“PERCO MINHA CABEÇA, MAS NÃO PERCO O JUÍZO”
É preferível sair como derrotado quando o inimigo que combatemos é a nossa própria consciência...
Isaac Melo
Editor do Blog Alma Acreana
Nossa mente pequena às vezes não permite ver além do nosso próprio nariz. Sempre olhei meio receoso e com um pé atrás em relação à Marina Silva. Foi preciso os outros abrirem nossos olhos. A voz que o Brasil vergonhosamente não quis escutar o mundo o revelou. E não se trata de exagero. Talvez ninguém acreditasse que uma mulher com uma história de vida como a dela, seringueira, saída lá das barrancas do Acre, fosse se tornar uma das mulheres mais respeitadas deste país e uma das mais renomadas do mundo na atualidade.
O fato do pedido de afastamento da então ministra Marina Silva, não deve ser interpretada apenas como uma grande perda a nível político estatal. E daí podemos chegar a algumas conclusões. Em primeiro lugar significa antes de tudo, que o Brasil está doente e muito doente e, reluta em não querer tomar o remédio apropriado. Sua doença chama-se Complexo de Superioridade Econômica, isto é, querer se tornar um país de primeiro mundo, um país do futuro, quando ainda não saiu do atraso das desigualdades sociais. Sua política do biocombustível é o seu maior sintoma e, se tornou a bandeira de um governo que já entrou no poder doente. A política do biocombustível é exclusivista e elitista, a única coisa que visa para os pobres é a exploração de sua mão-de-obra barata para o corte da cana e, se brincar nem isso, pois aos poucos estão sendo substituídos pelas grandes e sofisticadas máquinas de colheitadeiras. Progresso para quem? Para os mesmos de sempre.
Hoje este governo não é mais esperança de ninguém (se é que foi algum dia) a ser não (talvez) da grande massa de pobres ludibriados, que são letargiados pelos programas assistencialistas, que enchem a barriga (o que é bom), mas não dá nenhuma perspectiva de uma vida melhor onde eles possam ter o seu próprio emprego e conseguir seu próprio pão, sem precisar mendigar aos governos. A isso eles chamam de progresso; a isso eles chamam de crescimento econômico do país. É verdade, estamos crescendo tanto para cima quanto para baixo. Esquecem-se, no entanto que o progresso a todo custo tem um custo, um custo muito alto para o Brasil.
Em segundo lugar, a saída da ministra Marina Silva significa que estamos muito mal na política ambiental. Não é preciso ser especialista, basta querer enxergar para constatar essa realidade. Estamos arrendando o Brasil para grandes latifundiários e a agricultura de grande porte. Cercaram o Brasil. E o infeliz dos sem-terras quando invadem essas propriedades, são tachados pela mídia (maldita as Globos da vida, Fátimas e Bonners..) como vagabundos desordeiros que atrapalham o “desenvolvimento” do país. Sem dúvida logo mais não será mais preciso se preocupar com a Amazônia, pois esta já não existirá mais. Terá sido tragada pelas monoculturas, principalmente a de soja, ou pelo pasto para os bois dos “patrões” do Brasil.
Infelizmente neste país meio ambiente é sinônimo de progresso e de lucro, quando deveria ser questão vital de sobrevivência de todos os seres vivos e principalmente de amor à própria espécie humana, que dá a cada dia um passo a mais, rumo ao cadafalso, onde a humanidade já precipita com a corda no pescoço. Infelizmente aqui os bois valem mais que gente. Para os bois: ração importada; para os pobres: as sobras das mesas dos “coronéis” do capitalismo enfastiados. Creio que não é preciso nem falar de desmatamento, de queimadas, de transgênicos, de aquecimento global, de extinção de espécies animais e vegetais, etc., pois estas até os imbecis já não duvidam e não discutem.
O que é triste é saber que somos tão ricos em biodiversidade e tão pobres de mente. Não aprendemos a cuidar daquilo que pertence e que diz respeito diretamente a nossa própria vida e de toda a humanidade. O problema do Brasil é o grande número de mentes pequenas, de mentes medíocres e, falta de visão de conjunto, de relações. Estamos ainda naquela fase do homem erectus, só vemos nosso próprio umbigo, focamos apenas num individualismo exacerbado, onde o mercado diz quem vai comer bem ou quem vai virar lata de lixo em busca de pão.
Pode-se perceber ainda nesse ato de renúncia da ex-ministra Marina Silva, um sinal de que o governo não suporta mais o próprio governo. E para este, seria mais honroso se desse o rosto à cusparada, a preferir se esconder numa máscara que já não se ajusta mais ao seu tamanho. Não se trata de endeusar a Marina Silva e se aproveitar desse momento para enaltecer exacerbadamente a um e colocar o outro como escória do Brasil. Trata-se de perceber como cuidamos mal de gente, como cuidamos mal do meio ambiente, como cuidamos mal de nós mesmos. E fico pensando seriamente se o político brasileiro sabe o que é política e se alguma vez já se questionou pelo bom senso, pelo direito e pela justiça.
Finalizo rememorando as palavras da própria Marina que costumava ressaltar “perco a cabeça, mas não perco o juízo”. Pagou caro por isso. No entanto, mostrou que na política uma cabeça deve ser regida pelo juízo, isto é, a inteligência e o bom senso e não com bases em projeções e estatísticas. Pois é preferível morrer como covarde, do que de fato o ser. É preferível sair como derrotado, quando se entende por vitória uma luta na qual o combatido é a própria consciência...
