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10 julho 2010

E-BOOKS: SENTENÇA DE MORTE PARA AS EDITORAS TRADICIONAIS

As editoras que publicam livros em papel e usam os velhos esquemas de pagar 15-20% de direitos autorais são irrelevantes? Sim, de acordo com a Amazon.com, que recentemente anunciou que vai pagar aos autores 70% do preço de venda dos e-books se o autor fizer a distribuição diretamente com ela

Don Tapscott
Colunista da Revista INFO EXAME
Julho 2010 – Nº 293

O DESAFIO DO E-BOOK: O LIVRO DIGITAL REDEFINE OS PADRÕES DA INDÚSTRIA EDITORIAL

1. Desperdício de papel. O autor que publica seu livro às próprias expensas foi sempre visto com uma ponta de desprezo. Por trás disso está a ideia de que o autor é incapaz de encontrar uma editora que tope arriscar o tempo e o dinheiro necessários para colocar seu livro no mercado — ou porque o assunto não parece interessante ou porque o material é considerado qualitativamente pobre. Os editores querem ter segurança de que o livro vai vender bem o suficiente para cobrir as despesas de impressão, armazenamento e promoção.

Mas esse estigma da autopublicação pode desaparecer em breve. A indústria livreira está pronta para uma grande mudança. Ela é incrivelmente ineficiente: cerca de 30% dos livros retornam ao editor porque não são vendidos. Os editores citam esse desperdício como uma razão pela qual cobram caro, particularmente dos autores iniciantes.

2. Leitores digitais. Com a chegada de dispositivos como o Kindle, da Amazon, em 2007 — e agora o incrivelmente popular iPad, da Apple —, o desperdício e os custos de
impressão, armazenamento, distribuição obviamente desaparecem. E com a internet e as mídias sociais, o autor pode conquistar ou manter notoriedade a um custo
relativamente baixo. Então as editoras são irrelevantes? A Amazon acha que sim. Ela anunciou este ano que vai pagar aos autores 70% do preço de venda do e-bookse o autor fizera distribuição diretamente com ela.

Como o escritor normalmente recebe royalties de 15% a 20%, a oferta da Amazon sem dúvida vai soar tentadora. Na convenção anual da indústria livreira, realizada recentemente em Nova York, um editor sugeriu que dentro de cinco anos os e-books vão responder por metade do mercado.

3. Impressão sob encomenda. Antes do Kindle, a Amazon promoveu a ideia da autopublicação por meio de seu CreateSpace, serviço que imprime livros, um de cada vez. O autor envia o texto e a arte da capa e a Amazon faz o resto. O CreateSpace também produz CDs e DVDs sob encomenda. O serviço dá acesso a mais de 2 milhões de títulos, embora nem todos sejam autopublicados. Os editores também estão usando o serviço para tornar disponíveis títulos esgotados. No mesmo rumo, há algumas semanas a Barnes & Noble revelou sua própria versão de CreateSpace, chamada Publt.

4. O lugar dos editores. Em meu livro The digital economy. de 1995, falei da "desintermediação", argumentando que a web ameaça as atividades comerciais que se colocam entre os produtores e os consumidores. Também apresentei o termo "reintermediação", dizendo que se pode criar mais valor no novo meio do que os valores deslocados do velho meio. Mas também notei que, muito provavelmente, os líderes do velho meio não serão capazes de encontrar seu lugar no novo.

Será que alguns editores saberão aproveitar essa oportunidade?