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05 fevereiro 2009

MATO GROSSO DO SUL CONTRA A ALTERAÇÃO DO FUSO HORÁRIO

Mexida no horário converte pessoas em zumbis, diz médico

João Prestes e Valdelice Bonifácio
Marineiva Rodrigues
MidiaMax News

Mexer com frequência no horário pode ser muito prejudicial à saúde, alertam especialistas. O médico cardiologista Luiz Ovandro chega a afirmar que as mudanças bruscas na rotina transformam as pessoas em zumbis. É o caso do horário de verão, quando mais de metade do país adianta em uma hora os relógios sob o pretexto de economizar energia.

Essa simples mexida no relógio é responsável pelo aumento das ocorrências cardiovasculares (infarto, por exemplo) em 5%, provoca entre 7 e 8% mais acidentes de trânsito e pior: afeta até o intelecto das pessoas. Essa última informação é do psiquiatra José Carlos Rosa Pires, especialista em sono.

Luiz Ovando acrescenta que para cada hora de sono perdida, a pessoa diminui um ponto no QI (Quociente de Inteligência), o índice que mede a inteligência do ser humano. O psiquiatra tem um exemplo irrefutável: Albert Einstein, gênio autor da teoria da relatividade, dormia 11 horas por dia.

E nesse quesito o brasileiro está em larga desvantagem. Segundo Ovando, a defasagem de sono do cidadão comum é de 500 horas por ano. O ideal – diz ele – seria dormir no mínimo oito horas por dia. Com o horário de verão a situação se agrava, pois as pessoas não conseguem dormir mais cedo, e no entanto são obrigadas a acordar uma hora antes do habitual.

“É ao dormir que o cérebro consome oxigênio e glicose. O sono também faz o organismo liberar o hormônio do crescimento, por isso a criança precisa dormir mais que o adulto”, diz o psiquiatra Rosa Pires. O resultado de uma noite mal dormida não carece de citação especializada: estresse, indisposição, até falta de concentração, o que pode ser um risco para motoristas.

Cartilha

Ovandro e Rosa Pires integram o comitê que defende a manutenção do atual horário do Estado, em contraposição a projeto que tramita no Congresso Nacional visando igualar o relógio de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo. O argumento de quem defende a mudança são as vantagens econômicas, já os contrários alertam para os riscos à saúde e lembram a esfericidade da Terra, por isso a existência dos fusos horários.

O meteorologista Natálio Abrão argumenta, inclusive, que a mudança do horário complicaria a leitura do mapa climático. O software que faz essa leitura obedece o movimento solar atual, baseado no horário estabelecido. “Tanto que no horário de verão, ele faz a leitura com base no horário antigo. Essa medida não é viável em termos de previsão do tempo. Os nossos equipamentos não vão aceitar”.

Com uma eventual mudança no horário, adiantando em uma hora o relógio, e em seguida a implantação do horário de verão, os danos à saúde das pessoas seriam maiores, assegura Rosa Pires. Foi ele que elaborou um parecer contrário à mudança de horário, no qual se baseou o Conselho Municipal de Saúde para se posicionar contra o projeto.

Os três compareceram hoje no início da tarde, ao plenarinho da Assembléia Legislativa, em evento do comitê pela manutenção do horário que lançou uma cartilha sobre o assunto. Foram impressos 4 mil exemplares da cartilha, que serão distribuídos sobretudo nos consultórios médicos, como forma de alertar as pessoas sobre os riscos da mudança.

Os membros do comitê – liderado pelo deputado estadual Paulo Duarte (PT) – querem a manifestação formal do Conselho Regional de Medicina. O lançamento da cartilha reuniu cerca de 40 pessoas.

Foto: Marineiva Rodrigues