SUCUPIRA É AQUI!
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
O palco foi armado com maestria. Tudo foi discutido a exaustão para que nada desse errado, pois no papel as possibilidades de sucesso eram enormes.
Mas mesmo assim deu tudo errado. O fracasso foi retumbante.
Esse foi o resultado de um dos maiores ‘golpes publicitários’ com fins meramente políticos que tinha como alvo a população do vale do Juruá.
No dia planejado estavam todos no aeroporto de Cruzeiro do Sul. Os mentores políticos à frente, sempre em posição de destaque. Alguns empresários locais também se fizeram notar. E é claro que não podiam faltar dezenas de populares arrebanhados por cabos eleitorais profissionais para 'abrilhantar' a festa.
Na hora prevista nada aconteceu. A ansiedade e o nervosismo tomaram conta do ambiente antes festivo.
Como o resultado da operação dependeria das matérias que os diferentes meios de comunicação 'convidados' a cobrir o evento iriam produzir, pouca coisa pode ser feita. Alguns profissionais midiáticos se conformaram e diante do fiasco, preferiram o silêncio ou noticiaram apenas que ‘problemas técnicos’ impediram a concretização do evento. Outros, com uma fé inabalável, escreveram a matéria como se tudo tivesse mesmo acontecido. Um diário da capital até publicou a nota.
E em que consistia o golpe?
Fazer um avião cargueiro transportar desde o aeroporto de Pucallpa, no Peru, várias toneladas de frutas e hortaliças até o aeroporto de Cruzeiro do Sul. Uma coisa banal e teoricamente simples de ser executada.
Entretanto, apesar da aparente banalidade, ‘o golpe’ tinha dois objetivos bem definidos.
O primeiro visava polir, lustrar, endeusar [ou coisa similar] a imagem do virtual candidato ao Senado pela Frente Popular, o Deputado Estadual Edvaldo Magalhães (PC do B), que seria apresentado como o mentor da iniciativa.
Se tivesse dado certo, seguramente ele seria carregado pelo 'público' presente e depois, para mostrar sua generosidade, provavelmente iria distribuir tomates, batatas, cebolas, laranjas e tangerinas pelas ruas da cidade.
O segundo objetivo, com conseqüências muito mais sérias, era vender a idéia para a população da região de que a estrada entre Cruzeiro do Sul e Pucallpa é a única solução para resolver os problemas de abastecimento, especialmente de frutas e verduras, que atingem a região durante o período das chuvas.
Alguns de vocês devem estar se perguntando:
- Mas onde reside o tal 'golpe' considerando que um simbólico vôo cargueiro entre Pucallpa e Cruzeiro do Sul parece ser algo absolutamente normal?
O golpe residia em fazer o avião ser carregado em Pucallpa com produtos que os produtores rurais da cidade e do entorno não produzem.
Em outras palavras: as batatas, cebolas, cenouras, tomates, laranjas e outras hortaliças e frutas trazidas 'diretamente' de Pucallpa, na verdade são produzidas em outras regiões do Peru.
Portanto, se algum dia algum intercâmbio econômico for estabelecido com o Peru, seguramente produtos hortifrutigranjeiros não serão adquiridos em Pucallpa, mas em outras cidades daquele país, mais precisamente nos locais onde os mesmos são produzidos. Não acredito que comerciantes do Acre vão sustentar negócios de atravessadores instalados em Pucallpa.
Como no Acre pouco se sabe da realidade econômica de Pucallpa, o que se produz e de que vivem as pessoas por lá, seria fácil para os políticos interessados em ganhar votos nas próximas eleições ‘vender’ para a população do vale do Juruá, via publicação de matérias fantasiosas na imprensa amordaçada local, a idéia de que os produtos que seriam trazidos no malfadado vôo cargueiro 'tinham vindo de Pucallpa'.
Sem dúvida, um golpe genial. De um lado se venderia a idéia da construção de uma estrada cujas justificativas técnicas, econômicas e ambientais ainda não foram comprovadas, e de outro se reforçaria a campanha para eleger Edvaldo Magalhães ao Senado. E ele vai mesmo precisar de qualquer tipo de apoio visto que é unânime, nos comentários em off, ser ele o mais fraco dentre os nomes que se colocam para a disputa.
