FUMAÇA DA BOLÍVIA SOBRE O ACRE. ISSO É COISA ANTIGA!
Interessante como tudo no Acre envereda para o lado da política. Agora estão disputando se toda, parte ou nenhuma fumaça da Bolívia (de Rondônia e Mato Grosso também) realmente chegou ao Acre.
Da fumaça acreana, que todos nós sabemos existe, os pecuaristas foram os mais céleres em ir aos meios de comunicação deixar claro que eles não têm muito a ver: "...Portanto, fazendeiro não queima mais pastagens (ressalvo alguma exceção, porque sempre há algum energúmeno). Estamos sim sendo as maiores vítimas dessa situação e ainda levando "pau" da mídia. Assim é dose..." (Assuero Veronez, Domingo 25/9, A Gazeta).
Judson Valentim da Embrapa-Acre (A tribuna, 23/9) é mais didático e científico e mostra que a maior parte das queimadas (=fumaça) do Estado são realizadas por pequenos pecuaristas e agricultores (descapitalizados), que têm no fogo a única alternativa de garantir a segurança alimentar de suas famílias e a continuação de seus negócios. Outra parte das queimadas são acidentais por que existe muita pastagem degradada e áreas de capoeiras abandonadas.
Quanto à fumaça "importada", existe uma disputa. Os governadores de Rondônia e de Mato Grosso, em visita recente ao Acre, disseram que o Governador do Acre está equivocado, que a fumaça de lá não vem para cá, que tudo cheira a politicagem (PFL x PT), que tem fumaça por lá porque lá existe progresso...Existem até nativos do Acre que teimam em acreditar que a fumaça "importada" é ilusão (A fumaça é nossa, Écio Rodrigues, 22/9).
Revendo os arquivos on line do SETEM/PZ/UFAC, encontrei uma nota científica de 1999 escrita, pelo Dr. Foster Brown (UFAC-PZ-SETEM) e colegas, alertando sobre a ocorrência de fumaça atravessando fronteiras no sudoeste da Amazônia (Brown et al., 2000). No dia 15 de agosto de 1999 foi observada uma "nuvem de fumaça" com 1.000 km de comprimento, que se estendia desde Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, até o Acre! Essa nuvem continuou a se movimentar na direção oeste e alcançou a Amazônia peruana no dia 19.
Dr. Foster e colegas concluem sua nota científica afirmando (de forma profética para a época) que "a observação do referido fenômeno deixava claro o aspecto internacional do impacto do fogo e da fumaça no sudoeste da Amazônia".
Para concluir: se a fumaça flutua livremente da Bolívia para o Acre (e vice-versa), por que não faria o mesmo saindo de Rondônia e Mato Grosso para Bolívia-Acre e vice-versa? Desde quando fumaça respeita fronteiras (nacionais e internacionais)?
Veja abaixo post relacionados com fogo e queimadas:
Domingo o Acre "exportou" fumaça para a Bolívia
O fogo, prejuízos e os espertos
By Evandro Ferreira (evandroferreira@hotmail.com)
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