Isaac Melo
Editor do Blog Alma Acreana
Nossa mente pequena às vezes não permite ver além do nosso próprio nariz. Sempre olhei meio receoso e com um pé atrás em relação à Marina Silva. Foi preciso os outros abrirem nossos olhos. A voz que o Brasil vergonhosamente não quis escutar o mundo o revelou. E não se trata de exagero. Talvez ninguém acreditasse que uma mulher com uma história de vida como a dela, seringueira, saída lá das barrancas do Acre, fosse se tornar uma das mulheres mais respeitadas deste país e uma das mais renomadas do mundo na atualidade.
O fato do pedido de afastamento da então ministra Marina Silva, não deve ser interpretada apenas como uma grande perda a nível político estatal. E daí podemos chegar a algumas conclusões. Em primeiro lugar significa antes de tudo, que o Brasil está doente e muito doente e, reluta em não querer tomar o remédio apropriado. Sua doença chama-se Complexo de Superioridade Econômica, isto é, querer se tornar um país de primeiro mundo, um país do futuro, quando ainda não saiu do atraso das desigualdades sociais. Sua política do biocombustível é o seu maior sintoma e, se tornou a bandeira de um governo que já entrou no poder doente. A política do biocombustível é exclusivista e elitista, a única coisa que visa para os pobres é a exploração de sua mão-de-obra barata para o corte da cana e, se brincar nem isso, pois aos poucos estão sendo substituídos pelas grandes e sofisticadas máquinas de colheitadeiras. Progresso para quem? Para os mesmos de sempre.
Hoje este governo não é mais esperança de ninguém (se é que foi algum dia) a ser não (talvez) da grande massa de pobres ludibriados, que são letargiados pelos programas assistencialistas, que enchem a barriga (o que é bom), mas não dá nenhuma perspectiva de uma vida melhor onde eles possam ter o seu próprio emprego e conseguir seu próprio pão, sem precisar mendigar aos governos. A isso eles chamam de progresso; a isso eles chamam de crescimento econômico do país. É verdade, estamos crescendo tanto para cima quanto para baixo. Esquecem-se, no entanto que o progresso a todo custo tem um custo, um custo muito alto para o Brasil.
Em segundo lugar, a saída da ministra Marina Silva significa que estamos muito mal na política ambiental. Não é preciso ser especialista, basta querer enxergar para constatar essa realidade. Estamos arrendando o Brasil para grandes latifundiários e a agricultura de grande porte. Cercaram o Brasil. E o infeliz dos sem-terras quando invadem essas propriedades, são tachados pela mídia (maldita as Globos da vida, Fátimas e Bonners..) como vagabundos desordeiros que atrapalham o “desenvolvimento” do país. Sem dúvida logo mais não será mais preciso se preocupar com a Amazônia, pois esta já não existirá mais. Terá sido tragada pelas monoculturas, principalmente a de soja, ou pelo pasto para os bois dos “patrões” do Brasil.
Infelizmente neste país meio ambiente é sinônimo de progresso e de lucro, quando deveria ser questão vital de sobrevivência de todos os seres vivos e principalmente de amor à própria espécie humana, que dá a cada dia um passo a mais, rumo ao cadafalso, onde a humanidade já precipita com a corda no pescoço. Infelizmente aqui os bois valem mais que gente. Para os bois: ração importada; para os pobres: as sobras das mesas dos “coronéis” do capitalismo enfastiados. Creio que não é preciso nem falar de desmatamento, de queimadas, de transgênicos, de aquecimento global, de extinção de espécies animais e vegetais, etc., pois estas até os imbecis já não duvidam e não discutem.
O que é triste é saber que somos tão ricos em biodiversidade e tão pobres de mente. Não aprendemos a cuidar daquilo que pertence e que diz respeito diretamente a nossa própria vida e de toda a humanidade. O problema do Brasil é o grande número de mentes pequenas, de mentes medíocres e, falta de visão de conjunto, de relações. Estamos ainda naquela fase do homem erectus, só vemos nosso próprio umbigo, focamos apenas num individualismo exacerbado, onde o mercado diz quem vai comer bem ou quem vai virar lata de lixo em busca de pão.
Pode-se perceber ainda nesse ato de renúncia da ex-ministra Marina Silva, um sinal de que o governo não suporta mais o próprio governo. E para este, seria mais honroso se desse o rosto à cusparada, a preferir se esconder numa máscara que já não se ajusta mais ao seu tamanho. Não se trata de endeusar a Marina Silva e se aproveitar desse momento para enaltecer exacerbadamente a um e colocar o outro como escória do Brasil. Trata-se de perceber como cuidamos mal de gente, como cuidamos mal do meio ambiente, como cuidamos mal de nós mesmos. E fico pensando seriamente se o político brasileiro sabe o que é política e se alguma vez já se questionou pelo bom senso, pelo direito e pela justiça.
Finalizo rememorando as palavras da própria Marina que costumava ressaltar “perco a cabeça, mas não perco o juízo”. Pagou caro por isso. No entanto, mostrou que na política uma cabeça deve ser regida pelo juízo, isto é, a inteligência e o bom senso e não com bases em projeções e estatísticas. Pois é preferível morrer como covarde, do que de fato o ser. É preferível sair como derrotado, quando se entende por vitória uma luta na qual o combatido é a própria consciência...
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