POR QUE NOSSAS FLORESTAS PEGAM FOGO?
COMO PODEMOS SABER QUANDO ISTO VAI ACONTECER?
Essa é uma pergunta que vem rondando a mente de muita gente no Acre nesses últimos dias. Não estamos falando do fogo que todos os anos queima áreas de capoeiras velhas ou da mata virgem localizada ao lado de roçados, pastagens e áreas recém-derrubadas. Estamos falando de floresta virgem, aquelas que ficam no "centro", como dizem os seringueiros. São áreas de florestas primárias desabitadas, longe de tudo e de todos.
Como no Acre a explicação para tudo tem que ter um viés político-partidário, essa discussão se polarizou de tal forma que a oposição clama que a fumaça, queimadas e outros males ambientais que estamos sofrendo é culpa da política do atual governo, que está implementando um programa de desenvolvimento (in)sustentável (com a sua licença Elder). O Governo do Estado por sua vez argumenta que tudo estaria pior se ele não tivesse optado por um projeto de desenvolvimento em pról da exploração florestal sustentável.
Felizmente este blog conseguiu encontrar algo que não tem muito a ver com a política para discutir as causas que levam a nossa floresta a pegar fogo. Fora do meio acadêmico talvez poucas pessoas saibam, mas uma pesquisadora do Acre (aluna do curso de Mestrado em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais da UFAC) desenvolveu estudos neste tema para obter a sua pós-graduação.
A pesquisadora se chama Elsa R. H. Mendoza, uma peruana radicada no Acre que trabalha para o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e o SETEM (Setor de Estudos da Terra e Mudanças Climáticas Globais) do PZ/UFAC.
O estudo em questão, SUSCEPTIBILIDADE DA FLORESTA PRIMÁRIA AO FOGO EM 1998 E 1999: ESTUDO DE CASO NO ACRE, AMAZÔNIA SUL-OCIDENTAL, BRASIL, foi realizado na Reserva Florestal Catuaba, pertencente à Universidade Federal do Acre, que fica localizada no km 25 da BR-364 (sentido Porto Velho). Elsa Mendoza foi orientada pelos pesquisadores americanos Daniel C. Nepstad e Irwinf Foster Bronw.
Abaixo apresento um resumo da dissertação de Elsa Mendoza (breve para a ciência, longo para leitores de blog. Paciência blogueiros, vale a pena ler) como contribuição para a discussão desse tema que tem causado tantos problemas para todos nós. O faço também como forma de divulgar os resultados da academia. Durante o resumo fiz, deliberadamente, cópias do texto de Elsa, outras vezes, para facilitar a compreensão, o resumi e algumas vezes adaptei a linguagem para ficar compreensível. Quem precisar do contato de Elsa Mendoza, favor me mandar mensagem que providenciarei.
Elsa realizou a pesquisa para tentar entender as razões pelas quais as florestas nativas (virgens) da nossa região ficam suscetíveis ao fogo. Entre outras, ela tentou responder às seguintes perguntas: (1) quais os fatores associados com a suscetibilidade de nossas florestas ao fogo? (2) a suscetibilidade ao fogo varia entre floresta com palmeiras e com bambu? (3) qual a forma mais simples de se medir a suscetibilidade de uma floresta ao fogo?
205 fogos experimentais em 1998 e 1999
Para realizar o estudo Elsa precisou provocar 205 fogos na área dentro da Reserva Catuaba nos períodos secos dos anos de 1998 e 1999. Calma! Foi tudo em nome da ciência e o método que ela utilizou não permitiu a queima descontrolada da floresta da Reserva Catuaba. Cada fogo experimental consistia na queima induzida (com 20 ml de querosene) de uma área circular com 20 cm de diâmetro. A partir deste ponto, foi medido a velocidade do fogo e o alcance da área queimada após 1 minuto e após 4 minutos. Em muitos casos o fogo se extiguiu antes de um minuto, em outros persistiu após os quatro minutos, quando seu apagmento foi induzido.
Antes de cada fogo, Elsa Mendoza mediu a umidade relativa do ar dentro da floresta, a quantidade da folhagem sobre o solo e a umidade desta folhagem. Ela avaliou ainda a densidade do solo e a quantidade de água do mesmo. Finalmente ela determinou a abertura do dossel (a luz natural que chega ao solo) e calculou a área foliar das plantas no ponto de coleta de dados.
