CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA NO BRASIL
Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A pesquisa Produto Interno Bruto dos Municípios Brasileiros 2002-2005 divulgada hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirma a grande desigualdade existente na distribuição de renda, principalmente nas capitais e grandes cidades das Regiões Sudeste e Sul.
De acordo com o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, os principais números da pesquisa indicam que apenas cinco municípios respondiam em 2005 por 25% do PIB nacional: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Belo Horizonte. Essa situação, segundo Nunes, não se altera desde 2003.
Ainda segundo Nunes, nenhuma capital do Norte e Nordeste tinha PIB per capita superior à média brasileira, que em 2005 era de R$ 11.658, enquanto que na Região Sul o PIB per capita mínimo era superior ao de 75% dos municípios do Nordeste.
O estudo, elaborados em parceria com órgãos estaduais de pesquisa, constata ainda que apenas 51 municípios respondiam em 2005 por metade do PIB e 30,5% da população. Na outra ponta, 1.371 municípios respondiam por apenas 1% do PIB e concentravam somente 3,5% dos brasileiros. Em 2002, 48 municípios eram responsáveis por metade da renda produzida no país.
“O concreto é que nós temos 5.564 municípios, e uma parcela muito pequena ainda domina uma parte muito expressiva da renda nacional. E não só os municípios de capitais, são municípios importante nas atividades de extração de petróleo e gás, siderurgia e hidrelétricas. São determinadas atividades que abastecem o país inteiro”, disse o economista.
Outra indicação da pesquisa é de que os 10% dos municípios com maior PIB em 2005 chegavam a gerar 24,6 vezes mais riquezas que os 50% dos municípios com menor PIB.
O Piauí, estado que comporta os cinco municípios de menor PIB em 2005, e que juntos representavam apenas 0,001% de toda a renda gerada no país, segundo Nunes “é o retrato da realidade do ponto de vista da desigualdade regional existente no país”.
O presidente do IBGE negou que o estudo indique a existência de dois “brasis” dentro do Brasil. “Eu não diria que há dois brasis, mas sim um Brasil muito desigual. É um país muito rico – entre as dez maiores economia do mundo – , mas onde a riqueza ainda é muito concentrada”.
Na avaliação do economista, o Produto Interno Bruto dos Municípios Brasileiros é um retrato fiel da realidade do país, realidade esta, que segundo ele, só será alterada com ações governamentais e empresariais voltadas para uma melhor distribuição das riquezas produzidas.
“A partir do PIB dos Municípios, nós temos um retrato fiel da nossa realidade, município por município. E essas informações estão à nossa disposição para que possamos implementar políticas públicas e estratégias empresariais que possam reverter este processo”.
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