CONSTRUÇÃO DA ESTRADA CRUZEIRO DO SUL-PUCALLPA
Um sonho acalentado por alguns políticos acreanos (e por poderosos traficantes de drogas da região). A população do juruá é que sofrerá as consequências do desastre social e ambiental que a estrada irá representar
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
Lendo as notícias sobre o tráfico de drogas no juruá, dá para observar que o mesmo continua ativo, como sempre esteve.
A notícia do site A GazetaNet sobre o aumento na apreensão de drogas por lá é boa e indica que a deduragem entre os traficantes - especialmente quando um não-acreano tenta se infiltrar no negócio - está aumentando. Até parece que os traficantes nativos do juruá praticam uma espécie de 'reserva de mercado'. Quando alguém de fora tenta se estabelecer, a PF vai em cima rapidinho...
Vejam leitores, que com todas as dificuldades que os traficantes do vale do juruá enfrentam para trazer a droga do Peru, a atividade ilegal naquela região continua intensa. E se a estrada Cruzeiro do Sul-Pucalpa for aberta, as perspectivas serão as melhores possíveis. Vai ser o paraíso na terra para os traficantes.
Digo isso porque trazer droga do Peru até Cruzeiro do Sul exige uma operação extremamente complexa.
Quando estive fazendo trabalho de pesquisa no Rio das Minas, alguns anos atrás, ouvi vários depoimentos de moradores falando da frequente passagem de 'mulas' (traficantes-transportadores) com carregamentos de drogas rumo ao rio Juruá. Segundo as informações, os mulas vinham do Peru, caminhando dias e dias por precárias trilhas na floresta com 15-20 kg de droga em mochilas. Se abrigavam nas casas dos seringueiros e ribeirinhos até chegar à margem do Rio Juruá, onde a droga era repassada para barqueiros que se encarregavam de fazer a mesma chegar a Cruzeiro do Sul, onde uma pequena parte é comercializada e a maior parte enviada para Manaus e Europa. Por isso digo que este este esquema de tráfico envolve uma logística complicada - transporte a pé, de barco, de carro, etc. É muita gente envolvida, muitas possibilidades de apreensão ao longo do caminho.
Agora imaginem se a estrada Pucalpa-Cruzeiro do Sul for aberta e asfaltada. Vai haver uma inundação de drogas em Cruzeiro e cidades adjacentes. Mais ou menos como em Rio Branco, onde se compra droga em qualquer esquina da cidade, onde a legião de viciados é cada dia maior - e por tabela: criminalidade, desagregação de famílias, etc.
Por isso é importante iniciar o debate sobre a construção dessa (inútil) estrada, um sonho que para a população da região do vale do juruá é acalentado por algumas figuras políticas de destaque daquela região, dentre os quais o Deputado Edivaldo Magalhães (PC do B) é um dos maiores entusiastas.
E para o debate, precisamos ser realmente críticos e tentar responder sem delongas e lero-lero, à pergunta:
- A quem realmente interessa a abertura da estrada?
Será que ela interessa apenas aos políticos, que ao vender a idéia, irão angariar votos indispensáveis em seus sonhos de se eleger a um cargo no Senado, Câmara Federal e Assembléia Legislativa?
Ou será que os grandes traficantes da região estão, de alguma forma, por trás desse movimento pró-abertura da estrada, antevendo as facilidades que a mesma trará para o seu trabalho visto que a mesma será uma via segura e certa para aumentar ainda mais seus lucros?
Leitor, tire suas conclusões. Mas fique atento. Se algum político ou segmento social defender de forma irrestrita a abertura dessa estrada, é bom ficar de orelha em pé.
O que posso concluir pelo que tenho lido nas páginas políticas e policiais da imprensa acreana é que políticos e traficantes de drogas do Acre estão altamente interessados na abertura dessa estrada. Pessoalmente não acredito que existam relações entre eles pois seus interesses são diametralmente divergentes. Mas estou convencido que apoiar um empreendimento que trará muita destruição ambiental e desagregação social e pouquíssimo benefício econômico e social para a região é algo difícil de justificar.
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
Lendo as notícias sobre o tráfico de drogas no juruá, dá para observar que o mesmo continua ativo, como sempre esteve.
A notícia do site A GazetaNet sobre o aumento na apreensão de drogas por lá é boa e indica que a deduragem entre os traficantes - especialmente quando um não-acreano tenta se infiltrar no negócio - está aumentando. Até parece que os traficantes nativos do juruá praticam uma espécie de 'reserva de mercado'. Quando alguém de fora tenta se estabelecer, a PF vai em cima rapidinho...
