geral de Justiça do Acre acusado de abrir uma estrada ilegal
dentro da RESEX, dois condenados por desmatamento dentro da RESEX e dois
fazendeiros autuados por desmatamento dentro da RESEX.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Por
certo que os parlamentares que articularam a reunião, alguns dos quais conheço
pessoalmente, não podem ser acusados de coniventes com a situação, pois a intenção
deles é sempre estar ao lado de quem produz, apoiar o homem do campo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Mas
nesses tempos em que os ataques ao meio ambiente e à legislação que regula a
sua conservação e exploração são lugar comum no Brasil, todo cuidado é pouco. O
resultado desse descuido foi que o assunto virou manchete extremamente
desfavorável na imprensa nacional e os parlamentares que apoiaram o encontro
não foram vistos com bons olhos pela opinião pública.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Hoje,
após a posse de um novo governo em Brasília e na maioria dos Estados que
compõem a federação, o que se tem posto é uma visão de que o progresso só é
possível sem os empecilhos representados pela legislação que regula a
conservação e o manejo sustentável dos nossos recursos naturais e da nossa rica
biodiversidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Falta
pouco para que os que defendem essa visão digam abertamente e sem
constrangimento que “é preciso desmatar livremente, acabar com unidades de
conservação, terras indígenas, reserva legal, APPs, sob pena de o progresso do
país ser comprometido”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Mas
será que isso é verdade?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Um
relatório produzido sob encomenda e chancelado pelos países integrantes do
“Fórum Econômico Mundial 2020” realizado em Davos, Suíça, no começo de 2020
mostra o quanto a natureza ainda é indispensável para o progresso econômico das
nações:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">-
As empresas são mais dependentes da natureza do que se pensava anteriormente,
com cerca de U$ 44 trilhões de dólares em geração de valor econômico moderada
ou altamente dependente da natureza. Esse valor equivale a mais da metade do
PIB mundial e mostra o quanto nós estamos correndo riscos econômicos em caso de
destruição indiscriminada da natureza;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">-
Os setores mais altamente dependentes da natureza para a sua existência são a
indústria da construção (U$ 4 trilhões), a agricultura (U$ 2,5 trilhões), o
setor de industrialização de alimentos e bebidas (U$ 1,4 trilhões). A China,
União Europeia e os Estados Unidos tem o maior valor econômico absoluto em
indústrias dependentes da natureza.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">O
relatório do Fórum Econômico Mundial é claro em concluir que “existe um
potencial de ganho mútuo para a natureza, o clima, as pessoas e a economia, se
os atores comerciais e econômicos puderem responder com urgência para proteger
e restaurar a natureza e começar a identificar, avaliar, mitigar e divulgar
regularmente os riscos relacionados à natureza para evitar consequências
potencialmente graves”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Por
que isso não seria válido e aplicável no Brasil? Porque defender a destruição
sem critério das nossas riquezas naturais e biodiversidade?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Para saber mais:</span></b><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">“<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Nature Risk Rising:Why the Crisis Engulfing
Nature Matters for Business and the Economy</b>”, World Economic Forum, Davos,
Switzerland, january, 2020, 36 pages.<o:p></o:p></span></p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-60464277225309526532020-08-25T06:00:00.005-05:002020-08-28T08:36:06.881-05:00PRODUÇÃO DE SOJA NO ACRE: SEM PLANEJAMENTO, O FRACASSO VIRÁ RÁPIDO*<div style="text-align: left;"><div style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Evandro
Ferreira<br /></span><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Blog
Ambiente Acreano</span></div>
<p></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5lEU7lArt35WjXfwWyamO8Mq8h8IGf2zLfk-Pxk-Oivkekt66lTWJ5lsN6pWLsGbfH-nh9OOoT8q6jZEMOC9jPn7qqO4PfCUOnnkGC5ZWNA0AiREn-kGzRm17f1AF_s9cOXbK/s1096/soja+2020+acre+odair+leal+secom+ac.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="624" data-original-width="1096" height="291" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5lEU7lArt35WjXfwWyamO8Mq8h8IGf2zLfk-Pxk-Oivkekt66lTWJ5lsN6pWLsGbfH-nh9OOoT8q6jZEMOC9jPn7qqO4PfCUOnnkGC5ZWNA0AiREn-kGzRm17f1AF_s9cOXbK/w512-h291/soja+2020+acre+odair+leal+secom+ac.jpg" width="512" /></a></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">
Na semana passada (14/02/2020) a Secretaria de Produção e Agronegócio do Estado
promoveu um “Dia de Campo” para celebrar o início da colheita de soja em 2,2
mil hectares de uma propriedade rural no município de Capixaba.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A
presença do governador Gladson Cameli (PP) e do vice Major Rocha, e de
políticos como o senador Sérgio Petecão (PSD-AC), serviu para passar mensagem
clara à sociedade acreana de que o plantio desta cultura não será mais
“brecado” pelo estado.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A
celebração parece que foi excessiva considerando que o plantio e a colheita de
soja no Acre não são algo inédito. Por outro lado, fez falta a apresentação de
um plano detalhando o futuro do plantio de soja no Acre. Sem ele o fracasso da
cultura no Acre é certo. E não será pela falta de locais apropriados de
cultivo, como veremos adiante.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Excessivo
também foi o tratamento injusto dado a governos anteriores, “pintados”
erroneamente como inimigos do agronegócio no Acre. Uma rápida revisão histórica
e veremos que tentativas de incentivar o agronegócio por aqui Acre remontam aos
tempos da ditadura militar.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Hoje
o Acre não é uma “potência” na produção de borracha oriunda do cultivo de
seringueiras por questões técnicas (mal-das-folhas, doença causado por fungo) e
incêndios suspeitos que dizimaram a maioria dos plantios. Isso aconteceu nos
anos 70 e 80 na vigência dos Programas de Incentivo à Produção de Borracha
Vegetal (Probor), desenvolvidos com recursos federais subsidiados.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O
erro do Probor foi que além de financiar os plantios, ele também garantia aos
produtores contemplados um seguro que cobria a dívida em caso de destruição
acidental dos mesmos. E o fogo foi a causa comum à maioria dos “acidentes” que
ocorreram com os plantios.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Esse
fracasso inicial não impediu que governos estaduais posteriores, com ou sem
apoio do governo federal, tentassem atrair para o Acre grandes empreendimentos
agrícolas, ou formassem empresas predominantemente estatais para dar “start”
nos negócios.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A
“Alcoobrás” (sucedida pela “Alcoverde”) tentou fazer da região leste do Acre um
grande polo produtor de etanol na Amazônia brasileira. Fracassou por
incompetência exclusiva de seus gestores e proprietários e não deixou qualquer
legado para o agronegócio acreano.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O
mesmo aconteceu com a “Peixes da Amazônia S.A.”, criada em 2011 com capital
misto (governo do estado e investidores particulares) para beneficiar pescado
oriundo de milhares de produtores locais contemplados com a construção de
tanques para criação e engorda de peixes.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Apesar
de boa infraestrutura e plano de negócios bem elaborado, o fato de ser estatal
condenou a “Peixes da Amazônia” ao fracasso. Seu legado, entretanto, poderá ser
retomado pelo setor privado, considerando o potencial de produção representado
pela infraestrutura de criação existente no estado.</span><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Em
relação à soja, “a bola da vez” no fracassado histórico do agronegócio acreano,
a falta de um plano detalhado para garantir a sua sustentabilidade no Acre
poderá levar o cultivo da mesma ao fracasso.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O
Acre, como sabemos, faz parte da Amazônia. E na Amazônia vigora desde 2006 uma
moratória que impede a expansão do cultivo da soja. A moratória foi criada em
razão de um relatório do Greenpeace (“Eating up the Amazon”), que apontou a
expansão da soja como um grande vetor de desmatamento na Amazônia.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A
ação do Greenpeace obrigou consumidores de soja europeus a assumirem posições
firmes frente à cadeia de produção na Amazônia, impondo aos comercializadores
da soja brasileira o estabelecimento de meios para eliminar o desmatamento da
cadeia de fornecimento.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Em
julho de 2006, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais
(Abiove) e a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) assinaram a
“Moratória da Soja” se comprometendo a não adquirir soja oriunda de áreas
desmatadas a partir daquela data. Inicialmente válida por dois anos, atualmente
a moratória da soja não tem prazo de validade.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Um
resultado prático dessa moratória voluntária por parte dos potenciais
compradores da soja que vier a ser produzida no Acre é que todas as áreas
desmatadas no estado a partir de 2006, equivalentes a cerca de 440 mil hectares
segundo dados do INPE, não poderão ser incorporadas à produção dessa leguminosa
no Acre.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Por
isso é importante que as autoridades estaduais tenham um plano detalhado
deixando claro quais áreas podem produzir soja no Acre. Esse controle tem que
ser rígido, sob pena de a produção oriunda de áreas não autorizadas
“comprometer” a comercialização das “áreas livres”, penalizando produtores que
parecem dispostos a investir milhões de reais na compra de equipamentos e
insumos.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Segundo
