VEÍCULO PARA MEDICAMENTOS 'ENGANA' CÉLULAS TUMORAIS
Pesquisadores da USP em Ribeirão Preto criaram uma emulsão lipídica capaz de levar medicamentos até áreas do organismo que costumam rejeitá-los ou a células tumorais. A mistura passa pelas defesas do organismo e é absorvida pelas células dos tumores
Por Nilbberth Silva - nilbberth.silva@usp.br
Agência USP de Notícias
Testes em animais mostraram que o veículo pode carregar remédios que tratam o câncer de pele.Uma das aplicações do veículo é levar medicamentos até células tumorais de difícil acesso
“O que a gente busca é o melhor ‘cavalo de Tróia’, capaz de entrar no organismo e não ser eliminado por ele”,compara Antonio Claudio Tedesco, da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP). Ele é chefe do Laboratório de Fotobiologia e Fotomedicina, onde foi feita a pesquisa. “O veículo deve ser atrativo, sutil e carregar o princípio ativo de interesse”.
A emulsão consegue ser “atraente” porque é a versão feita em laboratório de uma lipoproteína – uma classe de moléculas que circula livremente no sangue e que possui um grande número de substâncias. Um exemplo de lipoproteína é o LDL, o “mau colesterol”. As células têm muitos receptores para detectá-las, porque, quando as absorvem, precisam gastar pouca energia para conseguir uma grande quantidade de nutrientes. As células tumorais têm ainda mais receptores para as lipoproteínas, porque estão em atividade replicadora muito alta.
Quanto mais substâncias os pesquisadores incorporam na emulsão, mais difícil de passar despercebida pelo corpo e mais instável ela se tornava. “A maneira de torná-la sutil”, conta Tedesco, “é buscar construir uma lipoproteína sintética que pareça ao máximo com as lipoproteínas do sangue”. Para conseguir agregar de forma estável os lipídeos, as proteínas e o remédio, os pesquisadores utilizaram técnicas de nanotecnologia.
Uma das aplicações do veículo é levar medicamentos até células tumorais de difícil acesso. “Pode ser o câncer nas camadas mais profundas da pele, câncer de próstata, bexiga, últero…”, enumera Tedesco. O veículo direciona melhor os fármacos, enquanto os quimioterápicos sozinhos atingem todas as células que se multiplicam rapidamente no organismo. “É por isso que o cabelo e a unha caem, o sistema imunológico fica deficiente”.
Tratando câncer
A emulsão tem potencial para levar princípios ativos de medicamentos que tratam doenças do Sistema Nervoso Central e doenças odontológicas, entre outras. Os estudos com animais mostraram que ela é muito eficiente para carregar fármacos fotossensíveis para câncer de pele, exceto o melanoma.
Os fármacos fotossensíveis atuam somente ao receberem luz visível numa determinada frequência de onda. Quando isso acontece, eles liberam uma grande quantidade de radicais-livres, o que avisa a célula que ela deve “suicidar-se” — um processo chamado pelos cientistas de apoptose . Esses radicais, contudo, só atuam na área iluminada e em poucas células do entorno.
Tedesco pretende agora estudar como a emulsão pode ajudar a tratar o glioma — câncer que acontece na cabeça e é letal na maioria dos casos. “No caso do sistema nervoso central, o grande problema é que os medicamentos da quimioterapia nem conseguem chegar aos alvos dentro do cérebro”, diz. Isso acontece por causa da barreira hematoencefálica — um conjunto de células que impede a troca de moléculas grandes entre o sangue e o líquido cerebral. Mas as células da barreira levam as lipoproteínas do sangue para dentro do cérebro. A idéia, agora, é enganar essas células também.
Por Nilbberth Silva - nilbberth.silva@usp.br
Agência USP de Notícias
Testes em animais mostraram que o veículo pode carregar remédios que tratam o câncer de pele.Uma das aplicações do veículo é levar medicamentos até células tumorais de difícil acesso
“O que a gente busca é o melhor ‘cavalo de Tróia’, capaz de entrar no organismo e não ser eliminado por ele”,compara Antonio Claudio Tedesco, da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP). Ele é chefe do Laboratório de Fotobiologia e Fotomedicina, onde foi feita a pesquisa. “O veículo deve ser atrativo, sutil e carregar o princípio ativo de interesse”.
A emulsão consegue ser “atraente” porque é a versão feita em laboratório de uma lipoproteína – uma classe de moléculas que circula livremente no sangue e que possui um grande número de substâncias. Um exemplo de lipoproteína é o LDL, o “mau colesterol”. As células têm muitos receptores para detectá-las, porque, quando as absorvem, precisam gastar pouca energia para conseguir uma grande quantidade de nutrientes. As células tumorais têm ainda mais receptores para as lipoproteínas, porque estão em atividade replicadora muito alta.
Quanto mais substâncias os pesquisadores incorporam na emulsão, mais difícil de passar despercebida pelo corpo e mais instável ela se tornava. “A maneira de torná-la sutil”, conta Tedesco, “é buscar construir uma lipoproteína sintética que pareça ao máximo com as lipoproteínas do sangue”. Para conseguir agregar de forma estável os lipídeos, as proteínas e o remédio, os pesquisadores utilizaram técnicas de nanotecnologia.
Uma das aplicações do veículo é levar medicamentos até células tumorais de difícil acesso. “Pode ser o câncer nas camadas mais profundas da pele, câncer de próstata, bexiga, últero…”, enumera Tedesco. O veículo direciona melhor os fármacos, enquanto os quimioterápicos sozinhos atingem todas as células que se multiplicam rapidamente no organismo. “É por isso que o cabelo e a unha caem, o sistema imunológico fica deficiente”.
Tratando câncer
A emulsão tem potencial para levar princípios ativos de medicamentos que tratam doenças do Sistema Nervoso Central e doenças odontológicas, entre outras. Os estudos com animais mostraram que ela é muito eficiente para carregar fármacos fotossensíveis para câncer de pele, exceto o melanoma.
Os fármacos fotossensíveis atuam somente ao receberem luz visível numa determinada frequência de onda. Quando isso acontece, eles liberam uma grande quantidade de radicais-livres, o que avisa a célula que ela deve “suicidar-se” — um processo chamado pelos cientistas de apoptose . Esses radicais, contudo, só atuam na área iluminada e em poucas células do entorno.
Tedesco pretende agora estudar como a emulsão pode ajudar a tratar o glioma — câncer que acontece na cabeça e é letal na maioria dos casos. “No caso do sistema nervoso central, o grande problema é que os medicamentos da quimioterapia nem conseguem chegar aos alvos dentro do cérebro”, diz. Isso acontece por causa da barreira hematoencefálica — um conjunto de células que impede a troca de moléculas grandes entre o sangue e o líquido cerebral. Mas as células da barreira levam as lipoproteínas do sangue para dentro do cérebro. A idéia, agora, é enganar essas células também.
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