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13 janeiro 2009

NOVA HIPÓTESE DE OCUPAÇÃO DAS AMÉRICAS

Dados genéticos indicam que primeiros habitantes do continente seguiram duas rotas de migração

Thaís Fernandes
Ciência Hoje On-line

[Os mapas mostram a distribuição espacial das linhagens genéticas D4h3 (à esquerda) e X2a (à direita) em americanos nativos, o que indica a existência de duas rotas de migração distintas durante a ocupação das Américas: uma pela costa do oceano Pacífico em direção ao sul e outra diretamente para o leste da América do Norte (imagens: Current Biology).]

A ocupação do continente americano ocorreu por meio de duas rotas de migração distintas, ao contrário do que se acreditava. Novas evidências genéticas indicam que pelo menos dois grupos separados chegaram às Américas quase ao mesmo tempo e seguiram caminhos diferentes: um pela costa do oceano Pacífico rumo ao sul e outro pelo interior em direção ao leste da América do Norte.

Os primeiros americanos chegaram ao continente pelo estreito de Bering (porção de terra que conectou o nordeste da Sibéria ao Alasca durante a última idade do gelo) entre 15 mil e 17 mil anos atrás. Estudos recentes baseados em registros arqueológicos e ambientais sugeriam que eles migraram para o sul pelo litoral do oceano Pacífico. Esse povo teria originado quase todos os grupos de americanos nativos modernos das Américas do Norte, Central e do Sul.

A hipótese de que os primeiros habitantes das Américas tiveram uma origem dupla baseia-se na análise de duas raras e pouco estudadas linhagens de DNA mitocondrial existentes entre os americanos nativos modernos: D4h3 e X2a. O DNA mitocondrial, transmitido diretamente de mãe para filho, permite verificar se um grupo compartilha um ancestral materno comum.

Os mapas mostram a distribuição espacial das linhagens genéticas D4h3 (à esquerda) e X2a (à direita) em americanos nativos, o que indica a existência de duas rotas de migração distintas durante a ocupação das Américas: uma pela costa do oceano Pacífico em direção ao sul e outra diretamente para o leste da América do Norte (imagens: Current Biology).

A equipe internacional que conduziu a pesquisa, liderada por Antonio Torroni, da Universidade de Pavia (Itália), analisou pela primeira vez o DNA mitocondrial completo dessas duas linhagens.

Os resultados mostram que, nos estágios iniciais da colonização das Américas, a linhagem D4h3 se espalhou do estreito de Bering em direção à América do Sul pela costa do oceano Pacífico, alcançando rapidamente a Terra do Fogo. Essa rota teria provavelmente desempenhado o papel principal no povoamento do continente.

Rota alternativa

Já a linhagem X2a permaneceu restrita à América do Norte, exercendo impacto significativo na ocupação dessa parte do continente. Esse grupo seguiu um corredor terrestre aberto entre duas placas de gelo que levava diretamente para o leste das montanhas rochosas e povoou as regiões dos grandes lagos e grandes planícies. A existência desse corredor terrestre é compatível com dados paleoecológicos e ambientais.

“A dupla origem dos primeiros americanos é uma novidade surpreendente do ponto de vista genético”, dizem os pesquisadores no artigo que descreve o estudo, publicado esta semana na revista Current Biology. “As migrações iniciais do Pleistoceno em direção às Américas podem ter ocorrido em uma estreita janela de tempo de não mais que 2 mil anos, com uma sucessão de movimentos temporariamente distintos ao longo da rota costeira e do corredor sem gelo.”

Essas evidências genéticas fornecem novos elementos ao debate sobre as razões da grande diversidade cultural e linguística observada entre os americanos nativos. Os modelos tradicionais defendem que os primeiros grupos de humanos a colonizar as Américas vieram de uma única população, o que implicaria a existência inicial de apenas uma família linguística e um tipo de tecnologia e cultura.

Para Torroni, muito provavelmente mais de uma língua era usada entre os americanos nativos. Além disso, as diferentes tecnologias observadas em sítios arqueológicos da América do Norte poderiam estar relacionadas a grupos genéticos separados que usaram rotas migratórias distintas, em vez de serem resultado de diferenciação local. “Nosso estudo não encerra o debate, mas as implicações dos nossos resultados são significativas.”

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

adorei esse site salvou minha nota!

05/03/2009, 22:33  
Anonymous Anônimo said...

Esse novo dado ajudou-me nas aulas que ministro para o 5o. ano de um Colégio particular em guarulhos. Ilustrou e enriqueceu minha aula com a lousa digital.

03/03/2010, 16:23  

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