O que pensar disso tudo? Tirem as conclusões que quiserem, mas para mim ficou a nítida impressão de o Acre ainda continua a terra das 'oportunidades', uma espécie de Sucupira do século XXI.
Duvidam?
Nas eleições desse ano o terrível Zamir Teixeira, calcado nas antigas promessas de construção de uma ferrovia e uma fábrica de caminhões para o povo acreano, parece que vai emplacar uma vaga de suplente de Senador. De novo.
Tem algo mais sucupirano?
Talvez. Que tal um candidato distribuindo cebolas e tomates nas ruas de Cruzeiro do Sul?
OBS: Agora que sua candidatura está praticamente sacramentada - e a eleição garantida pela figura de Jorge Viana -, não acredito que seja mais necessário o Edvaldo distribuir hortaliças pelas ruas da maior cidade do Juruá. Mas quando chegar em Brasília, o comunista, em gesto de eterno de agradecimento ao mentor/motor de sua eleição, deverá colocar em um canto de destaque no seu gabinete uma estátua/poster ou outro objeto similar de adoração ao Jorge Viana - tal qual um santuário -, para deixar claro a todos de que nunca será acusado de mal agradecido. Não dá para não dizer que tem algo sucupirano aqui também não é mesmo?
Blog Ambiente Acreano
O palco foi armado com maestria. Tudo foi discutido a exaustão para que nada desse errado, pois no papel as possibilidades de sucesso eram enormes.
Mas mesmo assim deu tudo errado. O fracasso foi retumbante.
Esse foi o resultado de um dos maiores ‘golpes publicitários’ com fins meramente políticos que tinha como alvo a população do vale do Juruá.
No dia planejado estavam todos no aeroporto de Cruzeiro do Sul. Os mentores políticos à frente, sempre em posição de destaque. Alguns empresários locais também se fizeram notar. E é claro que não podiam faltar dezenas de populares arrebanhados por cabos eleitorais profissionais para 'abrilhantar' a festa.
Na hora prevista nada aconteceu. A ansiedade e o nervosismo tomaram conta do ambiente antes festivo.
Como o resultado da operação dependeria das matérias que os diferentes meios de comunicação 'convidados' a cobrir o evento iriam produzir, pouca coisa pode ser feita. Alguns profissionais midiáticos se conformaram e diante do fiasco, preferiram o silêncio ou noticiaram apenas que ‘problemas técnicos’ impediram a concretização do evento. Outros, com uma fé inabalável, escreveram a matéria como se tudo tivesse mesmo acontecido. Um diário da capital até publicou a nota.
E em que consistia o golpe?
Fazer um avião cargueiro transportar desde o aeroporto de Pucallpa, no Peru, várias toneladas de frutas e hortaliças até o aeroporto de Cruzeiro do Sul. Uma coisa banal e teoricamente simples de ser executada.
Entretanto, apesar da aparente banalidade, ‘o golpe’ tinha dois objetivos bem definidos.
O primeiro visava polir, lustrar, endeusar [ou coisa similar] a imagem do virtual candidato ao Senado pela Frente Popular, o Deputado Estadual Edvaldo Magalhães (PC do B), que seria apresentado como o mentor da iniciativa.
Se tivesse dado certo, seguramente ele seria carregado pelo 'público' presente e depois, para mostrar sua generosidade, provavelmente iria distribuir tomates, batatas, cebolas, laranjas e tangerinas pelas ruas da cidade.
O segundo objetivo, com conseqüências muito mais sérias, era vender a idéia para a população da região de que a estrada entre Cruzeiro do Sul e Pucallpa é a única solução para resolver os problemas de abastecimento, especialmente de frutas e verduras, que atingem a região durante o período das chuvas.
Alguns de vocês devem estar se perguntando:
- Mas onde reside o tal 'golpe' considerando que um simbólico vôo cargueiro entre Pucallpa e Cruzeiro do Sul parece ser algo absolutamente normal?
O golpe residia em fazer o avião ser carregado em Pucallpa com produtos que os produtores rurais da cidade e do entorno não produzem.