o Zoneamento Ecológico e Econômico do Acre de 2010, as áreas com maior
potencial de produção de soja no Acre estão localizadas entre os municípios de
Capixaba, Plácido de Castro e Senador Guiomard. Lá o relevo é plano e o solo
fértil e resistente à erosão. Sem contar que o desmatamento foi feito entre os
anos 70 e 90. Fora, portanto, das áreas inclusas na moratória.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Parece
simples conduzir esse processo de orientar e fomentar a produção de soja
“legal” no Acre não é mesmo? Não torço contra, mas tenho minhas dúvidas que
essa aparente simplicidade venha a ser imposta de forma tão fácil.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Se
não houver pulso firme por parte das autoridades e gestores do nosso
agronegócio, e produtores gananciosos resolverem fazer “ouvidos de mercador” às
exigências ambientais impostas pelos compradores da soja produzida na Amazônia,
a soja será rapidamente incorporada ao histórico de fracassos do agronegócio
acreano.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">*Artigo
originalmente publicado no jornal A Gazeta, em Rio Branco, Acre, em 18/02/2020.</span></p></div>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-20384973797996310212020-08-24T16:01:00.011-05:002020-08-28T08:38:16.766-05:00SEMEADORES DE FLORESTAS<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Alceu
Ranzi ** e Evandro Ferreira ***<o:p></o:p></span></p><br/>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhRN2g8HnWDBhOGeDbyHKUZPSkrxLbSk8eyqf8lsgCiAgEaKDlPLh1zT4yKTzvrKCO8AjVzqzjuLWFYLrWzRjhID9trcvHArJTS7QbWdki3wdXLd04BvN_TJ5zSysaItIw8mkx/s858/Alouatta_juara_Stephen_Nash_CPB.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="587" data-original-width="858" height="350" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhRN2g8HnWDBhOGeDbyHKUZPSkrxLbSk8eyqf8lsgCiAgEaKDlPLh1zT4yKTzvrKCO8AjVzqzjuLWFYLrWzRjhID9trcvHArJTS7QbWdki3wdXLd04BvN_TJ5zSysaItIw8mkx/w512-h350/Alouatta_juara_Stephen_Nash_CPB.jpg" width="512" /></a></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Entre tantos atributos das florestas do Acre, destaca-se um que merece comentários e
atenção. Trata-se da importância dos macacos na manutenção das nossas
florestas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">No
Reino Animal os macacos são os parentes mais próximos dos humanos, com quem
compartilham, em alguns casos, 99% dos genes. Quem afirma esse parentesco é a
genética, para horror dos criacionistas que se consideram descendentes de Adão
e Eva. Nós humanos, junto com os macacos, pertencemos ao grupo dos Primatas.
Darwin inferiu a origem primitiva comum de homens e macacos. Esta briga é
velha!</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O
Estado do Acre é considerado um “hot spot” para muitos grupos vegetais e
animais. Com relação aos Primatas não humanos, o Acre ocupa um lugar de
destaque. Um verdadeiro ‘Planeta dos Macacos’. Aqui são encontradas cerca de 22
das quase 130 espécies de macacos que ocorrem no Brasil.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Vamos
nomear e qualificar os que nos parecem ser os mais conhecidos primatas da nossa
terra. Alguns deles podem ser vistos no Mini Zoológico do Parque Ambiental
Chico Mendes, mantido pela Prefeitura Municipal de Rio Branco.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Talvez
o guariba ou capelão (nome científico: </span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Alouatta
seniculus</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">) represente bem o grupo. Os guaribas são conhecidos pelo seu
“ronco” que saúda as alvoradas e o pôr-do-sol. O ronco dos guaribas, que pode
ser ouvido até 5 km de distância, é produzido em uma caixa de ressonância na sua
garganta e quem ouviu jamais esquece! Esta caixa de ressonância é recomendada
pelas “rezadeiras” para ser utilizada como copo para beber água: quem bebe água
no gogó do guariba não terá problemas de garganta.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Outra
estrela dos primatas não humanos do Acre é o macaco aranha (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Ateles chamek</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">). O aranha ou macaco preto
é exímio em utilizar a cauda como um quinto membro enquanto se desloca pelos
galhos das árvores. Ele é muito curioso e destemido e nas matas em que ainda
ocorre costuma vir bem perto balançar galhos das árvores para ‘amedrontar’ e
expulsar os invasores do seu território. Por isso é quase sempre o primeiro a
ser eliminado pelo seu parente Primata humano. Sua presença na mata indica que
a floresta foi pouco mexida, indicando que a caça no local é em geral
abundante.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">No
grupo dos maiores, junto com o guariba e o aranha, está o macaco barrigudo (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Lagothrix lagothricha</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">). O barrigudo é
considerado preguiçoso e quando criado em casa, com os humanos, gosta muito de
se embalar em uma rede.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Os
guaribas, como de resto todos os outros macacos de grande e médio porte, são
abatidos aos milhares em toda a Amazônia para suprir os humanos de proteína
animal. Só escapam os que não valem um tiro! Uma iguaria da cozinha regional –
olhe o IBAMA pessoal! – é a carne de macaco ao leite da castanha. Mas se for
para levar em uma viagem, é preferível “moquiar” os bichos.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Apesar
de todas as espécies de macacos serem especiais, existem os mais-mais. Entre os
mais especiais e pouco conhecidos no Acre, está o macaco cara-de-sola (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Cacajao calvus</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">), que no Acre ocorre
apenas no Parque Nacional da Serra do Divisor, nas várzeas do Rio Moa e
afluentes. O nome cara-de-sola deriva do fato de sua região facial, fronte e
parte anterior do crânio ser desprovidas de pelos. Sua cauda é “cotó” (curta) e
geralmente andam em grupos de até 50 animais.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Mais-mais
também é o sagui-branco do Juruá (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Saguinus</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">
sp.). Já imaginou a maravilha de ver um bando de macaquinhos brancos pulando na
copa das árvores. Os soins brancos podem ser vistos ao longo do rio Juruá e de
afluentes seus como o Tarauacá, Gregório, Muru e Envira. Poderiam ser
considerados duendes da floresta.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Um
dos macacos mais inteligentes e por isso muito utilizado em Laboratórios de
Psicologia é o conhecido macaco-prego (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Cebus
apella</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">). Além de inteligente, se diz que ele é muito libidinoso e na
presença de humanos do sexo feminino costumaria ficar com o pênis ereto. Para
encerrar a história do macaco-prego, lembramos que no Acre são duas espécies de
macaco-prego, o cairara (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Cebus albifrons</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">)
e o prego propriamente dito. Uma espécie que pode andar em bandos mistos com os
macacos pregos e os cairaras é o macaco de cheiro (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Saimiri boliviensis</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">).</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Uma
espécie que só ocorre no Acre e sul do Amazonas chama a atenção pelo seu
bigodão branco: o bigodeiro. Por causa do bigode este macaquinho recebeu o nome
científico de </span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Saguinus imperator</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">. Os
Saguinus são vários, imperator só o bigodeiro.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Nas
florestas do Acre vive também o segundo menor macaco do mundo, pesando cerca de
100 g. Este é o leãozinho ou leão-de-taboca (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Cebuella pygmaea</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">). Dizem que algumas mulheres costumam esconder o
leãozinho em sua cabeleira, ao mesmo tempo que recebe abrigo, o macaquinho vai
limpando as lêndias e catando os piolhos.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A
lista dos macacos do Acre é maior. Só para citar mais alguns: o zogue-zogue (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Callicebus</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> spp.), o parauacu (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Phitecia</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> spp.) e o macaco da noite (</span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Aothus nigriceps</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">).</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Em
um Estado que em passado recente adotava o lema “Governo da Floresta”, além das
plantas, os macacos também devem ser protegidos. Afinal os macacos são os
plantadores de árvores. Primeiro se alimentam dos frutos e depois, andando
pelas copas, semeiam a floresta, deixam cair ou defecam longe das árvores mães
as sementes. Na floresta em pé os macacos devem estar presentes para perpetuar
o ciclo natural.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Alguns
dos macacos aqui citados podem ser observados, em grandes e iluminados
recintos, no Parque Ambiental Chico Mendes. Dos maiores, o macaco-prego, o
aranha e o preguiçoso barrigudo. Dos pequenos, o bigodeiro, o de cheiro e leãozinho.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Sugerimos
uma visita ao Parque Chico Mendes para ver de perto alguns dos macacos
semeadores de nossas florestas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Para saber
mais:</span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Calouro,
A.M., Souza, L.A.M., Marciente, R., Cunha, A.O., Faustino, C.L. <b>Bichos na Escola – Os primatas</b>. UFAC e
Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Rio Branco, 2008. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Fonte
da imagem: Armando M. Calouro, Júlio César Bicca-Marques & Anthony B.
