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Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

18 fevereiro 2007

AINDA BEM QUE NÃO ESTOU SÓ...

Na sexta publiquei o post "ESTEREÓTIPO??? MAIS VERDADEIRO IMPOSSÍVEL!!! no qual havia comentado a crítica ao filme "Turistas", feita por um brasileiro "brasilianista" da Agência Carta Maior. Fui massacrado com algumas mensagens dizendo que fui muito radical, antipatriota.

Abaixo vocês podem ler o texto de VEJA sobre o mesmo filme. Além de falar da péssima qualidade do filme enquanto entretenimento (no que concordo), a autora do texto aproveita para alfinetar os nativos que discordam patrioticamente do que o filme mostra. Ela é até mais radical do que eu fui: chama de estúpidos os protestos de brasileiros ao afirmar que o filme "mancha a imagem do Brasil lá fora".
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Nativos inquietos

Turistas só não é mais tolo do que os protestos contra ele


Isabela Boscov

Os estrangeiros de Turistas: eles têm medo, e nós também

Um pequeno grupo de mochileiros americanos, ingleses etc. descobre uma praia paradisíaca no litoral brasileiro, onde a água é azul, a caipirinha é farta e as mulheres são desinibidas. É claro que, na manhã seguinte, eles acordam sem dinheiro e sem passaporte, e que o rapaz que se dispõe a ajudá-los na verdade os está conduzindo para uma armadilha: uma casa no meio da mata, onde, com um mínimo de anestesia, eles terão fígado e rins arrancados por traficantes de órgãos (cujo objetivo, esse sim dos mais improváveis, é doá-los a hospitais públicos cariocas).

Turistas (Estados Unidos, 2006), desde sexta-feira em cartaz no país, tenta pegar carona no sucesso do terror O Albergue, segundo o qual toda a Eslováquia vivia de fornecer turistas para a prática de tortura. Turistas é, aliás, tão ruim quanto O Albergue.

Só não é mais estúpido do que os protestos, vindos de várias instâncias entre o Oiapoque e o Chuí, de que ele mancha a chamada "imagem do Brasil lá fora". Como se um filmeco é que estivesse moldando essa imagem, e não as pavorosas contribuições da bandidagem e da classe política brasileiras aos noticiários – e como, também, se se pudesse exigir que um estrangeiro distinga o plausível do implausível depois de ler manchetes sobre passageiros de ônibus incendiados vivos e crianças destroçadas. No momento em que o país se tornar mais razoável, provavelmente deixará também de ser objeto da fantasia de produtores de quinta categoria – ou não. Mas, mesmo que ninguém "lá fora" note a mudança, "aqui dentro" se poderá respirar com algum alívio. Que é o que de fato importa.