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22 agosto 2009

LIGHT OU DIET? NEM OS DIABÉTICOS SABEM A DIFERENÇA!

Diabéticos desconhecem diferenças entre o light e o diet

Rosemeire Soares Talamone, do Serviço de Comunicação Social do campus de Ribeirão Preto

Pesquisa de mestrado realizada na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP revela que a maioria dos pacientes com diabetes mellitus, tipo 2, desconhece a diferença entre produtos diet e light, apesar de os consumirem com frequência. Os adoçantes líquidos são os mais utilizados e escolhidos pelo sabor, mas os pacientes também consomem produtos dietéticos, principalmente refrigerantes.

De acordo com o estudo, essa população não têm o hábito de leitura do rótulo dos produtos e, ainda, não se preocupa com a quantidade utilizada e nem sabe da importância do rodízio do uso de adoçantes, conforme recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse rodízio é importante para que não haja acúmulo de uma determinada substância no organismo como, por exemplo, açúcar, gordura e sódio.

Esse conjunto de desinformações, segundo a nutricionista Paula Barbosa de Oliveira, responsável pela pesquisa, pode trazer prejuízos para a saúde. “As pessoas com diabetes precisam restringir o uso de açúcar. O uso consciente e adequado destes produtos pode facilitar a adesão ao tratamento e, conseqüentemente, melhorar a qualidade de vida dos pacientes, suprindo o desejo pelo sabor doce, sem alterar a glicemia”, avalia.

A diferença entre os dois tipos de alimentos é que diet são aqueles que não possuem algum nutriente encontrado no produto convencional, que pode ser, por exemplo, açúcar, sódio ou gordura. Já light, é aquele que apresenta uma redução de, no mínimo, 25% do valor energético total ou de algum nutriente presente no produto convencional.

Assim, segundo Paula, o consumo excessivo desses produtos pode ter repercussão no controle glicêmico e trazer prejuízos para a saúde, além de gastos desnecessários. “Existe um limite diário recomendado pela OMS para cada edulcorante, que consiste na estimativa de uma quantidade de um aditivo alimentar em um alimento ou bebida, expressa em miligrama por quilograma de peso corpóreo, ou seja, esse limite varia de pessoa para pessoa.”

A pesquisadora lembra que o estudo evidencia ainda mais a necessidade de inclusão de informações sobre o uso adequado de adoçantes e produtos dietéticos nas atividades assistenciais aos pacientes com diabetes, nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), mas sem esquecer as características educacionais da população atendida. “Esse trabalho pode subsidiar programas educativos, principalmente no SUS”, aponta.

O objetivo da pesquisa foi analisar o consumo de adoçantes e produtos dietéticos por pessoas com diabetes mellitus, tipo 2, usuários do sistema público de saúde em Ribeirão Preto. “A pesquisa aconteceu no atendimento primário e secundário do SUS, e o tipo 2 foi escolhido por ser o mais freqüente nos locais de coleta escolhidos”, diz Paula.

Diabéticos no mundo

A conclusão da pesquisa se torna ainda mais preocupante quando dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIAD) revelam que este setor cresceu nos últimos anos e atualmente 35% dos lares brasileiros consomem algum tipo de produto diet ou light. Além disso, 83,3% dos entrevistados foram classificados com sobrepeso ou obesidade. “Estima-se que o número de pessoas com diabetes no mundo passará de 135 milhões em 1995 para 300 milhões em 2025. No Brasil, dados de 1992 em nove capitais brasileiras mostrou uma prevalência de 7,6% na população de 30 a 69 anos de idade.”

Para o estudo, descritivo, a pesquisadora entrevistou 120 pacientes, 60 do sexo masculino e 60 do sexo feminino, com média de idade de 63,1 anos, e com diagnóstico de diabetes há 9,8 anos, em média. Os dados revelaram que não são significantes as diferenças entre homens e mulheres com relação ao consumo de produtos diet e light.

“O que encontramos foi que os idosos usam mais adoçantes e menos açúcar que os adultos, e as mulheres levam mais o adoçante ao saírem de casa e se dizem mais preocupadas com a quantidade consumida do que os homens. Entre os atendidos no nível primário, o hábito de leitura de rótulos é mais freqüente, mas no secundário existe uma preocupação maior com a quantidade de adoçante utilizada.”

O mestrado Consumo de adoçantes e produtos dietéticos por indivíduos com diabetes mellitus tipo 2, atendidos pelo Sistema Único de Saúde em Ribeirão Preto, foi defendido no último dia 7, no Programa Saúde na Comunidade, com orientação do professor Laercio Joel Franco, e teve apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).