Rylands. </span><b style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Avaliação do Risco de Extinção
de Alouatta juara Elliot, 1910 no Brasil</b><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">. In: ICMBIO, Fauna Brasileira,
Estado de Conservação, 2012. Disponível em:
https://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/estado-de-conservacao/7183-mamiferos-alouatta-juara-guariba-vermelho</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">*Artigo
originalmente publicado no jornal A Gazeta, em Rio Branco, Acre, em 23/07/2018</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">**Alceu
Ranzi é paleontologista, ex-professor da Universidade Federal do Acre.<o:p></o:p></span></p>
<p><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt; text-align: justify;">***Evandro
Ferreira é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA.</span> </p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-43584345509441093682020-08-23T07:00:00.003-05:002020-08-25T08:55:35.547-05:00PANDEMIA DE CORONAVÍRUS: O MELHOR CENÁRIO É DESASTROSO*<div style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Evandro
Ferreira<br /> </span><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Blog
Ambiente Acreano</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHhJFQ8KVAOFRy_ztDzIRhCgHSps7Vztz4BAUPMLp13xs9nutgv9Jos2ZFauXpXAkb4xJCdRpW6Gjmx7XYG17M7xR20g6sJg1e4XOw34mok-nTJtIUDLMgBIHTnOJSMCmllbAv/s383/coronavirus+pandemia.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="216" data-original-width="383" height="270" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHhJFQ8KVAOFRy_ztDzIRhCgHSps7Vztz4BAUPMLp13xs9nutgv9Jos2ZFauXpXAkb4xJCdRpW6Gjmx7XYG17M7xR20g6sJg1e4XOw34mok-nTJtIUDLMgBIHTnOJSMCmllbAv/w479-h270/coronavirus+pandemia.jpg" width="479" /></a></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">No final da semana passada (26/03) pesquisadores do <i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Imperial College</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> de Londres, no Reino Unido, publicaram estimativas
do impacto que a pandemia de coronavírus poderá ter em 202 países. O estudo é
assinado por cerca de 50 cientistas, incluindo um grupo ligado à Organização
Mundial da Saúde (OMS), e suas conclusões não são nada animadoras no que se
refere ao Brasil.</span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">No
estudo, foram utilizados, entre outros, dados de contágio e forma de
disseminação do vírus em diferentes ambientes, características socioeconômicas
das populações afetadas, infraestrutura hospitalar disponível e estatísticas de
hospitalização e óbitos ocorridos até o momento.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Foi
um estudo do </span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Imperial College</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> sobre o
impacto do coronavírus no Reino Unido – publicado em 16 de março – que levou a
uma mudança na abordagem do enfrentamento do vírus pelo governo local.
Inicialmente se apostou em uma estratégia de “imunidade de massa”, onde o país
não seria parado e o vírus circularia livremente, infectando a maioria da
população, imunizando rapidamente as pessoas.</span><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Tudo
mudou porque o estudo do </span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Imperial College</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">
– modelagem usando cenários com e sem mitigação e/ou supressão para controlar a
velocidade de infecção do vírus – mostrou que mesmo todos os pacientes no Reino
Unidos tendo acesso a tratamento hospitalar, a previsão mais otimista indicou a
inacreditável quantidade de 250 mil mortos em decorrência da pandemia.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O
estudo do </span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Imperial College</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> sobre o
impacto global da pandemia de coronavírus mostra que se ele circular
livremente, infectará este ano cerca de 7 bilhões dos estimados 7,7 bilhões de
habitantes do planeta. Sem medidas de controle, se estima que até o fim do ano
cerca de 40 milhões de pessoas poderão morrer em consequência da ação direta ou
indireta do vírus.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A
previsão desse estudo para o Brasil, considerando variados cenários de
mitigação e/ou supressão, indica que o número de mortos poderá variar entre
44,2 mil – em cenário de “supressão precoce”, com taxa de mortalidade de até
0,2 mortes/100 mil habitantes/semana – e 1,1 milhão de mortes em cenário sem
nenhuma medida de mitigação e/ou supressão.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Segundo
os experts em epidemiologia, na ausência de vacina para neutralizar o vírus, o
controle da atual pandemia dependerá de duas estratégias de ação:</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">(a)
Mitigação, que foca na diminuição, mas não necessariamente no controle efetivo
da disseminação da epidemia, reduzindo o pico da demanda por serviços
hospitalares e protegendo apenas as pessoas com maior risco de serem afetadas
severamente caso venham a ser infectadas (idosos, por exemplo);</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">(b)
Supressão, que objetiva reverter o crescimento da epidemia, reduzindo o número
de casos para níveis muito baixos, e manter essa situação de forma indefinida.
Para isso, procura-se limitar ao máximo os contatos sociais de forma que a
transmissão do vírus é bloqueada – quarentena.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">No
momento, a maioria dos países, o Ministro da Saúde do Brasil, Governadores e
prefeitos de todo o país, baseados em diretivas emitidas pela OMS, estão
tentando adotar o método de supressão para controlar a epidemia no Brasil.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Entretanto,
o presidente Bolsonaro e um grupo pequeno de assessores e conselheiros dele
(que inclui seus filhos) são as únicas vozes dissonantes e estão ativamente
advogando a adoção da estratégia de mitigação para controlar a disseminação do
vírus no Brasil.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">É
uma minoria barulhenta, diga-se de passagem. Graças ao controle que o
presidente e seus filhos tem sobre seus milhares de fanáticos seguidores, as
redes sociais estão inundadas das mais estapafúrdias campanhas em favor dessa
opção de controle.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O
estudo do </span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Imperial College</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">,
entretanto, mostra que a adoção de uma estratégia mais branda como a mitigação,
com proteção apenas dos grupos de maior risco, pode resultar na morte adicional
de cerca de meio milhão de brasileiros.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Não
sabemos por que nosso presidente faz “ouvido de mercador” às opiniões
cientificas e médicas predominantes no mundo sobre a forma mais eficiente de
combater o coronavírus. Até </span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Donald Trump</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">,
que até duas semanas atrás tratava a epidemia com desdém, mudou de opinião.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Agindo
assim, ele está desperdiçando a oportunidade de minorar significativamente o
desastre que se anuncia. Sem a supressão, o número de infectados aumentará
exponencialmente em poucas semanas. E, na medida em que parte deles necessitar
simultaneamente de tratamento hospitalar, o excessivo número de doentes levará
ao colapso o sistema de atendimento em saúde público e privado do país.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Embora
os dados ainda sejam imprecisos, na atual pandemia cerca de 20% dos infectados
(em Nova Iorque ontem eram 24,7%) necessitam hospitalização. Destes, cerca de
5% evoluem para estado crítico e demandarão unidades de terapia intensiva (UTI)
e suporte respiratório (ventiladores). Cerca de metade dos que vão para as
UTI’s tem ido a óbito.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Uma
simulação considerando a população da cidade de Rio Branco (cerca de 400 mil
habitantes) em condições de pouco controle da disseminação do vírus revela
números assustadores e reforça a importância da implementação estrita da
estratégia de supressão:</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">-
Cerca de 325 mil serão infectados e aproximadamente 65 mil necessitarão ser
internados, causando o colapso dos sistemas de atendimento de saúde da cidade.
Dos que forem internados, cerca de 3,2 mil precisarão de cuidados em Unidades
de Terapia Intensiva e suporte respiratório. Em todo o Acre existem hoje menos
de 100 UTI’s disponíveis. Finalmente, se metade dos internados em UTI’s vier a
óbito, teremos cerca de 1,6 mil vítimas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Não
sabemos o tempo de duração da crise e se os percentuais de infecção,
hospitalização e óbitos observados em outras regiões se repetirão aqui no Acre.
