TRABALHOS DA UFAC/INPA-ACRE NA SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 2. Botânica Aplicada
MAPEAMENTO, DENSIDADE DE PLANTAS E CÁLCULO PRELIMINAR DO POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE FRUTOS DE BURITI (Mauritia flexuosa) NA REGIÃO DE RIO BRANCO E ADJACÊNCIAS, ACRE, BRASIL
Evandro José Linhares Ferreira (1), (2) (evandro@inpa.gov.br); José de Ribamar Bandeira (1), (2); José Evandro Santos Lima (2)
1. Núcleo de Pesquisas no Acre do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA
2. Herbário do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre-UFAC
INTRODUÇÃO:
O buriti (Mauritia flexuosa) é uma palmeira dióica de grande porte capaz de formar extensas populações oligárquicas, os “buritizais”, que podem ocupar áreas contínuas de até 1 milhão de hectares, como ocorre nas cercanias de Iquitos, Peru. É amplamente distribuída no Brasil, desde a Amazônia até as regiões sudeste e nordeste, em áreas inundáveis ou com drenagem deficiente. No Acre é muito comum, sendo mais abundante no vale do rio Juruá, no oeste do Estado. Tradicionalmente é explorada por suas folhas, usadas em artesanatos e móveis, e a polpa dos frutos maduros que, além produzir óleo, é usada na alimentação humana. A popularização do biodiesel, um biocombustível derivado de óleos vegetais substituto do óleo diesel mineral, transformou o buriti em uma das oleaginosas nativas mais promissoras em razão do alto potencial oleífero das populações oligárquicas. Sua exploração extrativista sustentável é desejável porque se contraporá à agricultura itinerante de queima e derruba e a exploração madeireira predatória, responsáveis por grande parte da degradação ambiental da Amazônia. O objetivo deste trabalho foi mapear as populações naturais de buriti na região de Rio Branco, Acre, determinar a densidade natural das plantas e estimar o potencial de produção de frutos na região estudada.
METODOLOGIA:
O mapeamento incluiu o município de Rio Branco (9°58’29’’S; 67°48’36’’W) e regiões adjacentes de fácil acesso para evitar futuros problemas de escoamento da produção, haja vista o curto período de conservação dos frutos maduros e o fato da usina produtora de biodiesel se localizar em Rio Branco. O estudo foi realizado entre os meses de maio e julho, durante a safra. A localização dos buritizais foi feita com auxílio de informantes e observações visuais. Outras observações foram feitas em escritório, em imagens disponíveis no programa Google Earth. As populações encontradas foram mapeadas e tiveram a área estimada com auxílio de GPS, usando-se o programa GPS TrackMaker 13.1. Para o cálculo da densidade de plantas e da proporção de indivíduos masculinos e femininos, em cada população mapeada foi demarcada uma parcela com 2.400 m² (60 m de comprimento x 40 m de largura), onde todos os indivíduos em estágio produtivo foram contabilizados e observados quanto ao sexo. O cálculo preliminar do potencial de produção de frutos consistiu na estimativa de produção anual de frutos, usando dados obtida durante a realização de um experimento de amadurecimento artificial realizado anteriormente, multiplicada pelo número estimado de indivíduos femininos encontrados nas áreas mapeadas.
RESULTADOS:
Foram mapeados 16 buritizais considerados significativos tanto sob o ponto de vista de tamanho quanto pela facilidade de acesso a partir de Rio Branco. A área estimada dos buritizais levantados é de 102,5 hectares, sendo a maioria deles do tipo oligárquico. Alguns buritizais, especialmente os de menor área, se constituem em populações mistas, onde não se verifica a predominância do buriti de modo similar ao verificado nas áreas oligárquicas. A densidade geral para todas as áreas levantadas variou entre 245 e 448 plantas/ha e a relação entre plantas masculinas e femininas variou de 1:2,4 a 1:4. Estes números sugerem que a quantidade de plantas femininas, produtoras de frutos, varia entre 102, na menor densidade encontrada, a 112 indivíduos/ha, nas áreas mais densas. O cálculo da estimativa de produção de frutos/ha resultou em valores que variaram entre 800 e 1.200 kg, considerando a expectativa de se encontrar 102-112 plantas femininas/ha. O maior buritizal encontrado durante a realização deste estudo é uma população oligárquica com área contínua superior a 60 ha, localizado em uma área de preservação permanente de uma propriedade particular. Apesar de estar localizado a cerca de 12 km em linha reta da cidade de Rio Branco, o acesso ao mesmo ainda é muito precário.
