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15 agosto 2009

MARINA CANDIDATA A PRESIDENTE

PT do Acre promete a Lula que Marina não baterá em Dilma na campanha

Gerson Camarotti
O Globo

BRASÍLIA - Um "pacto de convivência" entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a senadora Marina Silva e seu grupo político no Acre foi acertado, nesta sexta, em encontro no gabinete do presidente Lula. O acerto precede o anúncio da saída da senadora e ex-ministra do Meio Ambiente do PT, o que deve ocorrer nos próximos dias. Participaram Lula, seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, e três petistas que, ao lado de Marina, comandam a política do Acre há 15 anos: o ex-governador Jorge Viana, o atual, Binho Marques, e o senador Tião Viana. (Leia mais: Marina Silva: atraída pela promessa de mudança do PV)

A reunião teve como objetivo distensionar a relação entre o Palácio do Planalto e o PT do Acre com a provável filiação de Marina ao PV na próxima semana. Segundo relatos, o presidente Lula ouviu dos interlocutores a garantia de que, numa eventual candidatura presidencial da senadora, não haveria um discurso crítico ao seu governo e nem à política ambiental.

Os três petistas garantiram a Lula que, nesse cenário, Marina fará uma campanha propositiva contra o governo e sua provável adversária no PT, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, sem ataques pessoais. Em 2008, Marina deixou o Ministério do Meio Ambiente depois de duros embates com Dilma por causa de entraves ambientais para a construção de obras de infra-estrutura.

'Esse é um momento de dificuldade', diz Jorge Viana

Na conversa, Lula reconheceu todas as dificuldades para avançar na área ambiental. Mas ponderou que ser governo significa assumir responsabilidades mais amplas e que, nesta condição, não é possível atuar de forma restrita, pensando apenas num setor específico.

Lula também disse aos petistas do Acre que não haverá retaliação à senadora por causa de sua saída do partido. Ele ainda afirmou que ninguém do governo deve trabalhar para desconstruir a imagem de Marina Silva, ou mesmo a sua gestão como ministra do governo durante quase seis anos.

- Este é um momento de dificuldade para o nosso grupo político no Acre. Estamos muito tensionados. Mas o presidente Lula estava tranquilo e nos passou essa calma. Agora, é uma maldade essa versão de que haveria a desconstrução da imagem de Marina por parte do governo ou qualquer retaliação, caso ela deixe o PT. Isso não existe - afirmou o ex-governador Jorge Viana, evitando dar detalhes do encontro.

Na conversa, Lula voltou a repetir o que já dissera na noite de quarta-feira, num jantar com integrantes da cúpula do PSB: não fará gesto algum para impedir a candidatura de Marina. Ele lembrou que ele não poderia fazer isso, até porque já disputou cinco eleições presidenciais. Embora tenha lamentado a decisão da senadora, Lula repetiu que também não conversaria com ela.

Em entrevista ao blog do jornalista Ricardo Kotscho publicada nesta sexta, Marina disse que sua decisão passa por três etapas: sair do PT, filiar-se ao PV e, por fim, discutir a candidatura:

- Ninguém sai de um partido, depois de 30 anos, e vai para outro só para se candidatar a presidente da República. Essa é uma reflexão visceral para mim e para este século, principalmente para os jovens. Agora vou me recolher em mim mesma para decidir. Precisamos atender ao mesmo tempo às legítimas necessidades das gerações presentes sem inviabilizar o futuro. Precisamos construir uma aliança intergeracional com compromisso ético.

Convite feito há duas semanas

Lá se vão mais de duas semanas da iniciativa do PV e dez dias da sua divulgação. Neste período, a eventual candidatura vem sendo vista por especialistas políticos e até por analistas de bancos como um sopro de novidade no quadro eleitoral.

O foco das análises recai no potencial impacto da opção Marina na candidatura de Dilma, e a ameaça que ela colocaria à intenção de Lula de polarizar a eleição com o PSDB, levando a uma escolha plebiscitária pelo eleitor.

Em pesquisa encomendada pelo PV, Marina tem entre 10 e 28% das intenções de voto. Depois de forte exposição na mídia nos últimos dias, Marina contou que agora vai se recolher, após fechar um círculo de conversas . A decisão sai em breve, muito provavelmente até o final deste mês.

- Não vou prolongar, como se fosse uma novela. Vou ficar este fim de semana e início de semana recolhida, em respeito ao PT, ao PV e a mim mesma - afirmou.

A senadora adiantou ainda que o possível anúncio de um novo partido virá antes da deliberação sobre a candidatura à sucessão de Lula, que pode sair meses depois. Marina evita tratar do impacto na campanha de Dilma.

- Não me coloco como candidata (à Presidência). Estou tratando sobre desfiliação ou não.

Quanto a sua saída do ministério em maio de 2008, diz que não tinha mais condições políticas para conduzir as reformas estruturantes e não poupa ataques ao ex-ministro Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), que disputou com ela, e venceu, a prerrogativa de tocar o projeto de desenvolvimento da Amazônia.

- Ele tem uma visão equivocada da Amazônia. Acha que não importa como as pessoas ocuparam a Amazônia, é como se tivessem feito um favor - disse, referindo-se ao projeto de regularização fundiária, defendido por Mangabeira.

Marina ainda ironiza notícias de que o Planalto já estaria se armando para rebater suas críticas.

- Como sou pacifista, não vou usar armas. Argumentos são as melhores armas na sociedade.

1 Comments:

Blogger Acreucho said...

Professor, será que isso é um acordão?

Leia no meu Blog

15/08/2009, 22:40  

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