Portanto, para evitar o pior, devemos seguir, sem titubear, as instruções da
OMS, Ministério da Saúde, Governo do Estado e Prefeitura da cidade.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">Para saber mais:</span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">- Report 9: <i>Impact of non-pharmaceutical interventions
(NPIs) to reduce COVID-19 mortality and healthcare demand</i>, Imperial
College, London, march 16, 2020. Link:
https://www.imperial.ac.uk/media/imperial-college/medicine/sph/ide/gida-fellowships/Imperial-College-COVID19-NPI-modelling-16-03-2020.pdf<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">- Report 12: </span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">The Global Impact of COVID-19 and Strategies
for Mitigation and Suppression</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">, Imperial College, London, march 26, 2020.
Link:
https://www.imperial.ac.uk/media/imperial-college/medicine/sph/ide/gida-fellowships/Imperial-College-COVID19-Global-Impact-26-03-2020v2.pdf</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Artigo
originalmente publicado no jornal A Gazeta, em Rio Branco, Acre, em 30/03/2020.</span><span style="text-align: left;"> </span></p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-77680924473140777892020-08-22T07:00:00.008-05:002020-08-25T08:32:52.429-05:00A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA É UMA ESTRATÉGIA EFICIENTE PARA COMBATER O DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA? (*)<div style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><div style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Evandro Ferreira<br /></span><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Blog Ambiente Acreano</span></div></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKGOnRBbaEmKF2zxECm8f7mPWd8UgNtHLu8vEQNCCBJ3rOUMpMLrz6DdF5OZ_Cr0qQR61C2UReB0NIn0Mu224sS7EVdd20L7uuv4m4fj5T3wxymylLIsRvTU0JkDizWIEUX_GY/s263/desmatamaneto+brasil+PPCDAM.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: left;"><img border="0" data-original-height="263" data-original-width="192" height="411" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKGOnRBbaEmKF2zxECm8f7mPWd8UgNtHLu8vEQNCCBJ3rOUMpMLrz6DdF5OZ_Cr0qQR61C2UReB0NIn0Mu224sS7EVdd20L7uuv4m4fj5T3wxymylLIsRvTU0JkDizWIEUX_GY/w300-h411/desmatamaneto+brasil+PPCDAM.jpg" width="300" /></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Rio Branco-AC (22/08/2020) - Segundo os dados
disponibilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o ápice
do desmatamento anual na Amazônia aconteceu em 1995, quando cerca de 29 mil km²
de florestas foram derrubadas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A pressão de ambientalistas e da comunidade
internacional, combinada com a crise econômica pós-Plano Real de 1994,
contribuíram para uma queda acentuada do desmatamento já em 1997, quando apenas
13,2 mil km² de florestas foram destruídas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Com a recuperação da economia, a área anual
desmatada foi aumentando paulatinamente após 1997 até alcançar 27,4 mil km² em
2004, a segunda mais elevada desde que o INPE passou a monitorar a destruição
da Amazônia em 1988.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Mais uma vez foi forte a pressão contra a
destruição sem controle da floresta. Como resposta, o governo federal criou o
Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal
(PPCDAm) para tentar diminuir o desmatamento e fomentar o desenvolvimento
sustentável da região.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O PPCDAm objetivava reduzir em 80% o
desmatamento até 2020. Para aprimorar as ações de fiscalização e controle, o
INPE criou o sistema DETER para emitir em tempo quase real alertas de
desmatamento. Como resultado, já em 2007 o desmatamento recuou para apenas 11,5
mil km².</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Entretanto, contra todas as expectativas, no
ano seguinte (2008) o desmatamento apresentou leve alta, atingindo 11,9 mil
km². Na avaliação do governo, dentre as possíveis razões para esse aumento, os
conflitos fundiários e a falta de regularização agrária na região poderiam ser
grandes contribuidores.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Para minorar os conflitos e agilizar a
regularização fundiária das terras da União na Amazônia Legal, foi aprovada em
2009 a Lei 11.952, que, entre outras providências, criou o Programa de
Regularização Fundiária, denominado “Terra Legal”, coordenado e executado pelo
então Ministério do Desenvolvimento Agrário-MDA.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Era um desafio e tanto. Das 113 milhões de
hectares de terras federais na Amazônia, 55 milhões tinham situação indefinida
e precisavam ter destinação legal (reforma agrária, unidades de conservação,
etc.) para livra-las da grilagem, que então se acreditava ser responsável pela
maior parte dos desmatamentos ilegais na região.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Apesar da grande expectativa gerada e do forte
apoio financeiro recebido, os resultados do “Programa Terra Legal” foram
decepcionantes. Até maio de 2016, sete anos após a sua criação, o programa
tinha destinado apenas cerca de 3 milhões de hectares de 20 milhões previstas,
distribuídas entre 17.101 títulos de terra, mais de 95% deles para agricultores
familiares.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Na avaliação da pesquisadora Brenda Brito, do Instituto
do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia-Imazon, em depoimento dado para a
revista Época em 2014, o programa tinha avançado na identificação das terras
nos cartórios e no mapeamento por satélite, mas a titulação ainda era lenta.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Na opinião de Brenda Brito, a regularização
fundiária é indispensável para o sucesso das políticas ambientais na Amazônia.
Para isso ela citou a estimativa que se fazia então de que 71% dos desmatamento
realizados no Pará até 2011, equivalentes a cerca de 175 mil km² - uma área
maior que o Acre -, foram feitos em áreas sem definição fundiária.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O “Programa Terra Legal” enfrentou muitos
desafios sob o ponto de vista burocrático. Inicialmente integrou o Ministério
do Desenvolvimento Agrário. Com a extinção deste em 2016, teve suas atribuições
transferidas para a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do
Desenvolvimento Agrário, vinculada à Casa Civil da Presidência da República.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Com a eleição do atual presidente, pouco
simpático às causas ambientais e claramente desinteressado no processe de
regularização e reforma agrária na região – seu governo parece querer fomentar
conflitos e não resolvê-los – o “Programa Terra Legal” foi extinto no início de
2019.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A extinção do programa descartou equipes
técnicas capacitadas e experientes, assim como colocou em risco a preservação
do banco de dados único acumulado pelo programa. Algo certamente indispensável
para uma futura retomada no processo de regularização fundiária na Amazônia.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Para extinguir o “Programa Terra Legal”, o
governo não fez uma avaliação de sua efetividade no que toca à sua contribuição
para a diminuição do desmatamento. Ficou no ar a pergunta:</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">- Será que a regularização agrária contribui mesmo para diminuir o
desmatamento na Amazônia?</span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A resposta, ainda que parcial para essa
pergunta foi revelada em um artigo científico publicado na revista </span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Nature Sustainability</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> no dia 18 de maio
desse ano. A pesquisa, realizada por pesquisadores da Universidade de
Cambridge, do Reino Unido, e do Ipam, no Pará, analisou respostas de 10.647
proprietários de terra beneficiários do “Programa Terra Legal” entre 2011 e
2016.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Ao contrário do que se esperava, os
pesquisadores encontraram evidências que sugerem que os pequenos e médios
proprietários rurais beneficiados pelo programa “aumentaram” o desmatamento que
praticavam depois que foram beneficiados com os títulos das terras. Em
contraste, as áreas desmatadas pelos proprietários de grandes áreas de terras
permaneceram praticamente inalteradas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Os autores do estudo observaram que os
proprietários beneficiados com títulos de terra fizeram mais desmatamento na
medida em que o preço dos produtos oriundos de seus cultivos ou do gado que
criavam aumentou, indicando grande integração desses produtores ao mercado, em
detrimento de qualquer iniciativa de conservação ambiental.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A conclusão do estudo é de que apenas a
regularização fundiária não é suficiente para brecar o desmatamento na
Amazônia. É preciso integrar essa iniciativa com outras políticas para que os
benefícios ambientais esperados se concretizem.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">Para saber mais:</span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt; mso-fareast-font-family: Batang;">Andrade, L. C. et al. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Programa Terra Legal? Quem são os beneficiários da regularização
fundiária na Amazônia Legal?</b> In: Seminário: Governança de Terras e
Desenvolvimento Econômico, Campinas, 2016.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Benedict, P.A.; Benyishay, A.B.; Andreas, K.; Reis,
Reis, T.N.P. </span><b style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Impacts of a large-scale
titling initiative on deforestation in the Brazilian Amazon</b><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">. </span><i style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Nature Sustainability</i><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;"> (2020). Disponível
em: https://doi.org/10.1038/s41893-020-0537-2</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">(*) Artigo originalmente publicado no jornal A
Gazeta, em Rio Branco, Acre em 02/06/2020.</span></p><p></p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-74143562737855690172020-08-21T09:01:00.013-05:002020-08-25T11:27:19.835-05:00GEOGLIFOS PARA EPYMARÁ E KURAMPURA¹<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Alceu Ranzi² e
Evandro Ferreira³<o:p></o:p></span></b></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEienP10mdIyRN-nmwmuCbh1CWSYGUXCLdWD_2rk17Fl4GAARlWQ8Lx6LNRbH5cdoxbqx-8fioTGYf9BSrKrI8yc4b0IzyZbToTgHvglwCnudpkjVwgRflIgPn2nh71JncEH_m-q/s977/mapa+labre+1888.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="903" data-original-width="977" height="474" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEienP10mdIyRN-nmwmuCbh1CWSYGUXCLdWD_2rk17Fl4GAARlWQ8Lx6LNRbH5cdoxbqx-8fioTGYf9BSrKrI8yc4b0IzyZbToTgHvglwCnudpkjVwgRflIgPn2nh71JncEH_m-q/w512-h474/mapa+labre+1888.jpg" width="512" /></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Nos
