DUNGUE: A NECESSIDADE DE INVESTIR EM SANEAMENTO
Dengue: estudo recomenda fortalecer saneamento e qualificação em Cuiabá
Fernanda Marques
Agência Fiocruz de Notícias
O Programa de Controle da Dengue de Cuiabá foi alvo de uma dissertação de mestrado profissionalizante na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). Realizado por Maria de Lourdes Girardi e orientado por Rosely Magalhães de Oliveira e Marina Atanaka dos Santos, o trabalho enfocou a vigilância entomo-epidemiológica, que engloba o vetor, o homem e os sorotipos de vírus circulantes. Os resultados indicaram que o programa se encontrava parcialmente implantado. O estudo mostrou, ainda, que as condições socioeconômicas e ambientais dificultavam o controle da dengue, enquanto o contexto político-organizacional apresentava alguns fatores restritivos e outros facilitadores para a vigilância da doença.
Cuiabá é um dos 18 municípios prioritários para o Programa Nacional de Controle da Dengue, doença que se destaca como um dos principais problemas de saúde pública da capital mato-grossense. Só em 2009, foram notificados em Cuiabá mais de 12 mil casos de dengue. A vigilância entomo-epidemiológica “objetiva documentar a disseminação da doença, descrever o padrão de ocorrência, estimar a magnitude, detectar epidemia e identificar tendências, grupos e fatores de risco, com vistas a elaborar estratégias de intervenção”.
Para coleta de dados, a pesquisadora fez entrevistas, aplicou questionários e fez observações de campo. “Foram entrevistados sete profissionais de saúde e foi aplicado questionário a 16 agentes de saúde ambiental, 18 supervisores de campo e quatro supervisores distritais”, conta Maria de Lourdes, que também analisou documentos e sistemas de informação.
A implantação da vigilância entomo-epidemiológica foi avaliada segundo critérios e indicadores relativos à estrutura e aos processos. Em relação à estrutura, foram investigados aspectos como existência de laboratório de entomologia devidamente equipado, estrutura de transporte, comunicação e informática, capacitação profissional, materiais de consumo, normas e protocolos, entre outros. Já em relação aos processos, pode-se citar, por exemplo, notificação, investigação e encerramento de casos, coleta e processamento de amostras para sorologia e isolamento viral, inspeção nos imóveis, coleta de larvas e integração com a Atenção Básica (equipes do Programa de Saúde da Família). No geral, os cerca de 80 critérios e indicadores utilizados apontaram que a disponibilidade e a qualidade técnica de insumos e processos estavam apenas parcialmente em conformidade com o preconizado.
Quanto às condições socioeconômicas e ambientais, o clima propício à reprodução do vetor, a intensa circulação de pessoas e mercadorias, a grande expansão urbana recente e a estrutura de saneamento básico precária ou insuficiente dificultavam a implantação da vigilância entomo-epidemiológica da dengue em Cuiabá. “Estes, por serem aspectos que ultrapassam a ação específica da vigilância e controle da dengue, não são considerados, nem em termos de regulação ou ação dentro do Programa de Controle da Dengue. Quando são considerados, isso ocorre de forma pontual e/ou emergencial em períodos epidêmicos. Assim, não há priorização de ações intersetoriais mais amplas e planejadas que possam interferir nesse contexto”, diz Maria de Lourdes. No campo político-organizacional, os aspectos restritivos incluíam sucessivas trocas de gestor, ausência de qualificação técnica permanente e insuficiência de ações de controle social. Por outro lado, os aspectos facilitadores eram o gerenciamento pleno dos recursos pelo gestor, seu conhecimento acerca do Programa de Controle da Dengue e sua autonomia para contratação de recursos humanos, bem como a presença de uma estrutura para vigilância entomo-epidemiológica da dengue no âmbito da vigilância em saúde.
