JOVENS, ÍNDIOS, DROGADOS
Uso da maconha por jovens sateré preocupa
Leandro Prazeres
da equipe de A CRÍTICA
O uso indiscriminado da maconha por jovens da etnia Sateré Maué está deixando as lideranças indígenas do baixo Amazonas preocupadas. A proximidade entre as aldeias e as áreas produtoras da planta, segundo os índios, propicia o contato deles com a droga. Líderes afirmam que indígenas da região já foram cooptados pelo narcotráfico.
A informação de que jovens sateré estão usando maconha partiu do tuxaua-geral (cacique) da nação Sateré Maué, Antônio Tibúrcio Neto. “A gente já ficou sabendo que alguns índios estão fumando essa planta por aqui. Isso é muito ruim para o nosso povo”, denuncia o tuxaua.
De acordo com dados da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), existem 9.156 índios sateré no Amazonas e no Pará. Desse total, uma média de 5 mil, ou seja, mais da metade, vivem em Maués, município conhecido pelas plantações de guaraná, pelas praias e, mais recentemente, por ser um grande produtor de maconha na região Norte do Brasil.
Antropólogos relatam que a maconha, conhecida na região do Baixo Amazonas como “Dirijo”, vem sendo utilizada pelos indígenas há mais de 300 anos como um elemento cultural importante. Entretanto, a preocupação do tuxaua-geral da nação sateré se deve ao fato de que, hoje, os índios estão usando a planta fora do contexto tradicional, “imitando” o uso feito pelos não-índios. “As famílias estão preocupadas. Essa droga está sendo vista como uma coisa pior que a cachaça para o nosso povo. A gente não quer que isso aumente, mas, infelizmente, já chegou ao nosso povo”, diz o coordenador de educação indígena do município de Maués, Euro Alves, 32.
Euro vive há cinco meses em Maués, mas o contato com os professores das 45 escolas indígenas do município lhe abastece de informações. “A gente sabe que os nossos índios estão indo à cidade comprar a maconha, mas também há casos de gente que está indo para a aldeia vender”, afirma Euro.
O tuxaua-geral da nação Sateré, Antônio Tibúrcio, lembra que o uso da maconha feito atualmente pelos jovens não é aceito pela cultura de seu povo. “Nós não aceitamos essa droga por aqui. A gente pune quem usa dessa forma ”, afirma.
Apesar de mobilizar as lideranças, o assunto ainda não chegou oficialmente à Fundação Nacional do Índio (Funai). O administrador regional da Funai em Parintins (responsável pela jurisdição de Maués), Pedro Paulo Ramos, disse não ter conhecimento do assunto, mas, informado pela reportagem de A CRÍTICA, afirmou que irá procurar as lideranças sateré para se informar.
Foto: Michael Dantas |
O contato com a cidade está fazendo com que os jovens saterés desvirtuem o uso tradicional da planta |
Leandro Prazeres
da equipe de A CRÍTICA
O uso indiscriminado da maconha por jovens da etnia Sateré Maué está deixando as lideranças indígenas do baixo Amazonas preocupadas. A proximidade entre as aldeias e as áreas produtoras da planta, segundo os índios, propicia o contato deles com a droga. Líderes afirmam que indígenas da região já foram cooptados pelo narcotráfico.
A informação de que jovens sateré estão usando maconha partiu do tuxaua-geral (cacique) da nação Sateré Maué, Antônio Tibúrcio Neto. “A gente já ficou sabendo que alguns índios estão fumando essa planta por aqui. Isso é muito ruim para o nosso povo”, denuncia o tuxaua.
De acordo com dados da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), existem 9.156 índios sateré no Amazonas e no Pará. Desse total, uma média de 5 mil, ou seja, mais da metade, vivem em Maués, município conhecido pelas plantações de guaraná, pelas praias e, mais recentemente, por ser um grande produtor de maconha na região Norte do Brasil.
Antropólogos relatam que a maconha, conhecida na região do Baixo Amazonas como “Dirijo”, vem sendo utilizada pelos indígenas há mais de 300 anos como um elemento cultural importante. Entretanto, a preocupação do tuxaua-geral da nação sateré se deve ao fato de que, hoje, os índios estão usando a planta fora do contexto tradicional, “imitando” o uso feito pelos não-índios. “As famílias estão preocupadas. Essa droga está sendo vista como uma coisa pior que a cachaça para o nosso povo. A gente não quer que isso aumente, mas, infelizmente, já chegou ao nosso povo”, diz o coordenador de educação indígena do município de Maués, Euro Alves, 32.
Euro vive há cinco meses em Maués, mas o contato com os professores das 45 escolas indígenas do município lhe abastece de informações. “A gente sabe que os nossos índios estão indo à cidade comprar a maconha, mas também há casos de gente que está indo para a aldeia vender”, afirma Euro.
O tuxaua-geral da nação Sateré, Antônio Tibúrcio, lembra que o uso da maconha feito atualmente pelos jovens não é aceito pela cultura de seu povo. “Nós não aceitamos essa droga por aqui. A gente pune quem usa dessa forma ”, afirma.
Apesar de mobilizar as lideranças, o assunto ainda não chegou oficialmente à Fundação Nacional do Índio (Funai). O administrador regional da Funai em Parintins (responsável pela jurisdição de Maués), Pedro Paulo Ramos, disse não ter conhecimento do assunto, mas, informado pela reportagem de A CRÍTICA, afirmou que irá procurar as lideranças sateré para se informar.
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