Google
Na Web No BLOG AMBIENTE ACREANO

13 maio 2006

SECA NO ACRE

DADOS METEOROLÓGICOS INDICAM SECA SEVERA EM 2006

Uma comparação dos dados de precipitação acumulada em 2006 e 2005 indicam que teremos uma seca severa na região leste do Acre. Essa afirmação é reforçada pelos dados contidos na publicação de Alejandro Fonseca Duarte (2006), pesquisador da UFAC. Se as chuvas na região não voltarem aos níveis normais nos próximos meses (ver tabela abaixo), a seca deverá ser mais grave do que a verificada em 2005, o "ano da grande seca amazônica".

Se isto se confirmar, vai ser também a "quebra" de uma tradição - expressada nos dados de precipitação colhidos entre 1970 e 2005-, que indicam que as secas na região só acontecem a cada 3 – 4 anos (Duarte, 2006).

Na tabela abaixo (construída a partir de dados do CTPEC-INPE) são apresentados os dados de precipitação pluviométrica acumulados mensalmente em 2005 e nos primeiros meses de 2006. Foi usado como referência a indicação do Pesquisador Duarte para a classificação de "meses muito secos" e os valores da precipitação média calculados a partir de dados coletados entre 1975 e 2004.

Na tabela, é possível observar que em 2005 tivemos 7 meses (Jan, Mar, Maio, Jun, Jul, Ago e Set) com precipitação inferior às médias históricas. Destes, Jan, Jul, Ago e Set foram considerados "muito secos". Em 2006, até o final de abril, tivemos 3 meses com precipitação inferior às médias históricas, dos quais Jan e Mar foram considerados como "muito secos". Em maio, até o dia 13, a precipitação acumulada é de apenas 1 mm!

Tabela (clique para ampliar): os números apresentados na tabela abaixo representam valores de precipitação acumulada (mm).









OBS:
(1). Valores de precipitação mensal calculados para a região leste do Acre que Duarte (2005) classifica como "muito seco". Meses com valores iguais ou inferiores são considerados como muito secos;
(2). Valores médios de chuvas mensais calculados por Duarte (2006) a partir de dados coletados entre 1975 – 2004;
*Valores de precipitação mensal dos anos 2005 e 2006 considerados "muito secos";
**Precipitação acumulada até o dia 13.

EFEITOS NO NÍVEL DO RIO ACRE

O fato do rio Acre, neste mês de Maio, estar com nível inferior ao normalmente verificado para esta época do ano é resultado de dois meses seguidos de precipitações inferiores ao normal (164 e 156 mm, respectivamente). Isto não aconteceu em 2005, conforme se pode observar na tabela acima (219 e 229 mm, respectivamente).

Entretanto, a tendência do nível do rio é acompanhar a tendência das chuvas. Segundo Duarte (2006), "...as cotas do rio acompanham as chuvas, existindo uma defasagem de aproximadamente um mês, quer dizer que a bacia funciona fazendo com que, por exemplo, as chuvas de dezembro se reflitam nas cotas do rio em janeiro, as de janeiro se reflitam nas cotas de fevereiro, e assim sucessivamente.." (Veja gráfico acima, extraído de Duarte, 2006).

Vale ressaltar que nem sempre o nível do rio Acre acompanha a tendência das chuvas. Um exemplo disso foi a enchente deste ano de 2006. Uma comparação dos dados de precipitação nos meses imediatamente anteriores à enchente - Janeiro e Fevereiro - indicam que a diferença entre os anos de 2005 e 2006 foi de apenas 14 mm, ou seja, uma chuva média. Como sabemos, em 2005 não houve enchente.

Referência bibliográfica: Alejandro Fonseca Duarte. 2006. POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA EM RIO BRANCO, ACRE. Departamento de Ciências da Natureza, Universidade Federal do Acre (UFAC).