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12 fevereiro 2008

A 'EPIDEMIA' DE FEBRE AMARELA FOMENTADA PELA IMPRENSA

Se for confirmada a segunda morte por reação à vacina, 15% das mortes relacionadas à febre amarela podem ser atribuídas indiretamente à imprensa, que de forma irresponsável levou milhares de pessoas a se vacinarem sem necessidade


Reação a vacina contra febre amarela pode ter matado outra mulher em SP

Danielle Borges, Diário de S.Paulo, 12/02/2008

SÃO PAULO - Desde o início do ano, duas pessoas morreram e seis precisaram ser hospitalizadas sob a suspeita de reação à vacina contra a febre amarela no estado de São Paulo. Outras 18 pessoas tiveram reações leves após serem imunizadas. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, os casos ainda estão sendo analisados. O laudo final deve sair até o final da semana.

Ambas as mortes ocorreram na primeira quinzena de janeiro. Uma das pacientes, Marisete Borges de Abreu, de 43 anos, teve infecção generalizada e falência múltipla dos órgãos. Marisete era portadora de lúpus, uma doença crônica que altera o sistema imunológico da pessoa e baixa a sua resistência. Devido ao problema, ela não poderia ter tomado a vacina.

A outra vítima, cujo nome não foi divulgado, foi uma idosa de 76 anos aparentemente saudável. De acordo com a Secretaria de Saúde, ela não tinha nenhum registro de doença que possa ter agravado a reação à vacina.

Segundo Clélia Aranda, coordenadora de Controle de Doenças de São Paulo, nos primeiros 40 dias do ano, foram aplicadas 730 mil doses da vacina nos postos de saúde do estado - número quase duas vezes maior que o registrado no mesmo período de 2007, em que o número de doses aplicadas ficou entre 400 mil e 450 mil.

Apesar disso, Clélia acredita que a procura pela vacina tem diminuído.

- Já percebemos uma redução no número de imunizações. Isso, creio, se deve a dois fatores. O primeiro é que, com o fim das férias, as viagens para as áreas de risco diminuem. O outro é que a população está mais tranqüila sobre a transmissão da doença - explicou a coordenadora.

Segundo o Ministério da Saúde, só deve tomar a vacina quem for viajar para alguma área de risco. Não é recomendável que pessoas com baixa imunidade sejam vacinadas, como alguns portadores do vírus HIV, pacientes em tratamento de câncer, quem toma remédios imunossupressores, como corticóides em doses elevadas, entre outros casos. As pessoas com imunidade baixa e que necessitem tomar a vacina contra a febre amarela precisam procurar orientação médica antes.

Desde o início do ano, foram confirmados 26 casos de febre amarela no Brasil. Em todo o país, 13 pessoas morreram. Já são 47 os casos de reações adversas à vacina contra a doença no país - em 21 deles, as vítimas foram hospitalizadas.