CONCLUSÕES:
O potencial de exploração dos buritizais mapeados durante o presente estudo é promissor tendo em vista a facilidade de acesso e a distância dos mesmos à unidade produtora de biodiesel. Apesar disso, a exploração em bases comerciais para a produção de óleo depende do estabelecimento de uma cadeia comercial ainda inexistente. Por outro lado, a existência da maioria dos buritizais mapeados no entorno de Rio Branco está ameaçada pela especulação imobiliária. Em uma das regiões levantada, buritizais foram e continuam a ser destruídos para dar lugar a chácaras de recreio. Em outra, o avanço desordenado da urbanização por parte de famílias de baixa renda tem resultado no assoreamento e destruição de dezenas de hectares de buritizais produtivos. Estes fatos são preocupantes porque na situação atual os buritizais não são valorizados economicamente. Portanto, a aceleração do processo de aproveitamento do óleo de buriti para a produção de biodiesel no Acre é uma necessidade que representa não apenas o estabelecimento de um sistema sustentável de exploração extrativistas dos frutos da espécie, mas também a valoração econômica da espécie como forma de garantir a sua sobrevivência diante da destruição causada pelos habitantes da região.
Instituição de fomento: ELETRONORTE e Fundação de Tecnologia do Acre-FUNTAC
Palavras-chave: Acre; buriti; potencial.
MAPEAMENTO, DENSIDADE DE PLANTAS E CÁLCULO PRELIMINAR DO POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE FRUTOS DE BURITI (Mauritia flexuosa) NA REGIÃO DE RIO BRANCO E ADJACÊNCIAS, ACRE, BRASIL
Evandro José Linhares Ferreira (1), (2) (evandro@inpa.gov.br); José de Ribamar Bandeira (1), (2); José Evandro Santos Lima (2)
1. Núcleo de Pesquisas no Acre do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA
2. Herbário do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre-UFAC
INTRODUÇÃO:
O buriti (Mauritia flexuosa) é uma palmeira dióica de grande porte capaz de formar extensas populações oligárquicas, os “buritizais”, que podem ocupar áreas contínuas de até 1 milhão de hectares, como ocorre nas cercanias de Iquitos, Peru. É amplamente distribuída no Brasil, desde a Amazônia até as regiões sudeste e nordeste, em áreas inundáveis ou com drenagem deficiente. No Acre é muito comum, sendo mais abundante no vale do rio Juruá, no oeste do Estado. Tradicionalmente é explorada por suas folhas, usadas em artesanatos e móveis, e a polpa dos frutos maduros que, além produzir óleo, é usada na alimentação humana. A popularização do biodiesel, um biocombustível derivado de óleos vegetais substituto do óleo diesel mineral, transformou o buriti em uma das oleaginosas nativas mais promissoras em razão do alto potencial oleífero das populações oligárquicas. Sua exploração extrativista sustentável é desejável porque se contraporá à agricultura itinerante de queima e derruba e a exploração madeireira predatória, responsáveis por grande parte da degradação ambiental da Amazônia. O objetivo deste trabalho foi mapear as populações naturais de buriti na região de Rio Branco, Acre, determinar a densidade natural das plantas e estimar o potencial de produção de frutos na região estudada.