Dessa forma, o estudo recomenda: “utilizar variáveis de contexto externo relacionadas aos determinantes e condicionantes do processo de produção da doença; trabalhar em nível de serviço de saúde com o bairro, aproveitando a estrutura das áreas com cobertura de Equipe de Saúde da Família; institucionalizar parcerias permanentes por meio do plano de contingência ou prevenção de epidemias, comitê de mobilização para melhoria das ações de saneamento básico e controle social; e implantar plano de permanente qualificação profissional”. “Um aspecto importante ressaltado pela banca refere-se à atualização dos dados sobre a circulação viral”, acrescenta a pesquisadora.
“Destaca-se que, por se tratar de um estudo de caso para avaliar uma intervenção com forte influência dos contextos, fica reduzida a capacidade de generalização dos resultados para programas implantados em condições diferentes”, explica Maria de Lourdes. “Entretanto, a metodologia desenvolvida neste trabalho pode ser replicada para outros municípios”, destaca a pesquisadora. A dissertação foi defendida em dezembro, na Diretoria Regional de Brasília (Direb/Fiocruz Brasília), dentro do curso de mestrado profissional em avaliação em saúde, coordenado pelas pesquisadoras Elizabeth Moreira dos Santos e Marly Marques da Cruz.
Começa a campanha de combate à dengue no Brasil
A partir desta quarta-feira (2/2) os brasileiros já podem assistir a cenas reais de ações em andamento em todo o país para conter a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. O filme Mobilização geral 2011 tem 30 segundos de duração (com versões reduzidas de 15 e 10 segundos) e conta com a participação do ator José de Abreu. A iniciativa é do Ministério da Saúde.
A locução do ator reforça ainda que a mobilização contra a dengue continua de Norte a Sul do Brasil, cada vez com mais brasileiros agindo para evitar que focos de água parada tornem-se criadouros do mosquito. “Esse trabalho deve ser feito diariamente: seja no quintal de casa ou pelas ruas do bairro”, diz a locução de Abreu. As peças também mantêm o selo da campanha nacional Dengue. Se você agir, podemos evitar, e fazem a convocação Cuide da sua casa. Fale com seus vizinhos. Converse com a prefeitura. Além do filme nas televisões e dos spots nas rádios, as peças podem ser conferidas no site da campanha.
(Foto: Secom-MT)
Fernanda Marques
Agência Fiocruz de Notícias
O Programa de Controle da Dengue de Cuiabá foi alvo de uma dissertação de mestrado profissionalizante na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). Realizado por Maria de Lourdes Girardi e orientado por Rosely Magalhães de Oliveira e Marina Atanaka dos Santos, o trabalho enfocou a vigilância entomo-epidemiológica, que engloba o vetor, o homem e os sorotipos de vírus circulantes. Os resultados indicaram que o programa se encontrava parcialmente implantado. O estudo mostrou, ainda, que as condições socioeconômicas e ambientais dificultavam o controle da dengue, enquanto o contexto político-organizacional apresentava alguns fatores restritivos e outros facilitadores para a vigilância da doença.
Cuiabá é um dos 18 municípios prioritários para o Programa Nacional de Controle da Dengue, doença que se destaca como um dos principais problemas de saúde pública da capital mato-grossense. Só em 2009, foram notificados em Cuiabá mais de 12 mil casos de dengue. A vigilância entomo-epidemiológica “objetiva documentar a disseminação da doença, descrever o padrão de ocorrência, estimar a magnitude, detectar epidemia e identificar tendências, grupos e fatores de risco, com vistas a elaborar estratégias de intervenção”.
Para coleta de dados, a pesquisadora fez entrevistas, aplicou questionários e fez observações de campo. “Foram entrevistados sete profissionais de saúde e foi aplicado questionário a 16 agentes de saúde ambiental, 18 supervisores de campo e quatro supervisores distritais”, conta Maria de Lourdes, que também analisou documentos e sistemas de informação.
