A NECESSIDADE DE NOVOS PORTOS FLUVIAIS PARA AS CIDADES ACREANAS
Dos recursos previstos para a construção de novos portos fluviais na Amazônia em 2008 o placar é o seguinte: Amazonas 81,6% X Acre 0%
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
É isso mesmo! Enquanto os políticos acreanos ainda estão na fase de realizar viagens para verificar in loco as condições das comunidades ribeirinhas que vivem ao longo dos rios amazônicos para propor políticas de desenvolvimento para as mesmas, os políticos amazonenses já estão partindo para a ação. Segundo informações do jornal 'Folha de São Paulo', em 2008 o Ministério dos Transportes vai construir 49 portos fluviais naquele Estado. Pelo menos duas cidades serão beneficiadas com dois portos cada uma. Um luxo. Os novos portos irão beneficiar 47 dos 62 Municípios do Amazonas.
O projeto de Orçamento de 2008, em tramitação no Congresso, prevê 60 "terminais fluviais" para o país, indicando que o Amazonas terá 81,6% destas obras. Num distante segundo lugar, o Pará tem 10 portos fluviais incluídos no Orçamento. O outro porto previsto deverá ser construído em Porto Velho. Enquanto isso no Acre...só Cruzeiro do Sul dispõe de porto fluvial. Nem a capital do Estado tem porto decente.
Quem, como eu, já teve a oportunidade de navegar na maioria dos rios que cortam o Acre sabe que cidades como Mâncio Lima, Porto Valter, Taumaturgo, Rodrigues Alves, Tarauacá, Jordão, Feijó, Manoel Urbano e Sena Madureira necessitam de portos decentes.
Nestas cidades as pessoas continuam embarcando e desembarcando como faziam no início do século. No caso de balsas ou barcos de grande porte, o embarque e desembarque de passageiros e mercadorias exige uma logística complexa e envolve dezenas de carregadores. Enfrentam-se pranchas perigosas, barrancos escorregadios e caminha-se longa distância até se chegar na terra firme ou ponto "oficial" de chegada nas cidades.
Quando se viaja em barcos de menor porte, os passageiros, idosos e crianças, doentes ou não, enfrentam uma situação ainda mais complicada. No verão deve-se literalmente cair na água pois os barcos muitas vezes encalham em bancos de areia antes de chegar a terra firme. E para "fechar" o desembarque com chave de ouro, geralmente é preciso subir barrancos monumentais, em "escadas" improvisadas no solo arenoso que predomina no local. Isso sem falar no mato que, em muitos casos, toma conta dos barrancos.
No inverno a caminhada é mais curta, mas nem por isso menos penosa. Na maioria dos casos é preciso "cair na lama" e enfrentar subidas lisas como sabão para se chegar na terra firme. As pessoas rezam para não chegar depois de um repiquete. Neste caso, os caminhos precários rumo a terra firme deixam de existir e as possibilidades do recém chegado dar um "mergulho" na lama são elevadas.
De uma maneira geral dá nojo e vergonha desembarcar em algumas destas cidades acreanas pois, por uma razão que não compreendo, em muitos casos, os melhores lugares de desembarque são também os preferidos pelas administrações municipais para jogar o esgoto da cidade. Quem nunca escorregou e "atolou" o pé em uma poça de lama de esgoto em Sena Madureira, Tarauacá ou Feijó?
É obrigação dos políticos locais conhecer a realidade das comunidades ribeirinhas e tenho certeza que eles não precisam mais "viajar" para ver a situação in loco. Afinal, quantas vezes o Deputado Edvaldo Magalhães e seus pares embarcaram e desembarcaram nos portos das cidades do vale do rio Juruá? Eles sabem muito bem o que significa embarcar e desembarcar nestas cidades pois nelas estão as suas bases eleitorais.
Agora, se nada foi feito até hoje aí quem tem que se explicar são eles e as administrações municipais, outros deputados e senadores do nosso Estado.
E porque nunca fizeram nada para mudar esta realidade?
Talvez seja uma questão meramente cultural. Vejam que eles, desde criança, se "acostumaram" a ver que no Acre os portos fluviais são assim mesmo, improvisados. É a nossa natureza. Afinal, como construir um porto em um barranco que a cada ano que passa vai se desmanchando aos poucos?
Minha aposta é de que a maioria deles não tem uma visão diferente das possibilidades de se construir portos fluviais modernos. Nessa ótica, a expedição liderada pelo presidente de nossa assembléia ao longo do rio Juruá se justifica. Só espero que pelo menos ele tenha tirado fotos dos portos por onde passou para se inspirar e apresentar propostas concretas de acabar com esta vergonha que é o embarque e desembarque fluvial nas principais cidades do nosso Estado.
