AÇAI E MAL DE CHAGAS
Morte e suspeitas de ocorrência de Mal de Chagas faz com que Prefeito proiba o consumo de açaí em cidade do interior do Pará
Desde a manhã da última terça-feira, 11, os moradores do município de São João de Pirabas, interior do Pará, não podem tomar açaí vendido nos 13 pontos de manipulação da fruta existentes na cidade. Eles foram interditados pela Vigilância Sanitária por determinação do prefeito da cidade, Bosco Moisés. Além de proibir o consumo, o Prefeito quer que técnicos da Secretaria Executiva de Saúde e do Instituto Evandro Chagas realizem uma investigação epidemiológica na cidade, onde já foram registrados vários casos de suspeita de contaminação pela Doença de Chagas.
Foi em São João de Pirabas que a dona-de-casa Maria Soares de Moura Seabra, segundo declaração de óbito assinada pela médica Joseana Silva, faleceu, na manhã do último domingo, 9, de septicemia (infecção no sangue que se caracteriza pela rápida multiplicação de bactérias e pela presença de toxinas) e Doença de Chagas aguda. Nas férias de julho, Maria havia tomado açaí manipulado no município.
Bosco Moisés quer que os trabalhadores da cadeia produtiva do açaí passem por um curso onde aprendam os cuidados necessários para selecionar e manipular o fruto e produzir o suco seguindo padrões rígidos de higiene, como deixar o fruto de molho em água quente antes de batê-lo e manter limpos ambiente e utensílios usados na manipulação.
- O Estado não se faz presente em Pirabas, mas numa hora dessas precisava estar aqui, assim como um representante do Evandro Chagas, para ver o que de fato está acontecendo no nosso município, diz o prefeito.
Ele conta que, em 2004, houve um surto do Mal de Chagas em Pirabas por conta da ingestão de açaí. Duas pessoas morreram e outras quatro tiveram suas contaminações confirmadas. Este ano, além da morte de Maria Seabra, pelo menos quatro moradores estão com os sintomas da doença, entre eles Reinaldo Souza Lima e duas moças identificadas como Eloídes e Elisângela.
Ontem, o comerciante Manoel Costa de Melo foi transferido da Unidade Mista de Saúde de Pirabas para o Evandro Chagas com suspeita da doença provocada pelo inseto conhecido por barbeiro. Uma menina de oito anos está em casa, em observação, e já teve seu sangue coletado para exames no instituto.
Ninguem assume culpa pela contaminação
Sobre a responsabilidade pela contaminação do açaí, os batedores argumentam que Pirabas não produz o fruto. Eles dizem que o que é consumido na cidade vem de outros lugares, como Abaetetuba, Ilha do Marajó e, mais próximo, de Primavera e Santarém Novo.
O médico João Valente, que está atendendo os casos de suspeita de Mal de Chagas, explica que, no caso do açaí que vem da região das ilhas, o catador às vezes tem que esperar a maré subir para trazer o fruto até Belém. E que durante esse período de espera, sobretudo à noite e com lâmpadas por perto, o barbeiro pode cair paneiro de açaí. Outro risco é que, na retirada dos caroços do cacho, o tirador não observe se o inseto está presente. 'Se ele estiver, vai junto com os frutos para o paneiro', conclui Valente. (E. M.)
Deputado paraense ainda não está convencido da contaminação e Assembléia vai debater o assunto
Uma sessão especial da Assmebléia Legislativa do Pará vai debater a crise na cadeia produtiva do açaí em, atendendo requerimento do deputado José Megale (PSDB). Segundo o parlamentar, é preciso confirmar se a doença está mesmo sendo transmitida através do açaí.
- "Toda esta situação tem animado uma crise sem precedentes na história socioeconômica do Pará, atingindo a todos quase que indistintamente: consumidores, extrativistas, produtores, processadores e exportadores. Cabe a todos nós encontrarmos uma solução segura e rápida para esta questão, evitando assim que informações sem substância tecnocientífica, manuseio incorreto do produto e outros elementos influenciem negativamente em um dos maiores símbolos, inclusive cultural, do nosso Estado", afirmou o deputado.
Megale explica que o Pará concentra o maior número de produtores de açaí do País, além de ser o maior consumidor do produto. De acordo com dados mostrados pelo parlamentar, o Pará é responsável por 95% da produção nacional do açaí, envolvendo 120 famílias de pequenos produtores e extrativistas na cadeia produtiva. A exportação do produto é estimada 850 toneladas/mês.
Na Região Metropolitana de Belém (RMB) existem quatro mil batedores de açaí, gerando oito mil empregos diretos, além de 72 agroindústrias processadoras, cadastradas na Superintendência Federal de Agricultura, que empregam outras 1,4 mil pessoas.
