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30 agosto 2007

DESMATAMENTO AO LONGO DO RIO MADEIRA

Bacia do rio Madeira é a campeã em desmatamento na Amazônia

Renan Albuquerque, Amazonas em Tempo, Manaus

Os pesquisadores Arnaldo Carneiro Filho e Ralph Trancoso, respectivamente da Coordenação de Ecologia (Cpec) e do Laboratório de Geoprocessamento e Análise Espacial (Siglab) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), constataram que a bacia do Madeira é a “campeã de desmatamento” da Amazônia, com 119.035 Km2 de devastação já registrados e outros 1, 3 milhão de Km2 em constante ameaça.

Os estudos foram divulgados na revista Ciência Hoje, publicada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

De acordo com os cientistas, 8,79% da cobertura vegetal da bacia do Madeira já foram retirados. “O processo de desflorestamento vem ocorrendo de forma mais intensificada desde a década de 70”, lembram os pesquisadores em artigo científico.

Trancoso e Carneiro Filho registram que “a geografia do desmatamento está atrelada à vasta hidrografia do Estado”, e sugerem ainda que a problemática do desmatamento na bacia do Madeira vem sendo alimentada pelas queimadas ocorridas em um território vizinho ao Amazonas. “Além de exportar sua produção, o Mato Grosso exporta seu passivo ambiental para os Estados vizinhos”, afirmam eles.

Por outro lado, as bacias dos rios Purus e Juruá, situadas mais a oeste, em região mais interiorana do Amazonas, por enquanto estão mais protegidas da ameaça do avanço da fronteira agrícola. “Elas apresentam baixas taxas de desmatamento, em comparação à do Madeira”, ressaltam Trancoso e Carneiro Filho.

Os cientistas do Inpa ainda afirmam que esses desmatamentos no Madeira afetam o ciclo hidrológico da maior baía fluvial do mundo, a Amazônica. “A conversão da floresta em pastagem duplica a vazão dos pequenos cursos d’água locais e altera a forma de distribuição dessa vazão”, explicam os pesquisadores na Ciência Hoje. “Os resultados dos estudos em pequena escala indicam que a remoção da floresta tende a aumentar a vazão dos rios”.

Entretanto, há um contraponto, segundo eles. “Isso (a alteração dos cursos d’água) pode não ocorrer em bacias de grande escala, devido à influência de outros fatores”.