A LUZ ARTIFICIAL E OS INSETOS
Controle de iluminação reduz contato com insetos transmissores de doenças
Agência USP de Notícias
A iluminação artificial sem controle é uma forma de poluição prejudicial aos insetos, que ficam desorientados em seus movimentos e se reproduzem menos, como aponta uma pesquisa do Instituto de Biociências (IB) da USP. Além do risco da extinção de espécies, a iluminação também afeta os vegetais com a queda na polinização. O estudo também demonstra que a adoção de filtros nas luminárias atrai menor número de insetos, reduzindo o contato do homem com os transmissores de doenças como a leishmaniose e a doença de Chagas.
Local de coleta de insetos, com luminária de vapor de mercúrio (luz branca) e de vapor de sódio ( luz amarela).
“A visão dos insetos possui maior sensibilidade à faixa ultravioleta do espectro de luz, utilizando o brilho noturno das estrelas para balizar seu movimento em linha reta”, conta Alessandro Barghini, economista com doutorado em Ecologia pela USP e pesquisador do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE), também da universidade, que realizou o estudo. “A iluminação artificial faz os insetos se movimentarem em curva, ao redor das luminárias, desperdiçando o tempo que seria utilizado na reprodução das espécies, e causando choques freqüentes com as lâmpadas”.
O pesquisador ressalta que a iluminação artificial também pode atrair insetos que transmitem doenças ao homem e cita os casos de contaminação por doença de Chagas acontecidos em fevereiro e março de 2005 em Santa Catarina. “A iluminação de vapor de mercúrio de uma venda de beira de estrada fazia o barbeiro, transmissor a doença, se esconder no depósito de cana usada para a produção de garapa, provocando o contágio”, conta. No total, 12 pessoas foram contaminadas ao tomarem caldo de cana.
Para avaliar os efeitos da poluição luminosa sobre os insetos e descobrir formas de controle, o pesquisador utilizou luminárias com um coletor acoplado. A lâmpada de vapor de sódio atraiu uma média de 40 insetos por noite, contra 67 da lâmpada de mercúrio. A luminária com filtro de luz, aplicado no vidro de proteção da lâmpada de sódio, atraiu apenas 15 insetos por noite – um coletor sem iluminação recebeu a média de 8 insetos. “O filtro reduz a exposição da radiação ultravioleta e evita que o inseto se guie pela luz”, explica Barghini.
Controle
Outro modo de reduzir os efeitos da iluminação artificial é a mudança na forma de difusão da luz. “Anteparos colocados nas luminárias, por exemplo, fazem com que o inseto não se oriente pelo brilho das luzes”, aponta o pesquisador. “A adoção de iluminação baixa diminui a área iluminada, reduzindo a atração de insetos”.
Equipamento de coleta utilizado para medir a atração dos insetos pelas luzes das luminárias
Alessandro Barghini sugere que medidas de controle da iluminação sejam adotadas pelos grandes projetos de distribuição e conservação de energia elétrica, tais como o Luz Para Todos e o Programa de Eficiência da Iluminação Pública (Prolux), do governo federal. “Essas iniciativas devem levar em conta o impacto da iluminação, especialmente em áreas de periferia”, ressalta. “Na Grã Bretanha, toda a luz que sai da área que precisa ser iluminada é considerada poluição luminosa”.
De acordo com o pesquisador, as luminárias podem favorecer a contaminação da leishmaniose em regiões periféricas das grandes cidades. “As luzes atraem o inseto transmissor, que parasita cachorros e galinhas, que levam a doença para o homem”, explica. No caso da doença de Chagas, existem vários estudos na literatura científica demonstrando a relação entre a iluminação artificial e o contágio pelo barbeiro. “Muito se sabe sobre detecção e tratamento, mas as pesquisas pouco avançaram na prevenção e controle”.
Barghini acrescenta que a adoção de filtros nas luminárias, aplicados por deposição metálica no vidro de proteção da lâmpada, não encarece os custos de produção. O estudo é descrito na tese de doutorado de Barghini, apresentada no Instituto de Biocências (IB) da USP. A pesquisa teve orientação do professor Walter Neves, do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos do IB.
Agência USP de Notícias

Local de coleta de insetos, com luminária de vapor de mercúrio (luz branca) e de vapor de sódio ( luz amarela).
“A visão dos insetos possui maior sensibilidade à faixa ultravioleta do espectro de luz, utilizando o brilho noturno das estrelas para balizar seu movimento em linha reta”, conta Alessandro Barghini, economista com doutorado em Ecologia pela USP e pesquisador do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE), também da universidade, que realizou o estudo. “A iluminação artificial faz os insetos se movimentarem em curva, ao redor das luminárias, desperdiçando o tempo que seria utilizado na reprodução das espécies, e causando choques freqüentes com as lâmpadas”.
O pesquisador ressalta que a iluminação artificial também pode atrair insetos que transmitem doenças ao homem e cita os casos de contaminação por doença de Chagas acontecidos em fevereiro e março de 2005 em Santa Catarina. “A iluminação de vapor de mercúrio de uma venda de beira de estrada fazia o barbeiro, transmissor a doença, se esconder no depósito de cana usada para a produção de garapa, provocando o contágio”, conta. No total, 12 pessoas foram contaminadas ao tomarem caldo de cana.
Para avaliar os efeitos da poluição luminosa sobre os insetos e descobrir formas de controle, o pesquisador utilizou luminárias com um coletor acoplado. A lâmpada de vapor de sódio atraiu uma média de 40 insetos por noite, contra 67 da lâmpada de mercúrio. A luminária com filtro de luz, aplicado no vidro de proteção da lâmpada de sódio, atraiu apenas 15 insetos por noite – um coletor sem iluminação recebeu a média de 8 insetos. “O filtro reduz a exposição da radiação ultravioleta e evita que o inseto se guie pela luz”, explica Barghini.
Controle
Outro modo de reduzir os efeitos da iluminação artificial é a mudança na forma de difusão da luz. “Anteparos colocados nas luminárias, por exemplo, fazem com que o inseto não se oriente pelo brilho das luzes”, aponta o pesquisador. “A adoção de iluminação baixa diminui a área iluminada, reduzindo a atração de insetos”.
Equipamento de coleta utilizado para medir a atração dos insetos pelas luzes das luminárias
Alessandro Barghini sugere que medidas de controle da iluminação sejam adotadas pelos grandes projetos de distribuição e conservação de energia elétrica, tais como o Luz Para Todos e o Programa de Eficiência da Iluminação Pública (Prolux), do governo federal. “Essas iniciativas devem levar em conta o impacto da iluminação, especialmente em áreas de periferia”, ressalta. “Na Grã Bretanha, toda a luz que sai da área que precisa ser iluminada é considerada poluição luminosa”.
De acordo com o pesquisador, as luminárias podem favorecer a contaminação da leishmaniose em regiões periféricas das grandes cidades. “As luzes atraem o inseto transmissor, que parasita cachorros e galinhas, que levam a doença para o homem”, explica. No caso da doença de Chagas, existem vários estudos na literatura científica demonstrando a relação entre a iluminação artificial e o contágio pelo barbeiro. “Muito se sabe sobre detecção e tratamento, mas as pesquisas pouco avançaram na prevenção e controle”.
Barghini acrescenta que a adoção de filtros nas luminárias, aplicados por deposição metálica no vidro de proteção da lâmpada, não encarece os custos de produção. O estudo é descrito na tese de doutorado de Barghini, apresentada no Instituto de Biocências (IB) da USP. A pesquisa teve orientação do professor Walter Neves, do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos do IB.
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