MORTALIDADE INFANTIL E DESIGUALDADE SOCIAL
Combate à desigualdade social é essencial para reduzir mortalidade infantil
Fernanda Marques
Agência Fiocruz de Notícias
Nos municípios que apresentam melhor distribuição de renda e maior PIB per capita, sete em cada mil nascidos vivos morrem por causas evitáveis antes de completarem 1 ano de vida. Por outro lado, nos municípios com pior distribuição de renda e menor PIB per capita, esse coeficiente chega a 18 por mil, isto é, uma mortalidade cerca de 150% superior. É o que revela um estudo publicado em fevereiro na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz.
A pesquisa investigou a associação entre variáveis socioeconômicas, indicadores de serviços e investimentos em saúde e a mortalidade infantil por causas evitáveis. Foram analisados dados relativos aos quase 300 municípios brasileiros com mais de 80 mil habitantes. Nesses municípios, entre 2000 e 2002, ocorreram mais de 63 mil óbitos de crianças menores de 1 ano que poderiam ter sido evitados por meio de medidas como vacinação, controle adequado na gravidez e ações de prevenção, diagnóstico e tratamento precoce.
Os pesquisadores verificaram que maiores Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), proporção de pessoas vivendo em domicílios com banheiro e água encanada, despesa total com saúde por habitante e número de médicos por mil habitantes estavam associados a menores coeficientes de mortalidade infantil por causas evitáveis. Estes também eram menores nos municípios do Sul e Sudeste, se comparados aos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, evidenciando uma desigualdade geográfica.
Contudo, de acordo com os autores, um maior número de estabelecimentos de saúde por 10 mil habitantes não esteve associado a menores taxas de mortalidade infantil. “Esse resultado pode ser explicado pelo fato de que um maior número desses estabelecimentos no município não necessariamente reflete uma melhor atenção primária ou um setor de média e alta complexidade mais bem estruturado e equipado”, diz o artigo, assinado por Antonio Boing, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade de São Paulo (USP), e Alexandra Crispim Boing, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali).
No Brasil, nas últimas décadas, vem sendo observada uma tendência geral de redução das mortes infantis. Em 1980, morriam no país 83 crianças a cada mil nascidas vivas e, em 2004, essa taxa havia caído para 27 por mil. Contudo, este coeficiente ainda é elevado, sobretudo se consideradas as diferenças entre ricos e pobres.
“Reduzir a taxa de mortalidade infantil por causas evitáveis no país é fundamental, entretanto há desafios adicionais. Um deles é diminuir a desigualdade na distribuição dos óbitos entre os estratos sociais e as regiões geográficas”, afirmam os pesquisadores. “Olhares e ações iguais para realidades distintas apenas acentuarão as desigualdades, havendo necessidade, portanto, de políticas públicas coerentes com cada realidade. A alocação de recursos e o desenvolvimento de estratégias sociais e de saúde devem levar essa realidade em consideração”, concluem.
Crédito da imagem: World Pressq/Fiocruz
Fernanda Marques
Agência Fiocruz de Notícias
Nos municípios que apresentam melhor distribuição de renda e maior PIB per capita, sete em cada mil nascidos vivos morrem por causas evitáveis antes de completarem 1 ano de vida. Por outro lado, nos municípios com pior distribuição de renda e menor PIB per capita, esse coeficiente chega a 18 por mil, isto é, uma mortalidade cerca de 150% superior. É o que revela um estudo publicado em fevereiro na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz.
A pesquisa investigou a associação entre variáveis socioeconômicas, indicadores de serviços e investimentos em saúde e a mortalidade infantil por causas evitáveis. Foram analisados dados relativos aos quase 300 municípios brasileiros com mais de 80 mil habitantes. Nesses municípios, entre 2000 e 2002, ocorreram mais de 63 mil óbitos de crianças menores de 1 ano que poderiam ter sido evitados por meio de medidas como vacinação, controle adequado na gravidez e ações de prevenção, diagnóstico e tratamento precoce.
Os pesquisadores verificaram que maiores Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), proporção de pessoas vivendo em domicílios com banheiro e água encanada, despesa total com saúde por habitante e número de médicos por mil habitantes estavam associados a menores coeficientes de mortalidade infantil por causas evitáveis. Estes também eram menores nos municípios do Sul e Sudeste, se comparados aos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, evidenciando uma desigualdade geográfica.
Contudo, de acordo com os autores, um maior número de estabelecimentos de saúde por 10 mil habitantes não esteve associado a menores taxas de mortalidade infantil. “Esse resultado pode ser explicado pelo fato de que um maior número desses estabelecimentos no município não necessariamente reflete uma melhor atenção primária ou um setor de média e alta complexidade mais bem estruturado e equipado”, diz o artigo, assinado por Antonio Boing, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade de São Paulo (USP), e Alexandra Crispim Boing, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali).
No Brasil, nas últimas décadas, vem sendo observada uma tendência geral de redução das mortes infantis. Em 1980, morriam no país 83 crianças a cada mil nascidas vivas e, em 2004, essa taxa havia caído para 27 por mil. Contudo, este coeficiente ainda é elevado, sobretudo se consideradas as diferenças entre ricos e pobres.
“Reduzir a taxa de mortalidade infantil por causas evitáveis no país é fundamental, entretanto há desafios adicionais. Um deles é diminuir a desigualdade na distribuição dos óbitos entre os estratos sociais e as regiões geográficas”, afirmam os pesquisadores. “Olhares e ações iguais para realidades distintas apenas acentuarão as desigualdades, havendo necessidade, portanto, de políticas públicas coerentes com cada realidade. A alocação de recursos e o desenvolvimento de estratégias sociais e de saúde devem levar essa realidade em consideração”, concluem.
Crédito da imagem: World Pressq/Fiocruz
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