escritos deixados por dois estudiosos-aventureiros que andaram pelo Acre na
passagem do século XIX para o século XX, o Coronel Antonio Labre (fundador da
cidade de Lábrea, Amazonas) e o Coronel inglês Percy Fawcett (que inspirou o
personagem “Indiana Jones”), é possível perceber detalhes interessantes sobre
Templos, Deuses e Demônios.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Esses
personagens mereceram a atenção de muitos estudiosos. O Dr. Hélio Rocha,
professor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), pesquisou sobre o
fundador de Lábrea e publicou o livro “Coronel Labre” (Editora Scienza), o qual
é recomendo para os pesquisadores da Amazônia Ocidental. De outra parte, sobre
o Coronel Fawcett, a literatura está plena de descrições de suas aventuras e
artigos técnicos, fruto de suas expedições pelos sertões do Brasil e andanças
por tierras no descubiertas para estabelecer os limites da Bolívia com Brasil e
Peru.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Em
ordem cronológica vamos iniciar em 1877, com o Coronel Labre e sua expedição
que varou a pé desde a margem esquerda do Rio Madre de Dios, no atual
Departamento de Pando na Bolívia, até chegar na margem direita do Rio Acre, na
região da desembocadura do Riozinho do Rola, nas proximidades do atual “Lago do
Amapá”, num percurso aproximado de 250 km.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Enquanto
Labre caminhava, por bem cuidadas trilhas e varadouros indígenas, ele notou
vários campos circulares, com casas e templos. Numa taba Araúna (indígenas que
habitaram os rios Abunã e Orton na Bolívia) ele descreveu:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">“...vi
um pequeno tijupal (palhoça) servindo de templo, onde estavam guardados seus
penates (Deuses protetores) ou ídolos”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Seguindo
sua caminhada, o Coronel Labre continuou suas anotações:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">“...Boa
casa ainda em estado de conservação, um templo e pátio grande e bem limpo...”.
“Passamos por três taperas, tendo uma d’ellas grande área aberta em prado com
restos de árvores frutícferas”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">“...Casa
grande em bom estado de conservação e limpeza, e um templo onde ainda
conservam-se os ídolos indígenas (objetos consagrados ao culto), o pátio da
casa estava limpo e varrido, confundindo-se com a praça do templo. N’esta
povoação houve antigamente uma grande tribo, segundo anuncia a área, em torno
da habitação, formando um círculo perfeito (Geoglifo?), com diâmetro de um
kilometro...”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">“...Passamos
por um campinho de 1.500 metros de circunferência, que disseram os Guarayos
(indígenas do rio Abunã) ser lugar de plantações antigas”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">“Esta
povoação…tem uma área de campo aberto, perto de 5 kilometros em circunferência,
tendo de diâmetro 1.500 metros”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">“...eram
pequenos prados naturaes ...o maior d’elles poderia ter 5 kilometros de
comprimento, com uma largura de 2 kilometros na parte central”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">“Mamuyeçada
é uma maloca de 100 e tantos a 200 habitantes; tem forma de governo, templos,
culto e religião ...(mulheres)... sendo-lhes prohibida a entrada no templo e
obrigadas a ignorar os nomes e formas dos ídolos, que não tem forma humana, são
figuras geométricas, feitos de madeira polida. O maioral ou pai dos deuses
chama-se Epymará, tem forma elipsoide e poderá ter em dimensão de 35 a 40 centímetros”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">A
citação acima, do Cel. Labre, mereceu a atenção de Denise Schaan, principal
estudiosa dos Geoglifos do Acre: “Ali (Labre) aprendeu que aqueles povos
adoravam deuses de formatos geométricos, esculpidos em madeira”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Trinta
anos depois de Labre, em 1907, passando pelas mesmas trilhas, nas proximidades
da atual cidade de Capixaba, região conhecida por antigos campos naturais e com
muitos Geoglifos plotados, o Coronel Fawcett fez as seguintes anotações
(tradução nossa):<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">“Acampamos
em um lugar chamado Campo Central, com a missão de encontrar as nascentes de
alguns rios e anotar suas posições. Enquanto realizávamos o trabalho,
observamos enormes campos circulares, de uma milha ou mais em diâmetro
(aproximadamente 2 mil metros), o local há poucos anos passados era uma grande
aldeia dos Apurinãs. Alguns desses índios ainda vivem num lugar chamado Gavião.
Esses índios, haviam se submetido à civilização e pareciam contentes o
suficiente, exceto pela malícia de um espírito chamado Kurampura”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Ainda
no Acre, Fawcett observou que, “aqui e ali um tronco havia sido esculpido no
formato de um cone de 30 a 35 cm de altura, provavelmente com motivo
religioso”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Assim,
podemos inferir, pelas observações dos desenhos representados pelos Geoglifos
(círculos, quadrados, hexágonos e octógonos) e pelos Deuses e ídolos em formato
de elipsoide e/ou cone, que os antigos habitantes do Acre faziam parte de um
povo que dominava a geometria ao ponto de suas aldeias e seus Deuses serem
representados em formas geométricas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Sobre
o olhar respeitoso que devemos ter para com os Geoglifos, vale lembrar o alerta
do ex-governador Binho Marques: “Será necessário um esforço de todos - Estado,
empresas, comunidades - para a conservação dos Geoglifos, para pesquisá-los e
conhecê-los melhor, para incluí-los no nosso sonho de um desenvolvimento
econômico social e ambientalmente sustentável. Queremos disseminar um
sentimento de responsabilidade sobre essa riqueza tatuada na pele de nossa
terra. É necessário que cada acreano veja e reveja o solo sagrado onde pisa”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Para saber
mais:<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span lang="EN-US" style="font-family: Symbol; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Fawcett,
P.H. 2001. </span><b><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">Exploration Fawcett</span></b><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">. Phoenix
Press, London.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span lang="EN-US" style="font-family: Symbol; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">Labre, A.R.P.
1889. <b>Colonel Labre’s explora</b></span><b><span lang="EN-US" style="font-family: "Cambria","serif"; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-family: Cambria;">Ɵ</span></b><b><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"> ons in the region between the Beni and Madre de Dios rivers and the
Purus</span></b><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">. Proceedings of the Royal Geographical Society and
Monthly Record of Geography, v.11, p.496-502.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Marques,
B. 2010. <b>A força das imagens</b>. </span><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">In: Schaan, D.P.; Ranzi, A.; Barbosa, A.D. (Org.). </span><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Geoglifos:
Paisagens da Amazônia Ocidental. Rio Branco: Editora GKNoronha. p.7.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Rocha,
H. 2016. <b>Coronel Labre</b>. São Carlos:
Editora Scienza. 234p.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Schaan,
D., Ranzi, A., Barbosa, A.D. 2010. <b>Geoglifos:
Paisagens da Amazônia Ocidental</b>. Rio Branco: Editora GKNoronha. 100p.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">¹Artigo
originalmente publicado no jornal A Gazeta, em Rio Branco, Acre, em 05/08/2020.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">²Alceu
Ranzi é Paleontologia, ex-professor da Universidade Federal do Acre-UFAC.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">³Evandro
Ferreira é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA e do
Parque Zoobotânico da UFAC.<o:p></o:p></span></p>
<p><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt; text-align: justify;">Fonte
da Imagem: Antonio Labre, 1889.</span> </p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-15101774080283931902020-08-19T12:28:00.030-05:002020-08-25T12:02:44.799-05:00A CRISE NOS CORREIOS É POLÍTICO-ADMINISTRATIVA E SUA PRIVATIZAÇÃO PREJUDICARÁ PEQUENAS CIDADES<div style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Evandro
Ferreira<br /> </span><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Blog
Ambiente Acreano</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhV5CzYpu8NW85yGmWxmwD09g9jL68evZc7KTCyqyAS0uzV9KEILLK9M9HtVtBaX3lTiqk4ZsAuXX1KtP4oXBw4W9iLgPjrEAnjQozE4NcPrI8VlEF2Npq9nMHCf4Kz7IffEb5T/s802/correios.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="802" data-original-width="704" height="512" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhV5CzYpu8NW85yGmWxmwD09g9jL68evZc7KTCyqyAS0uzV9KEILLK9M9HtVtBaX3lTiqk4ZsAuXX1KtP4oXBw4W9iLgPjrEAnjQozE4NcPrI8VlEF2Npq9nMHCf4Kz7IffEb5T/w450-h512/correios.jpg" width="450" /></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Rio
Branco, AC - Lamentável o que aconteceu com os Correios desde meados dos anos
2000, quando a empresa virou moeda de troca dos políticos: seus “afilhados” que
a assumiram, incompetentes e corruptos, expandiram a empresa “na marra”, a
encheram de indicados políticos para cargos chaves e de funcionários
“temporários” descompromissados com a qualidade do serviço. Deu no que deu.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Mas
a crise atual dos Correios não pode ser tratada e resolvida com a rispidez de
atos impensados. Se apoiarmos cegamente sua privatização podemos engrossar
“involuntariamente” uma “corrente de apoio” a “tubarões” que querem assumir
apenas o “filé mignon” dos serviços postais no Brasil.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O
“filé mignon” a que me refiro são as cargas e encomendas postais expressas hoje
dominadas pelos Correios graças a sua ampla infraestrutura (pessoal, veículos,
sedes, armazéns, etc.) espalhada por todo o país, desde cidades com pouco mais
de 1 mil habitantes às metrópoles com milhões.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Os
“tubarões” interessados na privatização dos Correios - que o querem fora desse
mercado lucrativo - são grandes empresas de transporte aéreo e rodoviário que
“só tem olhos” para esses serviços postais altamente rentáveis. E apenas nos
locais onde elas tem infraestrutura consolidada: capitais e outras grandes
cidades para onde voam seus aviões e chegam com regularidade seus caminhões.
