Google
Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

12 setembro 2007

DESTRUIÇÃO DO CERRADO BRASILEIRO

Cerrado já perdeu 45% de sua vegetação original dizem especialistas que discutem a preservação da região

Fernanda Vellozo, Correio Braziliense

Caliandras, ipês, capivaras, savanas de largas extensões que abrigam uma das mais ricas faunas do território brasileiro e escondem outras riquezas do mundo silvestre compõem o tecido de uma das regiões mais exploradas das américas por pesquisadores de várias especialidades e instituições do país e do exterior. Este é o cerrado, que hoje começa a ser lembrado como o segundo maior bioma brasileiro, e o que merece mais atenção dos órgãos preservacionistas. São mais de 12 mil espécies de fauna e flora que habitam o bioma do cerrado.

Presente em 11 estados brasileiros, a região se estende por mais de 2 milhões de quilômetros quadrados e já teve pelo menos 45% de suas matas devastadas cerca de 900 mil quilômetros quadrados de áreas verdes destruídas. Apenas 4% do cerrado estão sendo cultivados de forma sustentável ou 80 mil quilômetros quadrados. O cerrado ficou mais exposto à ação humana a partir dos últimos 20 anos, quando se acelera o corte de árvores nativas para o cultivo da soja e do milho, principalmente.

Especialistas afirmam que a região de cerrado é a que sofre mais com a destruição de suas áreas verdes, muito mais do que a Amazônia, por causa dos corredores agrícolas de soja e outros grãos que rasgam o que resta de mata ao longo de vários estados. Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) calculam que cerca de 30 mil quilômetros quadrados são desmatados a cada ano.

Com a intenção de tentar remediar esta situação, cientistas, pesquisadores de várias instituições e políticos se reunirão nesta semana para debater questões relativas à pesquisa e à preservação da área. A organização não-governamental The nature conservancy (TNC), sigla em inglês para conservação da natureza, em parceria com a Comissão Mista de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional e o Laboratório de Estudos do Futuro da Universidade de Brasília (UnB), transformou a data em uma semana de homenagens ao cerrado.

Hoje, senadores e deputados discutem o uso sustentável do cerrado em audiência no Senado Federal. E na quinta-feira, a Universidade de Brasília promoverá seminários que tratarão da preservação, da agroenergia e da sustentabilidade do cerrado.

Felipe Ribeiro, representante da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, comenta que os brasilienses "conhecem e apreciam pouco o cerrado e com isto, não percebem o valor do bioma em seu dia-a-dia". Ele trabalha há mais de 30 anos com pesquisas sobre o tema e preparou, com outros 30 pesquisadores, o primeiro catálogo da região. O livro é uma compilação das 12 mil espécies de plantas e animais que integram a diversidade do cerrado.

Matéria disponível do portal ambiental Ecodebate, Edição de 12/09/2007
Crédito da imagem: Revista Altiplano