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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

10 novembro 2005

"APURUÍ CAMPESTRE" OU SIMPLESMENTE "CAMPESTRE"

PORQUE EXISTEM AQUELAS CLAREIRAS NATURAIS DENTRO DA MATA BRUTA?

Algum de vocês, que teve a oportunidade de caminhar dentro da floresta Amazônica, já encontrou uma clareira natural dentro da mata? O lugar é tão limpo que parece que alguem capinou o chão para deixar apenas as folhas secas. Só existe uma única espécie de planta habitando o local: o "apuruí campestre" ou apenas "campestre". Botanicamente ela pertence à mesma família do café, as Rubiaceae. Seu nome científico é Duroia hirsuta.

Vejam as fotos ao lado e observem que a clareira está bem conservada. No dia que tirei as fotos nós estávamos algumas horas mata a dentro, longe da margem do igarapé "Paratari", que fica na parte sul do Parque Nacional da Serra do Divisor. Não
existem moradores neste igarapé, ele está, na linguagem do pessoal de lá: "abandonado".
Já tive muitas oportunidade de encontrar estas clareiras, grandes e pequenas, que muitos seringueiros chamam de "campestre" porque lembra uma espécie de campo aberto dentro da mata. Muitas vezes eu e meus companheiros de caminhada (seringueiros, pesquisadores) parávamos na clareira para especular sobre como elas surgem.
Algumas opiniões eram a favor da hipótese de que o "campestre" libera uma substância alelopática ao deixar cair suas folhas no solo e isso mata outras plantas e impede a germinação das sementes que por ventura venham a cair na clareira. A favor da teoria pesam vários casos em que sementes de algumas espécies de plantas nunca germinam (ou germinam muito pouco) embaixo da planta mãe. Sempre germinam melhor bem longe. É uma estratégia de sobrevivência e disseminação da espécie.
Outras opiniões eram a favor de que as formigas que vivem na planta que eles chamam de "campestre" cortavam todas as outras plantas embaixo de sua "moradia" porque estas plantas "invasoras" servem de alimento para os formigueiros.
No lado do folkclore, se diz que a clareira é mantida limpa pelas almas de caçadores que faleceram no meio de caçadas e os corpos nunca foram encontrados.
A prova científica já existe e foi publicada este ano na revista científica Nature.
E você leitor, o que acha? É o "veneno" da planta ou a "mandíbula" das formigoas que fazem aparecer as clareiras "anormais" no meio da mata bruta?
Ou seriam mesmo os espíritos da mata?