AMAZÔNIA: AMBIENTALISTA X CRIADORES DE GADO
Crise da carne do Pará esquenta a briga entre representantes dos criadores, organizações ambientais e o governo.
Após audiência pública no Pará, o clima esquenta entre representantes dos criadores, organizações ambientais e o governo e há quem diga que as repercussões podem levar ao “colapso” do setor de carnes no estado
Matéria de Sebastião Nascimento, na Revista Globo Rural
Pecuaristas e ambientalistas: guerra? – O clima entre pecuaristas e seus representantes e ambientalistas está ficando quente demais, perigoso. A palavra explosivo não pode ser descartada. “Ou é jogo de cena?”. Ontem, em audiência pública no Pará, representantes dos frigoríficos afirmaram que o Ministério Público Federal foi “irresponsável”, agindo de maneira açodada ao mover ações contra fazendeiros e frigoríficos que comercializaram gado criado em áreas desmatadas.
A Federação da Agricultura e Pecuária do Pará alegou que as repercussões podem levar até ao “colapso” o setor de carnes no estado. Havia faixas de protesto nas quais estava escrito que Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente, não produz, estimula a fome. O deputado Wandenkolk Gonçalves (PSDB-PA) chegou a chamar de “covardes e frouxos” os ambientalistas do Greenpeace, que não compareceram ao debate sob a argumentação de que não havia garantias de segurança. Há relato da presença de um solitário ambientalista, mas ele não conseguiu colocar suas opiniões, devido aos apupos do público.
O deputado Wandenkolk partiu até para as ofensas pessoais, elevando a temperatura do debate. “Temos um ministro “minctiroso”, tresloucado, que bebe, fuma e cheira”, disparou.
O diretor da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, Otávio Cançado, não deixou por menos e disse que os procuradores da República ameaçaram a credibilidade “do Pará e de todo o Brasil no mercado internacional”. Havia mais de 200 empresários do setor no auditório da Assembleia Legislativa do Pará. O procurador-chefe da República no Pará, José Augusto Potiguar, enfatizou que as ações iniciadas naquele estado serão reproduzidas em outros, e negou qualquer tipo de perseguição aos pecuaristas. “Se houvesse perseguição, não faria proposta de ajuste de conduta. Também não fizemos embargo, apenas propusemos ações de indenização e recomendamos aos adquirentes de carne bovina e outros produtos algo que a lei nos impõe”. Já outro procurador, Daniel César Avelino, disse “que tudo é um jogo de cena”, informando que as negociações de acordo com várias empresas estão avançadas. Se as indústrias aceitarem o TAC – Termo de Ajuste de Conduta apresentado pelo Ministério Público, elas se eximem de ser réus.
E mais: Avelino afirmou que Cançado havia elogiado para ele a legalidade das provas apresentadas nas ações.
E de Porto Alegre veio mais chumbo. A senadora e presidente da Confederação Nacional de Agricultura, Kátia Abreu, reclamou que a exigência de rastreablidade do gado adquirido por frigoríficos só vai ser possível se os pecuaristas forem remunerados pelos custos que terão. Segundo ela, o produtor não vai se sentir estimulado a investir. Pegando carona no clima exacerbado, a dirigente avisou que o Brasil correria o risco até de desabastecimento, já que o rastreamento não teve a adesão da maioria dos produtores.
A rastreabilidade é uma exigência da União Europeia. Se não for feita, os europeus não voltarão a comprar carne do Brasil. Além disso, o mercado interno tem se tornado cada vez mais exigente e conhecer a origem da carne que come começa a fazer parte da cartilha do consumidor interno.
[EcoDebate, 06/07/2009]
Após audiência pública no Pará, o clima esquenta entre representantes dos criadores, organizações ambientais e o governo e há quem diga que as repercussões podem levar ao “colapso” do setor de carnes no estado
Matéria de Sebastião Nascimento, na Revista Globo Rural
Pecuaristas e ambientalistas: guerra? – O clima entre pecuaristas e seus representantes e ambientalistas está ficando quente demais, perigoso. A palavra explosivo não pode ser descartada. “Ou é jogo de cena?”. Ontem, em audiência pública no Pará, representantes dos frigoríficos afirmaram que o Ministério Público Federal foi “irresponsável”, agindo de maneira açodada ao mover ações contra fazendeiros e frigoríficos que comercializaram gado criado em áreas desmatadas.
A Federação da Agricultura e Pecuária do Pará alegou que as repercussões podem levar até ao “colapso” o setor de carnes no estado. Havia faixas de protesto nas quais estava escrito que Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente, não produz, estimula a fome. O deputado Wandenkolk Gonçalves (PSDB-PA) chegou a chamar de “covardes e frouxos” os ambientalistas do Greenpeace, que não compareceram ao debate sob a argumentação de que não havia garantias de segurança. Há relato da presença de um solitário ambientalista, mas ele não conseguiu colocar suas opiniões, devido aos apupos do público.
O deputado Wandenkolk partiu até para as ofensas pessoais, elevando a temperatura do debate. “Temos um ministro “minctiroso”, tresloucado, que bebe, fuma e cheira”, disparou.
O diretor da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, Otávio Cançado, não deixou por menos e disse que os procuradores da República ameaçaram a credibilidade “do Pará e de todo o Brasil no mercado internacional”. Havia mais de 200 empresários do setor no auditório da Assembleia Legislativa do Pará. O procurador-chefe da República no Pará, José Augusto Potiguar, enfatizou que as ações iniciadas naquele estado serão reproduzidas em outros, e negou qualquer tipo de perseguição aos pecuaristas. “Se houvesse perseguição, não faria proposta de ajuste de conduta. Também não fizemos embargo, apenas propusemos ações de indenização e recomendamos aos adquirentes de carne bovina e outros produtos algo que a lei nos impõe”. Já outro procurador, Daniel César Avelino, disse “que tudo é um jogo de cena”, informando que as negociações de acordo com várias empresas estão avançadas. Se as indústrias aceitarem o TAC – Termo de Ajuste de Conduta apresentado pelo Ministério Público, elas se eximem de ser réus.
E mais: Avelino afirmou que Cançado havia elogiado para ele a legalidade das provas apresentadas nas ações.
E de Porto Alegre veio mais chumbo. A senadora e presidente da Confederação Nacional de Agricultura, Kátia Abreu, reclamou que a exigência de rastreablidade do gado adquirido por frigoríficos só vai ser possível se os pecuaristas forem remunerados pelos custos que terão. Segundo ela, o produtor não vai se sentir estimulado a investir. Pegando carona no clima exacerbado, a dirigente avisou que o Brasil correria o risco até de desabastecimento, já que o rastreamento não teve a adesão da maioria dos produtores.
A rastreabilidade é uma exigência da União Europeia. Se não for feita, os europeus não voltarão a comprar carne do Brasil. Além disso, o mercado interno tem se tornado cada vez mais exigente e conhecer a origem da carne que come começa a fazer parte da cartilha do consumidor interno.
[EcoDebate, 06/07/2009]
1 Comments:
Professor, não há "guerra" entre eles, na Amazônia a grande maioria dos "ambientalistas é pecuarista". Aqui no Acre mesmo, gente que se indigna e fala em ecologia, no final de semana, "vai pra colonia" ver como está o gado. Isso é tudo cena, inclusive essas determinações e proibições da Justiça. Tudo pra inglês ver...
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