TURISMO NO PANTANAL IMPULSIONADO POR NOVELA NÃO AFETA CULTURA PANTANEIRA
Glenda Almeida
Agência USP
As comitivas, o dia-a-dia nas fazendas de gado, os tuiuiús, e muito da cultura pantaneira exibida na novela Pantanal, que foi ao ar pela primeira vez em 1990, na extinta TV Manchete, influenciou a inserção do turismo ecológico no Pantanal Sul Matogrossense. De acordo com pesquisa realizada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, muitas fazendas de pecuária extensiva da região passaram a funcionar também como pousadas. O ecoturismo tomou o lugar do turismo de pesca. Além de ser uma atividade lucrativa e geradora de empregos, principalmente para as famílias dos peões, o turismo ecológico foi implantado de um modo que não afetou os costumes nem a rotina do pantaneiro.
Segundo José Fonseca da Rocha Filho, jornalista, autor da dissertação No ritmo das águas, na cadência das boiadas. A inserção do turismo nas fazendas de criação extensiva de gado bovino no Pantanal de Aquidauana/MS, antes da exibição da novela, com 70% das cenas gravadas fora dos estúdios, a visão que muitos tinham a respeito do Pantanal era bastante limitada; seria um lugar muito bonito, bioma rico, porém não acessível, e talvez não produtor de cultura própria.
“A novela mostrou um pantanal diferente, que não era o do Globo Repórter, inatingível”, afirma Rocha Filho, apontando o papel que a novela, filmada no Pantanal do Rio Negro/Aquidauana, cumpriu de apresentar o lugar como ‘possível de visitar’, interessante, intrigante, diferente. Segundo a pesquisa, quando a novela é reprisada, a procura de turistas pela região aumenta.
Além da natureza, a rotina do pantaneiro atrae turistas
O estudo demonstrou que o turismo ecológico em Aquidauana é “tocado” pelos próprios fazendeiros e não por grandes empresas, como acontece em outras cidades do Pantanal. Aquidauana, município localizado no Estado do Mato Grosso do Sul, possui dois terços de seu território constituído por fauna e flora pantaneira.
Segundo o pesquisador, esse fator é essencial para a manutenção da rotina da fazenda, que mantém seus costumes e crenças mesmo com a presença do turista. De acordo com o autor, isso parece colaborar diretamente para o fortalecimento da cultura pantaneira, que passa a ser “admirada de perto” por pessoas de fora. “O pantaneiro tem orgulho de ser pantaneiro. Ele não abre mão da cultura, ele gosta de mostrá-la”, disse Rocha Filho.
Nas “fazendas-pousada”
Para as mulheres pantaneiras, o turismo abriu portas de emprego nas ‘fazendas-pousada’. As esposas dos peões, por exemplo, que antes trabalhavam nos afazeres das fazendas sem remuneração própria, atualmente têm emprego fixo, remunerado, com carteira assinada.
Onde foi desenvolvido o estudo de Rocha Filho, Fazenda São José, constatou-se que, antes da chegada do ecoturismo, os quatro integrantes da família proprietária mais, no máximo, quatro peões, eram suficientes para atender a todas as necessidades da vida diária da propriedade. Depois da implantação da atividade turística, a fazenda passou a necessitar de 17 funcionários fixos, chegando a 25 nas épocas de pico.
A "faixa paraguaia" não permite que os peões fiquem "descadeirados"
Além de servir como atividade lucrativa, o turismo opera no Pantanal Sul em função do resgate de costumes culturais.Um exemplo disso é o projeto Sapicuá Pantaneiro, criado em 2003 pela produtora cultural Cláudia Medeiros. A iniciativa tem como objetivo valorizar os elementos da cultura pantaneira atuando em fazendas e escolas como uma espécie de oficina itinerante. O projeto se propõe a ensinar jovens pantaneiros a confeccionar a tradicional “faixa paraguaia” ou objetos de couro e lã em uma semana.
Os elementos da cultura são importantes e principais responsáveis pela busca dos turistas à região. “Os turistas vêm sentir e viver os costumes locais, tocar a boiada junto com os peões”, diz o jornalista. Eles vêm para apreciar a fauna e a flora, mas para perceber os traços marcantes da rotina do pantaneiro. O tereré, tradicional chá da região, por exemplo, compõem esse conjunto de elementos essencias para caracterizar a cultura pantaneira. Ele é servido na guampa, recipiente feito com o chifre do boi, e é o “cartão de visita” do pantaneiro.