São rotas antigas e consolidadas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Os
serviços postais de entrega de cartas e miudezas do gênero (contas, avisos e
similares) seguramente estão fora do interesse desses “tubarões” porque é quase
certo que dão prejuízo ou quando dão retorno, é muito baixo, insignificante
para o “olho gordo” dessas empresas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">E
quem seria prejudicado com a privatização dos Correios?</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Segundo
o IBGE, dos 5.570 municípios brasileiros, 2.451 (44% do total) tem menos de 10
mil habitantes. Grande parte deles tem agências dos Correios e quase nenhum
deles tem, e provavelmente nunca terá, filiais de grandes ou pequenas empresas
de logística de entrega de cargas e encomendas (expressas ou não).</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O
interior do Acre é um bom exemplo. As cidades de Tarauacá e Feijó, que juntas
somam quase 70 mil habitantes, não tem filial de empresas de encomendas
expressas. Só tem agência dos Correios.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Por
isso, antes de você sair gritando que apoia cegamente a privatização dos
Correios, você deve tentar responder a pergunta abaixo:</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">- Quem
atenderá cidades pequenas no Brasil? As grandes empresas de logística?</span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Claro
que não! Vejam os casos das empresas coligadas com as grandes companhias aéreas
brasileiras. Depois de mais de 20 anos de criadas elas só atendem capitais e
grandes cidades do país. E não se expandiram para outras localidades por
impedimentos legais, pois não existem leis que as impeçam. É apenas uma questão
de rentabilidade.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Privatizados
os Correios, a chegada dessas empresas às cidades fora do eixo
“capitais-grandes cidades” pode até se concretizar, mas a um custo muito
elevando para os consumidores.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">E
não adianta você, leitor, argumentar que privatizar “deu certo” com os
“serviços telefônicos” e dará certo com os serviços postais, pois eles
correspondem a duas realidades completamente distintas.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Nas
telecomunicações é fácil instalar uma torre de celular, puxar alguns km de cabos
em postes que já existem e gastar uma “fração de dinheiro” para que uns 2-3
servidores terceirizados garantam que tudo funcione a contento. A venda de
telefones é terceirizada, o atendimento aos consumidores é terceirizado em
centrais telefônicas localizadas em outras cidades, etc. Só os técnicos que
“puxam os fios” é que são necessários in loco.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O
serviço postal, por outro lado, é essencialmente pessoal: um funcionário recebe
das mãos de um consumidor na sede da empresa uma encomenda/carta na cidade de
origem e outro funcionário entrega pessoalmente na cidade de destino a
encomenda ao destinatário. No meio de tudo isso, existe uma pesada
interferência humana na manipulação e transporte da carga. E você, usuário do
serviço, tem que ir “pessoalmente” despachar e se apresentar para recebê-la. O
serviço não é virtual.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Quem
assumir os “Correios Privatizados” terá que contratar pessoas em cada
cidadezinha atendida, construir ou alugar sedes e ter veículos (motos, carros,
barcos, etc.) para viabilizar o “atendimento pessoal” nas “cidades com pouca ou
sem rentabilidade” do interior do Brasil.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Seja
honesto leitor: você acha que esses empreendedores assumirão um negócio no qual
a rentabilidade é baixa ou o prejuízo é certo? Como capitalistas, eles querem
investir para ter lucro! Não é errado ou criminoso agir assim. Portanto, a
privatização dos correios deverá funcionar nos grandes centros urbanos do país,
em locais com boa infraestrutura. Nos demais... Só Deus sabe.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">O
histórico de desmandos e corrupção mostra que o problema dos Correios é
administrativo. Expulsem os políticos! Profissionalizem a sua administração! Em
poucos anos são grandes as chances de a empresa se tornar eficiente e lucrativa
como são o Banco do Brasil e a Eletrobrás.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">Ser
estatal no Brasil não é sinônimo de ineficiência. Em alguns casos, como o dos
Correios, é algo indispensável.</span><span style="text-align: left;"> </span></p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-64599685509743829402020-06-17T12:29:00.007-05:002020-08-25T16:56:43.233-05:00QUAL O CUSTO FINANCEIRO DOS INCÊNDIOS NAS FLORESTAS ACREANAS? (*) <div style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Evandro
Ferreira<br /></span></b><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Blog Ambiente
Acreano</span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVho6MnXljXbuT0w9YYqVFM4DSBk3RuypjD_D7PYDX29IfVIamimwX_USdvMz6kswXyfXdTOZbz-gjG6P3Y7ugLfBzYh6GpmQaMtMg6jUwuLJbpgtslPWWC3mWoBF-M8MYbZ0b/s749/fogo+na+floresta+bonal.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="493" data-original-width="749" height="337" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVho6MnXljXbuT0w9YYqVFM4DSBk3RuypjD_D7PYDX29IfVIamimwX_USdvMz6kswXyfXdTOZbz-gjG6P3Y7ugLfBzYh6GpmQaMtMg6jUwuLJbpgtslPWWC3mWoBF-M8MYbZ0b/w512-h337/fogo+na+floresta+bonal.jpg" width="512" /></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">A
resposta para essa pergunta foi dada na forma de um criterioso artigo publicado
em uma revista científica de alto nível no qual se indica de forma objetiva a
extensão dos prejuízos financeiros que a queima de milhares de hectares de
florestas nativas representa para a economia do Acre. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Abordando
o período compreendido entre os anos de 2008 e 2012, o artigo foi originalmente
publicado em inglês (<i>Translating Fire Impacts in Southwestern Amazonia into
Economic Costs</i> = Traduzido os impactos do fogo no sudoeste da Amazônia em
custos econômicos) na revista <i>Remote Sensing</i>, edição de março de 2019, e seus
autores são pesquisadores brasileiros do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE) e da Universidade Federal do ABC. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Segundo
o artigo, de todos os desastres ambientais ocorridos no planeta entre 1998 e
2017, cerca de 91% estavam relacionados diretamente com o clima e geraram
prejuízos de aproximadamente 2,24 bilhões de dólares. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Na
Amazônia, como todos sabem, incêndios em florestas “em pé” são exceção e não a
regra. Ao contrário do Cerrado brasileiro e das Savanas africanas, paisagens
naturais que evoluíram na presença de incêndios periódicos ou episódicos e que
dependem desses eventos para manter seu equilíbrio ecológico, a ocorrência de
incêndios em florestas nativas na Amazônia invariavelmente pressupõe que os
mesmos foram resultado da ação humana. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">O
uso do fogo na Amazônia é uma prática milenar, pretérita à chegada dos
europeus. Mas seu uso foi intensificado na medida em que a colonização da região
aumentou a partir de meados do século XIX. Na região, áreas florestais são
derrubadas e queimadas para a abertura de campos para cultivos agrícolas e
criação de gado. A queima da floresta derrubada melhora, ainda que
temporariamente, a fertilidade dos solos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">A
mudança climática global em curso, entretanto, tem favorecido a ocorrência mais
frequente de secas severas no sudoeste da Amazônia – onde o Acre está inserido.
