REMÉDIOS DA AMAZÔNIA NO SUS
Cláudia do Valle, A Crítica, 2/9/2008
Com investimentos para gestão bienais da ordem de R$ 5 milhões, ontem foi criada a Rede Fito-Amazônia, projeto incluído na elaboração do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que tem entre seus objetivos o uso de medicamentos de origem vegetal no SUS, um dos maiores compradores de remédios do Brasil, o que torna o País o oitavo no mundo.
Nos próximos 180 dias a rede, que reúne algumas das mais renomadas instituições brasileiras de ciência e tecnologia, além de centros de pesquisa, fabricantes de medicamentos, cooperativas de agricultores e produtores, e representantes de comunidades detentoras do conhecimento tradicional, terá um mapeamento mais detalhado do setor e informações sobre quantidade de ativos naturais disponíveis, desenvolvimento de pesquisas, necessidades do SUS e capacidade de produção em escala industrial.
"Se conseguirmos cumprir os prazos da fase de estrutura, com levantamento da demanda, espécies e genética, avaliações farmacológica, toxicologia e ensaios clínicos; e a etapa de gestão, integrando setor produtivo e projetos especiais, relações com órgãos reguladores, administração, finanças e constituição do Conselho Gestor, teremos avançado mais do que nunca para a produção de remédios", explica o representante da Fiocruz junto ao programa nacional, Glauco Villas Boas.
Projeto piloto
Com a rede, o grande grupo de trabalho quer desmistificar a idéia de que custa muito caro desenvolver medicamentos. "Custa caro sim, mas não é tanto e nem impossível. O Brasil tem uma massa científica capaz de ter uma base sólida de produção, metodologia e agora um modelo de gestão nacional, que é a Rede Fito-Amazônia, que servirá de projeto-piloto para os outros três biomas - Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica", disse Villas Boas.
Emblemática em biodiversidade, a região foi escolhida para iniciar os trabalhos, com sede no Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), tendo como maior proposta desenvolver fitofármacos e fitoterápicos, além de outras indústrias (inseticidas, repelentes, cosméticos e nutracêuticos).
Desta usina ainda não explorada, o pesquisador acredita ser possível, após organização do modelo, desenvolver entre cinco e dez anos, de 10 a 12 remédios nos quatro biomas. "Até o final do ano saberemos o que dá para produzir e em quanto tempo", garante o coordenador de Programas e Projetos Estratégicos da Fiocruz e também coordenador da Rede de Inovação de Biodiversidade na Amazônia, Edmundo Gallo.
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