CENSO AGROPECUÁRIO: MAIS PRODUÇÃO EM MENOR ÁREA
Fabiane Stefano
Repórter da Revista EXAME
Depois de três anos, finalmente, o censo agropecuário foi divulgado. O levantamento produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística traz um retrato mais acurado das mudanças que o agronegócio nacional sofreu de 1996 a 2006. Nele, está o incrível avanço da soja no país, com um crescimento de 88% na produção - sendo que quase metade da safra foi de transgênicos em 2006. O rebanho nacional também cresceu 12% em relação ao último censo, registrando um total de 171,6 milhões de cabeças.
Um dado que chama a atenção é a redução de área para a agropecuária brasileira. Os 5,2 milhões de estabelecimentos rurais perderam uma área de 23,6 milhões de hectares, passando a ocupar quase 330 milhões de hectares - o que equivale a 36,75% do território nacional. Segundo o IBGE, uma das possíveis razões que explica essa diminuição foi o aumento das áreas de conservação de ambiental e de reservas indígenas, que juntas ganharam cerca de 60 milhões de hectares no período de 1996 a 2006.
No ano de 2006, o valor da produção dos estabelecimentos rurais foi de 147 bilhões de reais. Três setores do agronegócio nacional concentram quase 40% do valor da produção: soja, cana e pecuária bovina. Esta última é a principal atividade rural brasileira, identificada em mais de 30% das propriedades.
Ao mesmo tempo em que o censo mostra avanços importantes, ele também traz dados alarmantes. Cerca de 80% dos produtores agropecuários eram analfabetos ou não concluíram o ensino médio. Mais da metade das propriedades que utilizam agrotóxicos não recebeu orientação técnica para isso. Apenas 17% das propriedades tiveram acesso a algum tipo de financiamento. É o lado B de um dos setores mais importantes da economia brasileira.
Concentração de renda
Embora o estudo não trate especificamente da renda, acho importante olhar a questão da concentração de terras. O censo 2006 mostra que a estrutura fundiária permaneceu praticamente inalterada, em relação aos levantamentos de 1985 e 1995. Os estabelecimentos com mais de 1 000 hectares, que representam cerca de 1% do total das propriedades, ocupavam 43% da área total dedicada à agropecuária. Já os estabelecimentos com menos de 10 hectares (que equivalem a 47% do total de propriedades pesquisadas) detinham 2,7% da área total.
Para medir a concentração no campo, no entanto, o IBGE utilizou o índice de Gini, que mede desigualdade. Por esse parâmetro, a concentrou aumentou 1,9% em relação a 1995 - sendo que o maior crescimento foi verificado no estado de São Paulo. De acordo com o IBGE, a concentração ocorreu especialmente entre as propriedades médias - o que necessariamente não é uma coisa ruim. Nesse caso, terras que estavam sendo subutilizadas entram em produção - gerando riqueza e emprego. Melhor que terra parada e abandonada.
Repórter da Revista EXAME
Depois de três anos, finalmente, o censo agropecuário foi divulgado. O levantamento produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística traz um retrato mais acurado das mudanças que o agronegócio nacional sofreu de 1996 a 2006. Nele, está o incrível avanço da soja no país, com um crescimento de 88% na produção - sendo que quase metade da safra foi de transgênicos em 2006. O rebanho nacional também cresceu 12% em relação ao último censo, registrando um total de 171,6 milhões de cabeças.
Um dado que chama a atenção é a redução de área para a agropecuária brasileira. Os 5,2 milhões de estabelecimentos rurais perderam uma área de 23,6 milhões de hectares, passando a ocupar quase 330 milhões de hectares - o que equivale a 36,75% do território nacional. Segundo o IBGE, uma das possíveis razões que explica essa diminuição foi o aumento das áreas de conservação de ambiental e de reservas indígenas, que juntas ganharam cerca de 60 milhões de hectares no período de 1996 a 2006.
No ano de 2006, o valor da produção dos estabelecimentos rurais foi de 147 bilhões de reais. Três setores do agronegócio nacional concentram quase 40% do valor da produção: soja, cana e pecuária bovina. Esta última é a principal atividade rural brasileira, identificada em mais de 30% das propriedades.
Ao mesmo tempo em que o censo mostra avanços importantes, ele também traz dados alarmantes. Cerca de 80% dos produtores agropecuários eram analfabetos ou não concluíram o ensino médio. Mais da metade das propriedades que utilizam agrotóxicos não recebeu orientação técnica para isso. Apenas 17% das propriedades tiveram acesso a algum tipo de financiamento. É o lado B de um dos setores mais importantes da economia brasileira.
Concentração de renda
Embora o estudo não trate especificamente da renda, acho importante olhar a questão da concentração de terras. O censo 2006 mostra que a estrutura fundiária permaneceu praticamente inalterada, em relação aos levantamentos de 1985 e 1995. Os estabelecimentos com mais de 1 000 hectares, que representam cerca de 1% do total das propriedades, ocupavam 43% da área total dedicada à agropecuária. Já os estabelecimentos com menos de 10 hectares (que equivalem a 47% do total de propriedades pesquisadas) detinham 2,7% da área total.
Para medir a concentração no campo, no entanto, o IBGE utilizou o índice de Gini, que mede desigualdade. Por esse parâmetro, a concentrou aumentou 1,9% em relação a 1995 - sendo que o maior crescimento foi verificado no estado de São Paulo. De acordo com o IBGE, a concentração ocorreu especialmente entre as propriedades médias - o que necessariamente não é uma coisa ruim. Nesse caso, terras que estavam sendo subutilizadas entram em produção - gerando riqueza e emprego. Melhor que terra parada e abandonada.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home