Nos últimos 15 anos o Acre foi atingido por três eventos de secas extremas nos
anos de 2005, 2010 e de 2016. Em todas essas ocasiões, grandes extensões de
florestas nativas foram atingidas por incêndios florestais cujos focos
primários originaram-se em áreas antropizadas adjacentes: pastagens e cultivos
agrícolas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">O
pesquisador Irwing Foster Brown, do <i>Woods Hole Research Center</i> e do Parque
Zoobotânico da UFAC, publicou um artigo estimando que na seca de 2005 mais de
400 mil pessoas foram afetadas pela poluição decorrente dos incêndios
ocorridos. Mais de 300 mil hectares de florestas nativas foram queimados e os
custos econômicos diretos atingiram cerca de 50 milhões de dólares. A soma
global dos prejuízos econômicos, sociais e ambientais ultrapassou os 100
milhões de dólares. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Uma
das consequências do “desastre” ocorrido durante a seca de 2005, no qual o
governo do Estado mostrou estar completamente despreparado, foi a criação de
mecanismos de alerta (monitoramento climático e hidrológico) e o
estabelecimento de políticas públicas voltadas para diminuir o desmatamento e
os riscos de incêndios florestais, mesmo em anos sem secas severas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">É
importante ressaltar, entretanto, que a criação e a implementação dessas
estruturas e políticas foram feitas sem que dados mais detalhados sobre os
reais custos sociais, ambientais e econômicos decorrentes da referida seca
estivessem disponíveis. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">A
produção desses dados é um desafio em nível global. Um relatório do escritório
das Nações Unidades para a Redução dos Riscos de Desastres (UNISDR) mostrou que
somente 37% dos desastres ocorridos entre 1998 e 2017 tiveram a estimativa dos
seus custos econômicos revelados. Os custos que os demais desastres
representaram não são conhecidos ou foram mal documentados. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">O
estudo dos pesquisadores do INPE e da Universidade do ABC citado acima revelou
que durante secas severas no Acre, o incremento da quantidade de incêndios –
quando comparados com os anos sem secas – aumenta em até 15 vezes os custos
estimados dos danos em infraestruturas, perda de produção agrícola, emissão de
CO2 e morbidade por doenças respiratórias. Em percentual, os prejuízos causados
por secas severas à economia do Acre são estimados em 7,03 ± 2,45% do Produto
Interno Bruto do estado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">O
estudo mostrou ainda que nos anos analisados (2008-2012) mais de 2.577 km²
foram queimados no Acre, dos quais cerca de 12% queimaram mais de uma vez. As
queimadas se concentraram nas proximidades de centros urbanos (Rio Branco,
Cruzeiro do Sul, Sena Madureira, Tarauacá, Feijó e Brasiléia), de estradas
(BR-364, BR-317, AC-040 e AC-075) e rios (Iaco, Muru, Acre e Envira). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">A
ocorrência do fogo foi majoritariamente em áreas privadas (98,8%). Nos anos sem
seca severa as pastagens representaram 63,5% de toda a área queimada, enquanto
as áreas florestais representaram apenas 29,7%. Durante a seca ocorrida em
2010, entretanto, a situação se inverteu e as florestas representaram 54,5% de
todas as áreas queimadas no Estado, com o percentual das pastagens caindo para
42,2%. Nesse ano, a área de florestas afetadas por incêndios foi
aproximadamente 16 vezes maior quando comparado com os anos sem a ocorrência de
secas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Sob
o aspecto econômico, as perdas decorrentes da seca de 2010 no Acre foram
calculadas pelos autores como equivalentes a 243,35 ± 85,05 milhões de dólares.
Para todo o período do estudo (2008-2012) as perdas foram estimadas em 307,46 ±
85,41 milhões de dólares. Isso representou 7,03 ± 2,45% e 9.07 ± 2,46% do
Produto Interno Bruto do Acre, respectivamente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Os
resultados do estudo mostram que as perdas decorrentes da ocorrência de secas
severas no Acre podem ser imensas. No atual contexto, onde ações de
fiscalização e controle do desmatamento e de outros delitos ambientais estão
sendo desacreditadas e desautorizadas, a eventual ocorrência de uma nova seca
severa no Acre poderá ter resultados desastrosos. Caberá, portanto, ao Governo
Estadual, o papel de liderar a execução das ações de combate aos delitos
ambientais e fortalecer as políticas públicas para minorar os efeitos danosos
desses eventos climáticos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Para saber
mais:</span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Brown,
I.F., Schroeder, W., Setzer, A., Maldonado, M.D.L.R., Pantoja, N., Duarte, A.,
Marengo, J. 2006. </span><b><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">Monitoring fires in southwestern Amazonia Rain Forests</span></b><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">. Eos Trans. AGU, vol. 87, p. 253. </span><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Disponível em:
https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1029/2006EO260001<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Campanharo,
W.A., Lopes, A.P., Anderson, L.O., Silva, T.F.M.R. e Aragão, L.E.C. 2019. </span><b><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">Fire Impacts
in Southwestern Amazonia into Economic Costs</span></b><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">. Remote Sensing, vol. 11, n° 7, p. 764. Disponível em:
https://doi.org/10.3390/rs11070764<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span lang="EN-US" style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">UNIDSR-United
Nations Office for Disaster Risk Reduction. 2018. <b>Sendai Framework for Disaster Risk Reduction 2015–2030</b>. </span><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Sendai, Japan.
Disponível em: https://www.unisdr.org/we/inform/publications/43291. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">(*)
Artigo publicado no jornal A Gazeta, Rio Branco, Acre, 16/06/2020.<o:p></o:p></span></p>
<p><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt; text-align: justify;">Crédito
da imagem: Dr. Foster Brown (WHRC/PZ-UFAC)</span> </p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-78564609934980388772020-05-19T11:09:00.008-05:002020-08-25T17:09:40.992-05:00NEM A PANDEMIA DE CORONAVÍRUS FREIA A DESTRUIÇÃO DA FLORESTA AMAZÔNICA<div style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Evandro
Ferreira<br /></span></b><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Editor do Blog
ambiente Acreano</span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbZNchR7dvJdIB1IZRaidmf7ONocXpI3SSc8M97wWOFfiAteE12jC-2qXzHcVEgIaM3v4ffSmGBC7aX6aIOToaEx0_lflNiMG4Py8R9H3C7NbFj9teayyzNxRXcrsde0xtspKE/s499/foto+mauro+maciel+derrubada+e+queimada.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="335" data-original-width="499" height="335" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbZNchR7dvJdIB1IZRaidmf7ONocXpI3SSc8M97wWOFfiAteE12jC-2qXzHcVEgIaM3v4ffSmGBC7aX6aIOToaEx0_lflNiMG4Py8R9H3C7NbFj9teayyzNxRXcrsde0xtspKE/w499-h335/foto+mauro+maciel+derrubada+e+queimada.jpg" width="499" /></a></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">O advento da pandemia de coronavírus no Brasil trouxe uma crise socioeconômica de
proporções nunca vistas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">O
país praticamente parou em função das medidas sanitárias adotadas para minorar
o alcance do vírus e aliviar uma pressão que, de outra forma, se revelaria
insuportável para o nosso precário sistema de saúde.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Apesar
desse panorama extremamente sombrio, algo peculiar tem me chamado a atenção: a
destruição da floresta amazônica não foi, aparentemente, afetada pela pandemia
de coronavírus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Os
alertas de desmatamento (DETER) do Instituto Nacional de Estudos Espaciais
(INPE) indicam alta de 64% no corte raso da floresta em abril de 2020 (405,61
km²) frente a abril de 2019 (249,39 km²).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Além
do aumento no desmatamento, os dados do INPE sugerem que a pandemia de
coronavírus não afetou o ímpeto dos destruidores de nossas florestas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">De
janeiro a abril de 2020 verificou-se aumento de 55% das áreas desmatadas
comparado igual período de 2019. Com um agravante: em 2019 a aceleração no
desmatamento aconteceu em maio. Em 2020 foi em abril, um mês antes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Para
calcular o desmatamento anual, o INPE considera o período de agosto do ano
anterior e julho do ano atual. Comparando os dados de agosto de 2018-abril de
2019 (2.914 km²) e agosto de 2019-abril de 2020 (5.666 km²), verificou-se
aumento de 94% no desmatamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Vejam
que para fechar a estimativa anual, ainda faltam os dados dos meses de maio,
junho e julho. São meses secos na parte ocidental da Amazônia, extremamente
favoráveis para quem pretende desmatar a floresta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Com
base nisso, é fácil prever que 2020 será um ano de desmatamento “escandaloso”
na Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Para
adiantar esse contexto, fizemos o seguinte questionamento:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">- Qual será a
