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03 outubro 2007

AÇAI E MAL DE CHAGAS

A revolta de um paraense com as especulações de que todos os casos de 'Doenças de Chagas' registrados no Pará são derivados da contaminação dos frutos do açai, o "ouro negro" paraense

O açaí nosso de cada dia

É impressionante a ignorância das autoridades públicas, de empresários com interesses próprios e de uma imprensa sensacionalista que tenta tirar a alma do paraense em relação a fatos que se sucedem sobre a doença de Chagas, querendo responsabilizar o açaí.

Numa região como a nossa, onde 99,9% da população consomem o produto no almoço e no jantar todos os dias, pretendem tirar da mesa do paroara o 'pão nosso de cada dia', um alimento muito importante na dieta dos habitantes da Amazônia.

O açaí é o principal produto do extrativismo vegetal do Estado do Pará e da região amazônica. Tem importância incalculável, em virtude de sua utilização por grande parte da população, principalmente a ribeirinha, sem contar o que se aproveita da palmeira - frutos (alimento e artesanato), folhas (coberturas de casas e traçados), juçaras (ritas), raízes (vermífugos) e palmito (alimento e remédio anti-hemorrágico).

Não se pode atribuir qualquer caso da doença de Chagas ligado ao açaí, mesmo porque o seu consumo remonta aos tempos pré-colombianos e atualmente é cultivado não só na região amazônica, mas em diversos outros Estados brasileiros. Além disso, já foi introduzido no restante do mercado nacional e internacional. Não é à-toa que nos Estados Unidos come-se pizza de açaí.

As entidades que divulgaram com esses boatos querem arranjar um pai para a criança e justamente resolveram jogar a culpa para o 'laranja' açaí. A questão relativa ao barbeiro - transmissor da doença de Chagas - está sendo abordada com extrema irresponsabilidade. São necessários mais estudos, pesquisas, procurar a verdade e contá-la. É preciso esclarecer, analisar e interpretar, contribuir para o debate público.

Dá até para desconfiar em boicote, pois o consumo interno do açaí é de grande proporção, restando pouco para exportação. Será que não querem que o paraense desfrute do sabor marajoara? Além do mais, há interesses de grandes grupos, principalmente de supermercados, em fecharem as pequenas mercearias de venda do produto, pois ficaríamos à mercê do alto preço do produto.

Todo e qualquer alimento bem manuseado, com preparação e tratamento adequados, chegará perfeito às mãos do consumidor. É lógico que, se isso não acontecer, as conseqüências serão drásticas. Então, não vamos generalizar - ou deixaremos de nos alimentar.

Em vez de procurarem agulha no oceano, os governantes precisam buscar políticas públicas mais concretas de incentivo ao ouro negro, que, por enquanto, é do Pará; ou seja: desde a colheita feita pelo caboclo, transporte, comercialização do batedor de açaí e a venda ao cliente. Estão comprometidos com a sustentabilidade de negócios, projetos, empreendimentos e produto, considerando impactos e benefícios nos aspectos econômico, ambiental e social, envolvendo consumidores, fornecedores, parceiros, comunidades, órgãos competentes e demais partes interessadas, focados em educação, capacitação, conscientização e principalmente higiene.

* Carta de Luiz Miguel Inácio Ferreira, de Pontas de Pedras-PA, publicada no dia 02/10/2007 na seção ‘Cartas na Mesa’ do jornal paraense ‘O Liberal’

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Estou indignada com o governo do estado do Pará. Há alguns anos perdi um tio por causa dessa maldita doença e na semana passada, um primo de apenas 26 anos de idade perdeu a vida por culpa da NEGLICÊNCIA MÉDICA E POLÍTICA DESSE LUGAR MALDITO. Ainda vingarei a morte de meus parentes...Eu juro...

21/09/2008, 20:27  

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