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28 abril 2009

CONTROLE DA DENGUE

Brasil só controlará a dengue com trabalho coletivo, diz professor

Paula Lourenço
Agência Fiocruz de Notícias

A epidemia de dengue ocorrida no ano passado em vários estados brasileiros, sobretudo no Rio de Janeiro, ainda está na memória da população. Neste ano, a presença do mosquito Aedes aegypti foi reduzida na maior parte do país, mas até quando deve durar a trégua com o transmissor desta doença? O professor Paulo Sabroza, do Departamento de Endemias Samuel Pessoa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), afirmou, em palestra nesta terça-feira (14/4), que, enquanto o Brasil não trabalhar de forma coletiva o controle da dengue, produzindo informação que auxilie no combate à doença, o risco de epidemia persistirá.

Segundo Sabroza, a dengue, diferentemente de outras doenças, não responde satisfatoriamente a programas do governo federal dedicados a orientar os gestores de saúde sem a participação popular. A maneira adequada de “derrotar” o mosquito, na opinião do professor, é fazer a transição do atual modelo de vigilância em saúde, que é justamente este de orientação ao gestor, para a vigilância da saúde, que inclui a produção de informação para que os atores sociais tenham condições de agir de forma coletiva. “Mas isso deve ocorrer sem jogar toda a responsabilidade para a comunidade”, destacou o professor em sua apresentação durante o debate “A promoção da saúde no controle da dengue”, promovido pelo Programa de Controle da Dengue em Manguinhos (PCDM).

O modelo de vigilância da saúde, em fase de implementação no Brasil, tem como foco a vigilância dos problemas coletivos de saúde, a vigilância da base territorial local e municipal e o comprometimento com a redução das vulnerabilidades socioambientais. Isto inclui promover o fim da intermitência no abastecimento de água nas moradias e da falta de ações de combate ao Aedes em imóveis fechados, geralmente transformados em grandes criadouros do mosquito; orientar a produção e a difusão de informação sobre análises de situações de saúde e seus determinantes socioambientais; e utilizar diferentes métodos e fontes de informações.

“A realidade é que temos pouca informação sobre saneamento, não temos índice de infestação de mosquitos por logradouro e o registro do número de casos de dengue que dispomos nem sempre reflete a realidade, ou seja, nem sempre esta estatística revela se a área está mais ou menos infestada, já que pode haver bairro com a população imune ao vírus”, argumentou Sabroza. O professor destacou, ainda, que não adianta ter a informação consolidada se não houver quem organize e promova sua difusão. “Só o conjunto de informação integrada permite o controle eficaz da dengue”, concluiu.

(Foto: Peter Ilicciev/CCS/Fiocruz)