ISTO É DINHEIRO: QUANTO VALE O ACRE?
Originalmente publicado na revista Isto É Dinheiro No. 452, de 17.05.2006
Em nova provocação, Evo Morales diz que o Estado foi comprado da Bolívia por um cavalo e prova que desconhece até a própria história
No fim de 1903, um certo Kent começou a assinar misteriosos artigos no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, em defesa da compra de um território longínquo e desconhecido por grande parte da elite da capital. O Acre, no extremo Oeste brasileiro, havia sido adquirido da Bolívia pela espantosa cifra de 2 milhões de libras esterlinas, após a assinatura do Tratado de Petrópolis. O responsável pela decisão foi o chanceler José Maria da Silva Paranhos Júnior, que entrou para a história com o título de Barão do Rio Branco e como símbolo da boa diplomacia brasileira. O Barão, porém, era alvo de ataques impiedosos na imprensa fluminense, em especial no Correio da Manhã. Isso porque, além da fortuna paga aos bolivianos, o governo brasileiro se comprometera a construir a ferrovia Madeira-Mamoré, que integraria as economias do Brasil e da Bolívia. Por tudo isso, o Barão era acusado do crime de lesa-pátria. Os jornalistas do Correio, por sua vez, diziam que o tratado era uma “mancha negra” na história do País e argumentavam que a ferrovia cairia no abandono – neste segundo ponto, estavam certos, pois a Madeira-Mamoré ficou conhecida como “ferrovia do diabo” e nela morreram 6 mil operários. Tempos depois, descobriu-se que Kent era ninguém menos que o próprio Barão do Rio Branco, usando a pena em defesa dos atos da chancelaria. “O Acre até pouco tempo era a região mais maravilhosamente rica da América do Sul”, escreveu o Barão, num dos artigos. “Aquele solo fertilíssimo foram cidadãos brasileiros que o trabalharam”.
Um século e três anos depois desse embate jornalístico, Evo Morales, o troglodita boliviano que se apossou das refinarias da Petrobras, decidiu atropelar a própria história e desferir mais um ataque ao Brasil. Num discurso na Cúpula América Latina-União Européia, em Viena, na Áustria, Morales disse que o “Acre foi trocado por um cavalo” (Clique aqui para ler a reportagem completa no site da revista ISTO É DINHEIRO).
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