A MORTE DE ÁRVORES E A EMISSÃO DE CO2
Especialista brasileiro critica estudo publicado por equipe liderada por pesquisador inglês que afirma que as árvores mortas na Amazônia poderão emitir 5 bilhões de toneladas de CO2. Segundo ele, não houve estudo de campo para confirmar os dados apresentados
CLAUDIO ANGELO E SABINE RIGHETTI
FOLHA DE SÃO PAULO
O climatologista Antonio Donato Nobre, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), está cético em relação ao estudo divulgado na semana passada que afirmou que as árvores mortas na Amazônia poderão emitir 5 bilhões de toneladas de CO2.
De acordo com o especialista, o trabalho, liderado pelo britânico Simon Lewis, "não foi a campo para medir as emissões". Além disso, a morte de árvores, diz, não resulta necessariamente em mais emissões de CO2.
"A mortalidade das árvores não é igual a emissões. Existe um tempo considerável entre a cessação da vida na planta e sua decomposição", disse.
Nobre, que é especialista em biosfera e desenvolvimento sustentável para a Amazônia, explicou que quando uma árvore tomba, as copas vizinhas fecham rapidamente o buraco que se abre no dossel (espécie de "teto" da floresta, formado pelas copas). Isso retardaria o processo de decomposição.
"Depois de muito tempo [mais de 20 anos], a necromassa lenhosa irá eventualmente virar CO2 ou DOC (carbono orgânico dissolvido), dependendo se a decomposição for aeróbica ou anaeróbica", afirma.
"Sem falar na bomba biótica de umidade, a nova teoria que explica também os aspectos evolutivos do metabolismo das árvores com o funcionamento do sistema de chuvas e ventos na bacia amazônica", completa o especialista.
Um estudo publicado na revista "Science" na semana passada afirmou que as árvores amazônicas mortas na seca de 2010 -- a pior dos últimos cem anos -- poderiam liberar CO2 equivalente à produção industrial dos EUA.
No ano passado, uma área de 3 milhões quilômetros quadrados foi atingida pela estiagem. Os cientistas da Universidade de Leeds e do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) relacionaram os dados de seca com o crescimento das árvores (a partir de dados de campo coletados em 2005).
"A seca extraordinária no Rio Negro revelou petróglifos [imagens geometrizadas e representações simbólicas] nas pedras no fundo do rio, o que indica que a região já havia enfrentado secas fortes anteriormente", conclui Nobre.
CLAUDIO ANGELO E SABINE RIGHETTI
FOLHA DE SÃO PAULO
O climatologista Antonio Donato Nobre, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), está cético em relação ao estudo divulgado na semana passada que afirmou que as árvores mortas na Amazônia poderão emitir 5 bilhões de toneladas de CO2.
De acordo com o especialista, o trabalho, liderado pelo britânico Simon Lewis, "não foi a campo para medir as emissões". Além disso, a morte de árvores, diz, não resulta necessariamente em mais emissões de CO2.
"A mortalidade das árvores não é igual a emissões. Existe um tempo considerável entre a cessação da vida na planta e sua decomposição", disse.
Nobre, que é especialista em biosfera e desenvolvimento sustentável para a Amazônia, explicou que quando uma árvore tomba, as copas vizinhas fecham rapidamente o buraco que se abre no dossel (espécie de "teto" da floresta, formado pelas copas). Isso retardaria o processo de decomposição.
"Depois de muito tempo [mais de 20 anos], a necromassa lenhosa irá eventualmente virar CO2 ou DOC (carbono orgânico dissolvido), dependendo se a decomposição for aeróbica ou anaeróbica", afirma.
"Sem falar na bomba biótica de umidade, a nova teoria que explica também os aspectos evolutivos do metabolismo das árvores com o funcionamento do sistema de chuvas e ventos na bacia amazônica", completa o especialista.
Um estudo publicado na revista "Science" na semana passada afirmou que as árvores amazônicas mortas na seca de 2010 -- a pior dos últimos cem anos -- poderiam liberar CO2 equivalente à produção industrial dos EUA.
No ano passado, uma área de 3 milhões quilômetros quadrados foi atingida pela estiagem. Os cientistas da Universidade de Leeds e do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) relacionaram os dados de seca com o crescimento das árvores (a partir de dados de campo coletados em 2005).
"A seca extraordinária no Rio Negro revelou petróglifos [imagens geometrizadas e representações simbólicas] nas pedras no fundo do rio, o que indica que a região já havia enfrentado secas fortes anteriormente", conclui Nobre.
1 Comments:
Na verdade é muito fácil para um pesquisador trabalhar com modelos e chegar a conclusão que quiser. Sou pesquisador amazônico e coleto os dados na própria floresta, e estou fazendo um estudo do balanço de Biomassa da floresta ( o que cresce e o que morre) em termos de biomassa e depois tentar colocar isso en termos de carbono. por isso temos que ter muita caltela para chegarmos em quaquer afirmação.
MAURÍCIO COSTA.
DOUTORANDO EM AGROECOSSISTEMAS AMAZÔNICOS UFRA ( PARÁ)
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