O que Elsa Mendoza encontrou para responder a seus questionamentos:
1. Secas severas nas nossas florestas as tornam suscetíveis ao fogo?
Os dados climáticos do ano de 1998 indicaram que aquele havia sido o ano mais seco dos últimos 16 anos. Foi nos experimentos realizados neste ano que os fogos se propagaram com mais frequência e intensidade (quando comparados os fogos experimentais de 1999). Menos chuvas significam menos água no solo, que por sua vez provoca a queda anormal das folhas das plantas, que contribuem para aumentar a folhagem sobre o solo. A queda das folhas, por sua vez, causa maior abertura das copas das árvores, permitindo a entrada de mais luz e vento. Com isso, ocorre a diminuição da umidade natural dentro da floresta, a secagem excessiva das folhas sobre o solo e...aumento exagerado da suscetibilidade de nossas florestas ao fogo natural ou provocado.
2. Quais os principais fatores associadas com a suscetibilidade de nossas florestas ao fogo?
A resposta óbvia seria oxigênio, calor e combustível. Na floresta, entretanto, a coisa é mais complexa. Eles são o tipo de vegetação, fatores físicos e químicos. No Estudo de Elsa, os fatores mais importantes para tornar a floresta suscetível ao fogo são, respectivamente: conteúdo de água na folhagem sobre o solo, umidade relativa do ar dentro da floresta, abertura da copa das árvores e altura da folhagem sobre o solo. A umidade do ar está relacionada com a velocidade de propagação do fogo. Quando a umidade da folhagem sobre o solo atinge 20%, a floresta se torna altamente suscetível ao fogo.
3. A susceptibilidade varia quando temos Floresta Aberta com Palmeiras e ou com Taboca?
Os dados científicos disponíveis indicam que aproximadamente 45% da área florestal do Acre é dominada com áreas com taboca. Os dados obtidos por Elsa Mendoza indicam que não existem diferenças estatísticas significativas da suscetibilidade de uma floresta aberta quando a mesma é dominada por palmeira ou taboca. Elsa não pode observar no caso de floresta com taboca morrendo, que apresenta uma quantidade muito grande de folhagem seca sobre o solo. Se diz que taboca morre de forma maciça a cada 30 anos.
4. Qual é o modelo estatístico que melhor explica a propagação do fogo na região? Quão útil é o modelo para previsão de propagação do fogo?
Como foi dito acima, o conteúdo de água na folhagem sobre o solo, a umidade relativa do ar dentro da floresta, a altura da folhagem sobre o solo e a abertura da copa da floresta são os fatores mais importantes para prever a ocorrência e velocidade de propagação de fogos dentro das florestas regionais. O modelo ideal é aquele que inclua uma combinação destes fatores e que sejam fáceis de ser medidos.
Por exemplo:
(1) modelo usando umidade relativa do ar e umidade da folhagem sobre o solo;
(2) modelo usando altura da folhagem sobre o solo e a umidade relativa do ar;
(3) modelo usando a altura da folhagem sobre o solo e abertura da copa das árvores.
Estes são modelos recomendáveis porque utilizam fatores fáceis de medir. Em termos de simplicidade, o conteúdo de água na folhagem sobre o solo pode servir por si só como indicador de susceptibilidade à propagação dos fogos. Quando ela cair abaixo de 20% deve-se dar o sinal de alerta. A variável umidade relativa do ar dentro da floresta explica a velocidade de propagação do fogo.
Os modelos indicados facilitam a utilização das quatro variáveis que podem ser monitoradas de forma simples e a baixo custo pelas entidades governamentais e não governamentais relacionadas com o problema de fogo. O material a ser utilizado pode ser encontrado facilmente no comercio local, à exceção do psicrômetro digital e densiômetro. Para medir a altura da folhagem sobre o solo precisa-se de uma régua graduada; para medir o conteúdo de umidade da folhagem precisa-se de uma balança e uma estufa de secagem; a umidade relativa do ar dentro da floresta pode ser calculada com um psicrômetro manual.