Com informações de Edivaldo Mendes, correspondente de O Liberal em Castanhal-PA
Desde a manhã da última terça-feira, 11, os moradores do município de São João de Pirabas, interior do Pará, não podem tomar açaí vendido nos 13 pontos de manipulação da fruta existentes na cidade. Eles foram interditados pela Vigilância Sanitária por determinação do prefeito da cidade, Bosco Moisés. Além de proibir o consumo, o Prefeito quer que técnicos da Secretaria Executiva de Saúde e do Instituto Evandro Chagas realizem uma investigação epidemiológica na cidade, onde já foram registrados vários casos de suspeita de contaminação pela Doença de Chagas.
Foi em São João de Pirabas que a dona-de-casa Maria Soares de Moura Seabra, segundo declaração de óbito assinada pela médica Joseana Silva, faleceu, na manhã do último domingo, 9, de septicemia (infecção no sangue que se caracteriza pela rápida multiplicação de bactérias e pela presença de toxinas) e Doença de Chagas aguda. Nas férias de julho, Maria havia tomado açaí manipulado no município.
Bosco Moisés quer que os trabalhadores da cadeia produtiva do açaí passem por um curso onde aprendam os cuidados necessários para selecionar e manipular o fruto e produzir o suco seguindo padrões rígidos de higiene, como deixar o fruto de molho em água quente antes de batê-lo e manter limpos ambiente e utensílios usados na manipulação.
- O Estado não se faz presente em Pirabas, mas numa hora dessas precisava estar aqui, assim como um representante do Evandro Chagas, para ver o que de fato está acontecendo no nosso município, diz o prefeito.
Ele conta que, em 2004, houve um surto do Mal de Chagas em Pirabas por conta da ingestão de açaí. Duas pessoas morreram e outras quatro tiveram suas contaminações confirmadas. Este ano, além da morte de Maria Seabra, pelo menos quatro moradores estão com os sintomas da doença, entre eles Reinaldo Souza Lima e duas moças identificadas como Eloídes e Elisângela.
Ontem, o comerciante Manoel Costa de Melo foi transferido da Unidade Mista de Saúde de Pirabas para o Evandro Chagas com suspeita da doença provocada pelo inseto conhecido por barbeiro. Uma menina de oito anos está em casa, em observação, e já teve seu sangue coletado para exames no instituto.
Ninguem assume culpa pela contaminação
Sobre a responsabilidade pela contaminação do açaí, os batedores argumentam que Pirabas não produz o fruto. Eles dizem que o que é consumido na cidade vem de outros lugares, como Abaetetuba, Ilha do Marajó e, mais próximo, de Primavera e Santarém Novo.
O médico João Valente, que está atendendo os casos de suspeita de Mal de Chagas, explica que, no caso do açaí que vem da região das ilhas, o catador às vezes tem que esperar a maré subir para trazer o fruto até Belém. E que durante esse período de espera, sobretudo à noite e com lâmpadas por perto, o barbeiro pode cair paneiro de açaí. Outro risco é que, na retirada dos caroços do cacho, o tirador não observe se o inseto está presente. 'Se ele estiver, vai junto com os frutos para o paneiro', conclui Valente. (E. M.)
Deputado paraense ainda não está convencido da contaminação e Assembléia vai debater o assunto
Uma sessão especial da Assmebléia Legislativa do Pará vai debater a crise na cadeia produtiva do açaí em, atendendo requerimento do deputado José Megale (PSDB). Segundo o parlamentar, é preciso confirmar se a doença está mesmo sendo transmitida através do açaí.
- "Toda esta situação tem animado uma crise sem precedentes na história socioeconômica do Pará, atingindo a todos quase que indistintamente: consumidores, extrativistas, produtores, processadores e exportadores. Cabe a todos nós encontrarmos uma solução segura e rápida para esta questão, evitando assim que informações sem substância tecnocientífica, manuseio incorreto do produto e outros elementos influenciem negativamente em um dos maiores símbolos, inclusive cultural, do nosso Estado", afirmou o deputado.
Megale explica que o Pará concentra o maior número de produtores de açaí do País, além de ser o maior consumidor do produto. De acordo com dados mostrados pelo parlamentar, o Pará é responsável por 95% da produção nacional do açaí, envolvendo 120 famílias de pequenos produtores e extrativistas na cadeia produtiva. A exportação do produto é estimada 850 toneladas/mês.
Na Região Metropolitana de Belém (RMB) existem quatro mil batedores de açaí, gerando oito mil empregos diretos, além de 72 agroindústrias processadoras, cadastradas na Superintendência Federal de Agricultura, que empregam outras 1,4 mil pessoas.
Com informações de Edivaldo Mendes, correspondente de O Liberal em Castanhal-PA
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