PETROBRÁS 'QUEIMOU' R$ 1,5 BI EM GÁS EM 2009
Queima do gás natural não usado cresceu 56,5% no ano passado
Kelly Lima
O Estado de S. Paulo, 21/02/2010
Na contramão de outros países que vêm conseguindo reduzir a queima da gás natural, a Petrobrás registrou em 2009 um aumento desta queima em grandes proporções. Segundo dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), a estatal atingiu uma média de 9,38 milhões de m³ queimados em suas plataformas por dia no ano passado, o que representa um aumento de 56,5% sobre a queima média diária em 2008. O volume é recorde em um ano e coloca o Brasil no oitavo lugar em queima de gás no mundo, num ranking em que a campeã, Rússia, reduziu sua queima em 10% em 2009 sobre 2008. Há dois anos, o Brasil era o 17º nesse ranking.
De acordo com especialistas consultados pelo Estado, considerado o valor de US$ 7 por milhão de BTU (British Termal Unit) cobrados pela companhia para entregar o gás natural no maior mercado consumidor do País, que é São Paulo, a Petrobrás deixou de ganhar em 2009 algo em torno de R$ 1,5 bilhão. Os mesmos especialistas lembram, no entanto, que não é possível eliminar por completo a queima do gás natural. Há uma parte desta queima que é considerada "técnica", já que, no Brasil, o combustível é produzido associado ao óleo e, como em alguns locais a proporção desta produção é pequena, não justifica a construção de infraestrutura para carregá-lo para o mercado consumidor.
"Se ele não fosse queimado e apenas jogado na atmosfera, o impacto ambiental poderia ser muito maior. O metano emitido pelo gás é 21 vezes mais nocivo que o gás carbônico produzido pela queima", ressaltou o especialistas Luis Olavo Dantas. A título de comparação, estudo da Coppe/UFRJ de 2007 para a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da prefeitura de São Paulo estima que todo o transporte rodoviário na capital paulista lance na atmosfera 7,6 milhões de toneladas de CO2 por ano. É o setor que mais polui a cidade. Naquele ano, quando a Petrobrás queimou em média 4 milhões de m³ de gás natural por dia, foi jogada na atmosfera a mesma quantidade de CO2.
A própria Petrobrás mantém um programa que visa a redução desta queima. A estatal tem como meta o aproveitamento de 92% do gás extraído. Em 2009, esse índice ficou em 80%. No ano passado, segundo a diretora de Gás e Energia da companhia, Maria das Graças Foster, o aumento da queima se justificou por problemas técnicos e paradas para manutenção em plataformas.
Visando coibir a queima, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro colocou em discussão em novembro uma possível taxação sobre o gás natural queimado. A proposta, ainda não votada, prevê uma alíquota de 6% de ICMS sobre essa queima.
Tanto a Petrobrás como especialistas, descartam, entretanto, que a queima ocorrida no ano passada tenha origem no excedente de produção. Em 2009, a Petrobrás viu seu mercado consumidor encolher tanto em consequência da crise econômica internacional - que reduziu a atividade industrial - quanto pela redução do volume de energia gerado a partir das usinas térmicas movidas a gás, por causa do elevado nível dos reservatórios das hidrelétricas.
O mercado consumidor caiu de 65 milhões para 48 milhões de m³ por dia, em média, considerando 28 milhões de m³ de gás nacional e 20 milhões importados da Bolívia. "Não é possível atribuir o volume queimado a um excedente de consumo, apesar de o excedente existir, porque seria leviano. Só a Petrobrás tem condições de avaliar a produção e a perda existente em cada plataforma de produção", disse o consultor Marco Tavares, da Gas Energy.
Kelly Lima
O Estado de S. Paulo, 21/02/2010
Na contramão de outros países que vêm conseguindo reduzir a queima da gás natural, a Petrobrás registrou em 2009 um aumento desta queima em grandes proporções. Segundo dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), a estatal atingiu uma média de 9,38 milhões de m³ queimados em suas plataformas por dia no ano passado, o que representa um aumento de 56,5% sobre a queima média diária em 2008. O volume é recorde em um ano e coloca o Brasil no oitavo lugar em queima de gás no mundo, num ranking em que a campeã, Rússia, reduziu sua queima em 10% em 2009 sobre 2008. Há dois anos, o Brasil era o 17º nesse ranking.
De acordo com especialistas consultados pelo Estado, considerado o valor de US$ 7 por milhão de BTU (British Termal Unit) cobrados pela companhia para entregar o gás natural no maior mercado consumidor do País, que é São Paulo, a Petrobrás deixou de ganhar em 2009 algo em torno de R$ 1,5 bilhão. Os mesmos especialistas lembram, no entanto, que não é possível eliminar por completo a queima do gás natural. Há uma parte desta queima que é considerada "técnica", já que, no Brasil, o combustível é produzido associado ao óleo e, como em alguns locais a proporção desta produção é pequena, não justifica a construção de infraestrutura para carregá-lo para o mercado consumidor.
"Se ele não fosse queimado e apenas jogado na atmosfera, o impacto ambiental poderia ser muito maior. O metano emitido pelo gás é 21 vezes mais nocivo que o gás carbônico produzido pela queima", ressaltou o especialistas Luis Olavo Dantas. A título de comparação, estudo da Coppe/UFRJ de 2007 para a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da prefeitura de São Paulo estima que todo o transporte rodoviário na capital paulista lance na atmosfera 7,6 milhões de toneladas de CO2 por ano. É o setor que mais polui a cidade. Naquele ano, quando a Petrobrás queimou em média 4 milhões de m³ de gás natural por dia, foi jogada na atmosfera a mesma quantidade de CO2.
A própria Petrobrás mantém um programa que visa a redução desta queima. A estatal tem como meta o aproveitamento de 92% do gás extraído. Em 2009, esse índice ficou em 80%. No ano passado, segundo a diretora de Gás e Energia da companhia, Maria das Graças Foster, o aumento da queima se justificou por problemas técnicos e paradas para manutenção em plataformas.
Visando coibir a queima, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro colocou em discussão em novembro uma possível taxação sobre o gás natural queimado. A proposta, ainda não votada, prevê uma alíquota de 6% de ICMS sobre essa queima.
Tanto a Petrobrás como especialistas, descartam, entretanto, que a queima ocorrida no ano passada tenha origem no excedente de produção. Em 2009, a Petrobrás viu seu mercado consumidor encolher tanto em consequência da crise econômica internacional - que reduziu a atividade industrial - quanto pela redução do volume de energia gerado a partir das usinas térmicas movidas a gás, por causa do elevado nível dos reservatórios das hidrelétricas.
O mercado consumidor caiu de 65 milhões para 48 milhões de m³ por dia, em média, considerando 28 milhões de m³ de gás nacional e 20 milhões importados da Bolívia. "Não é possível atribuir o volume queimado a um excedente de consumo, apesar de o excedente existir, porque seria leviano. Só a Petrobrás tem condições de avaliar a produção e a perda existente em cada plataforma de produção", disse o consultor Marco Tavares, da Gas Energy.
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