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09 agosto 2011

PREÇO DO CIMENTO VAI AUMENTAR EM RIO BRANCO

O cimento está em falta em Rio Branco. O preço já subiu e vai subir ainda mais. A falta do produto e o aumento do preço são injustificáveis e derivam de uma possível manipulação do mercado.

Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano

Antigamente, quando a BR-364 não era pavimentada, todo mundo sabia: era só chegar o período das chuvas para o cimento aumentar em Rio Branco. Era compreensível: quando chovia a estrada podia fechar por dias, os caminhões traziam uma carga de no máximo 400 sacas, poucas empresas transportadoras ou motoristas autônomos arriscavam seus veículos nos buracos e na lama da precária estrada.

Mas hoje, com a estrada pavimentada, com carretas trazendo até 800 sacas por viagem, com a ampla disponibilidade de veículos - de empresas locais inclusive - para fazer o transporte, qual a justificativa para o cimento subir quase 15% de uma semana para outra?

Qualquer justificativa torna-se implausível quando se sabe que em Porto Velho existe uma fábrica de cimento funcionando a todo vapor.

Mesmo assim o aumento aconteceu na maior rede de lojas de material de construção da cidade. A saca de cimento, vendida a R$ 30 passou para R$ 34, com perspectivas de aumentar ainda mais. E quem estiver construindo deve correr para as poucas lojas que dispõe do produto a preço acessível. Na próxima vez que o cimento desembarcar na cidade seguramente o preço vai ser superior a R$ 35.

E quais as razões para essa súbita falta do produto e o consequente aumento no preço?

Segundo um vendedor da loja Agroboi, a fábrica da Votorantim de Porto Velho informou que nos próximos dois meses toda a sua produção será destinada às duas usinas hidrelétricas que estão sendo construídas no rio Madeira. Por essa razão o fabricante recomendou aos revendedores locais adquirir o produto na fábrica da Votorantim em Cuiabá. O aumento do preço é, portanto, inevitável.

Sendo verdade a afirmação do vendedor, fica a pergunta: quais as razões da fabricante para fazer isso com os consumidores acreanos? Manipulação no mercado para manter o preço do cimento em alta? Elevar o preço do seu produto frente a uma marca concorrente no mercado local?

Tudo é possível. A marca de cimento comercializada pela Votorantim (Itaú) é rejeitada pela maioria dos profissionais da construção civil acreanos que a consideram de baixa qualidade. Uma marca de cimento produzida em Goiás é a preferida e tem por isso preço de venda maior.

A questão da manipulação do mercado por parte da Votorantim já foi objeto de denúncia em Rondônia. Em outubro do ano passado o deputado Jesualdo Pires (PSB-RO) já havia alertado que mesmo com uma fábrica de cimento instalada na cidade, o preço do cimento em Porto Velho era o mais caro do Brasil, sendo vendido pela Votorantim a R$ 21,55 na fábrica (saca de 50 kg), chegando ao consumidor final ao preço de R$ 27. Segundo o deputado em Goiânia, o valor na fábrica era de R$ 13, chegando ao consumidor ao preço de R$ 16,80 e em Brasília, o preço praticado era de R$ 12,80, na fábrica, e de R$ 16,50 ao consumidor final.

A revolta do parlamentar rondoniense era maior porque a empresa Votorantim se instalou no estado vizinho recebendo generosos incentivos fiscais. Segundo o deputado, a ganância da fabricante era tanta que o cimento a granel era comercializado, na fábrica, pelo mesmo preço do produto ensacado.

É bom os políticos acreanos se inteirarem do problema e agirem firmemente para livrar os consumidores acreanos desse aumento desnecessário e injustificável.