REUNIÃO ANUAL DA SBPC EM MANAUS
Marco Antonio Raupp, presidente da entidade, diz na abertura do encontro que, com esforço coletivo, o conhecimento científico produzido na Amazônia poderá fazer do Brasil a primeira potência ambiental do planeta
Por Fábio de Castro e Thiago Romero, de Manaus
Agência FAPESP – Em cerimônia realizada em praça pública, ao lado do Teatro Amazonas, em Manaus, na noite de domingo (12/7), pesquisadores, autoridades e o público ouviram o apelo da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), durante a abertura da 61ª edição da reunião anual da entidade, por uma união em prol do desenvolvimento científico da Amazônia.
Em seu pronunciamento o matemático Marco Antonio Raupp, presidente da SBPC, afirmou que a realização do evento – cujo tema este ano é "Amazônia: Ciência e Cultura" – pela primeira vez em Manaus é o marco de um momento especial vivido pela ciência brasileira, que poderá beneficiar os povos da Amazônia com desenvolvimento cultural e econômico e a construção de cidadania.
"Há esforços coletivos sendo feitos para a criação de um modelo de desenvolvimento da Amazônia que traga à sociedade independência econômica sem prejuízo ao meio ambiente. Com a contribuição do conhecimento científico – em especial aquele que é produzido na região –, esse modelo poderá levar o Brasil a uma situação inédita: tornar-se a primeira potência ambiental do planeta", disse.
Segundo Raupp, será preciso conhecer mais profundamente a Amazônia - em áreas que vão da biodiversidade à ciência climática - para que seja possível estabelecer um novo modelo de desenvolvimento.
"A região é fundamental para a manutenção da vida no planeta. E, por isso, será preciso um esforço de todos para criar um novo modelo. O modelo de construção de riqueza de São Paulo, ou do Sul, não serve para a Amazônia. Não apenas por causa das diferenças geográficas, mas também porque o novo modelo deve ser criado em uma fase da sociedade na qual é impossível pensar em desenvolvimento sem sustentabilidade social e ambiental", afirmou.
Para o presidente da SBPC, a contribuição da ciência não ocorre apenas por meio dos trabalhos em laboratórios. "Os cientistas darão uma contribuição cada vez maior às políticas públicas de saúde, educação e meio ambiente. Por outro lado, em colaboração com o setor privado, seguirá produzindo conhecimento para gerar produtos e processos, tornando as empresas mais competitivas na região", disse.
Raupp destacou também o papel da ciência na anulação nos conflitos entre desenvolvimentismo e ambientalismo. "Com frequência cada vez maior assuntos relacionados à região tomam dimensões de debate nacional e geram radicalismos, que podem levar à criação de um antagonismo: uns querem transformar a Amazônia em cemitério, outros, em santuário intocado. A SBPC rejeita os dois radicalismos e propõe a conservação, possibilitando a interação dinâmica e sustentável entre os diversos biomas contidos na região", disse.
Homenagem a Warwick Kerr
Estiveram presentes na abertura da reunião Sergio Rezende, ministro da Ciência e Tecnologia, Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências, Eduardo Braga, governador do Amazonas, Marcia Peralis, reitora da Universidade Federal do Amazonas, Jorge Guimarães, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e representantes de secretarias estaduais de ciência e tecnologia.
Durante o evento, a SBPC realizou uma homenagem especial ao geneticista Warwick Kerr, por serviços relevantes prestados à entidade, à Amazônia e ao país. Kerr, que foi o primeiro diretor científico da FAPESP, entre 1962 e 1965, foi presidente do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) em duas gestões, entre 1975 e 1979 e entre 1999 e 2000.
Problemas de saúde impediram que Kerr se deslocasse para Manaus, mas ele enviou de Uberlândia (MG), onde reside, um depoimento em vídeo para os presentes à abertura da reunião. "Vivi por oito anos na região, que ficou impregnada em mim para sempre. Foi o período no qual mais aprendi sobre a natureza e suas interações. A SBPC lembra essa diversidade da Amazônia, tamanha a variedade de conhecimentos que representa", disse.
Rezende destacou a singularidade da reunião promovida ao ar livre. "Não vai dar para esquecer essa cena. Participei de muitas aberturas de reuniões da SBPC, mas essa é magnífica, em praça pública com milhares de pessoas assistindo, ao lado de um teatro centenário", disse referindo-se ao Teatro Amazonas.
Segundo Marcia Peralis, a primeira reunião recebida por Manaus, sediada na Ufam, ocorre em um ano especial para a universidade: seu aniversário de 100 anos. "O tema 'Amazônia: Ciência e Cultura' não surgiu por acaso. Estamos em um momento de fortalecimento de parcerias institucionais, congregando esforços de entidades que têm objetivos comuns. Os desafios que se colocam à região amazônica são proporcionais às suas complexidades e riquezas", afirmou.
Para o governador do Amazonas, a contribuição do evento será a de convencer a sociedade a realizar um grande mutirão pela ciência na região. "Se formos capazes de ampliar os institutos de ensino e pesquisa aqui localizados, ampliando o papel da ciência, da tecnologia e da inovação, faremos da Amazônia uma terra de esperança para o Brasil", disse Braga.
A cerimônia incluiu também a indicação dos classificados para o Concurso Cientistas do Amanhã, o anúncio de um protocolo para o financiamento das pesquisas do Museu da Amazônia, em Manaus, e a entrega do Prêmio José Reis de Divulgação Científica.
