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02 outubro 2007

ACIDENTES ENTRE IDOSOS ACREANOS: FALTA PROGRAMA DE PREVENÇÃO

Pesquisa da UFAC conduzida junto a 93 idosos no bairro ‘6 de Agosto’, em Rio Branco, indica que 57% deles já sofreram acidentes (quedas), e mais da metade (54,7%) se acidentou pelo menos duas vezes. Dos acidentados, 26,4% sofreram fraturas e 90,6% foram submetidos a cirurgias. A falta de orientações para evitar os acidentes indica que os nossos idosos estão, literalmente, abandonados à própria sorte!

A mudança no perfil epidemiológico, social, demográfico e nutricional dos últimos anos levou a uma série de modificações na qualidade de vida da nossa população. Entre as mudanças mais destacadas podem ser citadas a melhoria das condições de vida, diminuição da natalidade, aumento da expectativa de vida e a migração das doenças infecto-parasitárias para as doenças e agravos não transmissíveis.

Neste último aspecto, incluem-se as quedas entre a população idosa, que se constituem numa importante causa de morbimortalidade, pois, na medida em que a pessoa envelhece, o risco de quedas e lesões aumentam. Vale ressaltar que entre as internações hospitalares por causas externas, as quedas estiveram em primeiro lugar com 41% do total das internações.

Esta foi a principal razão que levou os pesquisadores Yonara Pereira de Araújo e Creso Machado Lopes, do Departamento de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Acre-UFAC, a realizar uma pesquisa para levantar o conhecimento dos idosos e cuidadores sobre os fatores de risco, conseqüências e medidas preventivas contra as quedas.

A pesquisa, do tipo exploratório-descritiva, de natureza prospectiva e com abordagem quanti-qualitativa, foi desenvolvida junto a 93 idosos residentes no Bairro 6 de Agosto, no município de Rio Branco - Acre. Para a coleta de dados foi utilizado um roteiro de entrevista, com perguntas abertas e fechadas. Os dados foram processados no Programa Epinfo-6 e a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFAC.

Maioria dos idosos pesquisados já sofreu acidentes

Dos 93 idosos entrevistados, 44,1% estavam na faixa etária de 60-69 anos, sendo, portanto, idosos novos, 69,9% eram do gênero feminino, 45,2% eram analfabetos e 44,1% possuíam o primeiro grau incompleto. Quanto às quedas, 57% dos entrevistados já haviam sofrido, com 54,7% de 1-2 vezes, sendo que 26,4% sofreram fraturas, 90,6% foram submetidos a cirurgias, e 68,8% sabiam das complicações das quedas.

Em 88% dos casos, as razões das quedas foram acidentes diversos, escadas, escorregão e piso liso. Na maioria das vezes (52,8%), os acidentes aconteceram no próprio domicílio dos idosos.

Dos idosos que sofreram quedas, 8 (15,1%) mencionaram que surgiram outras doenças, tais como: diabetes, catarata, labirintite, reumatismo, osteoporose e hipertensão arterial. Por sua vez, 77,4% dos acidentados referiram ter medo de voltar a cair. Ao levantar as situações que contribuem para as quedas, as maiores freqüências foram para piso molhado ou escorregadio, com 22,9%. Como medidas preventivas para evitá-las, 47,9% mencionaram andar com cuidado, devagar e calçado.

Sem programa de prevenção

O mais preocupante foi que apenas 5,4% dos idosos indicaram que receberam visita de profissionais da saúde no domicílio para realizar prevenção contra quedas. Segundo eles, 94,6% dos cuidadores que os visitaram não receberam nenhum tipo de orientação sobre prevenção. Em 21,5% dos casos, a prevenção e orientação foram dadas pelos seus médicos.

A pesquisa reforça a preocupação do conhecimento dos idosos e cuidadores sobre a problemática das quedas, complicações e medidas preventivas, pois os dados levantados reforçam a necessidade de maior orientação, principalmente pela equipe de saúde da família.

Para maiores detalhes sobre a pesquisa “Conhecimento de idosos e cuidadores sobre riscos e medidas preventivas contra as quedas”, os interessados devem entrar em contato com o Prof. Dr. Creso Machado Lopes (creso@ufac.br) , no Departamento de Ciências da Saúde da UFAC, localizado na BR364, km 4, Bairro Distrito Industrial, CEP 69.915-900, Rio Branco-Acre.