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14 junho 2010

COMO AVALIAR O PROGRESSO?

Apesar de todo o avanço na ciência econômica, continuamos presos ao velho produto interno bruto, o PIB, na hora de aferir o progresso dos países - uma medida tão antiga e falha quanto insubstituível

J.R. Guzzo, de EXAME
25/05/2010

[Produção no Brasil: o PIB não diz nada sobre saúde, educação ou violência. Foto: Germano Luders]

Apesar de todo o avanço na ciência econômica, continuamos presos ao velho produto interno bruto, o PIB, na hora de aferir o progresso dos países - uma medida tão antiga e falha quanto insubstituível

Nunca a economia teve à sua disposição tantos recursos tecnológicos como os que lhe oferece hoje a ciência estatística; seria razoável, assim, esperar que novos e mais modernos métodos para aferir a saúde das economias nacionais já tivessem substituído os instrumentos atualmente em uso. Entra ano e sai ano, porém, e o velho produto interno bruto continua supremo como o grande indicador da riqueza, da prosperidade e do progresso das nações - sempre acompanhado do PIB per capita, indispensável para saber quanto as cifras totais de produção significam para a população deste ou daquele país. Não é por falta de críticas que a situação permanece assim. Cada vez mais, no Brasil e no exterior, nos governos, nas organizações internacionais e nas universidades, há um consenso de que o PIB se tornou hoje em dia uma ferramenta claramente insatisfatória para medir a situação das economias de maneira realista ou coerente. A pergunta que interessa, naturalmente, é: o que se poderia colocar no seu lugar? Há muita procura por uma boa resposta, mas o mundo ainda parece distante de encontrá-la.

As restrições ao PIB como termômetro de saúde econômica começam com os próprios cálculos que são feitos para chegar a ele - discutem-se os ingredientes que entram na receita, os pesos atribuídos a cada um deles, a qualidade das informações recebidas, as fórmulas matemáticas utilizadas, e por aí vai. A verdade é que, de todos os instrumentos de avaliação da economia, o PIB é um dos menos transparentes, e não pela vontade de manipular resultados; o problema, simplesmente, é a imensa complexidade da tarefa de juntar todos os dados da economia de um país e condensá-los numa cifra final. Há, em seguida, o abismo que separa as posições dos diversos países na classificação mundial, segundo se considere o PIB ou o PIB per capita. Segundo a relação do Fundo Monetário Internacional, o Brasil, por exemplo, é a oitava maior economia do mundo em termos nominais, com um PIB de 1,9 trilhão de dólares em 2009. Já no PIB per capita, o Brasil, de acordo com o mesmo FMI, cai para o 75o lugar da lista; o número, aí, é de 10 500 dólares por brasileiro. A China, segunda maior economia mundial, vai para a 99a posição; a Índia passa da 11a para a 128a. Qual o dado mais relevante? Da mesma forma, o Catar aparece como o país de maior PIB per capita do planeta, com mais de 83 000 dólares por habitante. A cifra deixa longe, por exemplo, os Estados Unidos, que estão acima de 46 000 dólares, ou a França, na casa dos 33 000. E daí?