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25 setembro 2007

UNIVERSIDADE DA FLORESTA

Cada vez mais distante dos seus objetivos iniciais

Recém contratados, em sua maioria sem a menor experiência e conhecimento sobre a região, podem botar tudo a perder, afirma jornalista

Duas notas na coluna "Retratos do Juruá", publicada semanalmente no jornal Página 20, deixam claro que a Universidade da Floresta continua a navegar em mar revolto e sem timoneiro.

Segundo o responsável pela coluna, jornalista Nelson Liano Jr., o Senador Sibá Machado, um defensor da Universidade da Floresta, ficou chateado com a recepção que teve no Campus daquela Universidade. Ele foi questionado de maneira veemente por professores recém-contratados sobre a alocação de recursos para o campus de Mâncio Lima.

Segundo o colunista, os recém chegados à Amazônia queriam que o dinheiro ficasse todo em Cruzeiro do Sul.

Alerta o colunista: "egos exarcebados, mal-humor e TPM podem colocar em risco o projeto da Universidade da Floresta. Tem gente que só olha para o próprio umbigo. Esquece que trabalha numa entidade pública, recebe seus salários do povo brasileiro e que tem como objetivo e, obrigação, atender bem a comunidade da região."

Nelson Liano Jr. foi certeiro quando afirma que "Essas pessoas...estão se esquecendo de toda a luta de políticos e da própria comunidade para a concretização do projeto da Universidade da Floresta. Chegaram ontem no Acre e precisam conhecer melhor a história que gerou o projeto."

Ele finaliza a nota sugerindo que está na hora do reitor da UFAC, Jonas Filho, ir a Cruzeiro do Sul com uma lente de aumento para entender o que está acontecendo por lá. Ele deve ouvir professores e alunos, separadamente pois, segundo o colunista, os professores podem intimidar os alunos.

Inexperiência e desconhecimento da realidade regional

Embora a realização de concursos públicos seja um mal necessário em um país como o Brasil, a forma como o mesmo é realizada permite esse tipo de situação vivida pela Universidade da Floresta: a contratação de um grande número de recém formados que nunca tinham colocado os pés na Amazônia e sem grande experiência profissional na região.

Tivesse o Edital do Concurso Público realizado por ocasião da implantação da Universidade da Floresta exigido algum tipo de experiência na região ou que os candidatos comprovassem que já trabalharam no Juruá, muitos dos que hoje estão por lá, frustrados por se sentirem completamente deslocados da realidade regional, não teriam sequer sido aceitos no certame.

Até que demorou para que os problemas, as frustrações e a sensação de poder nunca antes experimentada se combinassem para causar atritos com o público que estas pessoas deveriam atender da melhor maneira possível: a população do juruá e os políticos que viabilizaram a implantação da Universidade.

A real integração da Universidade da Floresta ao meio em que se encontra passa, necessariamente, pela presença, nos seus cargos de direção, de pessoas que tenham o mínimo de vivência, experiência e jogo de cintura para integrá-la à região. Com os recém-contratados este objetivo provavelmente vai demorar muito para ser atingido, ou mesmo nunca será alcançado.

A foto que ilustra este post, por exemplo, é de uma ação executada por um dos pilares da idéia original da Universidade da Floresta, o CEFLORA. Vejam que ele está, efetivamente, integrando o "povo" do juruá e levando à população urbana e rural daquela região, o conhecimento e a capacitação que se pensou quando da criação da Universidade da Floresta. Quem dirige o CEFLORA é Rafael Galdino, um aluno de Mauro Almeida. Ambos, o aluno e o mestre, conhecem o juruá como poucos.

Por esta razão, sugiro ao Reitor da UFAC convencer cientistas como Mauro Almeida - ou mesmo Foster Brown, para assumir, mesmo que por tempo limitado, as rédeas daquela Universidade. Os novatos, que estão fazendo da Universidade da Floresta, literalmente a expressão de sua vontade, devem se recolher ao seu canto e aprender com os mestres. De outra forma, corre-se o risco da recém nascida Universidade da Floresta se transformar em apenas "mais um" campus acadêmico, plagueado pelos vícios, conflitos, egos e desarranjos da academia que tanto emperram o avanço das universidades brasileiras.

4 Comments:

Blogger Unknown said...

Olá Evandro,
Imagine como me devo sentir lendo essa matéria, sendo eu um dos "novos contratados" da UFAC de Cruzeiro do Sul.
Não me envolvo com políticos nem tão pouco fiz essas coisas aí que você menciona.
Procuro dar uma boa aula e formar alunos aqui no Alto Juruá e também desenvolvo pesquisas com patrocínio da Fundação O Boticário de Proteção À Natureza e do CNPq.
Veja meus artigos e as fotos sobre a Biodiversidade Animal da Amazônia no meu site e se você for mesmo imparcial em seus comentários, escreva algo de bom então sobre o que faço por aqui.
Porque até o momento só vejo coisas ruins sendo faladas sobre os professores que vieram aqui para ajudar a construir algo.
Somos todos brasileiros ou melhor, terráqueos. Porque vocês são tão "bairristas" assim? Porque tanto preconceito com as pessoas nascidas e vindas de outros estados?
Infelizmente vejo muito disso por aqui.
No meu ver, somos todos de uma mesma espécie que habitamos e devemos tentar fazer algo de bom por esse planeta.
Eu procuro fazer diferença estudando a fauna amazônica.
Paulo Sérgio Bernarde
http://paulobernarde.sites.uol.com.br

11/02/2008, 23:39  
Anonymous Anônimo said...

saudações irmão,

Compartilho com vocês a atitude e a vontade de lutar pela Natureza.
Estudo engenharia do ambiente em portugal e antes disse sou humano.
Que bom que existem iniciativas como a Universidade da Floresta. Já planeio ir para ai quando acabar o mestrado.

QUE A FORÇA ESTEJA CONOSCO E NOS ILUMINE NOS CAMINHOS

AXÉ!

29/04/2008, 12:50  
Blogger Evandro Ferreira said...

Fernando, vale a pena a visita. Avisa quando vier. Vamos tomar um café antes de você partir para a floresta.
Evandro

29/04/2008, 13:39  
Anonymous Anônimo said...

Olá
Como aluna da Universidade da Floresta e conhecendo a competência dos funcionários que trabalham nesta intituição.É uma honra ter pessoas de outros estados interessadas em conservar essa região que é tão rica em beleza.entristesse-me o fato de muitos acreanos não se importartem com isso.Algumas pessoas simplismente querem ajudar, será que é tão dificil compeender?Concordo com você que a politica deve ficar com os profissionais, que não são poucos.Mas deixemos o orgulho de lado.Na caminhada rumo ao sucesso devemos contar com toda a ajuda possivel.A nossa universidade deixou de ser sonho. Vamos nos preocupar com a nossa contribuição.O que estamos fazendo?
Pode ter a certeza que com a a colaboração dos novos contratados o juruá terá:engenheiros florestais, biológos e outros profissionais, cada um qualificado na sua aréa de trabalho.

26/11/2008, 14:09  

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