Evandro Ferreira
Blog Ambiente Acreano
É isso mesmo! Enquanto os políticos acreanos ainda estão na fase de realizar viagens para verificar in loco as condições das comunidades ribeirinhas que vivem ao longo dos rios amazônicos para propor políticas de desenvolvimento para as mesmas, os políticos amazonenses já estão partindo para a ação. Segundo informações do jornal 'Folha de São Paulo', em 2008 o Ministério dos Transportes vai construir 49 portos fluviais naquele Estado. Pelo menos duas cidades serão beneficiadas com dois portos cada uma. Um luxo. Os novos portos irão beneficiar 47 dos 62 Municípios do Amazonas.
O projeto de Orçamento de 2008, em tramitação no Congresso, prevê 60 "terminais fluviais" para o país, indicando que o Amazonas terá 81,6% destas obras. Num distante segundo lugar, o Pará tem 10 portos fluviais incluídos no Orçamento. O outro porto previsto deverá ser construído em Porto Velho. Enquanto isso no Acre...só Cruzeiro do Sul dispõe de porto fluvial. Nem a capital do Estado tem porto decente.
Quem, como eu, já teve a oportunidade de navegar na maioria dos rios que cortam o Acre sabe que cidades como Mâncio Lima, Porto Valter, Taumaturgo, Rodrigues Alves, Tarauacá, Jordão, Feijó, Manoel Urbano e Sena Madureira necessitam de portos decentes.
Nestas cidades as pessoas continuam embarcando e desembarcando como faziam no início do século. No caso de balsas ou barcos de grande porte, o embarque e desembarque de passageiros e mercadorias exige uma logística complexa e envolve dezenas de carregadores. Enfrentam-se pranchas perigosas, barrancos escorregadios e caminha-se longa distância até se chegar na terra firme ou ponto "oficial" de chegada nas cidades.
Quando se viaja em barcos de menor porte, os passageiros, idosos e crianças, doentes ou não, enfrentam uma situação ainda mais complicada. No verão deve-se literalmente cair na água pois os barcos muitas vezes encalham em bancos de areia antes de chegar a terra firme. E para "fechar" o desembarque com chave de ouro, geralmente é preciso subir barrancos monumentais, em "escadas" improvisadas no solo arenoso que predomina no local. Isso sem falar no mato que, em muitos casos, toma conta dos barrancos.
No inverno a caminhada é mais curta, mas nem por isso menos penosa. Na maioria dos casos é preciso "cair na lama" e enfrentar subidas lisas como sabão para se chegar na terra firme. As pessoas rezam para não chegar depois de um repiquete. Neste caso, os caminhos precários rumo a terra firme deixam de existir e as possibilidades do recém chegado dar um "mergulho" na lama são elevadas.
De uma maneira geral dá nojo e vergonha desembarcar em algumas destas cidades acreanas pois, por uma razão que não compreendo, em muitos casos, os melhores lugares de desembarque são também os preferidos pelas administrações municipais para jogar o esgoto da cidade. Quem nunca escorregou e "atolou" o pé em uma poça de lama de esgoto em Sena Madureira, Tarauacá ou Feijó?
É obrigação dos políticos locais conhecer a realidade das comunidades ribeirinhas e tenho certeza que eles não precisam mais "viajar" para ver a situação in loco. Afinal, quantas vezes o Deputado Edvaldo Magalhães e seus pares embarcaram e desembarcaram nos portos das cidades do vale do rio Juruá? Eles sabem muito bem o que significa embarcar e desembarcar nestas cidades pois nelas estão as suas bases eleitorais.
Agora, se nada foi feito até hoje aí quem tem que se explicar são eles e as administrações municipais, outros deputados e senadores do nosso Estado.
E porque nunca fizeram nada para mudar esta realidade?
Talvez seja uma questão meramente cultural. Vejam que eles, desde criança, se "acostumaram" a ver que no Acre os portos fluviais são assim mesmo, improvisados. É a nossa natureza. Afinal, como construir um porto em um barranco que a cada ano que passa vai se desmanchando aos poucos?
Minha aposta é de que a maioria deles não tem uma visão diferente das possibilidades de se construir portos fluviais modernos. Nessa ótica, a expedição liderada pelo presidente de nossa assembléia ao longo do rio Juruá se justifica. Só espero que pelo menos ele tenha tirado fotos dos portos por onde passou para se inspirar e apresentar propostas concretas de acabar com esta vergonha que é o embarque e desembarque fluvial nas principais cidades do nosso Estado.
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