Vejam leitores, que com todas as dificuldades que os traficantes do vale do juruá enfrentam para trazer a droga do Peru, a atividade ilegal naquela região continua intensa. E se a estrada Cruzeiro do Sul-Pucalpa for aberta, as perspectivas serão as melhores possíveis. Vai ser o paraíso na terra para os traficantes.
Digo isso porque trazer droga do Peru até Cruzeiro do Sul exige uma operação extremamente complexa.
Quando estive fazendo trabalho de pesquisa no Rio das Minas, alguns anos atrás, ouvi vários depoimentos de moradores falando da frequente passagem de 'mulas' (traficantes-transportadores) com carregamentos de drogas rumo ao rio Juruá. Segundo as informações, os mulas vinham do Peru, caminhando dias e dias por precárias trilhas na floresta com 15-20 kg de droga em mochilas. Se abrigavam nas casas dos seringueiros e ribeirinhos até chegar à margem do Rio Juruá, onde a droga era repassada para barqueiros que se encarregavam de fazer a mesma chegar a Cruzeiro do Sul, onde uma pequena parte é comercializada e a maior parte enviada para Manaus e Europa. Por isso digo que este este esquema de tráfico envolve uma logística complicada - transporte a pé, de barco, de carro, etc. É muita gente envolvida, muitas possibilidades de apreensão ao longo do caminho.
Agora imaginem se a estrada Pucalpa-Cruzeiro do Sul for aberta e asfaltada. Vai haver uma inundação de drogas em Cruzeiro e cidades adjacentes. Mais ou menos como em Rio Branco, onde se compra droga em qualquer esquina da cidade, onde a legião de viciados é cada dia maior - e por tabela: criminalidade, desagregação de famílias, etc.
Por isso é importante iniciar o debate sobre a construção dessa (inútil) estrada, um sonho que para a população da região do vale do juruá é acalentado por algumas figuras políticas de destaque daquela região, dentre os quais o Deputado Edivaldo Magalhães (PC do B) é um dos maiores entusiastas.
E para o debate, precisamos ser realmente críticos e tentar responder sem delongas e lero-lero, à pergunta:
- A quem realmente interessa a abertura da estrada?
Será que ela interessa apenas aos políticos, que ao vender a idéia, irão angariar votos indispensáveis em seus sonhos de se eleger a um cargo no Senado, Câmara Federal e Assembléia Legislativa?
Ou será que os grandes traficantes da região estão, de alguma forma, por trás desse movimento pró-abertura da estrada, antevendo as facilidades que a mesma trará para o seu trabalho visto que a mesma será uma via segura e certa para aumentar ainda mais seus lucros?
Leitor, tire suas conclusões. Mas fique atento. Se algum político ou segmento social defender de forma irrestrita a abertura dessa estrada, é bom ficar de orelha em pé.
O que posso concluir pelo que tenho lido nas páginas políticas e policiais da imprensa acreana é que políticos e traficantes de drogas do Acre estão altamente interessados na abertura dessa estrada. Pessoalmente não acredito que existam relações entre eles pois seus interesses são diametralmente divergentes. Mas estou convencido que apoiar um empreendimento que trará muita destruição ambiental e desagregação social e pouquíssimo benefício econômico e social para a região é algo difícil de justificar.
4 Comments:
Luiz - jornalista.
Não concordo do ponto de vista que a estrada será responsável pelo tráfico de drogas. Droga se trafica por barco, avião e falta de fiscalização do exército e Polícia Federal. Se for assim vamos isolar o Brasil dos país vizinhos e criarmo uma ilha. A droga é uma praga no mundo inteiro, e Pucallpa e Cruzeiro do Sul derá ter posto de fronteira.
Vejo a rodovia como de vital importância para ambas as Nações. O que está em jogo não é o futuro da Amazônia para outros povos, e sim o futuro dos povos da amazônia. Não escolhemos nascer aqui, não somos culpados pelo mundo inteiro ter se degradiado. Só precisamos de uma estrada, de contato com outros comércios e quem sabe poder, inclusive, impedir o desmatamento de áreas isoladas da amazônia que precisam de produzir para manter seus povos. Uma estrada causa menos impactos que Balsas e populações isoladas, a produção de alimento pode circular com mais facilidade e fortalecer laços de integração, tão pertos e tão distantes ao mesmo tempo.
A de se analisar todas as possibilidades, agora vc dizer que a estrada não é benéfica ao povo de cruzeiro do sul me perdoe eu não concordo, e em relação ao tráfico d drogas seu argumento é fraco, o Sistema não precisa de estrada nem nada feito nessa condição, a droga vai passar e ponto final, por isso que se chama tráfico de drogas.
Meu comentário só estará visível depois de aprovado ?? Isso é normal ?? Pois tirei o print do comentário feito e se vc não mostrar eu mostro em outra página aqui da internet.
Postar um comentário
<< Home