Conlusões e sugestões de Elsa Mendoza
A quantidade de água na folhagem sobre o solo foi o modelo mais simples para prever a susceptibilidade das florestas ao fogo, porém, para a utiliza-lo, necessitam-se de estufas para determinar a umidade da folhagem. Isto poderia ser um problema para usa-lo em toda a região.
A umidade relativa do ar dentro da floresta e a altura da folhagem sobre o solo permitiria estimar a susceptibilidade ao fogo, sendo a umidade do ar medida com psicrômetro manual e a altura da folhagem com régua graduada simples. Poderia se usar também dados coletados por estações meteorológicas em associação com estimativas do índice de área foliar e análises do balanço hídrico do solo da região.
Uma vez que a ignição inicial do fogo nas florestas da região não ocorre espontaneamente, sugere-se um programa de amostragem do fogo em áreas de controle a serem localizadas próximas dos locais onde estão ocorrendo mais derrubadas de florestas primitivas. Sabe-se que os fogos originados pelo homem são os responsáveis pelo início dos fogos "acidentais" ou "espontâneos" que ocorrem dentro das florestas.
Elsa Mendoza conclui seu trabalho afirmando que "A finalidade desta pesquisa é tanto entender os fatores responsáveis pela susceptibilidade ao fogo das florestas do Acre, quanto gerar modelos de previsão que possam facilitar a prevenção ou controle do fogo na floresta. Tais modelos precisam apresentar certo grau de confiabilidade e também precisam ser factíveis para que possam ser implementados. Isto significa que os fatores determinantes da suscetibilidade precisam ser medidos com facilidade e baixo custo."
Ela utiliza o princípio de Ockham na seleção dos modelos. Este princípio declara que "a explicação não deve ser mais complexa que o necessário". Em outras palavras, na escolha de explicações onde todos são igualmente prováveis, escolha a mais simples. Além deste princípio de simplicidade, precisa-se incluir na seleção dos modelos, a facilidade de medir estas variáveis nas florestas regionais. Isto permitiria que organizações governamentais e não governamentais, pesquisadores e sociedade em geral utilizem os modelos para monitorar a susceptibilidade de nossas florestas ao fogo.
Rio Branco-Ac, quinta-feira, 29 de setembro de 2005. 20:00h
Essa é uma pergunta que vem rondando a mente de muita gente no Acre nesses últimos dias. Não estamos falando do fogo que todos os anos queima áreas de capoeiras velhas ou da mata virgem localizada ao lado de roçados, pastagens e áreas recém-derrubadas. Estamos falando de floresta virgem, aquelas que ficam no "centro", como dizem os seringueiros. São áreas de florestas primárias desabitadas, longe de tudo e de todos.
Como no Acre a explicação para tudo tem que ter um viés político-partidário, essa discussão se polarizou de tal forma que a oposição clama que a fumaça, queimadas e outros males ambientais que estamos sofrendo é culpa da política do atual governo, que está implementando um programa de desenvolvimento (in)sustentável (com a sua licença Elder). O Governo do Estado por sua vez argumenta que tudo estaria pior se ele não tivesse optado por um projeto de desenvolvimento em pról da exploração florestal sustentável.
Felizmente este blog conseguiu encontrar algo que não tem muito a ver com a política para discutir as causas que levam a nossa floresta a pegar fogo. Fora do meio acadêmico talvez poucas pessoas saibam, mas uma pesquisadora do Acre (aluna do curso de Mestrado em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais da UFAC) desenvolveu estudos neste tema para obter a sua pós-graduação.
A pesquisadora se chama Elsa R. H. Mendoza, uma peruana radicada no Acre que trabalha para o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e o SETEM (Setor de Estudos da Terra e Mudanças Climáticas Globais) do PZ/UFAC.
O estudo em questão, SUSCEPTIBILIDADE DA FLORESTA PRIMÁRIA AO FOGO EM 1998 E 1999: ESTUDO DE CASO NO ACRE, AMAZÔNIA SUL-OCIDENTAL, BRASIL, foi realizado na Reserva Florestal Catuaba, pertencente à Universidade Federal do Acre, que fica localizada no km 25 da BR-364 (sentido Porto Velho). Elsa Mendoza foi orientada pelos pesquisadores americanos Daniel C. Nepstad e Irwinf Foster Bronw.