Em outras palavras: as batatas, cebolas, cenouras, tomates, laranjas e outras hortaliças e frutas trazidas 'diretamente' de Pucallpa, na verdade são produzidas em outras regiões do Peru.
Portanto, se algum dia algum intercâmbio econômico for estabelecido com o Peru, seguramente produtos hortifrutigranjeiros não serão adquiridos em Pucallpa, mas em outras cidades daquele país, mais precisamente nos locais onde os mesmos são produzidos. Não acredito que comerciantes do Acre vão sustentar negócios de atravessadores instalados em Pucallpa.
Como no Acre pouco se sabe da realidade econômica de Pucallpa, o que se produz e de que vivem as pessoas por lá, seria fácil para os políticos interessados em ganhar votos nas próximas eleições ‘vender’ para a população do vale do Juruá, via publicação de matérias fantasiosas na imprensa amordaçada local, a idéia de que os produtos que seriam trazidos no malfadado vôo cargueiro 'tinham vindo de Pucallpa'.
Sem dúvida, um golpe genial. De um lado se venderia a idéia da construção de uma estrada cujas justificativas técnicas, econômicas e ambientais ainda não foram comprovadas, e de outro se reforçaria a campanha para eleger Edvaldo Magalhães ao Senado. E ele vai mesmo precisar de qualquer tipo de apoio visto que é unânime, nos comentários em off, ser ele o mais fraco dentre os nomes que se colocam para a disputa.
O que pensar disso tudo? Tirem as conclusões que quiserem, mas para mim ficou a nítida impressão de o Acre ainda continua a terra das 'oportunidades', uma espécie de Sucupira do século XXI.
Duvidam?
Nas eleições desse ano o terrível Zamir Teixeira, calcado nas antigas promessas de construção de uma ferrovia e uma fábrica de caminhões para o povo acreano, parece que vai emplacar uma vaga de suplente de Senador. De novo.
Tem algo mais sucupirano?
Talvez. Que tal um candidato distribuindo cebolas e tomates nas ruas de Cruzeiro do Sul?
OBS: Agora que sua candidatura está praticamente sacramentada - e a eleição garantida pela figura de Jorge Viana -, não acredito que seja mais necessário o Edvaldo distribuir hortaliças pelas ruas da maior cidade do Juruá. Mas quando chegar em Brasília, o comunista, em gesto de eterno de agradecimento ao mentor/motor de sua eleição, deverá colocar em um canto de destaque no seu gabinete uma estátua/poster ou outro objeto similar de adoração ao Jorge Viana - tal qual um santuário -, para deixar claro a todos de que nunca será acusado de mal agradecido. Não dá para não dizer que tem algo sucupirano aqui também não é mesmo?
2 Comments:
Caro Evandro,
Meu comentário se dirige apenas al "jornalista" Nelson Liano que parece que ainda não aprendeu nada sobre política aqui no Acre. O pobre rapaz quase foi expulso do Vale do Juruá onde se achava semi-Deus por paparicar os Camelis e os Vianas e aqui, por misericórdia do PT, continua fazendo as mesmas besteiras para promover os seus "patrões". Ridícula a nota sobre um evento que nem aconteceu.
Bom trabaho
Caro Evandro,
olha, se o pessoal consegue plantar e colher uva em pleno nordeste brasileiro, será que não é possível cultivar hortaliças no Acre?
Desconfio muito dessas alternativas "redentoras". O que precisamos é de investimentos em tecnologia, dá suporte e apoio financeiro aos nossos produtores e agricultores, grandes e pequenos, que estão desde que Acre é Acre com as mesmas técnicas arcaicas de cultivo.
Qual é o investimento no campo, aqui, no Acre? Na pecuária estamos bem, porque é iniciativa particular. Mas, quando se fala em agricultura familiar qual é o suporte que nossas famílias tem recebido? Nada ou quase nada. Desse jeito é melhor dá o peixe que ensinar a pescar, realmente!
O problema não é o clima, solo, distância, mas de vontade política, ou melhor de inteligência política. Algo ainda desconhecido no Acre.
Saudações acreanas!!!
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