FOto: T. Romero
Por Fábio de Castro e Thiago Romero, de Manaus
Agência FAPESP – Em cerimônia realizada em praça pública, ao lado do Teatro Amazonas, em Manaus, na noite de domingo (12/7), pesquisadores, autoridades e o público ouviram o apelo da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), durante a abertura da 61ª edição da reunião anual da entidade, por uma união em prol do desenvolvimento científico da Amazônia.
Em seu pronunciamento o matemático Marco Antonio Raupp, presidente da SBPC, afirmou que a realização do evento – cujo tema este ano é "Amazônia: Ciência e Cultura" – pela primeira vez em Manaus é o marco de um momento especial vivido pela ciência brasileira, que poderá beneficiar os povos da Amazônia com desenvolvimento cultural e econômico e a construção de cidadania.
"Há esforços coletivos sendo feitos para a criação de um modelo de desenvolvimento da Amazônia que traga à sociedade independência econômica sem prejuízo ao meio ambiente. Com a contribuição do conhecimento científico – em especial aquele que é produzido na região –, esse modelo poderá levar o Brasil a uma situação inédita: tornar-se a primeira potência ambiental do planeta", disse.
Segundo Raupp, será preciso conhecer mais profundamente a Amazônia - em áreas que vão da biodiversidade à ciência climática - para que seja possível estabelecer um novo modelo de desenvolvimento.
"A região é fundamental para a manutenção da vida no planeta. E, por isso, será preciso um esforço de todos para criar um novo modelo. O modelo de construção de riqueza de São Paulo, ou do Sul, não serve para a Amazônia. Não apenas por causa das diferenças geográficas, mas também porque o novo modelo deve ser criado em uma fase da sociedade na qual é impossível pensar em desenvolvimento sem sustentabilidade social e ambiental", afirmou.
Para o presidente da SBPC, a contribuição da ciência não ocorre apenas por meio dos trabalhos em laboratórios. "Os cientistas darão uma contribuição cada vez maior às políticas públicas de saúde, educação e meio ambiente. Por outro lado, em colaboração com o setor privado, seguirá produzindo conhecimento para gerar produtos e processos, tornando as empresas mais competitivas na região", disse.
Raupp destacou também o papel da ciência na anulação nos conflitos entre desenvolvimentismo e ambientalismo. "Com frequência cada vez maior assuntos relacionados à região tomam dimensões de debate nacional e geram radicalismos, que podem levar à criação de um antagonismo: uns querem transformar a Amazônia em cemitério, outros, em santuário intocado. A SBPC rejeita os dois radicalismos e propõe a conservação, possibilitando a interação dinâmica e sustentável entre os diversos biomas contidos na região", disse.
Homenagem a Warwick Kerr
Estiveram presentes na abertura da reunião Sergio Rezende, ministro da Ciência e Tecnologia, Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências, Eduardo Braga, governador do Amazonas, Marcia Peralis, reitora da Universidade Federal do Amazonas, Jorge Guimarães, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e representantes de secretarias estaduais de ciência e tecnologia.
Durante o evento, a SBPC realizou uma homenagem especial ao geneticista Warwick Kerr, por serviços relevantes prestados à entidade, à Amazônia e ao país. Kerr, que foi o primeiro diretor científico da FAPESP, entre 1962 e 1965, foi presidente do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) em duas gestões, entre 1975 e 1979 e entre 1999 e 2000.
Problemas de saúde impediram que Kerr se deslocasse para Manaus, mas ele enviou de Uberlândia (MG), onde reside, um depoimento em vídeo para os presentes à abertura da reunião. "Vivi por oito anos na região, que ficou impregnada em mim para sempre. Foi o período no qual mais aprendi sobre a natureza e suas interações. A SBPC lembra essa diversidade da Amazônia, tamanha a variedade de conhecimentos que representa", disse.
Rezende destacou a singularidade da reunião promovida ao ar livre. "Não vai dar para esquecer essa cena. Participei de muitas aberturas de reuniões da SBPC, mas essa é magnífica, em praça pública com milhares de pessoas assistindo, ao lado de um teatro centenário", disse referindo-se ao Teatro Amazonas.
Segundo Marcia Peralis, a primeira reunião recebida por Manaus, sediada na Ufam, ocorre em um ano especial para a universidade: seu aniversário de 100 anos. "O tema 'Amazônia: Ciência e Cultura' não surgiu por acaso. Estamos em um momento de fortalecimento de parcerias institucionais, congregando esforços de entidades que têm objetivos comuns. Os desafios que se colocam à região amazônica são proporcionais às suas complexidades e riquezas", afirmou.
Para o governador do Amazonas, a contribuição do evento será a de convencer a sociedade a realizar um grande mutirão pela ciência na região. "Se formos capazes de ampliar os institutos de ensino e pesquisa aqui localizados, ampliando o papel da ciência, da tecnologia e da inovação, faremos da Amazônia uma terra de esperança para o Brasil", disse Braga.
A cerimônia incluiu também a indicação dos classificados para o Concurso Cientistas do Amanhã, o anúncio de um protocolo para o financiamento das pesquisas do Museu da Amazônia, em Manaus, e a entrega do Prêmio José Reis de Divulgação Científica.
FOto: T. Romero
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