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25 setembro 2006

FLORA BRASILIENSIS: AGORA ON LINE

Entre 1996 e 2001, quanto fiz meu mestrado e doutorado nos EUA, lembro que usei muito o acervo da biblioteca do The New York Botanical Garden, uma das melhores bibliotecas especializadas em botânica do mundo.

Na qualidade de estudante da instituição, tinha o direito de acessar pessoalmente todo o acervo, incluindo as obras raras do 5° andar. Lá, protegidas por um sofisticado sistema de ar-condicionado, desumidificadores e sistemas anti-incêndio, eu podia manusear obras originais publicadas no século XVII, XVIII, XIX. A maioria eram livros grandes e pesados, medindo, algumas vezes, quase 1 m de comprimento. A maioria deles foi produzido artesanalmente, incluindo as ilustrações coloridas.

Entre os livros que usei com mais frequência se encontravam os volumes referentes às palmeiras brasileiras da obra de Carl Martius, a famosa "Flora Brasiliensis". Fui um privilegiado. Consultei a obra original. Cópias do texto e das figuras só consegui apartir de uma reedição brasileira (preto e branco), publicada em tamanho convencional. Era impossível fotocopiar os exemplares originais e câmeras digitais não existiam na époica. Obviamente que as ilustrações xerocadas são horríveis e de pouca ajuda.

Até hoje, por exemplo, a UFAC não dispõe de exemplares da Flora Brasiliensis. E as perspectivas não são favoráveis quanto à aquisição no curto e médio prazo. O mesmo vale para a maioria de outras obras históricas.

Uma alternativa é aguardar que as obras mais relevantes possam ser, eventualmente, digitalizadas e disponibilizadas na internet. Isto ocorreu neste ano de 2006 com a Flora Brasiliensis.

Flora completa na internet

Segundo a Agência FAPESP, no dia Dia da Árvore, comemorado na quinta-feira (21/9), a publicação integral foi disponibilizada. Ela contém o texto integral em latim das quase 23 mil espécies descritas.

Apesar de ter seu último volume publicado há um século, a Flora Brasiliensis é considerado o mais completo e abrangente levantamento da flora nacional já realizado. Produzida entre 1840 e 1906, a obra é resultado da dedicação dos cientistas alemães Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), August Wilhelm Eichler (1838-1887) e Ignatz Urban (1849-1931).

A versão completa da obra on-line está pronta. Além das 3.840 pranchas digitalizadas que estavam disponíveis desde março, temos agora as 10.207 páginas com os textos das descrições das quase 23 mil espécies”, disse Wanderley Canhos, diretor-presidente do Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria), à Agência FAPESP.

O esforço pela digitalização de todo o conteúdo da Flora Brasiliensis, obra bastante rara e de difícil consulta, partiu de uma parceria entre o Jardim Botânico de Missouri, nos Estados Unidos, e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O Cria é o responsável pelo gerenciamento do grande banco de dados reunido para o projeto, que tem apoio da FAPESP, Natura e Fundação Vitae.

A obra está disponível para consultas na forma de banco de dados. Associada a cada página e prancha está o nome da espécie e o volume correspondente”, explica Canhos.

Para viabilizar as consultas das imagens, o Cria utilizou o software Zoomify, que divide a imagem de alta resolução em figuras menores e depois faz a remontagem de cada prancha ou página dinamicamente na internet. “Os quase 14 mil arquivos disponibilizados entre pranchas e textos são, na realidade, constituídos por cerca de 5,6 milhões de imagens menores”, disse Canhos.
Desde março de 2006, o site Flora Brasiliensis on-line recebeu mais de 65 mil visitantes únicos. Foram transmitidas mais de 1,8 milhão de páginas, o que gerou um tráfego de mais de 100 gigabytes. “Os principais usuários do sistema são pessoas de instituições de pesquisa do Brasil e do público em geral”, disse Canhos.

Para visitar o site da Flora Brasiliensis on-line:
florabrasiliensis.cria.org.br