área estimada de desmatamento pelo sistema DETER/INPE para o período de agosto
de 2019 a julho de 2020?<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Obviamente
que para responder a essa pergunta, precisaremos estimar quantos km² de
florestas ainda serão derrubados nos próximos meses de maio, junho e julho
desse ano.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Vamos
fazer isso de forma conservadora a seguir. Mas precisamos aceitar duas
pré-condições:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">(a)
A pandemia de coronavírus não está afetando o trabalho dos destruidores da
floresta amazônica, como mostra o incremento de 94% nos alertas de desmatamento
observados até abril de 2020; e<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">(b)
Devemos admitir que a área de floresta a ser derrubada no período maio-julho de
2020 deverá ser equivalente à que foi derrubada no mesmo período em 2019 (Maio:
1.102,57 km², Junho: 2.072,03 km², e Julho: 2.254,8 km²), ou seja: 5.443,9 km².<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Dessa
forma, quando somamos o dado real dos alertas de desmatamento observados entre
agosto de 2019 e abril de 2020 (5.666 km²), com os alertadas de desmatamentos
realizados no trimestre maio-julho de 2019 (5.443,9 km².), teremos um valor de
aproximadamente 11 mil km².<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Considerando
que entre 2018-2019 os alertas de desmatamento somaram 6.840 km², se a
estimativa de 11 mil km² para o período 2019-2020 se confirmar, teremos um
incremento anual de cerca de 60%.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Apesar
de elevado, esse incremento ainda é inferior aos 88% de aumento nos alertas de
desmatamento emitidos pelo mesmo sistema DETER/INPE entre 2017-2018 e
2018-2019.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Infelizmente,
essa possível diminuição no percentual de alertas de desmatamento não
significará que o Brasil ficará livre das críticas mundiais no que toca à
crescente destruição da Amazônia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Ocorre
que os dados do sistema DETER não são os que o INPE usa para fazer a
"estimativa real” de desmatamento anual da Amazônia. Para isso, usam-se
dados do sistema PRODES, mais criterioso e que toma mais tempo para ser
calculado. Tanto que tradicionalmente só é publicado por volta de novembro de
cada ano.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Nos
últimos anos, as comparações entre os resultados anualizados dos alertas de
desmatamento do DETER e de desmatamento do PRODES, tem mostrado que este último
tem sido quase sempre 40% superior ao primeiro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Assim,
uma matemática simples, acrescentando 40% aos 11 mil km² de desmatamento que
acreditamos será estimada pelo DETER para o período 2019-2020, poderemos prever
que o "desmatamento real" na Amazônia entre 2019 e 2020 será de
aproximadamente 15 mil km².<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Se
isso for confirmado, o incremento entre 2018-2019 e 2019-2020 girará em torno
de 54%. Bem superior, portanto, aos 29,5% de aumento verificado entre os
períodos 2017-2018 e 2018-2019.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Assim,
quando da divulgação do desmatamento na Amazônia em meados de novembro de 2020,
é certo que o mundo vai “desabar sobre o Brasil”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Será
um escândalo internacional de proporções grandiosas, pois a devastação na
Amazônia brasileira terá regredido aos níveis verificados 14 anos atrás: em
2006 o desmatamento na região tinha atingido 14,1 mil km².<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Por
conta da pandemia e de sinais equivocados emitidos de forma reiterada por
nossas autoridades ambientais, que parecem querer desestimular as ações de
fiscalização e controle, receio que mesmo faltando mais de 70 dias para o “fechamento”
do ano no que toca ao desmatamento, não teremos tempo para impedir que esse
desastre se concretize.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Para saber
mais:<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Alertas de
desmatamento na Amazônia crescem 63,75% em abril, mostram dados do Inpe</span></b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">. G1, 8/5/20.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">DETER registra
na Amazônia em maio 1.102,57 km² de alertas</span></b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">. Notícias INPE, 10/6/19.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Alertas do
DETER na Amazônia em junho somam 2.072,03 km²</span></b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">. Notícias INPE, 4/7/19.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Área da
Amazônia com alerta de desmatamento sobe 278% em julho, comparada ao mesmo mês
de 2018</span></b><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">.
G1, 7/8/19.<o:p></o:p></span></p>
<p><span style="font-family: Symbol; font-size: 14pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
</span></span><b style="text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 14.0pt;">Desmatamento
na Amazônia cresce quase 30% entre agosto de 2018 e julho de 2019</span></b><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">, diz Inpe.
G1, 18/11/19.</span> </p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16661958.post-59399404090180136082020-04-06T15:00:00.013-05:002020-08-26T11:06:38.549-05:00O CORONAVÍRUS COLOCOU BOLSONARO NAS CORDAS<p></p><div style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Evandro Ferreira<br /></span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Blog Ambiente
Acreano</span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWsKvzX6LpXxZ7-EziMRoOS6IgN5UfWMrUStXXL1D1j8U5aVnUtMu-SQZsRfBt741o0776bmNnILqH3WAMYjhSH7sBwVI9Z006ymzGVe-Epf2Mj-i4EfPIo4Qkbju-0FsIAs2f/s960/bozonaro+nas+cordas.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="939" data-original-width="960" height="501" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWsKvzX6LpXxZ7-EziMRoOS6IgN5UfWMrUStXXL1D1j8U5aVnUtMu-SQZsRfBt741o0776bmNnILqH3WAMYjhSH7sBwVI9Z006ymzGVe-Epf2Mj-i4EfPIo4Qkbju-0FsIAs2f/w512-h501/bozonaro+nas+cordas.jpg" width="512" /></a></div><br /><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; font-size: 14pt;">A
crise social e econômica que se abateu sobre o Brasil em decorrência da
pandemia de coronavírus tem forte chance de catalisar o fim da carreira
política de Bolsonaro em razão de sua absoluta incompetência para enfrentar o
problema.<p></p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Seu
comportamento errático indica que é quase certo que ele não consiga atravessar
a crise sem perder apoio junto à sua claque de fanáticos eleitores, que hoje se
estima representar 25 a 30% da população.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Pesquisas
de opinião mostram que quase 2/3 da população reprovam a sua condução da crise.
Por isso, sem apoio substancial entre seus seguidores fieis, sua pretensão de
reeleição em 2022 será mínima. Isso se conseguir chegar lá na condição de
presidente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Sua
truculência, atitudes alopradas e criminosas fazem crescer, entre membros do
Congresso (oposição e situação), do judiciário e até mesmo entre integrantes de
seu governo, as especulações sobre uma possível saída para o “problema”
Bolsonaro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Impeachment,
interdição ou renúncia tem sido as opções frequentemente citadas como saída
para o problema. Embora a situação do presidente ainda não possa ser
considerada irremediavelmente perdida, suas atitudes cotidianas o empurram cada
vez mais nessa direção.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Alternativamente,
se articula a manutenção de Bolsonaro no cargo, mas na condição de “pato
manco”, sem ou com muito pouco poder de mando, ou até mesmo como uma espécie de
rainha da Inglaterra, que reina, mas não governa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Teríamos
que ver quem seria o tutor de Bolsonaro. Um ministro. Uma junta de ministros. A
desvantagem dessa opção é que um governo sem uma liderança clara tende a ser
fragmentado e fatiado e, em tese, não teria agilidade para lidar eficientemente
com situações emergenciais como a que estamos vivendo agora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Ironicamente,
a pandemia atual mostrou que isso já é uma realidade, mesmo o país tendo um
presidente. Sem liderança política forte junto ao Congresso, no ano passado
ficou a cargo dos presidentes da Câmara e do Senado decidir o que, como e
quando votar as reformas enviadas pelo governo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Colocar
uma canga e “ocultar” Bolsonaro da seara política nacional vai ser missão quase
impossível em razão de sua personalidade forte (e errática). Se feito, ele irá
espernear e tumultuar o ambiente político de tal forma que inviabilizará essa
opção.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Nesse
caso, tudo indica que não restará outra alternativa que não a “interdição” do
presidente. Vai ser traumático, mas será necessário para salvar o país.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;">Charge:</span></b><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14.0pt;"> <i>Le Monde</i> Brasil.</span></p><p></p>Evandro Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/09194160353772643864noreply@blogger.com0