Agência USP
As comitivas, o dia-a-dia nas fazendas de gado, os tuiuiús, e muito da cultura pantaneira exibida na novela Pantanal, que foi ao ar pela primeira vez em 1990, na extinta TV Manchete, influenciou a inserção do turismo ecológico no Pantanal Sul Matogrossense. De acordo com pesquisa realizada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, muitas fazendas de pecuária extensiva da região passaram a funcionar também como pousadas. O ecoturismo tomou o lugar do turismo de pesca. Além de ser uma atividade lucrativa e geradora de empregos, principalmente para as famílias dos peões, o turismo ecológico foi implantado de um modo que não afetou os costumes nem a rotina do pantaneiro.
Segundo José Fonseca da Rocha Filho, jornalista, autor da dissertação No ritmo das águas, na cadência das boiadas. A inserção do turismo nas fazendas de criação extensiva de gado bovino no Pantanal de Aquidauana/MS, antes da exibição da novela, com 70% das cenas gravadas fora dos estúdios, a visão que muitos tinham a respeito do Pantanal era bastante limitada; seria um lugar muito bonito, bioma rico, porém não acessível, e talvez não produtor de cultura própria.
“A novela mostrou um pantanal diferente, que não era o do Globo Repórter, inatingível”, afirma Rocha Filho, apontando o papel que a novela, filmada no Pantanal do Rio Negro/Aquidauana, cumpriu de apresentar o lugar como ‘possível de visitar’, interessante, intrigante, diferente. Segundo a pesquisa, quando a novela é reprisada, a procura de turistas pela região aumenta.
Além da natureza, a rotina do pantaneiro atrae turistas
O estudo demonstrou que o turismo ecológico em Aquidauana é “tocado” pelos próprios fazendeiros e não por grandes empresas, como acontece em outras cidades do Pantanal. Aquidauana, município localizado no Estado do Mato Grosso do Sul, possui dois terços de seu território constituído por fauna e flora pantaneira.
Segundo o pesquisador, esse fator é essencial para a manutenção da rotina da fazenda, que mantém seus costumes e crenças mesmo com a presença do turista. De acordo com o autor, isso parece colaborar diretamente para o fortalecimento da cultura pantaneira, que passa a ser “admirada de perto” por pessoas de fora. “O pantaneiro tem orgulho de ser pantaneiro. Ele não abre mão da cultura, ele gosta de mostrá-la”, disse Rocha Filho.
Nas “fazendas-pousada”
Para as mulheres pantaneiras, o turismo abriu portas de emprego nas ‘fazendas-pousada’. As esposas dos peões, por exemplo, que antes trabalhavam nos afazeres das fazendas sem remuneração própria, atualmente têm emprego fixo, remunerado, com carteira assinada.
Onde foi desenvolvido o estudo de Rocha Filho, Fazenda São José, constatou-se que, antes da chegada do ecoturismo, os quatro integrantes da família proprietária mais, no máximo, quatro peões, eram suficientes para atender a todas as necessidades da vida diária da propriedade. Depois da implantação da atividade turística, a fazenda passou a necessitar de 17 funcionários fixos, chegando a 25 nas épocas de pico.
A "faixa paraguaia" não permite que os peões fiquem "descadeirados"
Além de servir como atividade lucrativa, o turismo opera no Pantanal Sul em função do resgate de costumes culturais.Um exemplo disso é o projeto Sapicuá Pantaneiro, criado em 2003 pela produtora cultural Cláudia Medeiros. A iniciativa tem como objetivo valorizar os elementos da cultura pantaneira atuando em fazendas e escolas como uma espécie de oficina itinerante. O projeto se propõe a ensinar jovens pantaneiros a confeccionar a tradicional “faixa paraguaia” ou objetos de couro e lã em uma semana.
Os elementos da cultura são importantes e principais responsáveis pela busca dos turistas à região. “Os turistas vêm sentir e viver os costumes locais, tocar a boiada junto com os peões”, diz o jornalista. Eles vêm para apreciar a fauna e a flora, mas para perceber os traços marcantes da rotina do pantaneiro. O tereré, tradicional chá da região, por exemplo, compõem esse conjunto de elementos essencias para caracterizar a cultura pantaneira. Ele é servido na guampa, recipiente feito com o chifre do boi, e é o “cartão de visita” do pantaneiro.
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