Abaixo apresento um resumo da dissertação de Elsa Mendoza (breve para a ciência, longo para leitores de blog. Paciência blogueiros, vale a pena ler) como contribuição para a discussão desse tema que tem causado tantos problemas para todos nós. O faço também como forma de divulgar os resultados da academia. Durante o resumo fiz, deliberadamente, cópias do texto de Elsa, outras vezes, para facilitar a compreensão, o resumi e algumas vezes adaptei a linguagem para ficar compreensível. Quem precisar do contato de Elsa Mendoza, favor me mandar mensagem que providenciarei.
Elsa realizou a pesquisa para tentar entender as razões pelas quais as florestas nativas (virgens) da nossa região ficam suscetíveis ao fogo. Entre outras, ela tentou responder às seguintes perguntas: (1) quais os fatores associados com a suscetibilidade de nossas florestas ao fogo? (2) a suscetibilidade ao fogo varia entre floresta com palmeiras e com bambu? (3) qual a forma mais simples de se medir a suscetibilidade de uma floresta ao fogo?
205 fogos experimentais em 1998 e 1999
Para realizar o estudo Elsa precisou provocar 205 fogos na área dentro da Reserva Catuaba nos períodos secos dos anos de 1998 e 1999. Calma! Foi tudo em nome da ciência e o método que ela utilizou não permitiu a queima descontrolada da floresta da Reserva Catuaba. Cada fogo experimental consistia na queima induzida (com 20 ml de querosene) de uma área circular com 20 cm de diâmetro. A partir deste ponto, foi medido a velocidade do fogo e o alcance da área queimada após 1 minuto e após 4 minutos. Em muitos casos o fogo se extiguiu antes de um minuto, em outros persistiu após os quatro minutos, quando seu apagmento foi induzido.
Antes de cada fogo, Elsa Mendoza mediu a umidade relativa do ar dentro da floresta, a quantidade da folhagem sobre o solo e a umidade desta folhagem. Ela avaliou ainda a densidade do solo e a quantidade de água do mesmo. Finalmente ela determinou a abertura do dossel (a luz natural que chega ao solo) e calculou a área foliar das plantas no ponto de coleta de dados.
O que Elsa Mendoza encontrou para responder a seus questionamentos:
1. Secas severas nas nossas florestas as tornam suscetíveis ao fogo?
Os dados climáticos do ano de 1998 indicaram que aquele havia sido o ano mais seco dos últimos 16 anos. Foi nos experimentos realizados neste ano que os fogos se propagaram com mais frequência e intensidade (quando comparados os fogos experimentais de 1999). Menos chuvas significam menos água no solo, que por sua vez provoca a queda anormal das folhas das plantas, que contribuem para aumentar a folhagem sobre o solo. A queda das folhas, por sua vez, causa maior abertura das copas das árvores, permitindo a entrada de mais luz e vento. Com isso, ocorre a diminuição da umidade natural dentro da floresta, a secagem excessiva das folhas sobre o solo e...aumento exagerado da suscetibilidade de nossas florestas ao fogo natural ou provocado.
2. Quais os principais fatores associadas com a suscetibilidade de nossas florestas ao fogo?
A resposta óbvia seria oxigênio, calor e combustível. Na floresta, entretanto, a coisa é mais complexa. Eles são o tipo de vegetação, fatores físicos e químicos. No Estudo de Elsa, os fatores mais importantes para tornar a floresta suscetível ao fogo são, respectivamente: conteúdo de água na folhagem sobre o solo, umidade relativa do ar dentro da floresta, abertura da copa das árvores e altura da folhagem sobre o solo. A umidade do ar está relacionada com a velocidade de propagação do fogo. Quando a umidade da folhagem sobre o solo atinge 20%, a floresta se torna altamente suscetível ao fogo.
3. A susceptibilidade varia quando temos Floresta Aberta com Palmeiras e ou com Taboca?
Os dados científicos disponíveis indicam que aproximadamente 45% da área florestal do Acre é dominada com áreas com taboca. Os dados obtidos por Elsa Mendoza indicam que não existem diferenças estatísticas significativas da suscetibilidade de uma floresta aberta quando a mesma é dominada por palmeira ou taboca. Elsa não pode observar no caso de floresta com taboca morrendo, que apresenta uma quantidade muito grande de folhagem seca sobre o solo. Se diz que taboca morre de forma maciça a cada 30 anos.
