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13 maio 2009

INDEXAÇÃO E SUBIDA NO RANKING CIENTÍFICO MUNDIAL

Fator decisivo: pesquisadora aponta fator crucial para entender participação brasileira no ranking da ciência mundial

[Tela inicial do portal da Web of Science, base de dados sobre artigos científicos usada como fonte no levantamento divulgado pela Capes]

Como ativa pesquisadora na área de bibliometria e cientometria, é com satisfação que recebo a notícia divulgada em 6 de maio pela assessoria de imprensa da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). O informe anuncia que a ciência brasileira aumentou significativamente sua participação na produção científica mundial, passando a ocupar a 13ª posição, ganhando dois postos.

Os pesquisadores brasileiros, anuncia a Capes, foram responsáveis pela publicação de 30.451 artigos em 2008, contra 19.436 no ano anterior – um crescimento de 56,7%. O comunicado de imprensa não menciona a fonte utilizada na análise, mas trata-se seguramente de informações da Web of Science [Teia da ciência], base de dados sobre artigos científicos publicados em todo o mundo.

Trata-se evidentemente de um crescimento importante e muito significativo não só para as agências de fomento à pesquisa, mas para toda a comunidade que busca a excelência e visibilidade de seus trabalhos. E, portanto, deve ser amplamente comemorado, mas também entendido do ponto de vista da sua complexidade.

Como a literatura científica aponta, diversos são os motivos envolvidos no aumento ou na redução da produção científica de uma nação, região, instituição e/ou de um indivíduo. O comunicado elaborado pela Capes menciona algumas dessas possíveis motivações: o investimento em recursos humanos, o acesso dos pesquisadores e programas de pós-graduação aos periódicos disponibilizados no portal da Capes e a extraordinária atuação dessa instituição na manutenção e investimento de suas atividades. Essas atribuições – que não são exclusivas da Capes – têm sido fundamentais para o pleno andamento da atividade no país e vêm sendo decisivas há mais de uma década.

Indexação de novos periódicos

O comunicado, no entanto, ignora um ponto central ligado à constituição da base de dados Web of Science, fonte de sua análise: o processo de indexação dos periódicos. Em 2007, por uma série de questões, que incluíram uma intensa discussão e negociação de autoridades brasileiras e os responsáveis por esse banco de dados internacional, o número de periódicos latino-americanos nessa base cresceu enormemente. No caso do Brasil, eram 27 periódicos nacionais indexados em 2007, número que cresceu para 64 em 2008, a maior parte dos quais estão catalogados no portal SciELO.

Assim, será que não foi este o fator decisivo para tão importante aumento da participação brasileira nos artigos indexados na base neste último ano? Não tenho a resposta, mas uma análise detalhada antes e o depois da inclusão desses periódicos na base Web of Science é fundamental para um melhor entendimento do papel das publicações nacionais na produção científica brasileira nessa base.

Quem sabe depois disso os periódicos do portal SciELO ganhem maior reconhecimento e destaque? Afinal, eles parecem ser muito eficazes para reduzir a "ciência perdida" de nosso país.


Jacqueline Leta
Universidade Federal do Rio de Janeiro/Ciência Hoje Online