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13 setembro 2007

BOLSA FLORESTA

Comunidades ribeirinhas do norte do Amazonas começam a receber a Bolsa Floresta

Amanda Mota, Agência Brasil

São Sebastião do Uatumã (AM) - Os recursos do programa estadual Bolsa Floresta começaram a ser pagos hoje (12) no Amazonas. As primeiras cem famílias beneficiadas fazem parte das 20 unidades de proteção ambiental que compõem a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, localizada entre os municípios de São Sebastião do Uatumã e Itapiranga, no norte do estado.

Cada uma das famílias vai receber mensalmente R$ 50, valor considerado pelo governo amazonense como um prêmio aos que contribuem para preservar a floresta. "Isso porque o Bolsa Floresta é uma das quatro linhas de ação da Lei de Mudanças Climáticas, sancionada em junho deste ano e que prevê alternativas concretas para a preservação da floresta amazônica", explicou o secretário estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Virgílio Viana.

Para o coordenador da área de Unidades de Conservação da organização não-governamental Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), Carlos Gabriel, o valor pode ser bastante significativo para os ribeirinhos. Ele disse considerar o programa uma iniciativa positiva em meio às atividades de preservação ambiental.

"Recentemente, fizemos uma consulta local onde constatamos que a primeira fonte de renda familiar é proveniente da agricultura, chegando ao valor de R$ 100 por família. Em segundo lugar está a renda proveniente do programa federal Bolsa Família, que paga em média R$ 58 às famílias cadastradas na região. Além disso, se olharmos o planejamento das ações do projeto como um todo, perceberemos que o programa é parte de uma ação maior que pode trazer mais desenvolvimento para a comunidade, sem esquecer do meio ambiente", avaliou Gabriel.

O presidente da Associação dos Moradores da Comunidade Deus Ajude, onde foram feitos os primeiros pagamentos, disse estar satisfeito com a novidade, mas lembrou que ainda falta apoio para o escoamento da produção local. "Isso é importante para nós, que às vezes passamos meses sem ter nenhuma renda. Mas precisamos de mais ajuda para levar até outras cidades o que plantamos aqui e, com isso, ter uma fonte de renda maior", apelou.

Para receber o benefício, é preciso fazer o cadastramento na Associação de Moradores da RDS e manter-se em dia com as regras de preservação ambiental previstas para o local. No caso do Uatumã, por exemplo, as regras incluem não permitir que as plantações ultrapassem três hectares de terras, o equivalente a três campos de futebol.

Até o fim deste ano, moradores de outras cinco unidades de preservação ambiental – RDS do Uacari, de Mamirauá, de Cujubim e do Piagaçu-Purus, e Reserva Extrativista do Catuá-Ipixuna – receberão a visita de funcionários da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS) para passarem a contar com o Bolsa Floresta. A partir daí, o valor poderá ser sacado diretamente em uma das agências do Banco Postal, mediante a apresentação do cartão bancário entregue nominalmente a cada um dos cadastrados.


Nota do blog: Virgílio Viana, o Secretário de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, já andou pelo Acre e até tentou se entrosar no meio científico e político local em meados dos anos 90. A investida não deu certo e ele foi para o Amazonas, onde chegou ao cargo de Secretário. Competência e currículum ele tem de sobra. Vejam as informações de seu CV Lattes: É Engenheiro Florestal formaod pela Universidade de São Paulo (1983) , mestrado pela Harvard University (1986) , doutorado pela Harvard University (1989) e pos-doutorado pela University of Florida (1994). Quando o tempo permite ele atua como Conselheiro do WWF, Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Professor da Universidade de São Paulo e Professor Assistente da Harvard University.

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Raimundo Cláudio opina:

Caro Evandro,

Destaca-se que o Bolsa Floresta é um avanço importante na valorização das comunidades florestais e, claro, da própria floresta. Mas, talvez uma questão importante no avanço dessa proposta seria a ligação da bolsa com a geração de emprego e renda, ou seja, com a valorização dos produtos oriundos da floresta.

Pelo que li sobre esse instrumento, há uma clara ligação com a preservação, mas ainda dissorciada da melhoria das condições produtivas. Isso fica claro nas palavras do produtor citado na matéria, uma vez que ele registra as dificuldades de escoamento da produção. Ademais, mesmo sem a citação do produtor, não se vê a ligação do benefício com a geração/difusão de novas tecnologias.

Sabe-se que a tentativa de pagamento pela preservação da floresta diretamente ao produtor, ou seja, desvinculado de sua produção é antiga. Contudo, muitos não perceberam ainda que os produtores florestais não querem receber para ficar deitados numa rede. Ora, o maior clamor dessa população é o respeito e a valorização dos frutos de seu trabalho. Portanto, essa discussão perpassa não somente a questão econômica, mas, essencialmente, a questão sócio-cultural.
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2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Caro Evandro,
Destaca-se que o Bolsa Floresta é um avanço importante na valorização das comunidades florestais e, claro, da própria floresta. Mas, talvez uma questão importante no avanço dessa proposta seria a ligação da bolsa com a geração de emprego e renda, ou seja, com a valorização dos produtos oriundos da floresta. Pelo que li sobre esse instrumento, há uma clara ligação com a preservação, mas ainda dissorciada da melhoria das condições produtivas. Isso fica claro nas palavras do produtor citado na matéria, uma vez que ele registra as dificuldades de escoamento da produção. Ademais, mesmo sem a citação do produtor, não se vê a ligação do benefício com a geração/difusão de novas tecnologias.
Sabe-se que a tentativa de pagamento pela preservação da floresta diretamente ao produtor, ou seja, desvinculado de sua produção é antiga.
Contudo, muitos não perceberam ainda que os produtores florestais não querem receber para ficar deitados numa rede. Ora, o maior clamor dessa população é o respeito e a valorização dos frutos de seu trabalho. Portanto, essa discussão perpassa não somente a questão econômica, mas, essencialmente, a questão sócio-cultural.

13/09/2007, 15:36  
Blogger K2C Serviços Florestais e Ambientais said...

Prezado Raimundo
É importante lembrar que, como citado no texto, o pagamento mensal ao comunitário é o menor dos investimentos propociados pelo Programa Bolsa Floresta. Os demais apoios estão diretamente relacionados com a organização social e a geração de renda. São eles: 1) Programa Bolsa Floresta Associação: recebido anualmente um extra de 10% do valor total repassado aos comunitários, para promoção da organização social; 2) Programa de Investimento Comunitário (PIC): valor anual para investimentos em melhoria na produção agro-extrativista.
Assim, as comunidades atendidas pelo PBF, poderão tomar decisão de como investir no melhoramento de sua produção agro-extrativista, além de se estruturar na organização social.

07/03/2008, 11:59  

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