A implantação da vigilância entomo-epidemiológica foi avaliada segundo critérios e indicadores relativos à estrutura e aos processos. Em relação à estrutura, foram investigados aspectos como existência de laboratório de entomologia devidamente equipado, estrutura de transporte, comunicação e informática, capacitação profissional, materiais de consumo, normas e protocolos, entre outros. Já em relação aos processos, pode-se citar, por exemplo, notificação, investigação e encerramento de casos, coleta e processamento de amostras para sorologia e isolamento viral, inspeção nos imóveis, coleta de larvas e integração com a Atenção Básica (equipes do Programa de Saúde da Família). No geral, os cerca de 80 critérios e indicadores utilizados apontaram que a disponibilidade e a qualidade técnica de insumos e processos estavam apenas parcialmente em conformidade com o preconizado.
Quanto às condições socioeconômicas e ambientais, o clima propício à reprodução do vetor, a intensa circulação de pessoas e mercadorias, a grande expansão urbana recente e a estrutura de saneamento básico precária ou insuficiente dificultavam a implantação da vigilância entomo-epidemiológica da dengue em Cuiabá. “Estes, por serem aspectos que ultrapassam a ação específica da vigilância e controle da dengue, não são considerados, nem em termos de regulação ou ação dentro do Programa de Controle da Dengue. Quando são considerados, isso ocorre de forma pontual e/ou emergencial em períodos epidêmicos. Assim, não há priorização de ações intersetoriais mais amplas e planejadas que possam interferir nesse contexto”, diz Maria de Lourdes. No campo político-organizacional, os aspectos restritivos incluíam sucessivas trocas de gestor, ausência de qualificação técnica permanente e insuficiência de ações de controle social. Por outro lado, os aspectos facilitadores eram o gerenciamento pleno dos recursos pelo gestor, seu conhecimento acerca do Programa de Controle da Dengue e sua autonomia para contratação de recursos humanos, bem como a presença de uma estrutura para vigilância entomo-epidemiológica da dengue no âmbito da vigilância em saúde.
Dessa forma, o estudo recomenda: “utilizar variáveis de contexto externo relacionadas aos determinantes e condicionantes do processo de produção da doença; trabalhar em nível de serviço de saúde com o bairro, aproveitando a estrutura das áreas com cobertura de Equipe de Saúde da Família; institucionalizar parcerias permanentes por meio do plano de contingência ou prevenção de epidemias, comitê de mobilização para melhoria das ações de saneamento básico e controle social; e implantar plano de permanente qualificação profissional”. “Um aspecto importante ressaltado pela banca refere-se à atualização dos dados sobre a circulação viral”, acrescenta a pesquisadora.
“Destaca-se que, por se tratar de um estudo de caso para avaliar uma intervenção com forte influência dos contextos, fica reduzida a capacidade de generalização dos resultados para programas implantados em condições diferentes”, explica Maria de Lourdes. “Entretanto, a metodologia desenvolvida neste trabalho pode ser replicada para outros municípios”, destaca a pesquisadora. A dissertação foi defendida em dezembro, na Diretoria Regional de Brasília (Direb/Fiocruz Brasília), dentro do curso de mestrado profissional em avaliação em saúde, coordenado pelas pesquisadoras Elizabeth Moreira dos Santos e Marly Marques da Cruz.
Começa a campanha de combate à dengue no Brasil
A partir desta quarta-feira (2/2) os brasileiros já podem assistir a cenas reais de ações em andamento em todo o país para conter a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. O filme Mobilização geral 2011 tem 30 segundos de duração (com versões reduzidas de 15 e 10 segundos) e conta com a participação do ator José de Abreu. A iniciativa é do Ministério da Saúde.
A locução do ator reforça ainda que a mobilização contra a dengue continua de Norte a Sul do Brasil, cada vez com mais brasileiros agindo para evitar que focos de água parada tornem-se criadouros do mosquito. “Esse trabalho deve ser feito diariamente: seja no quintal de casa ou pelas ruas do bairro”, diz a locução de Abreu. As peças também mantêm o selo da campanha nacional Dengue. Se você agir, podemos evitar, e fazem a convocação Cuide da sua casa. Fale com seus vizinhos. Converse com a prefeitura. Além do filme nas televisões e dos spots nas rádios, as peças podem ser conferidas no site da campanha.
(Foto: Secom-MT)
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