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26 outubro 2009

SLOW NEWS

Felipe Mendonça
do Blog Picaretas da Távola Redonda

Acabei de participar de um seminário sobre novas mídias e redes sociais aqui no Acre que teve a presença do tchuki-tchuki multimídia Marcelo Tas. Gosto muito do assunto e achei boa a exposição dele e dos outros participantes. Gostei no sentido de ter aprendido um pouco mais de algo novo. No entanto, saí do evento com uma sensação de aflição e dúvida.

A tônica do evento era mostrar o quão as novas ferramentas de mídias e as redes sociais virtuais (twitter, facebook, orkut, e não sei o que mais...) é o que há de importante no momento e sentenciam: se você estiver fora desse mundo, você estará fora do mundo. O enfoque do evento buscou sempre o individuo, excessivamente no individuo (o que não chega a ser uma surpresa no mundo de hoje).

Ou seja, estamos construindo um mundo por computadores pessoais, palm tops, iphones e outras quinquilharias que cabem na sua mão e que reproduz, sem retoques, o paradoxo do nosso tempo: Tá todo mundo junto, mas separado.

Não trata aqui de ser uma reação contra a internet e tudo de novo que surge. Isso é bobagem. A internet veio para modificar nossas vidas drasticamente e já mudou (a minha profundamente). O que me angustia é a correria, é o sentimento de que sempre (se me propuser a entrar nessa celeuma “individuo-comunicativa”) vou estar defasado, tamanha é a velocidade das inovações. São instrumentos criados por necessidades que você não tem e que muda sua vida de tal forma que você não entende como vivia sem essas necessidades que você nunca teve. E definitivamente, não é porque não estou no Twitter ou no Orkut que estou menos ou mais antenado de quem está... não é só isso que me atualiza.

Hoje a informação e as novas ferramentas de mídia são tão velozes que se assemelham a equipamento de informática: antes de sair da caixa, já está desatualizado. Onde mesmo estamos querendo chegar? A quantidade de informação que despenca em nossas cabeças todo dia não nos permite a reflexão: de quem é aquela informação? qual o seu objetivo? suas conseqüências? Outro exemplo: hoje não se cansa mais de ouvir uma música. Pela possibilidade de se acessar, literalmente, todas as músicas do mundo, se você se detiver em uma por duas ou três vezes, vai ter sempre alguém pra te dizer impaciente: de novo?

E como não tenho talento e competência para prever como serão as próximas maiores novidades dos últimos tempos da última semana, pelo menos o movimento de reação a isso tudo eu já me proponho a lançar. Assim como já existe o movimento slow food, uma corrente contra os fast food que acaba com a nossa saúde, eu proponho o slow news. Isso! Quero preservar o meu direito de saber menos, buscar as informações que procuro e não deixar que elas me procurem. Não quero mais que o Fantástico invada o auto-exílio do Belchior com a desculpa de que “seus telespectadores querem saber dele”. Quero gastar meu CD do Chico sem me preocupar com a nova bobagem do Caetano.

Pra iniciar, façamos o seguinte: saiamos da internet 6 horas por dia. Vamos beber alguma, ler um livro, fazer sexo, o que lhe passar pela cabeça. O que acham?

- Tá bom! Tá bom! Vamos começar de meia-noite a seis pra não assustar... até essa hora eu já atualizei meu blog (ops!).