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10 março 2011

AGRESSIVIDADE MASCULINA

Agressividade é natural aos meninos e pode surgir nas meninas

Ricardo Mioto
Folha Ciência

Mulheres são violentas porque o ambiente exige. Homens são violentos porque... porque são homens.

Essa é uma das conclusões de um estudo liderado por Nathalia Fontaine, da Universidade de Indiana.

Ela acompanhou mais de 9 mil gêmeos que nasceram no Reino Unido entre 1994 e 1996. Conversavam com pais, professores e com as próprias crianças.

Fontaine percebeu que, como era de esperar, uma maior agressividade em meninas estava ligada aos fatores ambientais: família desestruturada, sentimento de rejeição, evasão escolar.

Entre meninos, porém, o ambiente não parecia importar tanto. Eles já tinham um nível médio de agressividade mais alto, mesmo que criados a leite quente e requeijão.

Os meninos apresentaram também maiores níveis de narcisismo já aos sete anos, e menos empatia com os outros do que as meninas.

Os irmãos gêmeos idênticos dos meninos mais violentos também eram muito agressivos, mesmo que os dois tivessem sido criados em famílias separadas.

Já as meninas gêmeas idênticas criadas separadas podiam ter comportamentos completamente diferentes.

Aparentemente, concluiu Fontaine, a sociedade pode até transformar uma boa garota em um monstrinho, mas a maioria dos homens já é meio valentão de fábrica mesmo.

Adrian Raine mostrou ainda que meninos têm, em média, áreas cerebrais ligadas à empatia com os outros menores do que as meninas, especialmente o córtex pré-frontal.

Isso poderia explicar por que há tão poucos homens em carreiras ligadas ao cuidado, como enfermagem ou pedagogia.

O seu estudo reforça uma tese defendida há muito tempo pelos psicólogos evolutivos: homens encaram a violência como uma maneira legítima de interação social com desafetos.

Fazem isso de maneira consciente, ameaçando e, com frequência, atacando -imagine uma briga entre duas torcidas organizadas.

Mulheres também podem ser violentas, mas encaram atos agressivos como atitudes de descontrole, excepcionais.

Faz sentido: menos de 3% dos presos brasileiros são mulheres. Geralmente, cometeram crimes passionais ou foram presas porque ajudaram um companheiro criminoso.