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26 março 2006

RIO IACO: ROTA DA MADEIRA











Fotos: Rebocador empurrando uma balsa no rio Iaco com cerca de 70 toras de madeira extraídas no rio Macauã e seguindo em direção à cidade de Sena Madureira (Foto: Evandro Ferreira, 25.03.2006)

O que a imagem representa para você leitor?

Para alguns ela representa o que mostra: madeira sendo transportada em uma balsa em um dos muitos rios amazônicos. Para os ambientalistas que se preocupam com um possível descontrole da exploração madeireira no Acre, é um péssimo sinal. A imagem é emblemática: a extração da madeira já está "subindo os rios", inclusive aqueles pouco habitados e de pequeno porte como é o caso do rio Macauã.

É inverno no Acre (época das chuvas), as estradas estão intrafegáveis. Antigamente isso significava a paralização da exploração e do transporte de toras de madeira. Hoje isso não parece mais ser o caso. A madeira deve estar dando muito lucro para justificar o uso de rebocador e balsa em um rio extremamente difícil de navegar com tal embarcação, como é o rio Macauã.

Não pude determinar a orígem da madeira, mas imagino que a mesma foi retirada e estava sendo transportada legalmente. Só sei que veio do rio Macauã. Este pequeno rio é um afluente do rio Iaco, que banha a cidade de Sena Madureira, e sua desembocadura fica localizada a cerca de 4 horas da cidade de Sena, subindo o rio Iaco em "batelão".

Estávamos na região realizando algumas coletas botânicas e verificamos, com tristeza, que a parte baixa deste rio está "cortada" por lotes de um projeto de assentamento do INCRA. O ramal (pequena estrada secundária) Mário Lobão passa a cerca de 6km da margem do rio Iaco, na altura da desembocadura do rio Macauã. Alguns "galhos" desse ramal chegam até a margem do rio Iaco, "abrindo" definitivamente o rio Macauã para a exploração de seus recursos naturais.

Tive a oportunidade de caminhar em um "carreador" que liga o Macauã ao Iaco e deu para observar que a madeira dos lotes nos projetos de assentamentos está sendo explorada e vendida para madeireiros que possuem "planos de manejo". É uma pena que a exploração esteja ocorrendo mediante a venda de toras. Os pequenos agricultores recebem entre R$ 30,00-50,00 por cada tora.

Se é para explorar, que se faça pelo menos um pré-beneficiamento local (fazendo pranchas, por exemplo), agregando valor a um produto que muitos agricultores só irão extrair uma única vez em sua vida. Uma nova exploração em sua propriedade só vai ocorrer em 40-60 anos. Se a floresta - sem seu bem econômico mais precioso: a madeira - conseguir permanecer de pé, talvez seus netos ou bisnetos venham a se beneficiar de uma futura venda de madeira nobre.

O futuro dirá se isso vai mesmo acontecer. Eu duvido. E você?

2 Comments:

Blogger ALTINO MACHADO said...

Amigo, parabéns pelo alerta. Já reproduzi em meu blog para que mais pessoas tomem conhecimento. Agora é esperar que haja alguma providência das autoridades. Será que é mesmo madeira retirada legalmente?

26/03/2006, 17:28  
Blogger Evandro Ferreira said...

Valeu Altino. Quanto a madeira ser ilegal não pude verificar. O nosso barqueiro (Edilson) sabia que a balsa estava no Macauã e passou a viagem toda preocupado em dar de "cara" com a mesma dentro deste rio. Segundo ele é perigoso pois o rio é estreito, a balsa é larga e faz curvas com muitas dificuldades. Felizmente só encontramos com a mesma quando voltávamos, já no rio Iaco. Um fato interessante: assim como os caminhões toreiros gostam de transportar madeira em tora nos finais de semana, a tal balsa também tinha "programado" sua chegada a Sena no sábado, na boquinha da noite. Será que os donos desta madeira têm algo a esconder?

26/03/2006, 20:19  

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