4. Qual é o modelo estatístico que melhor explica a propagação do fogo na região? Quão útil é o modelo para previsão de propagação do fogo?
Como foi dito acima, o conteúdo de água na folhagem sobre o solo, a umidade relativa do ar dentro da floresta, a altura da folhagem sobre o solo e a abertura da copa da floresta são os fatores mais importantes para prever a ocorrência e velocidade de propagação de fogos dentro das florestas regionais. O modelo ideal é aquele que inclua uma combinação destes fatores e que sejam fáceis de ser medidos.
Por exemplo:
(1) modelo usando umidade relativa do ar e umidade da folhagem sobre o solo;
(2) modelo usando altura da folhagem sobre o solo e a umidade relativa do ar;
(3) modelo usando a altura da folhagem sobre o solo e abertura da copa das árvores.
Estes são modelos recomendáveis porque utilizam fatores fáceis de medir. Em termos de simplicidade, o conteúdo de água na folhagem sobre o solo pode servir por si só como indicador de susceptibilidade à propagação dos fogos. Quando ela cair abaixo de 20% deve-se dar o sinal de alerta. A variável umidade relativa do ar dentro da floresta explica a velocidade de propagação do fogo.
Os modelos indicados facilitam a utilização das quatro variáveis que podem ser monitoradas de forma simples e a baixo custo pelas entidades governamentais e não governamentais relacionadas com o problema de fogo. O material a ser utilizado pode ser encontrado facilmente no comercio local, à exceção do psicrômetro digital e densiômetro. Para medir a altura da folhagem sobre o solo precisa-se de uma régua graduada; para medir o conteúdo de umidade da folhagem precisa-se de uma balança e uma estufa de secagem; a umidade relativa do ar dentro da floresta pode ser calculada com um psicrômetro manual.
Conlusões e sugestões de Elsa Mendoza
A quantidade de água na folhagem sobre o solo foi o modelo mais simples para prever a susceptibilidade das florestas ao fogo, porém, para a utiliza-lo, necessitam-se de estufas para determinar a umidade da folhagem. Isto poderia ser um problema para usa-lo em toda a região.
A umidade relativa do ar dentro da floresta e a altura da folhagem sobre o solo permitiria estimar a susceptibilidade ao fogo, sendo a umidade do ar medida com psicrômetro manual e a altura da folhagem com régua graduada simples. Poderia se usar também dados coletados por estações meteorológicas em associação com estimativas do índice de área foliar e análises do balanço hídrico do solo da região.
Uma vez que a ignição inicial do fogo nas florestas da região não ocorre espontaneamente, sugere-se um programa de amostragem do fogo em áreas de controle a serem localizadas próximas dos locais onde estão ocorrendo mais derrubadas de florestas primitivas. Sabe-se que os fogos originados pelo homem são os responsáveis pelo início dos fogos "acidentais" ou "espontâneos" que ocorrem dentro das florestas.
Elsa Mendoza conclui seu trabalho afirmando que "A finalidade desta pesquisa é tanto entender os fatores responsáveis pela susceptibilidade ao fogo das florestas do Acre, quanto gerar modelos de previsão que possam facilitar a prevenção ou controle do fogo na floresta. Tais modelos precisam apresentar certo grau de confiabilidade e também precisam ser factíveis para que possam ser implementados. Isto significa que os fatores determinantes da suscetibilidade precisam ser medidos com facilidade e baixo custo."
Ela utiliza o princípio de Ockham na seleção dos modelos. Este princípio declara que "a explicação não deve ser mais complexa que o necessário". Em outras palavras, na escolha de explicações onde todos são igualmente prováveis, escolha a mais simples. Além deste princípio de simplicidade, precisa-se incluir na seleção dos modelos, a facilidade de medir estas variáveis nas florestas regionais. Isto permitiria que organizações governamentais e não governamentais, pesquisadores e sociedade em geral utilizem os modelos para monitorar a susceptibilidade de nossas florestas ao fogo.
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