METODOLOGIA:
O mapeamento incluiu o município de Rio Branco (9°58’29’’S; 67°48’36’’W) e regiões adjacentes de fácil acesso para evitar futuros problemas de escoamento da produção, haja vista o curto período de conservação dos frutos maduros e o fato da usina produtora de biodiesel se localizar em Rio Branco. O estudo foi realizado entre os meses de maio e julho, durante a safra. A localização dos buritizais foi feita com auxílio de informantes e observações visuais. Outras observações foram feitas em escritório, em imagens disponíveis no programa Google Earth. As populações encontradas foram mapeadas e tiveram a área estimada com auxílio de GPS, usando-se o programa GPS TrackMaker 13.1. Para o cálculo da densidade de plantas e da proporção de indivíduos masculinos e femininos, em cada população mapeada foi demarcada uma parcela com 2.400 m² (60 m de comprimento x 40 m de largura), onde todos os indivíduos em estágio produtivo foram contabilizados e observados quanto ao sexo. O cálculo preliminar do potencial de produção de frutos consistiu na estimativa de produção anual de frutos, usando dados obtida durante a realização de um experimento de amadurecimento artificial realizado anteriormente, multiplicada pelo número estimado de indivíduos femininos encontrados nas áreas mapeadas.
RESULTADOS:
Foram mapeados 16 buritizais considerados significativos tanto sob o ponto de vista de tamanho quanto pela facilidade de acesso a partir de Rio Branco. A área estimada dos buritizais levantados é de 102,5 hectares, sendo a maioria deles do tipo oligárquico. Alguns buritizais, especialmente os de menor área, se constituem em populações mistas, onde não se verifica a predominância do buriti de modo similar ao verificado nas áreas oligárquicas. A densidade geral para todas as áreas levantadas variou entre 245 e 448 plantas/ha e a relação entre plantas masculinas e femininas variou de 1:2,4 a 1:4. Estes números sugerem que a quantidade de plantas femininas, produtoras de frutos, varia entre 102, na menor densidade encontrada, a 112 indivíduos/ha, nas áreas mais densas. O cálculo da estimativa de produção de frutos/ha resultou em valores que variaram entre 800 e 1.200 kg, considerando a expectativa de se encontrar 102-112 plantas femininas/ha. O maior buritizal encontrado durante a realização deste estudo é uma população oligárquica com área contínua superior a 60 ha, localizado em uma área de preservação permanente de uma propriedade particular. Apesar de estar localizado a cerca de 12 km em linha reta da cidade de Rio Branco, o acesso ao mesmo ainda é muito precário.
CONCLUSÕES:
O potencial de exploração dos buritizais mapeados durante o presente estudo é promissor tendo em vista a facilidade de acesso e a distância dos mesmos à unidade produtora de biodiesel. Apesar disso, a exploração em bases comerciais para a produção de óleo depende do estabelecimento de uma cadeia comercial ainda inexistente. Por outro lado, a existência da maioria dos buritizais mapeados no entorno de Rio Branco está ameaçada pela especulação imobiliária. Em uma das regiões levantada, buritizais foram e continuam a ser destruídos para dar lugar a chácaras de recreio. Em outra, o avanço desordenado da urbanização por parte de famílias de baixa renda tem resultado no assoreamento e destruição de dezenas de hectares de buritizais produtivos. Estes fatos são preocupantes porque na situação atual os buritizais não são valorizados economicamente. Portanto, a aceleração do processo de aproveitamento do óleo de buriti para a produção de biodiesel no Acre é uma necessidade que representa não apenas o estabelecimento de um sistema sustentável de exploração extrativistas dos frutos da espécie, mas também a valoração econômica da espécie como forma de garantir a sua sobrevivência diante da destruição causada pelos habitantes da região.
Instituição de fomento: ELETRONORTE e Fundação de Tecnologia do Acre-FUNTAC
Palavras-chave: Acre; buriti; potencial.
1 Comments:
Caro, Evandro José Linhares Ferreira, tenho muito interesse em estudos sobre o Buriti. O artigo é extremamente interessante e gostaria de agradecer pela contribuição.
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